fundadora da Inventivos, plataforma de formação de empreendedores, Monique Evelle foi reconhecida pela Forbes como “30 under 30”, Linkedin Top Voices, está entre os 50 profissionais mais criativos do Brasil pela Revista Wired e é autora do livro “Empreendedorismo Feminino: Olhar estratégico sem romantismo”. além disso, ela é jurada e mentora do Self Made Brasil, o novo reality de empreendedorismo do Sony Channel, é Membro do Conselho Jovem do Pacto Global da ONU, do Conselho Consultivo da Reprograma e do Consulado dos Estados Unidos, foi reconhecida pelo Meio&Mensagem como um dos talentos brasileiros mais promissores da comunicação, marketing e mídia, está entre os 100 empreendedores do ano na América Latina e entre as 500 personalidades mais influentes da América Latina, pela Bloomberg Línea.

ufa! calma que ainda não acabou…

Monique é Alumni do International Visitor Leadership Program (IVLP), o principal programa de intercâmbio profissional do Departamento de Estado dos EUA. Atuando como Consultora de Inovação e Criatividade desenvolveu soluções para grandes empresas como Nubank, Natura, Google, UOL, Banco Votoratim, Olympikus, Ambev e outras.

e, como se não bastasse, também foi repórter do Profissão Repórter, da Rede Globo, sendo finalista do Troféu Mulher Imprensa 2018 com a reportagem sobre Feminicídio na categoria Melhor Reportagem Especial sobre Mulheres e viajou cidades brasileiras pesquisando sobre Inovações Políticas nas Periferias pelo Instituto Update, sendo base para a série “Política: Modo de Usar”, da GloboNews.

LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Thais Fabris
  • Ana Paula Passarelli
  • Tim Ferriss
  • Emicida
  • Sueli Carneiro
  • Caco Barcellos
  • Duquesa
  • Racionais MC’s
  • Àttooxxá
  • Afrocidade
  • Fióti
  • Beyoncé
  • Oprah
  • Lázaro Ramos
  • Taís Araújo
  • Barack Obama
  • Anitta
  • Pelé
  • Viola Davis
  • Tiago (Tira do Papel)

se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.

Henrique de Moraes – Olá pessoas, olá internet, estamos começando mais um episódio do calma! e de uma maneira muito especial já que hoje eu tenho alguém aqui para dividir a responsabilidade de conduzir esse bate-papo comigo e não é qualquer alguém mas uma pessoa que ela sabe, eu admiro demais e com quem eu tenho o privilégio de compartilhar as alegrias e dores de empreender, hoje em dia tem sido acho que mais dores do que alegrias, então minha sócia e alma gêmea criativa Bruna do Carmo, seja muito bem-vinda Bruzinha

Bruna do Carmo – Ai gente obrigada, muito feliz, muito feliz debutando aqui no calma!, tenho certeza que vai ser muito muito bom

Henrique de Moraes – Maravilha, vamos nessa. E para deixar essa bagaça aqui toda ainda mais especial a convidada de hoje é A convidada, uma pessoa que toda vez que eu ouço assim, acho que a cada fala dá uma vontadezinha de parar e refletir sabe, “Ah vou dar um pause aqui nesse bate-papo, pensar um pouco sobre isso” lembra um pouco quando eu ouço Emicida sabe que toda vez que você ouve ele fala uma coisa você passa e sabe tipo “Hummm”, aquele emoji pensativo e é claro que eu tô super empolgado, super treinado inclusive para esse bate-papo então sem mais delongas seja muitíssimo bem-vinda Monique Evelle.

Monique Evelle – Gente que honra essa comparação aí, Emicida meu ídolo também, muito obrigada pelo convite e acho que vai ser massa essa troca.

Henrique de Moraes – Vai ser, já está sendo. Bom eu vou dar a palavra aqui para Bru que eu acho que ela tem um contexto para fazer aqui antes da gente começar esse bate-papo então vai lá Bru

Bruna do Carmo – Pra começar eu considero essa minha segunda entrevista com a Monique porque lá em 2016 eu fazia parte de um blog, escrevia né como colaboradora e a fundadora do blog conseguiu o contato da Monique, um e-mail e eu mandava as perguntas para ela e a partir daí eu escrevi um texto e tal então já posso dizer que a Monique é a pessoa que eu mais entrevistei na minha curta jornada aqui de host

Monique Evelle – Minha gente, que maravilha saber disso viu?

Bruna do Carmo – E assim, quero dizer que não tenho roupa pra esse momento, já encontrei, já passei pela Monique nos rolês aqui em Salvador, inclusive shows do Emicida e passa assim “Gente a Monique, a Monique aqui, como é que anda” porque esqueço tudo, não sou eu mais, mas tô aqui mantendo, fingindo costume. Mas falando lá né dessa entrevista de 2016, uma das coisas que você falou Monique era assim, “Acredito que em todas as iniciativas que eu venho realizando tem em comum a simplicidade das ações, são encontros e diálogos” então nesses 7 anos né mais ou menos passado, o que mudou disso assim, você ainda acredita que todas as suas iniciativas convergem para isso?

Monique Evelle – Nossa boa pergunta, você tá me fazendo voltar no tempo né que é maravilhoso também, vai ser uma sessão de terapia esse podcast mas sim eu acredito nisso porque eu brinco com meu time que eu faço o que é óbvio assim para mim né porque óbvio para mim talvez não seja para você, talvez não seja para o Henrique ou para quem tá ouvindo a gente e tá tudo bem também porque partimos de lugares diferentes mas esse lugar do simples é o lugar do óbvio sabe e às vezes essa simplicidade e o óbvio que fazem as pessoas falarem que o nome disso é inovação no final do dia, falam “O quão inovador é você Bruna fazendo esse projeto”, “Henrique que inovação incrível” e na verdade está fazendo o que é óbvio para você da maneira que você consegue fazer e há 7 anos eu não tinha ferramentas e possibilidades como eu tenho hoje né mas não significa que sete anos se passaram e eu não continuo não só com a mesma narrativa mas com a mesma prática de forma recorrente para que em algum momento isso seja sustentável não só para mim sabe então tem esse lugar da obviedade e simplicidade em tudo que eu faço até hoje mesmo.

Bruna do Carmo – Perfeito.

Henrique de Moraes – Maravilha. Aproveitando, acho que de repente vale entrar numa questão aqui que é a seguinte, eu ouvi você falando no podcast da Content sobre a sua estrela do norte né que é ser reconhecida como uma pessoa por trás de grandes iniciativas de impacto social, e nesse sentido assim eu queria conseguir entender um pouco melhor como que você faz para evitar distrações né, pra dizer os nãos ali né porque uma coisa que eu ouvi esses dias e foi muito interessante é que quando você tá no início da trajetória, olhar pra frente e pensar que você vai ter que dizer não parece fácil né, “Ah só dizer não pra distração é tranquilo” mas só que você tem que dizer não pra oportunidades também que parecem incríveis né quando você ouve, então como é que você faz para se manter focada e escolher o que que você vai aceitar, pra onde você vai colocar sua atenção, como é que você faz para dar essa intenção?

