calma! #17 com Rafael Abreu
o Rafa Abreu é um amigo com quem eu tenho o prazer de dividir discussões filosóficas sobre qualquer assunto. apesar de competitivo, é um cara pé no chão e humilde, que está sempre questionando e desafiando o status quo. ele e é um dos grandes responsáveis por inúmeras mudanças positivas que fiz na minha vida nos últimos anos, além de ter sido o maior incentivador desse podcast. sinceramente, não sei se o projeto teria saído da gaveta se não fosse pelo apoio dele.
um pouco da bio do Rafa:
• investidor anjo do Quinto Andar e Hashdex;
• mochilou sem dinheiro por todos os continentes antes dos 30;
• foi demitido 2 vezes, mas se tornou semi-aposentado antes dos 40;
• odeia o vício do smartphone;
• e odeia o hábito humano de minimizar riscos (ou seja, ter “medo do medo”) em vez de maximizar a curtição da vida;
• gestor do único fundo de investimento global de Nikiti (Niterói), Rio de Janeiro, a Köli Capital;
• criador do blog www.no-shortcut.com focado em investimentos e no pensar sobre a vida em voz alta;
• demorou, mas aprendeu: só perde quem joga;
• e você pode encontrá-lo no twitter: @thetailchaser.
o bate-papo tá recheado de dicas e hacks, além de muita filosofia de bar: nossa especialidade!
LIVROS E TEXTOS CITADOS
- Atomic Habits: An Easy & Proven Way to Build Good Habits & Break Bad Ones – James Clear
- Scarcity: Why having too little means so much – Sendhil Mullainathan, Eldar Shafir
- Why We Sleep: The New Science of Sleep and Dreams – Matthew Walker
- The 4-Hour Workweek – Tim Ferriss
- Alice no País das Maravilhas – Lewis Carroll
- O obstáculo é o caminho: A arte de transformar provações em triunfo – Ryan Holiday
- Harry Potter – JK Rowling
- On Being Certain: Believing You Are Right Even When You’re Not – Robert A. Burton
- Catch-22 – Joseph Heller
- Em Busca de Sentido – Viktor Frankl
- O Alquimista – Paulo Coelho
- Os Quatro Compromissos – Don Miguel Ruiz
- Never Split the Difference – Chris Voss
- Trillion Dollar Coach: The Leadership Playbook of Silicon Valley’s Bill Campbell – Eric Schmidt, Jonathan Rosenberg, Alan Eagle
- Security – texto de Hunter S. Thompson
PESSOAS CITADAS
- Gustavo Mota
- Rapha Avellar
- Tim Ferriss
- Derek Sivers
- Seth Godin
- James Clear
- Matthew Walker
- B. F. Skinner
- George Soros
- Luis Stuhlberger
- Tony Robbins
- Warren Buffett
- Charlie Munger
- Ray Dalio
- Naval Ravikant
- Paulo Coelho
- Ryan Holiday
- J.K. Rowling
- Simon Cowell
- Anitta
- Robert Burton
- Michael Jackson
- Neymar
- Jerry Seinfeld
- Kurt Vonnegut
- Joseph Heller
- Clóvis de Barros Filho
- Gary Vaynerchuk (Gary Vee)
- Viktor Frankl
- Steve Jobs
- Don Miguel Ruiz
- Chris Voss
- Eric Schmidt
- Hunter S. Thompson
FRASES E CITAÇÕES
- “Se você quer ser bem-sucedido ande com pessoas bem-sucedidas, se quer ser feliz ande com pessoas menos bem-sucedidas” – Henrique
- “O mundo é movido à inveja” – Rafael
- “Mudanças geram memórias” – Rafael
- “Não leve a vida tão a sério, você não vai conseguir sair dela com vida” – Rafael
- “O momento mais feliz é aquele que a gente não quer que acabe” – Rafael
- “Impaciência com ações e paciência com resultados” – Henrique
- “Macro Patience, Micro Speed” – Rafael
- “You can only connect the dots looking back” – Rafael
- “Não é a inspiração que gera o sucesso da vida, é a transpiração” – Rafael
- “Os animais são bichos de emoção, não são de razão” – Rafael
- “Se você quer conseguir alguma coisa apele pra emoção e não para a razão” – Rafael
- “Nobody got fired for buying IBM” – Rafael
se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.
Henrique de Moraes – Fala Rafa, seja muito bem vindo ao calma!, engraçado primeira vez que eu faço isso ao vivo, vendo a pessoa. Segunda na verdade, já que a gente tentou, o Rafa era pra ser o primeiro convidado né, foi o primeiro convidado na verdade, a gente gravou só que a gente cometeu um ligeiro erro que a gente tá cometendo hoje de novo mas a gente acha que vai dar certo, que a gente bebeu um pouquinho mais do que deveria
Rafael Abreu – Foi uma garrafa e meia de vinho, e hoje só tem essas cervejas e vai acabar
Henrique de Moraes – Vai acabar, exatamente, é a última garrafa. Se tudo der certo, tudo vai dar certo. Bom cara, já que a gente já tentou fazer isso uma vez eu vou começar um pouquinho diferente só pra ver se dessa vez dá certo. Quando a gente fez a primeira entrevista, o primeiro bate papo, você estava “grávido” há alguns dias, né?