Monique Evelle – Foi muito difícil no início e você trouxe um ponto Henrique de dizer não para as oportunidades, parece uma loucura principalmente quando você é uma pessoa preta né, assim “Como é que você tá dizendo não pra oportunidade que pode ser da sua vida?”, você não sabe, você não disse sim para saber o que pode acontecer e isso foi doloroso assim no início de jornada porque enfim Racionais, você citou Emicida vou falar aqui um pouco de Racionais, quando fala que precisamos ser duas vezes melhor enfim porque somos pessoas pretas, eu cresci na verdade, fui construída, Monique Evelle é a construção do racismo assim, hoje falo isso com mais tranquilidade por muita terapia também mas não significa que depois dos 17, 18 anos quando eu entendi que não dava para viver da demanda do racismo que eu continuei na construção exclusivamente do racismo sabe e ali que virou a chave assim “Cara beleza eu entendo, fruto do racismo, o racismo vai me perseguir a vida inteira porque a ascensão social não vai me embranquecer” e fico vigiando inclusive narrativa e mentalidade pra não embranquecer esse pensamento, porque essa é a cilada, não é porque você teve, projetou ascensão social que significa que você precisa reproduzir os padrões da branquitude né então é tão complexo até chegar no não ou não sim e por aí vai e chegou num momento que eu tava entendendo que existe uma diferença entre reação né e ação, literalmente. Eu reagi muito porque é doloroso tudo, não tava reagindo, eu escrevia no lugar da reação, eu fazia palestra no lugar da reação e nunca parava, pausava e depois apertava o play para agir da maneira que eu realmente acreditava, claro tenho minhas referências, influências mas tem um momento de processar e eu não tinha tempo para isso né, eu amo Sueli Carneiro mas será que é isso que eu vou seguir por amar tanto uma intelectual como Sueli Carneiro? Será que eu consigo desbravar mesmo que seja mais doloroso e menos ágil da minha forma? Tudo bem até porque todo mundo que veio antes da gente pavimentou esse caminho para ter escolhas também. Quando eu fui entendendo tudo isso eu falei “Porque eu estou surtando para estar em 10 lugares ao mesmo tempo sendo que não é isso que eu quero a longo prazo, isso é adoecedor assim, vai me adoecer, as pessoas que estão por perto” e tiveram coisas que eu tive que colocar literalmente no papel, a título de curiosidade sou virginiana com touro então assim minha cabeça é planilhada, literalmente, coloquei no papel e entendi que algumas coisas eu não iria abrir mão, não vou abrir mão assim de estar com meus pais em datas como aniversário deles, eu sou filha única. Tem datas nossas internas que é importante eu estar e eu falei “Porque eu tô dizendo sim para algo que me adoece, não me deixa feliz, só tira os momentos bons que eu tenho com a minha família e amigos e não acrescenta em nada?” aí eu falei “Tá tudo bem, vou ter que fazer ouvido de mercador/mercadora”, pensa na feira, a pessoa “Vem comprar aqui, vem não sei o quê” você passa direto porque o mercador ou mercadora que tá ali já sabe como é que funciona, ela vai gritar e se você olhar beleza, eu entendi vou ter que passar pela feira porque o que eu faço é isso, é uma grande feira em que tá todo mundo gritando e eu preciso escolher a banca que eu vou comprar. Vai ter banca que eu vou comprar a vida inteira, às vezes eu posso mudar e tá tudo bem, é que nem fazer sei lá acarajé sabe, a massa do acarajé gente não é fácil, o braço dói entendeu, fica dormente mas tem uma coisa de ser consistente. Para ser consistente, para chegar na consistência você precisa ser consistente só que para fazer acarajé dói muito o braço sabe e a gente vai querer trocar de braço mas talvez se eu não sou canhota por exemplo eu vou fazer mais devagar mas eu vou continuar fazendo e eu não souber fazer vou pedir ajuda do Henrique e da Bruna e por aí vai, eu fui entendendo isso para dizer não sabe e quando chegaram oportunidades inclusive incríveis que foi o sofrimento assim tipo “Como é que eu vou dizer não para isso?” ou então eu aceitar e depois falar “Gente não era o que eu imaginava porque eu não me vejo assim a longo prazo” que foi um caso público que foi o Profissão Repórter, eu disse sim inicialmente porque foi Caco Barcellos quem me chamou, tipo assim como é que Caco Barcellos aparece e fala assim “Quer trabalhar na TV?”, não é todo dia né no nordeste de Amaralina, inclusive minha primeira reportagem ele foi me buscar em casa, eu morava no Nordeste de Amaralina na época e depois de um ano e meio eu fiquei assim “Tá é legal, muito obrigada Caco mas não é isso, eu não tô me vendo fazendo carreira no jornalismo investigativo, se eu for pra comunicação, se eu continuar na comunicação vai ser uma comunicação relacionada à info entretenimento e não vai ser jornalismo investigativo”, foi uma decisão e foi muito difícil também dizer não porque as pessoas falavam “Você disse não para Globo, você já tá resolvido”, “Todo mundo da comunicação quer trabalhar lá” e eu falei “Tá mas minha mãe sempre disse que eu não sou todo mundo né” então assim tive que colocar em prática esse momento mas é doloroso porque você precisa se projetar também, você só consegue dizer não quando você tem projeção de futuro senão não dá, você falou da minha estrela do norte, sim eu quero ser reconhecida como alguém por trás de iniciativas grandiosas, eu fico trazendo coisas agora para Salvador e tudo mais que eu nem apareço e que eu acho maravilhoso porque minha estrela do norte tá acontecendo, não preciso estar no holofote das iniciativas, eu preciso que as iniciativas aconteçam e a partir disso a gente vai formando esse quebra-cabeça de tirar férias, sair com os amigos, ir para o show de Emicida que eu vou na sexta-feira que vem e por aí vai assim sabe, tem uma vida então as distrações tem que ser, as únicas distrações que eu aceito e falo isso tranquilamente são as distrações que me trazem bem-estar, que vai ser momento de lazer, momento de bate-papo tanto faz, o que me trouxer bem-estar sabe.

Henrique de Moraes – Ainda dentro desse tópico você tem alguma distração, e aí vamos mudar um pouco a palavra, em vez de distração alguma coisa que seja uma procrastinação produtiva? Então vou dar um exemplo só para ficar claro o que eu quero dizer, eu a Bru sabe, tenho um relacionamento complexo com produção de conteúdo porque eu gosto da parte criativa, eu gosto de fazer, eu acho que no longo prazo pode ser uma coisa que vai gerar resultado mas muitas vezes eu acho que eu eu olho para produção de conteúdo como uma coisa para evitar algumas decisões ou tarefas importantes que eu tenho para o meu negócio, por exemplo então ah quando eu tô ansioso e tem uma coisa muito grande que eu preciso resolver talvez eu recorra à criação de conteúdo porque parece uma coisa produtiva, parece uma coisa que vai gerar resultado e eu abraço aquilo ali para me convencer de que eu tô fazendo uma coisa, tô escolhendo uma coisa que faz sentido. Você tem alguma coisa nessa linha também?

Monique Evelle – Olha para mim muita coisa faz sentido eu sou, enfim existe a diferença de preguiça, desmotivação e procrastinação sabe porque assim, tem dias que eu tô exausta gente por diversos motivos, emocionais, espirituais, tem muita coisa envolvida não é só “Ah porque trabalha muito”, não porque eu já tive essa fase, não quero reproduzir essa frase que é muito ruim inclusive e a exaustão é do mundo também, olha o que tá acontecendo no Brasil sabe, tipo a gente somatiza de alguma forma mesmo não querendo. Tem um lugar de desmotivação, que não é todo dia que a gente acorda “Uhul vamos lá, vamos gravar podcast, vamos escrever, vamos qualquer coisa” não dá gente, quem acorda desse jeito me ensina, não me ensina não porque eu não quero eu acho sabe, tem dias que eu não quero mesmo e tá tudo bem. E o lugar da procrastinação pra mim entra muito nesse lugar do, não é o lazer mas assim, eu gosto da música por exemplo, eu gosto de escrever composições eu toco instrumento, é o meu momento que eu não acho que é procrastinação para mim, é um lugar que realmente eu fico com Monique assim, ninguém sabe que eu faço isso em casa, tem instrumentos em casa eu tenho um cantinho da música gente, esse é o meu cantinho da música então quando não me achar na casa você me acha no cantinho da música e eu volto a trabalhar e fazer qualquer coisa que eu tenho que fazer muito melhor porque eu tenho o meu cantinho e eu criei esse cantinho sabe, tem um lugar de o meu ritual, eu sou uma pessoa dos rituais então assim me deslocar, sair do escritório ou da sala ou tanto faz de outro cômodo para ir pro cantinho da música eu sei que eu quero fazer aquilo e eu tô nem aí assim, “Ah vai ter que entregar tal coisa” beleza o time consegue fazer, se o time não tá conseguindo o time vai esperar Monique fazer a próxima composição aí mesmo que eu não termine mas eu preciso estar no meu canto em paz, independente se eu vou ter que entregar daqui a uma hora, daqui a 10 minutos ou tanto faz assim e é bem consciente e quando não é consciente é num lugar que eu já percebi também de eu gosto de caminhar, correr enfim então já vou fazendo isso e aí eu tenho um período, um horário de fazer e se eu passo eu sei que eu tô meio assim “Ah não, tchau vou ficar mais uma hora aqui e tanto faz” mas tem um lugar de, porque antes quando eu falei e compartilhei com vocês e vocês que estão ouvindo aí, era uma culpa né a pausa mas tipo, mano eu já vivo correndo, não quero mais correr. Tem a Duquesa que é uma cantora incrível de Feira de Santana e ela fala que está cansada de ser ligeira na música. Eu tô cansada de ser ligeira, eu quero e decidi procrastinar, eu quero entender quando eu tô com preguiça mesmo e tá tudo bem se eu estiver desmotivada hoje porque tem uma coisa Bruna você trouxe né tipo “Nossa fingir costume” cara é difícil para mim entender isso porque eu faço isso com outras pessoas sabe, tipo toda vez encontro Emicida, Fióti, beleza mas mano eu fico desesperada eu falo pro Fióti “A gente viaja e eu não consigo ainda ficar tranquila com você assim”, “Não como assim?”, frequenta minha casa e eu não sei, tipo “E aí, senta aonde?”, “Pode sentar em qualquer lugar faz o que voce quiser” tem um lugar assim mas eu nunca imaginei que eu poderia um dia estar nesse lugar por isso que é difícil para mim e ao mesmo tempo tem esse lugar da desmotivação quando eu trago assim dos três pontos é porque as pessoas também tem uma expectativa sobre mim e eu compreendo hoje que eu sou o lugar da motivação só quando eu tô desmotivada gente eu não vou motivar ninguém sabe então foi uma crise por muito tempo e hoje eu falo abertamente sobre isso, eu tenho minhas vulnerabilidades, tem dias que eu não vou querer sair ou então o rolê em Salvador, às vezes só quero ir pro rolê sabe não quero falar nada, só quero ficar curtindo Afrocidade, Àttooxxá, ficar dançando sem parar, e aí alguém vai me parar e tal, beleza claro que tem pessoas que abordam de um jeito massa e tamo junto, e outras que meio que obrigam né, “Não eu te mandei aquela mensagem, preciso te apresentar aquele projeto” só que tá todo mundo no momento curtindo, lavagem do Bonfim foi assim né eu fui parada milhares de vezes só que eu tô com minha família, com meus amigos, caminhando ali, tá todo mundo na mesma vibe ou poderia estar sei lá e fala “Não, eu preciso te apresentar um negócio”, eu falei “No Bonfim? Na Lavagem no Bonfim?” tipo eu tô caminhando pra igreja do Bonfim, “Ah não mas é porque você tá aqui agora” eu falei “Mas mano eu tô indo no mesmo, eu tô no mesmo lugar que você tá, você tá curtindo com a sua latinha na mão e eu tô curtindo com a minha, manda mensagem” e eu deixo meu e-mail público porque quando eu não vejo a mensagem pode mandar e-mail, deixo aqui uma dica para quem tá ouvindo então tem esse lugar assim, o procrastinar para mim eu decido procrastinar e sei quando eu tô desmotivada mesmo e o dia que eu tô com preguiça tipo “É isso aí, tô com preguiça e tá tudo bem”. E isso o que me ajudou a entender que não preciso ser produtiva o tempo todo, que eu falei “O que Beyoncé e Oprah fariam?”, eu acho que Beyoncé deve ter o momento dela lá como virginiana, eu sou virginiana então eu sei que eu cobro muito, sei mas agora me cobro muito menos porque eu entendi que além de ser virginiana e querer entregar um bom trabalho eu tenho 28 anos agora, fiz 28 anos agora sabe então eu não vou perder minha idade, minha juventude em nome de qualquer coisa porque daqui a um tempo talvez eu queira recuperar uma parada que poderia ter sido incrível na época X que no caso é agora, é hoje sabe então eu projeto o futuro, massa mas eu gosto de viver assim o momento, dar uma equilibrada.

Henrique de Moraes – Perfeito.

Bruna do Carmo – Acho que linkando, desculpa Henrique mas só pra linkar né com isso que a Monique falou, tem uma questão muito e até vivo né, tô vivendo isso com a Wee nesse momento que é de você chegar e realizar sonhos que você ainda não sonhou, acho que um pouco dessa relação né que você falou que tem com o Emicida, com o Fióti, talvez lá atrás era uma coisa que você não imaginava que claro, você projetava o futuro, você queria tirar seus sonhos ali do papel e tava ali naquela construção mas chega um momento que você tá vivendo uma coisa e você fala assim “Eu nunca sonhei isso aqui mas tô vivendo”, eu queria saber assim como é para você, qual foi o momento, aquele estalo que você falou assim “O que eu cheguei, agora eu sou Monique Evelle, sou mais do que representatividade, eu sou possibilidade” e aqui falo como alguém que te enxerga assim, acho que mais do que representar qualquer coisa assim Monique é a possibilidade, a gente não quer ser uma Monique Evelle, a gente quer ser uma Bruna do Carmo, a gente quer ser outras mulheres pretas assim falando desse local mas a gente enxerga nesse papel de possibilidade e possibilidade também é isso né, viver o que a gente nem sonhou então para você assim qual foi esse estalo, esse momento?

Monique Evelle – Ai meu Deus realmente é um terapia pública que não é coletiva entendeu. Ai nossa tiveram alguns momentos assim, desde já que eu trouxe Emicida vou trazer dois momentos, um de ídolos, independente de, Lázaro, Taís, acompanharem meu trabalho e falar assim, eu tava numa peça inclusive assistindo e tal e Taís para no palco e fala “Oh Monique Evelle ali, você não tem um Desabafo Social?” isso era em 2014 sei lá, eu falei “Tá de sacanagem”, ela é a Taís Araújo gente, que loucura essa ela no palco, todo mundo olha e tipo eu chorava num nível porque era muito louco né até por ser Taís, pensando em TV brasileira, uma pessoa preta e tudo mais e depois vem o Lázaro, eu falei “Em que mundo eu tô? O que tá acontecendo?” e uma coisa de alguns lugares que eu consegui chegar assim, participar, ambientes, espaços, quando eu entendia que tava horizontal ou pessoas que eu acreditava que assim, endeusava tanto tipo “Meu Deus é fulano, é fulana” e a pessoa fala “Monique o que é que eu faço né?” aí eu falei “Oxente mas você é você e você que tem que saber, você que tem que me dizer eu que sou pirralha aqui, eu que te admiro, não sei te responder um negócio desse” aí eu fui entendendo que mais do que sei lá, tem coisas claro que a gente fica muito feliz, de reconhecimentos públicos e tudo mais, eram esses momentos que pra mim eu quero ouvir a opinião de Bruno e Bruna, chega pra mim e fala “Monique o que é que eu faço?”, aí eu falei “Gente as pessoas estão me escutando, alguém tá lendo o que eu tô escrevendo, ouvindo o que eu tô falando” e ao mesmo tempo quando vem isso do tipo “Cara mano, meu trabalho tá funcionando” veio uma, não veio responsabilidade de primeira, se eu falar isso é mentira, veio um fardo porque você fica assustada porque é muito sacou, é que nem você nunca ganhar dinheiro é quando você ganhar R$ 10 você fica feliz para caramba aí no final do dia você descobre que dava para ser mil entendeu. E também com dinheiro foi assim, meus pais sempre me educaram financeiramente e tudo mais e quando eu ganhei um valor que poderia ter sido o ano de meu pai por exemplo sabe eu falei “O que eu faço e o que eu projetei para fazer e quero continuar fazendo nos próximos 10, 20 anos eu em meia hora consegui ganhar um ano de meu pai” por exemplo e eu comecei a fazer contas e entendendo que no futuro próximo eu não ia enviar currículo para as empresas, provavelmente as pessoas iriam enviar currículos para mim porque eu iria contratar as pessoas e chegou nesse lugar. Eu lembro da primeira contratação que eu fiz assim eu falei “Mano eu sou responsável por mais uma família sabe” porque não é assim de “Ai que legal criei uma empresa e agora a gente vai contratar”, gente é uma responsabilidade assim de famílias e as pessoas que trabalham comigo são pretas então assim, muita coisa envolvida, pandemia foi, ali em 2020 no auge da pandemia eu entendi que eu era sustentável no que eu fazia porque a gente precisa às vezes de um choque muito grande, péssimo como foi a pandemia para entender se você continua ou se você para por vários motivos gente, isso é uma realidade, muita gente parou e muita gente continua eu fui uma pessoa que continuou mas eu fiquei super assustada porque eu falei “Olha” porque eu era sócia de uma empresa na época que tinha 50 pessoas trabalhando olha que loucura, 50 pessoas são 50 famílias e veio a pandemia e a gente começou a fazer conta em caixa, “O que a gente faz?”, “Dá pra segurar?”, “Por quanto tempo a gente segura 50 famílias?”, “Por quanto tempo a pandemia vai continuar? 2 meses, 1 ano?” e a gente começou a fazer conta e percebemos que a gente conseguiria segurar por 2 anos, mesmo sem entrar dinheiro, ali eu falei “Vencemos”, as pessoas não sairão daqui, foi uma questão só de “Ah beleza”, claro que tem outros motivos de demissão mas esse não seria o motivo principal, não é a ausência de dinheiro para pagar alguém sabe, sustentar uma família, você como funcionário, ali eu entendi “A gente tá no meio do furacão, as pessoas estão desesperadas, fazendo vaquinha na internet e a gente tá conseguindo segurar 50 famílias” e no meio da pandemia eu decido criar Inventivos ainda, uma loucura, hoje eu tô feliz mas foi muita emoção também, criar uma outra empresa no meio da pandemia e mais gente enfim e ali eu falei “Cara eu sou responsável por muita gente e deixou de ser um fardo com o passar do tempo” não foi de primeira, “Ah beleza” aí eu falei “Cara isso aqui é muito fardo, é muito pesado, as pessoas querem me ouvir”, tem dias que eu não quero falar, tem dias que eu não sei o que falar e tem dias que eu não sei nem o que tá acontecendo porque tem isso também né, “Mas e aí Henrique você viu o que aconteceu?”, “Nem vi tô acordando gente, calma” eu não vejo a primeira coisa celular quando acordo, tem coisa que eu deixo programada para cedo assim, inclusive dica, programa suas coisas para você viver, eu vou caminhar, vou fazer exercício, vou fazer qualquer coisa menos mexer no celular sabe mas quando eu pego sou bombardeada perguntando não sei o que, falei “Não, não vi né, tava fazendo outras coisas da vida” e quando o último momento que eu falei assim “Caramba olha onde eu tô” foi quando teve um evento em 2019 se eu não me engano que trouxeram Barack Obama para o Brasil e Barack Obama abriu o evento e eu fui responsável por fechar o evento, eu estava assim fazendo xixi nas calças, eu falei “Gente eu não consigo respirar” e a galera “Nossa foi incrível”, eu falei “É ninguém viu os bastidores né, quando eu tava no camarim ninguém viu meu desespero”, “Não tava linda incrível, tudo que você falou”, “Obrigada” mas foi assim gente, o Obama abriu o evento e eu fechei o evento e que loucura foi essa sabe, o que tá acontecendo na minha vida. E outras coisas foram sonhos pessoais mesmo que eu fico assim “Mano não é possível” e fico clandestinamente feliz por muito tempo por realizar sonhos pessoais e aí eu entendi que eu tenho que falar sobre sonhos pessoais também porque se uma pessoa trabalha, beleza sou empresária ok, mas qualquer pessoa hoje trabalhando independente de onde trabalha quer realizar o seu sonho, tenho certeza que você tem sonhos aí Bruna, Henrique, independente de onde vocês estão atuando, tem sonhos pessoais a serem realizados e quando pela primeira vez eu publico uma coisa muito pessoal que foi comprar uma casa em Salvador e não era que eu não tinha gente, eu já tinha meus rolês é que eu nunca publiquei, e aí eu publico e recebo mensagens do nível “Eu não acredito que dá para empreender como mulher preta e comprar uma casa”, aí eu falei “Gente era para ser o óbvio sabe” porque sempre é o lugar da sobrevivência mesmo olha só que loucura, as startups aí podem estar com rodada de investimento de não sei quantos milhões, demitirem 10.000 funcionários sabe e os caras continuam com as ações em alta, cada fundador ou fundadora, todo mundo lá com dinheiro e morando em mansões absurdas inclusive fora do país e a gente tá aqui “Nossa a gente pode enquanto mulher negra empreender e comprar uma casa por exemplo?”, mano ali eu falei “Cara eu preciso falar que ter seu negócio, trabalhar com CLT independente de onde você atua é pra realizar seu sonho também” porque às vezes o seu sonho, eu enquanto Monique quando eu, a primeira coisa que eu fiz foi comprar a dos meus pais, depois eu fui para mim enfim mas assim, foi primeiro meus pais e depois eu fiz o resto e provavelmente muita gente se parece comigo, pensa primeiro na família mesmo sabe e depois segue o baile então se não for para realizar coisas pessoais também no final do dia, o que a gente falou aqui da desmotivação, vai ser maior do que procrastinação e preguiça porque é frustrante você fazer todo dia seu corre e não ter resultado de nada, é adoecedor, você tá todo dia fazendo, não chega nada mano, não chega R$ 1 para você comprar alguma coisa para você, não chega R$ 1 para você tirar uma férias, não chega R$ 1 para você curtir o carnaval de Salvador. Coisas assim de boas, não tô nem falando de direitos básicos, direito à cultura, saúde, educação que a gente nem tem então enfim, muito louco até hoje eu paro assim e falo sobre tudo isso que eu tô falando com a terapeuta.