Rafael Abreu – Foi uma semana antes do Pedro nascer, por aí
Henrique de Moraes – Então agora já tá com quase 3 meses?
Rafael Abreu – Quase 3 meses, dia 19
Henrique de Moraes – Maravilha, e como é que tá sendo essa experiência de ser papai?
Rafael Abreu – Cara muito bacana assim, a maioria das pessoas eu acho que às vezes fala do “Ah, como a vida muda”, “O peso que eu sinto agora de ‘Ah, virei pai’”, e eu até agora não sei se não caiu a ficha mas tá sendo uma experiência muito bacana, muito legal mesmo. Por causa do lockdown e do coronavírus acho que isso facilitou bastante porque eu não fico com peso na consciência de estar trabalhando e não estar ajudando minha esposa nos momentos mais cansativos, posso estar com ela 100% do tempo em casa ajudando e o Pedrinho não tá dando tanto trabalho assim, o Pedrinho não chora muito, dorme tranquilo e tal, as coisas normais de criança de acordar às vezes várias vezes à noite agora tá cada vez mais melhorando, que eu acho que é o normal que a maioria das pessoas falam com bebê, e pô a Mariana tá dando um show, pesquisa tudo, hoje em dia tem muito conteúdo na internet pra poder aprender um pouco mais sobre isso e ela tá dando um banho nisso aí, então eu eu fico muito tranquilo por ela estar sendo essa mãe, me deixa com a cabeça muito boa para poder fazer as coisas que eu tenho que fazer dentro de casa e eu tô aproveitando bastante, vou lá troco a fralda, dou banho, todo dia eu faço questão de dar banho, hoje foi um dia que não porque meus pais estavam tava na minha casa, e tem uma satisfação assim, muito legal você ter, aí eu não sei se é um pouco do ego da gente de tipo “Tem um ser aqui pra eu poder tentar tipo, dar educação e ensinar coisas que eu não tive ou então tive mas numa época diferente, numa outra idade”, e eu fico hiper animado assim de poder educar e gerar um monte de aventura pra ser que vai ser tipo meu melhor amigo, eu espero se tudo der certo, então felizmente a vida foi boa para mim e acho que tô com condições muito boas pra poder fazer uma paternidade muito boa e meu filho ser uma criança bem feliz, bem acolhida, com muito carinho, com um lar calmo, então é bacana.
Henrique de Moraes – De tudo que você tem tido de experiência qual é a parte mais difícil?
Rafael Abreu – A parte mais difícil é perder a namorada/esposa e ganhar a mãe do seu filho morando contigo né. No início a gente brigou bastante, houve muito conflito porque, primeiro a privação de sono que é uma coisa, um assunto bem interessante, que cara se ninguém dorme bem é muito difícil você ter autocontrole das coisas, ter bom humor, ter calma e serenidade pra poder pensar sobre as coisas e no início foi mais duro isso e foi no meio dessa, no mundo assim, o mercado financeiro sofreu bastante nesse período então o nível de estresse pessoal meu também foi maior por causa disso, então estar presente mentalmente em casa para poder ajudar minha esposa foi mais difícil, mas agora conforme as coisas vão acalmando e ela vai se habituando com a rotina, vai ficando mais confortável em ser mãe, que ela está suprindo as demandas que uma criança de de poucos dias, semanas e meses exige ela vai ficando mais tranquila por causa disso e é mais tranquilo a gente viver em casa e a gente foi conversando também nesse período todo mas a criança em si se ela não demanda, ela só chora, caga, mija e dorme, e ela não exige psicologicamente do pai atenção né, então é muito mais a questão do relacionamento com a sua esposa desse período que eu acho que é mais duro, porque como é novidade para todo mundo e todo mundo tem insegurança, especialmente para a gente que foi o primeiro filho e com primeiro filho tudo novidade né, como lidar com isso, mas agora a gente já tá voltando à vida normal e tá sendo nota 10 assim, muito muito bom.
Henrique de Moraes – É, esses três primeiros meses são sempre os mais difíceis, acabei de passar por isso e realmente você tem muito essa sensação de que você perdeu a esposa e ganhou a mãe do seu filho, mas depois quando você tem um bom relacionamento que eu sei que vocês tem a coisa vai voltando normal assim, você vai começando a se encontrar de novo, e vai tendo aqueles espaços de carinho conforme também o bebê dá mais espaço pra gente, mais liberdade
Rafael Abreu – Aleluia, ainda bem
Henrique de Moraes – E o que é mais gratificante?
Rafael Abreu – Tá sendo muito bom ver a Mariana tão engajada numa coisa, super animada, é super bacana. Ela tem uma coisa que ela realmente tá curtindo muito, apesar dos problemas e falta de liberdade que muita gente diz que tem e tal, por enquanto não sei se é por causa da quarentena também, que ninguém pode sair para beber a noite inteira, por exemplo, então não tá sendo um problema a gente não tá tendo que abrir mão de nada para poder cuidar do Pedro, mas tá tranquilo, assim.
Henrique de Moraes – Vamos mudar um pouquinho de assunto aqui, depois a gente volta a falar de fraldas. Cara, te conheço já há algum tempo, alguns aninhos, quanto tempo tem que eu te conheço?
Rafael Abreu – Deve ter uns 4 anos aí, 4 ou 5. Quando eu abri a empresa, tem 4 anos e 3 meses.
Henrique de Moraes – E eu sei que você é a pessoa mais, um dos maiores hacks de concentração que eu conheço
Rafael Abreu – Por necessidade
Henrique de Moraes – Pois é, mas eu acho que muita gente vai perceber que tem necessidade e ainda não teve pelo menos esse impulso de resolver as coisas né, eu queria entender assim, primeiro que você passasse, falasse um pouquinho das coisas que são mais curiosas que você implementou na sua vida, mas eu queria que você falasse também sobre quais foram mais difíceis, as mais difíceis de você implementar, porque provavelmente algumas coisas você matou rápido, de repente você pegou alguma dica ou usou algum aplicativo, mas algumas são mais difíceis, e a gente por mais que coloque por exemplo, uma limitação, a gente mesmo dá um jeito de burlar essa limitação, eu sei disso com rede social, na época eu tentei tirar, tirei o aplicativo do meu celular e eu via no navegador, então me fala aí primeiro quais são as mais curiosas, as que você mais usa, por exemplo
Rafael Abreu – Assim, eu não tenho nenhuma dificuldade de fazer, em querer me bloquear de acessos, eu já fui demitido duas vezes é uma sensação horrível né, às vezes você não consegue entregar o que você promete, cumprir promessas é uma coisa que é importante pro ser humano e depois que você é demitido duas vezes e você passa às vezes a vida inteira colocando culpa em outros e nas situações que você passou, quando vai para a ponta da auto-responsabilidade você fala assim “Cara, agora eu preciso dar certo”, por exemplo, e no meu caso comecei a prestar muita atenção nisso depois que eu fui demitido a última vez, eu já tava conversando com sócios potenciais para poder montar uma empresa de investimento e quando me demitiram no meio dessa negociação e eu fui montar essa empresa eu falei “Cara, eu sei dos meus defeitos e eu preciso lidar com eles”, e essa questão de foco, de concentração e tudo mais era uma coisa que realmente precisaria, especialmente porque essa empresa ia começar com eu sozinho, praticamente, fazendo tudo, e eu falei “Cara, como que eu vou fazer tudo se eu tiver diversas distrações?”, aí nessa época eu larguei o WhatsApp e eu confesso que não tive dificuldade nenhuma disso, depois você sente falta do contato com alguns amigos e tal mas você vê que a maioria das coisas que o WhatsApp te proporciona não compensa todo o lado negativo, e eu fui e instalei um bloqueador de aba no browser, Xtab o nome, que você coloca lá no Chrome da vida e você escolhe lá quantas abas ele vai permitir abrir, aí quando você clica num link pra abrir uma outra aba, se você já tiver na suas 4, 6, 8, sei lá quantas abas você se permite, ele abre e fecha dizendo “passou do limite”, e a outra coisa é um outro aplicativo chamado Freedom que tem pro iPhone, pra computador, qualquer dispositivo que você use funciona, acho que eu pago 50 reais por ano, 12 dólares, 15 dólares, alguma coisa assim, você instala ele em todos os devices, os dispositivos que você usa computador, celular, iPad e tal e você diz, você configura que horas do dia você bloqueia o que e em qual dispositivo, então eu vou e boto lá “A partir de 11h às 12:30 eu bloqueio o Gmail em todos os meus devices”, “de tal hora a tal hora bloqueio o Twitter, ou LinkedIn, ou Facebook e etc”, e conforme o tempo passa você e vai configurando direitinho quando ele bloqueia o que e porque, você se acostuma, e o ser humano, o James Clear diz né, do livro “Atomic Habits”, que força de vontade é uma péssima estratégia à longo prazo, e é muito evidente isso pra quem quer construir alguma coisa maior e é muito claro, às vezes você pelo celular pela força do hábito, tudo isso começou um pouco porque antes de eu montar a empresa, foi no início da empresa, eu vi que eu pegava no celular 150 vezes por dia, eu botei um aplicativo chamado Moment, e ele mede quantas vezes você pegava o seu celular por dia, foi antes de ter o screen time do iPhone nativo, e ele botava lá “você pegou seu celular hoje 150 vezes e gastou 3 horas, 4 horas no seu celular”, eu falava “Cara, eu não tenho esse tempo para poder fazer isso, porque eu quero construir um monte de coisa pra mim”, e se eu ficar pegando 150 vezes meu celular do bolso ou o hábito de pegar o celular, destravar, percorreu WhatsApp, Instagram, Facebook, Twitter, e-mail mesmo que não tenha nada vai demorar aí 20 segundos e aí você tava às vezes lendo um contrato, um artigo, alguma coisa relevante pro seu trabalho, até você retomar sua concentração dele falar “Onde é que eu tava?”, vai demorar mais um pouco, então 150 vezes isso no seu dia, se você demorar 20 segundos dá 50 minutos, e eu não tô afim de jogar esse tempo fora só por causa desse hábito que a gente criou de: pega o celular, olha, vê que não tem nada, passa. Se tiver às vezes você gasta muito mais tempo ainda, então instalei o Freedom, bloqueei um monte de coisa, saí do WhatsApp que é um gerador de, uma das coisas que geram ansiedade, vontade de pegar o celular, aí eu acabei com a minha conta no Instagram também que eu via que era muito mais comparar-me aos outros que de fato ter uma utilidade daquilo ali e uma das coisas principais que tipo assim todo mundo reclama, ‘Pô, mas como é que eu te acho?”