Henrique de Moraes – Cara tem tantos caminhos que se abriram nessa sua resposta enfim, e agora chegou a minha vez de lidar com o paradoxo da escolha aqui e escolher um caminho pra gente seguir mas eu acho que um ponto muito relevante que você levantou é, existe hoje essa glamourização do corre né e que vem sendo muito discutido e tudo mais e que eu acho que muita gente não, acho que ficou tão difundido essa coisa do propósito, de você fazer e de ter uma coisa maior e de ser feliz no trabalho e tudo mais que a gente esqueceu que na verdade tudo que a gente faz, meu trabalho é uma construção para a gente ser feliz at all né então assim, ter realizações pessoais, realizar sonhos, ter tempo inclusive né se tornou uma logística inversa assim sabe, parece que o seu propósito você tem que correr atrás de ser mais feliz no trabalho para trabalhar mais e não tipo ser feliz no trabalho porque você vai passar muito tempo ali mas que o trabalho realize seus sonhos né enfim, uma coisa que para mim é muito louca mas falando, já que a gente tava falando de realizações e tudo mais e você falou um pouco sobre como sua relação né com algumas coisas do tempo e de expectativas mudaram né ao longo desses anos e aí eu queria entender assim como você enxerga da perspectiva de será que você tem mais, você pode assim se dar o direito de ter esses vamos colocar privilégios no sentido de tipo se dar mais tempo de descanso e tudo mais porque hoje você não tem a necessidade de se provar mais ou de estar naquela, eu ouvi você falar um termo que eu achei interessantíssimo, a “sevirologia” né, já não está mais naquela coisa de que precisa trabalhar para pagar né, trabalhar durante o dia para pagar a janta sabe tipo, como foi essa relação assim sua com a mudança a partir do momento que você percebeu que de repente você não precisava mais se provar e que você tava mais tranquila com quem você é e como que você de repente como você vê uma pessoa que ainda tá no corre né tipo assim, uma loucura que tem que pegar cinco ônibus para ir para o trabalho e vai demorar tipo horas como é que ela consegue, se é que dá para fazer alguma mudança nesse sentido de conseguir ter mais tempo pra si, de refletir e de fazer essas escolhas?

Monique Evelle – Nossa essa é a pergunta de um bilhão aí viu, rapaz.

Henrique de Moraes – Às vezes de um bilhão negativo né

Monique Evelle – Pra caramba e libra, sei lá qual é a maior moeda que tá agora no mundo mas enfim tem um, você falou aí de ônibus e tudo mais, eu fiz dois estágios ao mesmo tempo, fazia faculdade à noite e tinha que tocar o Desabafo porque eu falei “Isso vai ser a minha vida, mesmo que eu não fique com o Desabafo Social por muito tempo” mas assim, a construção de ter algo meu é isso que eu queria, foi babado assim não é legal gente, não é legal, quem vive isso sabe gente que não é legal, você acordar 5 horas da manhã para tentar chegar no estágio 7h e ainda pode chegar atrasada, pedir para sair de um estágio de manhã mais cedo para chegar no outro à tarde, comer no ônibus entendeu, depois chegar no segundo estágio e pedir para sair mais cedo por conta do horário de pico senão você não chega na faculdade a tempo e rezar para que algum amigo que tenha carro consiga te deixar mais perto da sua casa porque ele não vai subir a quebrada que você mora entendeu? É isso, é horrível, não é legal, quem fala isso “Ah é porque o corre” é uma merda, a gente faz porque tem que sobreviver mesmo e eu precisava da grana na época e ponto final. Hoje eu não acho, eu não sei se a palavra é me provar mas tem uma diferença, antes tava nesse estágio, ônibus e não sei o que, dois corres, tudo ao mesmo tempo, não respirava mesmo e nem sei como eu tô aqui porque adoeci muito e tem um lugar que hoje quanto mais você sobe na pirâmide da sociedade perversa, mais sofrido é porque você não vai encontrar seus pares, eu não olho para o lado e vejo pessoas que se parecem comigo, gente isso é uma realidade por mais que a gente fale aqui de sei lá, a gente falou de Racionais, Emicida, de uma galera que é massa mas ainda assim a minha área de atuação não é o artístico né então eu encontro, claro a gente troca ideia e tal mas não é a minha frequência quando eu tô em frequência de reuniões, quando eu vou para fora do país e tenho que fazer uma apresentação, tipo eu olho pro lado e não tem, não tem assim e eu sempre bringo inclusive em alguns eventos ou algumas negociações porque eu tenho que levar uma pessoa comigo porque pelo menos tem um ponto de contato ali que quando eu tô assim “Mano eu não aguento mais isso aqui” eu olho para essa pessoa entendeu, fico olhando assim tipo “Vou focar em você” porque senão vou surtar nesse palco, vou surtar nessa mesa sabe porque ainda não fiz 30 e me falam isso e não falam isso assim de “Ai que legal é nova”, mas “Você é nova demais” entendeu, ainda sou nova demais dentro de um universo de empresariado em que a galera tem 50 anos, é isso eu tenho 28 e vão me lembrar todo dia assim como me lembram todo dia que eu sou uma pessoa preta, então não dá pra enfim, e tem uma coisa de eu preciso ser recorrente entendeu, eu tenho que continuar fazendo o que eu faço não dá pra parar, uma coisa é pausar, eu pauso sim mas uma coisa é parar, parar tudo porque se eu parar tudo é recomeçar e recomeçar é doloroso, já recomecei outras coisas da vida mas dentro da minha área de atuação, negócio e tudo mais eu não tô afim, não tô, não tô disposta a recomeçar neste momento. Agora se eu quiser começar eu quero criar uma outra coisa entendeu, eu quero pirar porque tem isso tem ciclos, eu realmente acredito em ciclos, o Desabafo comigo ficou 7 anos na minha mão, passei pra outra galera e nem sei o que aconteceu porque eu também não sofro com isso acho que encerrou para mim, aí vai Monique e cria Inventivos, tô amando, talvez daqui a 10 anos não seja isso porque as pessoas mudam, eu acho que tem esse lugar talvez a gente não se permita mesmo enquanto pessoas pretas de “Tá bom eu tô hoje fazendo direito e amanhã eu quero fazer sei lá BI de humanidades que é o bacharelado interdisciplinar em humanidades” que eu fiz inclusive formei nisso, comecei com engenharia ambiental, fui pra direito e depois fui pra esse e fui julgada na época, “Você tão inteligente como que escolhe um curso desse que ninguém sabe?” tipo ai gente, deixa eu dar uma respirada. Então tem um lugar de eu preciso continuar fazendo o que eu tô fazendo todos os dias mesmo que as pessoas me conheçam hoje e a projeção que eu quero quando a gente já tocou aqui na estrela do norte já tá ultrapassando o Brasil entendeu, não é só Salvador, não é só a Bahia, já ultrapassou a fronteira tanto que todo ano eu tô fora do país, fiquei 7 meses em 2021 sabe fora, literalmente fazendo coisas fora, tudo fora, vamos ver e volto e por aí vai mas tem um outro ponto que eu fico pensando, eu até escrevi um dia desses mas eu nem parei muito para pensar, eu acho que vou pensar em voz alta com vocês aqui que é sobre esse lugar de, não é se provar mas ter opinião para tudo sabe. Fiz um post de um rapaz branco inclusive falando que ele não queria opinar tudo aí as pessoas falavam “Não mas ele tem privilégio de não opinar” aí eu fiquei pensando né se pode uma pessoa preta ter opinião sobre algum assunto e mesmo assim não querer opinar, porque eu tenho sobre vários mas opinião não é saber né gente, eu posso opinar se eu gosto disso ou não, não significa que eu sei sobre aquilo que eu estou opinando, tem diferença, e quando eu perguntei isso, “Vocês conseguem fazer isso?” a galera foi nesse lugar né, privilégio e é privilégio branco não querer opinar mas ao mesmo tempo eu fico questionando se é privilégio branco não querer opinar, eu não tenho resposta tá mas é privilégio branco não querer opinar ou a gente não consegue humanizar pessoas negras a ponto de tá tudo bem uma pessoa preta não querer opinar sobre tudo?”, não sei sabe, eu não quero ficar opinando sobre tudo porque é exaustivo. Imagina tu numa mesa e aí o mundo acaba e aí “O que você acha do mundo?” mano eu tava jantando sei lá, inclusive quando invadiram o Congresso e tudo mais em Brasília eu estava offline, eu fui para o litoral norte em Baixio onde nem tem internet direito, fiquei lá tava na lagoa no momento assim sozinha eu e Lucas, aí depois vamos voltar para Salvador, “Você viu o que tá acontecendo?” eu falei “O que gente, eu tava sem internet” não tava vendo nada mas era uma obrigação opinar, mas eu falei “Como eu vou opinar uma coisa se eu tava sem internet, eu nem sei o que está acontecendo, você está perguntando agora” então eu fico nessa né, será que a gente consegue humanizar Bruna sabe, Bruna você enquanto pessoa preta se tá tudo bem você não querer porque você tá somatizando outras coisas que a gente nem sabe sacou, não sei como tá sua família, não sei como tá seu dia a dia, sei lá mano então será que a demanda do racismo que nos faz acreditar que somos obrigados a nos posicionar 24 horas por dia, será que ter opinião e não querer opinar é alienação? Porque eu posso ter e não querer e decidir não querer, isso é alienação? Sei lá mano assim, quantos de nós enquanto comunidade negra assim sabe estamos exaustos e adoecidos, frustrados por viver só reagindo mesmo a cada acontecimento pessoal, a cada acontecimento social, a cada acontecimento no Brasil, a cada acontecimento no mundo. Será que a gente realmente tem obrigação de opinar ou são os estímulos inclusive das redes sociais, que fazem a gente querer ficar opinando sobre tudo? São perguntas que eu não sei responder mas assim, enquanto de forma geral na verdade, mas eu sei que mesmo eu tendo opinião e não querendo opinar eu sei o porquê eu não estou querendo opinar, ou eu tô fudida, literalmente porque sim tem dias assim ou porque eu não quero, porque é uma bola de neve, a consequência tipo assim é uma loucura, vira uma bola de neve tão grande e eu só queria tentar explicar uma coisa e às vezes eu não quero, não quero ficar respondendo mais sabe, não quero porque eu vou ficar um mês falando da mesma coisa porque as pessoas fazem isso. Eu fiz um post algum dia sobre alguma coisa e foi parar no UOL, mano existem outras questões envolvidas além de só falar com a minha comunidade, não é só a minha comunidade das pessoas que estão me acompanhando não é só isso, ultrapassa e é uma responsabilidade pensar no que você vai falar, tem muita coisa envolvida então eu não acho que é porque eu tenho opinião ou sei sobre alguma coisa que tenho que falar sobre ou opinar sobre o tempo todo, eu sei os momentos em que vou falar, inclusive tem coisas que estão acontecendo agora que é Big Brother né porque eu tenho várias opiniões sobre e sei falar sobre só que vi pessoas incríveis falando já sabe, falei “Pô essa galera é massa, eu dou um RT” sacou, eu concordo com você, eu tô concordando com seu pensamento Bruna, tô concordando com seu pensamento Henrique, eu não preciso escrever a mesma coisa eu vou só repostar o que Bruna tá falando, o que Henrique tá falando e isso faz com que eu adoeça menos a ponto de continuar em pé para fazer o que eu faço com utilidade porque se eu tô mal ou se você tá mal assim, gente quem consegue fazer alguma coisa estando mal? Sabe ninguém consegue fazer então meu top um da lista é me manter viva e quando eu falo viva não é só essa questão da letalidade né, é minha cabeça, meu espírito, daí quando eu tô viva eu “Pronto, agora eu posso continuar seguindo o baile” falei e falei né, desculpa falei muito minha gente.