. Se você quiser me achar você vai me achar, e outra coisa é que comecei a ter relações mais profundas com pessoas, ao invés de mandar uma mensagem todo dia de brincadeira, de memezinho, quando eu estou afim de falar com essa pessoa pelo fato de não ter um Instagram da vida eu pego o telefone e ligo, “E aí como é que você tá?”, ou então “Vamos marcar de almoçar, vamos marcar um café, passa aqui em casa, vamos nos encontrar”, então teve todo um processo de transformação aí de admitir que eu não era, que eu tinha um problema, digamos, de concentração, tem um objetivo um pouco mais difícil do que a maioria que é montar um negócio praticamente sozinho, quando que os competidores tem gente muito qualificada, muito mais recursos para poder fazer, e meio que um pouco cansaço assim, eu via que essa utilização especialmente do celular não me fazia bem psicologicamente, e Instagram gera muita comparação, WhatsApp ansiedade, toda hora tem alguém ali mandando um negócio, e o respeito ao meu tempo. O WhatsApp ele tem um problema que eu acho fundamental, que ele muda o hábito de comunicação das pessoas, ele faz com que tudo pareça emergencial, então na média as pessoas não tem nenhum problema em mandar uma mensagem pra você qualquer hora do dia ou da noite “Pô e aí, você viu aquele negócio lá não sei o quê”, e aí você fica com aquilo no seu subconsciente. Tem um livro que eu li há um tempão atrás chamado “Scarcity”, que eu não lembro o autor, e ele diz que a cabeça do ser humano ela tem uma largura de banda, então você tem digamos 100 unidades de banda mental e cada coisa que você passa pela sua vida diga, digamos alguma coisa inacabada, ela ocupou um espaço da sua largura de banda, então quando você tem um monte de requests na tua cabeça isso vai tomando espaço da sua concentração, isso é um dos grandes problemas de pessoas que tem menos condição financeira ou uma vida mais difícil saírem dessa situação porque uma pessoa que não sabe se ela vai conseguir pagar o aluguel do mês, comprar comida para o filho, pagar colégio e etc ele tá sempre preocupado, então onde que ele vai ter espaço para poder ter criatividade, para poder sair dessas situação? Então acaba que ele ficou um pouco limitado a repetir coisas que ele faz sempre em vez de poder pensar em formas diferentes de fazer aquilo melhor e sair disso.
Henrique de Moraes – Tem vários assuntos que você falou aí que são interessantes, e engraçado que mesmo todos esses recursos que você usa, por mais que eles te ajudem, de certa forma eles ainda dependem de você né, porque você por exemplo falou do bloqueador de abas, você pode definir quantas abas então nada te impede de mudar aquela configuração
Rafael Abreu – Eu mudo muito raramente, essa que é uma questão que, eu não boto aquilo ali achando que eu sou perfeito então assim quando eu tenho que abrir uma aba nova eu vou e mudo mas eu abro duas e aí às vezes passam digamos duas semanas, três semanas, eu vejo que tem lá mais abas abertas e eu, é igual meditação, meditação quando você começa a meditar o objetivo da meditação é “substitua o pensamento que tá na tua cabeça por outro”, porque? Porque você sabe que você não consegue não pensar em nada, então você repete um mantra, ou você fica prestando atenção na sua respiração, você fica prestando atenção na pressão que a sua perna exerce na cadeira que você tá sentado, e quando você perceber que você está pensando num problema que você tem que resolver, você lentamente volta para prestar atenção na sua respiração e repetir um mantra e etc. Então assim, como tuda na vida eu abro o meu celular quando eu tô na cama antes de dormir e eu vou e tento entrar no Twitter, só que aparece uma mensagem no meu browser dizendo “sua conexão de internet não funciona”, então assim o ser humano ele vai continuar fazendo fazendo porcaria, porque é do ser humano fazer porcaria, então essas ferramentas todas no final das contas você vai ser lembrado, é como se você tivesse uma pessoa dando uma cutucada no teu ombro, um anjinho ao invés de um diabinho falando “Mané, acabou teu tempo” então assim, não abra a oitava aba, aí depois de um tempo você volta e bota pra 4 de novo ou 6, agora 10? A pior coisa que inventaram na internet é o hyperlink, porque a maioria das pessoas não consegue acabar uma notícia, uma matéria porque usualmente quando você abre uma coisa de um conteúdo interessante, um dos motivos de ser interessante, aquele material foi feito com tanta qualidade porque o autor consumiu conteúdos bons e normalmente ele usa aquilo como referência ao longo do material, aí você antes de terminar aquilo clica no outro, abre outra aba, sai do negócio e nunca lê o treco inteiro, então uma coisa que eu tento fazer no meu blog, com pouco sucesso porque a disciplina é difícil de ter e lembrar ativamente toda vez que você vai escrever, é talvez você colocar os links só no final do texto, isso acho que seria um favor à concentração das pessoas enorme, uma coisa legal do podcast é isso porque você não consegue clicar no meio do negócio que tá ouvindo.