Henrique de Moraes – A gente tá aqui pra te ouvir, é isso mesmo. E essa coisa das redes sociais eu acho uma coisa, uma pegadinha né às vezes porque é uma areia movediça meio esquisita assim porque a dinâmica te incentiva a falar né, a emitir ali sua opinião o tempo inteiro mas é diferente e eu acho que esse é o ponto que talvez seja mais doloroso enfim na minha cabeça talvez que é quando você tá uma conversa, a gente tá aqui conversando e eu te pergunto sobre o Big Brother é mais natural, a gente vai conversar sobre isso e quando você tá ali tipo no monólogo né falando, escrevendo alguma coisa que você sabe que vai ser mal interpretado, que as pessoas vão começar a questionar e vão compartilhar e vão botar a opinião delas em cima então tem de fato essa bola de neve como você colocou que acontece que eu acho que dá uma preguiça de fazer do ponto de vista do criador de conteúdo e eu acho que para quem consome também às vezes é também cansativo né todo mundo precisar opinar sobre tudo, às vezes eu tenho vontade, eu queria que tivesse nas redes sociais um botão de tipo assim “cancelar esse assunto” e parava de mostrar, exibir conteúdo que fala sobre um assunto específico porque de repente tá todo mundo, pessoas que às vezes não tem nada a ver com aquilo estão precisando, precisam verbalizar, precisam comentar e eu acho inclusive que essa dinâmica, esse incentivo que as redes sociais tem a fazer com que a gente expresse opinião e que normalmente, especialmente de maneira combativa né esse é o ponto para mim que é mais nocivo assim, as pessoas elas se sentem mais, elas tem um ímpeto maior de falar quando elas discordam do que quando elas concordam sabe e aí isso se torna cara uma loucura assim de bolhas sendo criadas e você vendo as pessoas brigando, disputando entre elas sem ninguém conseguir encontrar os pontos em comum enfim, um caos mas acabei também entrando aqui numa outra vibe

Monique Evelle – Mas concordo, assino embaixo aí viu

Henrique de Moraes – Que bom. Você falou de rituais Monique, e eu fiquei curioso pra entender como estão os seus rituais, suas rotinas hoje assim se é que você tem uma rotina né, se você consegue estabelecer uma rotina já que você também precisa estar em vários lugares ao mesmo tempo, enfim muito requisitada, como é que você organiza seu tempo assim, como é que você faz para juntar e não deixar cair nenhum pratinho, imagino que alguns caiam mas enfim palestra, empreender, criar conteúdo, tempo de descanso, tempo pra exercício, essas coisas todas e se você puder falar inclusive como que é assim, qual a sua principal rotina assim, se for a matinal por exemplo como é que você organiza isso hoje em dia né, imagino que isso vá mudando ao longo do tempo.

Monique Evelle – Nossa eu tenho viu, eu tenho e gosto, tem claro dias que você fala assim “Hoje vamos mudar tudo” e por aí vai, adoro ter agenda de papel sabe, tenho um planner de papel, eu escrevo e levo para tudo quanto é lugar, eu estou agora fora de casa por exemplo e tô com o planner na mão e é isso. Pela manhã antes das 10h eu evito assim, só quando eu sei, principalmente quando eu tô em casa, quando tô fora eu consigo mesclar os horários assim pode ser mais cedo porque aí no período da tarde fico mais livre e por aí vai mas em casa pela manhã até 10h, 9h30 por aí eu vou fazer algum exercício físico que eu curta fazer, às vezes não quero fazer e quero ficar caminhando aleatoriamente sem pensar em nada, sem ouvir nada porque às vezes parece que é uma obrigação colocar fone de ouvido né, eu quero me ouvir gente eu tô sozinha caminhando, não tô afim de ficar ouvindo música, podcast não gente eu quero só andar, vou andando por aí vai e eu estudo todo dia assim, tenho meia hora de estudos diariamente, todos os dias inclusive domingo mas quando vai o final de semana ou feriado é alguma coisa assim sei lá, eu gosto desse livro X que tá em inglês e meu inglês não é melhor do mundo, vou me forçar porque eu amo muito esse livro entendeu e ao mesmo tempo eu tô ali meia hora, mas é literalmente meia hora e geralmente de 9h30 às 10h que é o momento que eu depois começo a minha vida de trabalho né vou fazer reunião e tudo mais e sempre tento parar até 17h30, quando passa é até 18h30, porque? Eu trabalho também com um cara que eu vou casar sabe então assim, tem que ter limites e a gente colocou esses limites, a gente trabalha de casa e às vezes vai para o escritório fora e a gente fala que quando a gente sai do nosso escritório, fechou a porta de casa ali do escritório significa que somos um casal agora, não somos sócios entendeu, é isso fechou a porta já foi. Tem um momento no intervalo do dia que a gente para e cada um vai fazer uma coisa ali no almoço, a gente tem horário de almoço né porque tem que ter isso a gente almoça junto, tem horário de almoço, eu sou mãe de plantas agora, tenho uma floresta dentro de casa na real e a gente fica cuidando das plantas, ele vai molhar alguma coisa e eu vou fazer outra coisa. Tem um lugar de não pensar em nada nesse intervalo de almoço sabe que eu gosto também, não fico assim “Ah vou ter que preparar a apresentação e tal” não, tá na agenda inclusive quando eu tenho que preparar uma apresentação, tá na agenda então vou fazer dentro daquele período porque senão eu vou pegando um monte de coisas no dia tipo “Ai poque alguém mandou mensagem”, “Ai porque é prioridade”, tudo é urgente, gente pelo amor de Deus, “É urgente Monique”, urgente pra quem? A sua urgência não é minha urgência não, e aí como é que a gente faz agora? Então eu sei o que é prioridade dentro do dia mas eu não posso abrir mão ali de manhã de fazer qualquer exercício que eu curta, às vezes é boxe, às vezes musculação, às vezes é caminhar tanto faz, 30 minutos de estudos mesmo, vou ler, vou entender, adoro a newsletter de algumas pessoas, trabalho, intervalo de almoço ali para ficar cuidando de plantas e por aí vai e até 17h30, entre 17h30 e 18h que é o momento em que eu termino o expediente digamos assim eu sei que eu vou viver, posso fazer absolutamente qualquer coisa a gente pega o carro dá uma volta na praia, toma uma água de coco e volta, às vezes a gente vai assistir série, às vezes a gente ia falar besteira, às vezes a gente planeja viagem, a gente namora e por aí vai porque acho que namorar é importante na relação entendeu, então minha cabeça funciona assim, tenho meus horários de trabalho e eu sempre peço para não ser atropelada, o que significa isso? Eu fico trackeando literalmente o tempo que eu gasto nas redes e eu tenho limite, meu celular fecha. Eu só preciso, só tiro o limite do celular, o limite do computador se é muito assim tipo, preciso responder essa pessoa porque realmente a pessoa só apareceu agora e tal, beleza. Fora isso vai ficar lá sem limite e só vou te responder amanhã, e se me perguntar se aconteceu alguma coisa eu falei “Não, só tô te respondendo hoje”, não preciso ficar explicando porque sempre tem uma justificativa né, “Bruna não te respondi porque isso, porque isso”, sempre uma justificativa, sempre uma desculpa e a gente sempre foi nesse lugar enquanto comunidade preta né, da subalternidade então é automático a gente pedir desculpa antes de qualquer coisa tipo porque? Não é desculpa, é minha rotina pô, é assim que eu vivo, você vive de outro jeito e eu vivo desse jeito e tô te respondendo agora, é só isso e tá tudo bem, beleza? Beleza então eu gosto de rotinas.

Henrique de Moraes – Fiquei com uma dúvida aqui assim porque eu e minha esposa a gente trabalha de casa e assim, às vezes é difícil conseguir equilibrar esses horários né, como que vocês conseguiram colocar o limite com os outros né porque eu acho que o mais fácil é você conseguir botar o limite interno então você conversa, beleza você tem um acordo entre vocês mas o resto do planeta que tá ali com várias expectativas em relação à você não consegue então tem a parte é lógico de ficar offline mas eu imagino que ainda assim você seja atravessada por demandas, por pedidos, como é que você consegue colocar esse limite, como é que você fez de repente para impor esse limite com os outros né?

Monique Evelle – Legal. Eu hoje tenho um time mas quando eu não tinha deixava mensagens automáticas, sempre deixo inclusive quando ultrapassa as férias tá lá Monique, se você mandar mensagem para mim no WhatsApp “Estou de férias se precisar de trabalho o e-mail é esse, se for assunto que não sei o quê o contato é nanana” e é isso tipo assim, eu posso estar até lendo sua mensagem mas eu quero que você respeite a mensagem automática que está chegando. Isso é importante e tem uma coisa que eu e Lucas, não foi assim sempre, a gente teve outros negócios antes e quando a gente teve em sei lá 2015, 2016 outras iniciativas, ali a gente entendeu que para continuar juntos e trabalhando junto a gente precisa de A, B e C e a gente colocou o limite ali na época, a gente entendeu né porque era a experiência dos dois assim tipo a gente nunca namorou uma pessoa que é sócio e por aí vai e ali a gente entendeu “Vamos começar agora porque eu quero continuar com você entendeu” então deu certo, estamos juntos há 7 anos e vamos casar então tudo certo. E tem um lugar de verbalizar, eu acho que é importante a gente não verbaliza quando a pessoa está invadindo seu espaço, a gente fala “Ai depois, foi mal, não sei o quê”, é aquilo que eu falei da justificativa. Eu verbalizo, tipo “Agora não Bruna”, “Ah mas porque?”, “Agora não Bruna”, “Henrique não dá, muito obrigada pelo convite, não posso”, “Mas por que não pode?”, eu só falei que eu não posso, não vou ficar explicando porque eu não posso sabe e é importante verbalizar mesmo com as pessoas senão vão invadir seu espaço de qualquer jeito ou então uma coisa que eu detesto, então fica a dica aí pra quem tá me ouvindo, caso você tenha meu número de telefone por favor me pergunte antes de passar para alguém porque o que chega de mensagens de outras pessoas assim, tipo se eu não tenho salvo eu não te conheço, literalmente assim, eu salvo todo mundo que eu conheço né e aí eu falei “Tá a pessoa não tem meu número e a pessoa me manda um áudio de 3 minutos na primeira mensagem”, porque eu iria ouvir? O que faz alguém, você não conhece a pessoa, a pessoa te manda mensagem 3 minutos em áudio não, manda nem um oi assim “Oi eu sou fulano e por aí vai” ou então a gente sabe quando alguém quer pedir alguma coisa, pede logo, seja mais direto não fica assim “E aí como está a família?” mano você nem conhece minha família, você nem me conhece direito sabe a relação aqui é outra então não fica forçando uma coisa dessa e eu falo “Oi tudo bem, é isso” e já mando o texto logo de uma vez que eu tenho que mandar e quando a pessoa puder ver e responder responde e tá tudo certo e eu gostaria que as pessoas fizessem isso comigo e quando ficam na enrolação eu falo “O que manda?”, “Não é porque…”, pode falar a gente, fala logo porque assim eu sei quanto custa meu tempo, literalmente, tempo é uma das coisas mais preciosas que a gente tem então assim não fica me enrolando, eu detesto. Mas eu aviso pra pessoa, eu aviso, não é um não dito porque o não dito que é perigoso sabe, fica “Ai pode ser que ela tá falando isso”, cada um interpreta de um jeito, até falando a pessoa vai interpretar de um jeito, eu estou falando aqui “Cada um vai interpretar de um jeito”, “É arrogante”, “É não sei o que”, cada um interpreta de um jeito falando, imagina você não falando rapaz? Então assim, eu prefiro falar e a interpretação fica sempre para quem está ouvindo mas é assim que eu fico limitando algumas invasões. E hoje ainda bem tem um time, inclusive vocês aqui a Ana que ficou conversando com vocês para fechar e tudo mais porque isso também me blinda de exaustão porque são muitos pedidos assim ao mesmo tempo e eu tenho que colocar numa ordem ali do tipo tem 3 no dia, fudeo o que eu faço? Cancela ou não cancela, não, ajusta, vamos ajustar porque eu quero fazer, quando eu não quero eu aviso “Fala aí que eu não quero fazer” sei lá como vai falar mas não dá então tem esse, hoje eu sou um pouco mais blindada mas como eu gosto de sair com a galera e viver minha vida em paz eu não fico cercada do meu time né gente? Tipo assim eu vou pro rolê em Salvador quando Bruna fala, eu não tô com meu time me cercando, tem algumas coisas específicas que sim eu tô com meu time que talvez as pessoas nem saibam que é meu time assim, pra tentar dar uma segurada de onda porque senão eu não consigo fazer nada, nada mas é uma forma de continuar sóbria, apesar de estarmos no Brasil.

Bruna do Carmo – Legal. E você falou um pouco Monique dessa questão do verbalizar e de a gente estar sempre começando a frase pedindo desculpa, “Desculpa por não responder, por não conseguir” se colocando sempre num ponto de submissão e tal e particularmente assim eu já fui intitulada com uma pessoa metida por isso ou aquela pessoa que tem a prepotência, que se acha demais. Em algum momento assim você, passou pela sua cabeça “Será que eu estou sendo metida, será que eu estou sendo prepotente?”, em algum momento passou que aquela pessoa poderia ter razão nessa interpretação dela ou você sempre foi segura assim de dizer “Não, esse é meu posicionamento, é isso vou ser firme até o fim assim”

Monique Evelle – Firmeza e certeza do que você tá falando não é prepotência né, a diferença é que a gente aplaude uns e exclui outros e fala merda de outras pessoas, isso é verdade. Eu não vou mudar o tom, eu posso mandar tomar no cú você assim do jeito que eu tô falando entendeu, e aí? Eu vou ser qualquer coisa do mesmo jeito, sempre vai ser, sempre vai colocar nesse lugar né ainda mais quando você está num momento de ascensão social, quantas vezes a gente viu em novelas e parece besteira mas quando acontece com você você fica assim “Caramba pensei que era só em novela”, que fala “Ai agora que saiu da favela ficou metido” tipo mano não é porque saiu que a pessoa, água pro vinho, calma pode ser que tenham pessoas assim e você viveu essa experiência mas não é automático, saí hoje no dia 19 de Janeiro e dia 19 de Janeiro eu sou uma filha da puta entendeu então assim, vamos com calma e tem uma coisa de eu sei os momentos que eu vou ser mais firme e não vou abrir mão porque tem uma questão de valores, existem limites né existem coisas que você não vai abrir mão porque você tem consciência do que você não abre mão, aí fica mais fácil você identificar e saber onde colocar esse limites, onde flexibilizá-los talvez sei lá. Mas é quando você sabe né então eu sei, então nisso eu vou dosando os lugares. Mas agora por exemplo, eu sempre brinco que o empresariado brasileiro me odeia porque acham que eu sou comunista porque eu falo de pautas sociais por exemplo mas os movimentos sociais me odeiam porque acham que eu sou liberal porque eu falo com o empresariado. É um não lugar gente, vou fazer o quê? Vou tipo “Ah tá bom então”, vou continuar vivendo, eu realmente acredito nisso, no que eu faço, é sério assim. E tem uma questão que vão querer sempre intitular você independente de ser só metido ou não e das piores formas possíveis a ponto de você querer desistir porque ficar ouvindo isso de forma recorrente é uó, você fica mal entendeu e eu comecei a filtrar e eu entendi que esse lugar da “crítica construtiva” a pessoa não construiu nada, fica o tempo todo fazendo textão na internet, fica dizendo que você é isso, aí você pergunta e eu sou uma pessoa que responde viu, inclusive se você quiser me xingar aguente seu babado aí porque eu vou te perguntar, aí eu falei “Tá bom, eu faço o que então? Me diga” não era para ter aceito esse convite, era para ter feito o quê, você faria o quê? E aí a pessoa não responde, apaga o comentário, some entendeu porque as pessoas, principalmente na internet acham que são anônimas ou acham que a gente não tá vendo o que está acontecendo, então tem um lugar de eu realmente filtro essas críticas “construtivas” de uma galera que não tá construindo porra nenhuma e não ajuda né, tipo “Pô Bruna você poderia ir por esse caminho porque eu acho que pode ser massa”, não é “Bruna você está errada”, “Errada porque? Me diga” cada um tem o seu caminho de vida, cada um sabe o que passou, não é porque somos pretas aqui que significa que nossa vivência é igual entendeu, tem um monte de coisa envolvida, então eu filtro mesmo, já ouvi de tudo que você imaginar, tipo “Monique é muito arrogante porque não queria aceitar o pedido”, você tá comunicando como é que você pediu ou só a parte que eu disse não? Responda, fala para as pessoas como foi que você me pediu, fala as palavras que você disse, aí do nada a pessoa cala a boca e por aí vai então tem um lugar de não dá para, eu não posso me estressar, aquilo de antes da conversa as distrações, isso me distrai muito, isso me faz colocar energia num lugar que eu não quero colocar, podendo estar colocando energia em outro lugar, meu tempo, meu esforço, meu dinheiro sabe em coisas que eu realmente quero construir do que ficar respondendo coisas que eu sei que não é e coisas que quando eu sei e quando eu pergunto “Tá bom, tô errada e aí?”. É que nem amizade, sabe quando amizade para de falar com você e aí você pergunta o que aconteceu e a pessoa nunca fala, mas como é que eu vou saber o que eu fiz gente? E tem um lugar de maturidade em relações, relações profissionais, relações pessoais. Eu sou a pessoa que vou te perguntar sempre, “Não entendi o que aconteceu você sumiu, eu fiz alguma coisa, aconteceu alguma coisa que eu não sei?”, “Não depois a gente conversa” e aí a pessoa some, aí você tenta conversar de novo mas aí também tem um lugar que a minha terapeuta falou “Não dá para ficar perguntando, correndo e tal se a pessoa não quer falar não fala então tá bom, mas agora também não espere o outro lado” do tipo não espere eu explicar o que aconteceu porque eu não sei o que aconteceu. Então fui entendendo isso, eu posso tentar falar com você Bruna, “Bruna o que aconteceu?”, “Não porque você…” tá bom, explique o que eu fiz Bruna. Aí Bruna fica xingando mas não fala o que eu fiz, como é que eu vou saber se eu fiz certo ou se eu fiz errado e mesmo que eu fiz errado como é que eu vou parar de fazer o errado, não tem como parar de fazer errado porque eu não sei então esse lugar que eu acho que falta entre a gente mesmo sabe porque a branquitude já tem o pacto deles né sabe eles podem ser odiar nos bastidores, tem que ser o pacto sertanejo, é isso que a gente tem que fazer olha o sertanejo como é a gente, o mundo tá acabando no sertanejo mas a galera tá junta, unida, fechando negócios, alugando casarões, mansões para criar música, para vender mais e eles ganharem dinheiro entre eles e o dinheiro não sair dali e a gente tá puto porque a pessoa acha que a gente é arrogante e você pergunta “Mas porque, me diga onde eu errei” e a pessoa não responde, eu falei pacto do sertanejo que temos que fazer gente, pelo amor de Deus sabe eu acho que isso pode mudar o jogo aí. Foi péssimo pacto do sertanejo né mas vocês entenderam.