Henrique de Moraes – O problema é que o próprio Google te incentiva à colocar links ao longo do seu texto de blog né, se você for ver quando você vai pegar as dicas de SEO lá
Rafael Abreu – É, pra quem trabalha com
Henrique de Moraes – Exatamente, o Google tá querendo atrapalhar a nossa concentração.
Rafael Abreu – Eu não lembro agora, mas teve um, eu fiz um post no meu blog falando sobre essa questão dos celulares, satisfação, felicidade e tal. Hoje em dia o celular e a internet elas são, os danos que ela causa ao nosso cérebro, tava escrito lá na matéria não lembro da onde, muita gente vai adorar ouvir isso, é pior do que você ser usuário de maconha. Então assim, em termos de concentração, tipo assim em média uma pessoa recebe, ela interrompe a leitura de uma tarefa a cada 27 segundos, um negócio assim americano médio e tal, e isso é extremamente nocivo, tem um gráfico nesse post que ele bota o seguinte “data do lançamento do iPhone e pessoas dizendo que tem depressão e ansiedade”, é a partir do momento que o iPhone foi lançado esses números começaram a subir, e é assustador o quanto que a gente é dependente do smartphone hoje em dia.
Henrique de Moraes – Você falou sobre, o cálculo que você fez de que você faz isso 20 segundos a cada vez 150 vezes e dá 50 minutos, eu tinha um convidado que foi o Gustavo Mota, que ele fala que se você acordar 2 horas mais cedo todos os dias você ganha um mês em 1 ano
Rafael Abreu – Eu ouvi isso, mas se ele ler o livro “Why We Sleep”, eu recomendo que você diga isso pra ele, talvez ele mude de ideia, porque os danos de você dormir, ele não falou que horas ele dorme, mas ele falou que ele acorda cedo, e acordar 5 da manhã se você for dormir 8 horas você vai ter que dormir às 9 da noite, acho difícil pro ritmo que ele diz que ele tem na vida dele, mas os danos que você tem de qualidade de vida e etc de longo prazo se você dormir pouco são muito grandes.
Henrique de Moraes – É, mas você não precisa de repente acordar mais cedo, se você tirar esses hábitos ruins, você ganha 50 minutos, isso pra você, pode ter gente que vai ganhar 2 horas, que vai ganhar 1 mês em 1 ano
Rafael Abreu – Não, peraí, os 50 minutos é só o hábito de tirar o celular do bolso e voltar
Henrique de Moraes – E voltar, se você ficar naquele scroll ali
Rafael Abreu – Não é aquele scroll infinito, o scroll infinito do Facebook e do Instagram foram feitos pra não ter fim e você nunca acabar, o botão do like do Facebook que agora virou pervasive em todas as redes sociais, o design dele foi feito pra você voltar ao aplicativo, é o mesmo se não me engano aquele B. F. Skinner fez um estudo lá que botou os ratinhos numa gaiola e aí uma gaiola tinha recompensas determinadas, cada vez que você bica o negócio, aperta o botãozinho na gaiola do mecanismo caía uma comida, acho que com pombos, e a outra gaiola às vezes você apertava lá o botãozinho, caía comida, às vezes não, eu acho que os pombos na gaiola onde era recompensa variável morreram com bico machucado de tanto bicar, porque bica e cai, bica e não caí, aí você fica bicando pra tentar descobrir o padrão, não é nem pela comida, na outra gaiola ele bicava, comia e quando estivesse satisfeito ele parava, porque ele sabia o que vinha, e o mecanismo de rede social em geral é isso, tipo eu adoraria que nenhuma rede social tivesse notificação e nem como você ver quantos likes foram, seria positivo. Facebook recentemente ele mudou um pouco o mecanismo de mostrar isso.