Henrique de Moraes – Me lembrou ouvindo você falando, uma fala do Emicida que eu até compartilhei com a Bru esses dias que era “parece que algumas pessoas têm uma procuração assinada em cartório do povo para falar o que que você pode ou o que você não pode, se você pode ascender ou se não pode, o que eu posso comprar e o que eu não posso né” e eu acho que ouvindo você falar desse não lugar onde você tá no meio e as pessoas estão te julgando de uma coisa ou de outra, eu acho que o ponto, me parece né olhando de fora aqui mas o ponto é você ter um propósito tão forte que você sabe que quando você chegar lá né, quando você conseguir realizar as coisas que você tá se propondo a realizar as pessoas vão começar a encontrar sentido no que você tá fazendo e de repente vão até querer replicar né porque aí depois olhando para trás vira estratégia mas enquanto você tá ali tão te julgando

Monique Evelle – Exato. Não isso é louco assim porque nossa, tantas histórias mas eu vou contar uma que é engraçada, trágica, sei lá mas enfim que esse lugar né, de um lado eu sou liberal e de outro sou comunista e tipo, enfim e a galera fala “Não você é liberal, você é liberal” eu falei “Gente eu não sou e deixa eu explicar que eu não sou e o porque disso e por aí vai”, aí conversamos mas mesmo assim foda-se. Tudo bem, segui minha vida e a pessoa seguiu a dela. Aí chega um momento, “Não agora que você tá atuando assim fazendo isso, fazendo aquilo, é que a gente tá precisando de A, B e C” e aí eu perguntei, eu falei “Eu posso fazer isso por vocês mas eu quero saber se tá tudo bem já que o seu grupo me vê como liberal, vocês aceitarem algo meu? Porque isso né é questão política agora envolvida né gente, se tá me vendo como liberal e tá aceitando temos um problema porque vocês não acreditam nisso” então isso aparece o tempo todo tipo assim, o tempo todo. Pessoas que ficam, gente para mim é muito louco porque eu tô dentro das empresas também né, não tô só fora, não tem só a minha, faço consultoria pras empresas e eu recebo os projetos de todas as pessoas que já fizeram textão acabando com a minha vida, é sério assim os projetos chegam para mim porque às vezes as pessoas acham, mandou para Bruna né, “Bruna recebe aqui” e aí Bruna fala, Bruna trabalha comigo e a pessoa não sabe porque é aquilo que eu falei para vocês no início, eu não preciso estar no holofote, eu quero que a iniciativa funcione, então as pessoas não sabem onde eu tô e aí manda para Brun, Bruna dá uma olhada e fala “Olha Monique chegou isso aqui” e eu falei “Como assim gente, como é que manda para essa empresa sendo que essa empresa que foi alvo de A, B e C dessa pessoa” aí olha e tal e quando tem reunião a reunião é comigo e a pessoa fica sem saber o que fazer né, acontece assim gente todo mês eu sei que vou ter uma reunião e a pessoa vai ter uma surpresa na hora que me vê na sala de reunião por exemplo. Mas não é porque a pessoa acabou com minha vida na internet que não significa que aquele projeto é bom entendeu porque eu acho que tem uma diferença, é importante a gente falar sobre isso. Você não precisa me amar não mas assim, assim como eu também não preciso te amar e você não precisa ser minha amiga, frequentar minha casa, acho isso uma maluquice sabe mas eu sei que seu trabalho é bom mano, eu sei que o que você faz Bruna funciona, é bom, não precisamos ser amigas, não precisamos ser amigas pra isso sabe então eu fiz esse exercício pessoal, não preciso ser amiga de muita gente mas o trabalho é massa, tamo junto e vamos fazer, tanto faz. Talvez a amizade surja no processo inclusive, não é a consequência, não é “Ah vou trabalhar e fazer amizade” não é isso, se surgir beleza, se não surgir também tá tudo certo. Então sempre foi um susto da galera quando me via e eu falei “Relaxa o seu projeto é bom e tá tudo bem, agora é você entender se vocês aceitam aí né ou não porque chegou aqui e eu que aprovo, fudeu né”. Então é que nem tipo, Anitta né a gente, várias questões com Anitta, todo mundo fala de Anitta, bem ou mal as pessoas falam de Anitta, da figura que Anitta se tornou, da figura que Anitta é e chega um momento que a crítica começa a se curvar à grandiosidade de um feito entendeu. Por exemplo, por mais que você pode não gostar de Anitta, você pode enfim, tanto faz mas ela foi a número 1, mas agora não é racialidade, é sobre o papel que foi em épocas diferentes e distintas. Tivemos o rei Pelé, na época Pelé deu orgulho aos brasileiros, tipo porra o Brasil estava no mundo, as pessoas queriam torcer para o Brasil porque o Pelé foi pra Copa. Aí a gente torceu por Anitta porque ela tava no primeiro lugar no mundo, você odiando a pessoa, era a primeira, era Brasil, tinha um lugar de ser Brasil. Chegou um momento que as pessoas que mesmo não gostando, “Ela é Brasil”, olha que loucura, chegou no lugar do Brasil assim então chega um momento que a crítica realmente cede ao grande feito sabe, por isso que vem esse lugar de tipo tá criticando, criticando e depois pergunta como é que faz. Tem pessoas de Salvador, nordeste, norte, muitas pessoas que eu fiz que perguntam assim hoje, pra mim dói ouvir, dói muito ouvir porque eu não sei o que fazer e deve ser frustrante para pessoa falar também, deve doer muito também que é “Monique eu comecei na mesma época que você só que eu parei, achei que não ia e hoje você continuou e você tá aí” então tem uma comparação que às vezes é equivocada também né, eu cruzei caminhos de outras pessoas que me ajudaram a chegar até aqui que talvez essa pessoa não cruzou sabe ou então pessoas começaram junto comigo com coisas semelhantes, estão tentando até hoje, não rolou e hoje entendeu que por mais que você continue fazendo determinada coisa e que deu certo até aqui, talvez nos próximos 10 anos não vai dar certo porque toda hora muda e a gente tem resistência de mudar porque mudar é doloroso, não é fácil fazer nenhum tipo de mudança, de pensamento, de narrativa, de projeto, de produto, de serviço, dói e às vezes a gente não quer sentir essa dor. Eu senti muitas dores, muitas mas na minha cabeça é “Tá doendo agora porque é a dor do crescimento entendeu” eu tinha medo de fazer, fiz com medo mesmo, aí eu tinha medo de crescer, aí eu cresci e tá doendo para caramba, e aí? Dói do mesmo jeito

Henrique de Moraes – Aproveitar esse gancho pra te fazer uma pergunta que acho que é uma pergunta que eu mais gosto de fazer aqui no podcast que é, o que que é ser bem sucedido pra você? Como você definiria isso, esse termo que é meio nebuloso né