Henrique de Moraes – O Instagram mudou mas agora já tô vendo de novo, não sei como é que tá isso não, acho que são testes né, mas é um pouco disso né, acho que se você começa a perceber onde seu tempo tá sendo drenado, tá indo pro ralo, você consegue produzir muito mais e acho que muita gente reclama e não percebe esses hábitos. Vou fazer um hyperlink aqui no podcast mas a tradução que eu fiz do post lá do podcast do Tim Ferris que foi o episódio número 13 do calma!, ele fala sobre isso, ele fala que você precisa se concentrar, primeiro escolher a tarefa mais importante e se concentrar, reservar de 2 à 3 horas pra fazer. E ele fala “Não são 20 minutos, 10 minutos de você somando esse tempo, são 2 à 3 horas só pra fazer isso sem olhar nada”, esquece e-mail, esquece celular, esquece tudo e se concentra naquela tarefa, e ele fala “Se você conseguir fazer isso você reduz 70% acima da média”
Rafael Abreu – Mais produtivo. O nome do post que fala sobre isso no meu blog é “Social media versus what you said you wanted”, mídia social contra o que você diz que você quer, porque assim, se você tá querendo construir coisas na sua vida, cara a primeira coisa que você deveria cortar é rede social porque assim 50 minutos só pelo hábito de pegar o celular e guardar é uma academia, é um livro, um romance com a sua esposa, é uma brincadeira com seu filho, é muita coisa, 50 minutos de uma mesma tarefa feita todos os dias é maravilhoso, 50 minutos de concentração constante é uma coisa maravilhosa e a gente hoje em dia tá muito difícil de ter, acho que não passa nenhum trimestre que eu não pense em voltar pro Nokia da cobrinha
Henrique de Moraes – Ia ser genial, cara
Rafael Abreu – Isso ainda vai acontecer, preciso conseguiu um pouco mais de sucesso na vida para que eu tenha esse direito.
Henrique de Moraes – Cara, eu queria você fazendo isso, aqui pra quem não é de Niterói tem uma região muito popular que tem muitos bares e as pessoas vão pra flertar e beber e fazer
Rafael Abreu – As coisas boas da vida
Henrique de Moraes – As coisas boas da vida, teoricamente né, porque ali é meio figuração né, e eu imagino
Rafael Abreu – Figuração é uma coisa boa da vida
Henrique de Moraes – Eu fico imaginando a pessoa tirando aquele Nokia agora, acho que vão pensar que é piada, câmera escondida, alguma coisa assim
Rafael Abreu – Ah cara mas olha só, se você não estiver devendo nada à ninguém, contas pagas, dinheiro no bolso meu camarada, você vira excêntrico, você não vira maluco né. A diferença entre o gênio e o maluco é ter dado certo.
Henrique de Moraes – Você se acha, se você considera uma pessoa confiante ou insegura?
Rafael Abreu – Inseguro
Henrique de Moraes – Inseguro? Porque?
Rafael Abreu – Inseguro porque cara muito simples, riscos às vezes que a gente toma, atitudes que a gente tem, formas que a gente fala de você impor às vezes suas ideias ou não, depende da plateia né, se você tá falando com seu amigo num bar você é confiante mas se você chega “Pô, preciso fechar um negócio, preciso abrir um negócio, vender um produto e tal” pra uma pessoa ultra seletiva, muito criteriosa e tal”, depende muito da plateia, mas assim é aquele negócio, falei sobre isso com a minha terapeuta essa semana, foi a pauta, insegurança e confiança depende muito de qual é a janela, qual é o prisma que você tá olhando um problema, então você pode acordar todo dia e falar assim “Cara eu estou me comparando com o George Soros ou Luis Stuhlberger dos investimentos”, que são dois ícones do Brasil lá fora, do meu ofício. E aí quando você compara o que você construiu com os caras, você fala “Puta que pariu, preciso bloquear mais abas do meu celular e botar o Nokia da cobrinha porque eu não tô conseguindo estudar muito, ser tão bom quanto o cara, me concentrar pra aquilo”
Henrique de Moraes – E você ainda ganha aí uns 4 mil reais que você ia gastar no iPhone pra investir
Rafael Abreu – Exatamente. Agora se você for pegar e comparar assim, acordei hoje e tenho vários desafios para tentar desbravar e conquistar e você falar “Cara, como que eu tava dez anos atrás? Como que eu tô comparado com meu pai que teve um vida inteira pra construir”, vamos botar em métricas financeiras, aí é fácil você ficar confiante, e você sabe, quando você é empreendedor você conhece vários empreendedores, entrevistou vários empreendedores, você começa a ver “Cara, não tem vida perfeita”, todo mundo, você falou do Tim Ferris que a gente acha que as pessoas são hiper produtivas e tal mas não é verdade, todo mundo tem esses mesmos defeitos que eu tenho e você tem, agora como que a gente lida com isso né, mas conforme uma coisa que eu acho que é muito positiva, quanto mais o tempo vai passando mais confiante eu vou ficando e por ir construindo mais uma estrutura por trás, pra se eu errar eu não dar 20 passos para trás, mas você continua sempre inseguro porque você vai normalmente aumentando as responsabilidades que você vai assumindo e promessas maiores que você vai fazendo pros outros.