Monique Evelle – Nossa, voltar pra casa sabia? Sério, parece bobagem o que eu tô falando mas se tem a possibilidade de dizer assim “Bruna hoje não porque eu preciso aparecer e levar minha mãe ao médico e dar um rolê com a minha mãe, aniversário de meu pai” sei lá esse negócio do voltar para casa ou então voltar para Salvador, foi meu retorno né assim tipo eu voltei para Salvador e eu poderia ter voltado antes, eu tava testando ainda, ficava 6 meses em Salvador, 6 meses fora e ninguém sabia né, aí eu falei “Pô será, vamos testar aqui vamos ver” aí eu fiquei testando e aí veio uma pandemia, aí eu não consegui embarcar para Salvador porque fechou São Paulo, aquela coisa toda que foi o início de pandemia e não voltei na pandemia assim não foi no auge, foi 31 de Dezembro de 2021 ou seja, virando 2022 eu falei “Não vou virar o ano aqui, vou virar em Salvador e fico”, foi isso que aconteceu então acho que esse lugar de voltar para casa, de poder voltar para casa, de poder quando eu falo do horário né das 17h30 às 18h30 ali eu estou voltando para casa né, voltando para as pessoas, a minha galera, as pessoas que sabem que eu existo assim, quem eu sou, minhas dores, não só nos holofotes de sucesso e por aí vai então esse lugar de voltar para casa para mim é muito poderoso e eu percebi que quando eu comecei a voltar para casa, aquele meme “Ela sabe que venceu” entendeu porque só isso assim, é o churrasco sabe, fazer uma churrasquinho, a cervejinha e tipo “Caramba tá funcionando”, tem um lugar de você consegue chegar num estágio que independente sendo dos negócios ou você trabalhando em uma empresa, se você forma um time que né, é sempre agressivo o mercado de trabalho também né mas quando o time é massa você consegue o time a ponto de você sair no seu horário e o time sai no horário também. Quando você tá no mundo dos negócios e você contrata pessoas você confia na pessoa. Alguém perguntou “Nossa como é que funciona?’ e eu falei “Eu confio nas pessoas que eu contrato minha gente, que loucura é essa?” como é que eu chamo você e não vou confiar tipo, pra mim não faz sentido isso. Claro, já passei por situações horríveis e tipo mesmo as pessoas assinando o que a gente chama de NDA, que é comprometer a não falar para ninguém, as coisas acontecem.

Henrique de Moraes – Eu fiz há pouco tempo aqui no podcast uma série sobre o que eu chamei de lideranças humanizadas né e aí até uma das convidadas que é a Thais Fabris ela fala isso ela fala assim, “Cara eu tenho um ranço do liderança humanizada porque quando que a liderança deixou de ser humanizada, quando a gente parou de lidar com pessoas, com seres humanos né?”, porque que a gente precisa voltar para isso né isso é muito louco na verdade, e até a Passa ela usa um termo melhor que é liderança compassiva né onde você coloca um olhar ali mais de cuidado com as pessoas né e não uma coisa de trazer pessoas para o humano que nunca deixou de ser humano, são pessoas, você tá sempre lidando com pessoas né, com todas as complexidades. Monique, você tem alguma coisa que te gere mais ansiedade hoje?

Monique Evelle – Então assim eu tenho minha news e eu gosto de escrever, então eu programo para não ter que estar on no momento tal sabe então esse boom de informações me deixa ansiosa demais por isso que eu fujo muitas vezes. Quando fui pra Baixio era só para fazer um detox meu comigo mesmo, não ouvir nada e ponto final. E tem um lugar de, quando eu falo a internet mas assim eu acho que é o barulho do mundo né, temos uma guerra acontecendo, ainda tem esse barulho do mundo e outra coisa que me deixa muito ansiosa, eu sei que eu tenho muitas possibilidades hoje né, eu digo não mas parece que vai multiplicando e mesmo dizendo não vai aparecendo outra e eu tô dizendo não e vai aparecendo outra e eu fico assim “Putz mano, e aí?” sempre vai ficar aparecendo alguma coisa e eu tento não querer ouvir, não querer ler em alguns momentos. Eu sei quando algumas pessoas específicas me ligam eu já sei assim sabe, aí eu falo “Já sei o que você vai falar mas hoje eu não tô afim de ouvir, podemos marcar outro dia”, pronto porque aí eu consigo equilibrar porque tem dias que eu não tô querendo viver proposta de nada, por mais que o projeto seja legal, por mais incrível que seja, não porque é isso e enfim mas eu sei, eu me conheço, eu sei como eu vou ficar e eu sei o quanto vai ser difícil pra mim os próximos meses e anos porque eu escolhi fazer isso então os meus não serão mais frequentes por exemplo, vai ser muito mais estratégico porque é isso mas é puxado então a internet, o barulho do mundo assim e esse volume de ter coisas, ter coisas para fazer e tal então eu faço minha própria curadoria entendeu, eu tenho que fazer curadoria de tudo para mim porque senão quem vai dizer o que eu quero, o que eu devo ou estimular alguma coisa em mim sempre vai ser o outro e eu não tô afim não, o outro pode me ajudar claro mas eu não quero, quero seguir o baile. Eu quero aquilo que a gente falou né, de reação e reação, eu não vou ficar reagindo, não quero reagir e isso me impulsiona a reagir então não quero então vou ficar agindo, vou botar o limite aqui nos aparelhos e tal, vou tirar meus finais de semana longe das telas e tal e por aí vai, é babado.

Henrique de Moraes – Eu diria que internet hoje em dia pelo menos para mim assim e ouvindo também todas as pessoas falando sobre suas próprias relações com a internet, é o maior paradoxo que existe porque tem todas essas promessas né que ela te faz de otimização, de ganhar mais tempo e tudo mais e que na verdade esse tempo é sempre substituído por mais coisas então você na verdade fica sempre com a sensação de que você tá mais ocupado e mais atarefado, mais enfim e o fora que assim, ela traz muitas coisas boas né, imagino que tenha sido muito importante na sua trajetória como tem sido na de muitas pessoas, de projetos, na de pessoas e grupos minorizados, tem tanta coisa assim que a internet trouxe de muito benéfica mas ao mesmo tempo ela traz uma coisa tão tóxica junto né, é tudo tudo ao mesmo tempo e tudo muito intenso, é tipo é um fluxo constante de coisas boas e ruins te atropelando e você fica meio que parece que tomou um caldo né assim tipo “Caraca o que tá acontecendo aqui, para onde eu nado? Nado pra baixo e bato com a cabeça na areia ou nado para cima e tento respirar um pouco né?” é muito louco isso né mas Monique, cara foi um ultra prazer aqui, um privilégio, uma delícia inclusive esse bate-papo, eu poderia ficar aqui o dia inteiro só ouvindo você falar, faço uma pergunta e deixo você falar por meia hora, 40 minutos, pode falar à vontade

Monique Evelle – Eu também, viu?

Henrique de Moraes – Mas precisamos respeitar o seu tempo e aí eu queria fazer uma última pergunta, não sei se a Bru tem uma outra aqui, Bru você tem pergunta? Que aí eu deixo você fazer

Bruna do Carmo – Não, só queria pedir pra Monique me adotar, só isso

Monique Evelle – Oxente, adotadíssima, é baiana já foi, de Salvador rapaz.

Henrique de Moraes – Última pergunta aqui que se eu não fizer as pessoas me matam, só se você assim, vou fazer duas perguntas diferentes pra você, normalmente eu faço só de livros né, qual o livro que você mais deu de presente, que é uma pergunta que eu peguei emprestada do Tim Ferriss, então qual ou quais livros que você mais deu de presente aí mas também eu queria saber como você consome conteúdo de várias fontes também, quais outras fontes de conteúdo você mais compartilha ou fala com os outros sobre, pra gente poder saber onde a gente pode também ter mais sinal do que ruído né

Monique Evelle – Ah legal. O livro que eu mais dei de presente foi “Em busca de mim”, de Viola Davis, eu fiquei “Putz” muita coisa porque tem um lugar de Viola ser Viola Davis, eu acho que vale a pena ler Viola, escutar Viola, assistir Viola. Eu gosto muito de assinar newsletter né, tem um menino chamado Tiago, que é Tira do Papel e tudo mais que tem no Instagram, ele tem uma news legal, tem a The News que todo dia de manhã chega no e-mail mas você não precisa ver 6h06 da manhã mas todo dia tem e-mail novo com análises de coisas interessantes. No meu caso eu assino essa e dentro dessa tem a parte só de negócios que é The Bizness e tudo mais, que chega por e-mail também e que eu amo e que é meu universo, curto muito e tem algumas pessoas que escrevem na Inventivos hoje que no caso a Inventivos é uma plataforma de formação pra empreendedores que eu sou sócia com o Lucas aqui que eu falei, que é uma galera que escreve assim incrivelmente bem e eu fico acessando o blog da Inventivos para ler as pessoas que são na Inventivos que são microempreendedores, estão fazendo seu corre e eu quero ficar lendo e ouvindo essas pessoas e podcast como Café da Manhã enfim e outros besteiróis que às vezes tô assistindo uma série, sabe quando você comeã uma série à noite e aí você para assim meio-dia, termina a planta e faz o quê? Vou voltar pras séries de comédia, então é isso minhas fontes aí gente.

Henrique de Moraes – Maravilha. Monique obrigadaço pelo seu tempo, foi incrível e espero que a gente consiga fazer mais bate papos como esse no futuro, vai ser ótimo e assim, mais do que parabéns eu acho porque o parabéns é uma coisa que não ajuda muito, obrigado né por tudo que você tem feito que acho que é muito significativo assim e mais uma vez que eu te ouço, toda vez que te ouço para mim assim é sempre motivo de parar, refletir, anotar coisas então assim, eu acho que são poucas pessoas que conseguem tirar a gente do piloto automático do jeito que você faz então é um talento assim e que você tem me parece uma coisa que veio junto né, que já veio no software mas imagino que não tenha sido, que você tenha desenvolvendo e passado por muita coisa até chegar até aqui, então parabéns por esse lado e obrigado

Monique Evelle – Foi construído, foi construído

Henrique de Moraes – Imagino

Monique Evelle – Obrigada demais.

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