Henrique de Moraes – A gente tem uma frase de um cara que nós dois admiramos muito que é o Naval que fala sobre isso que é “se você quer ser bem-sucedido ande com pessoas bem-sucedidas, se quer ser feliz ande com pessoas menos bem-sucedidas”
Rafael Abreu – O mundo é movido à inveja
Henrique de Moraes – Exatamente, mas eu perguntei sobre você se sentir confiante ou inseguro porque você falou que você foi demitido duas vezes, e eu sei que você passou por um período meio sombrio em alguma época dessa que você tava trabalhando num banco de investimentos, e eu queria que você falasse um pouco sobre isso, como é que foi pra você ser demitido e como que você, se você começou a empresa porque você não se via como empregado ou se você, como é que tava a sua cabeça nesse momento, na verdade, acho que essa que é a questão principal.
Rafael Abreu – Foram dois episódios, e a ideia de montar um negócio foi por causa de um e porque montar esse negócio foi por causa de outro. Primeiro é o seguinte, eu trabalho com investimento, faço investimento já há um pouco mais de 8 anos aí e é uma responsabilidade grande, muito competitivo, muito difícil, por ser tão difícil dá muito dinheiro e por dar muito dinheiro atrai digamos as melhores mentes e corpos por aí pra esse negócio, só que assim, às vezes é tão difícil que você fala “Cara, tem vários …”, quando você consegue atingir um nível relativamente satisfatório, se você ficar um pouco acima da média no mercado de investimento você vai conseguir ficar mais rico que 95% da população. Então se você conseguir ficar ali um pouco acima da média e se manter trabalhando nisso durante muito tempo, com certeza você vai ter sua vida financeira resolvida. Mas assim, tem um preço e às vezes você quando passa por um período de performance difícil você começa a falar “Cara, posso ir atrás de desafios mais fáceis do que esse, fazer uma coisa diferente, isso aqui é muito estressante”, investimento inerentemente é você pensar sobre o futuro, então você acaba vivendo muito no futuro e tá sempre com a cabeça lá, eu brinco com a minha esposa que eu sou o cara que fica vivendo no futuro e ela vive no presente e a gente precisa no nosso relacionamento se encontrar em algum lugar pro nosso casamento funcionar né, e normalmente eu fico mais no futuro quando as coisas não tão indo bem, que você fica “Cara, como é que eu faço?”, e num desses períodos de dificuldade de performar, eu cheguei um dia e pensei “Cara vou desistir, vou fazer outra coisa da minha vida, não sei exatamente o que mas vou mudar”, e aí eu cheguei em casa no meu apartamento em São Paulo que não tinha nada e a primeira coisa que eu fiz foi pegar um research report e voltar a estudar coisas do mercado financeiro, e aí caiu uma ficha de que apesar das dificuldades aquilo ali era uma coisa que realmente me interessava né, porque eu acho que é muito importante que você quando você escolha uma coisa pra fazer na sua vida, é inerente de quem tá todo dia fazendo uma coisa você fazer errado, dar errado pelo menos durante um tempo e se você consegue aturar aquilo ali provavelmente é um setor, um caminho que pode ser bom para você continuar trilhando, porque quando você não desiste de uma coisa quando dá merda é um excelente sinal. Uma coisa que eu aprendi na minha vida cedo, cedo não, 3, 4 anos para cá, você é o que você faz e não que você fala então assim, se nesse caso eu tava meio para desistir da minha carreira e quando eu voltei pra casa meio que “Putz, tá difícil demais, vou desistir, vou desistir”, a primeira coisa que eu fiz foi voltar a estudar coisas inerentes aí eu falei “Cara, dado isso vou parar de mimimi, vou parar de reclamar, vou tipo man up, vou virar homem aqui”, sem querer ser machista ou preconceituoso né, hoje em dia tá difícil você ser politicamente correto, essa frescura do caralho que falam aí, e eu decidi que eu ia ficar, e aí eu comecei a investigar um pouco mais quais os problemas e porque aquele período tava sendo difícil para mim, e eu conversei com meu primo que ele tinha como chefe um cara brilhante que tinha muito mais experiência, bem mais velho, muito bem sucedido e o chefe dele tava em São Paulo a gente marcou um bate-papo e ele falou uma coisa que foi muito legal, ele falou “Rafael, você tem que prestar atenção se o lugar onde você trabalha as pessoas elas pensam igual a você”, porque é muito importante, assim existem diversas maneiras diferentes de você ter sucesso em qualquer setor da economia e tal, mas quando você trabalha com pessoas que pensam diferente de você, que querem fazer aquilo de forma diferente você fica sem interlocutor, então é muito importante que você consiga fazer as coisas da forma que você acredita porque se você tentar fazer as coisas da forma que o cara do teu lado acredita mas você não concorda com aquilo, você vive uma vida muito difícil porque você acaba, é uma questão de autenticidade, se você ficar toda hora querendo agradar o cara do teu lado você pode até ter sucesso financeiro mas é difícil você estar feliz e satisfeito e se sentir bem, porque é como se você vivesse uma vida paralela e investir é igual, você precisa achar o seu método e seguir aquilo então assim, houve desses dois momentos que foram importantíssimos que foi assim no momento que eu tava mais desacreditado eu vi que quando eu cheguei em casa o que eu voltei a fazer era mais do que eu já fazia, que era tentar vencer naquela profissão e a outra coisa foi que, e aí a decisão de empreender foi que, tem um outro episódio intermediário que eu vou voltar aqui, foi uma pessoa que falou “Cara, você precisa fazer com pessoas que entendam, da forma que você acredita”, e pra ligar esses pontos eu comprei um diário por causa do Tim Ferris e escrevi nas primeiras páginas dele, do meu primeiro diário tipo quem eu acho que eu sou, quando você é trader você nunca tem certeza mais de nada porque ter certeza é muito, você não ganha nada em ter certeza das coisas, você trabalhar sempre com árvores de probabilidade, cenários, e aí eu escrevi quem eu acho que eu sou, o que que eu acho que eu quero e o que eu tô fazendo, a única coisa que eu sabia era o que eu tava fazendo, e aí eu vi que quem eu era e o que eu queria era diferente de onde eu tava, e aí eu comecei a explorar como é que eu fazia pra voltar ao que eu acreditava, então eu fui pra uma busca de “cara, vamos um passo pra trás? Vou tentar montar um negócio, vou começar menor, fazer do jeito que eu acredito, com pessoas que vão estar aqui pra me apoiar e entender os prós e contras de trabalhar com o Rafael, com a estrutura menor e tal”, e aí começou a empresa, aí eu fui pro Tony Robbins pular lá igual a um maluco
Henrique de Moraes – Ah foi nessa época?
Rafael Abreu – Foi nessa mesma época, no dia que eu meio que quase fechei esse novo empreendimento eu entrei na internet, comprei um ingresso lá, coincidiu de ter um evento na semana seguinte, aí eu comprei a passagem no mesmo dia, comprei o ingresso na semana seguinte estava lá pulando “Say yes, say yes”, e fez toda a diferença na minha vida e na minha autoconfiança
Henrique de Moraes – Tem algum ponto específico que você lembra do evento? Porque eu e você somos fãs do Tony Robbins só que eu nunca fui em nenhum evento.
Rafael Abreu – Cara o Tony Robbins eu acho que é um, ele só vira uma chave de as pessoas terem um pouco mais de autoconfiança mesmo, uma coisa que ficou evidente é que eu não conseguiria fazer as coisas porque eu não era auto suficiente, digamos emocional que eu precisava ter apoio das pessoas, precisava permitir que algumas pessoas entrassem na minha vida pra não ficar com todas a ideias na sua cabeça o tempo inteiro, se abrir um pouco mais em relação à essas coisas, não ficar inseguro de ter problema ou explicar os seus problemas pros outros e é curioso, no primeiro dia do Tony Robbins você fala assim “Pô, sou um cara que me considero relativamente bem sucedido, de carreira, placa, ter trabalhado num lugar bacana e tal, BTG Pactual, 20 partners e ter ganhando uma grana, especialmente comparado à pessoas da mesma idade na mesma situação, e quando você chega lá no Tony Robbins você vê, o público do Tony Robbins é o povão americano, é o cara que trabalha como corretor imobiliário, é o cara que trabalha como policial, a mulher que cuida de crianças a baby-sitter do bairro dela lá e não sei o que, alcoólatra, gente que teve problema com crise de depressão, suicídio, e quando você chega lá você se vê como um cara, se considera bem sucedido e fala “O que que eu tô fazendo nessa porra?” e aí então as primeiras hora você fica meio quando o cara lá “SAY YES”, e você fica “Say yes”(voz baixa)
Henrique de Moraes – É tudo em inglês?
Rafael Abreu – Tem os tradutores, eu fiquei lá no inglês mesmo normal, morei fora 2 anos, meu inglês graças a Deus é tranquilo, mas você pode botar um headphone e aí tem tradução simultânea em vários idiomas, e depois você vai entrando no negócio assim, que acho que precisando ou não é uma experiência que se o ser humano tiver condição de pagar e a disponibilidade de tempo para ir, vale a pena, que seja por um estudo antropológico de como é o ser humano, porque assim, você vê que o ser humano é um ser extremamente emocional e o que que eu tinha antes de entrar lá e sair depois, quando eu saí de lá como é que eu me sentia, foram 4 dias e mudou a minha vida, a autoconfiança que o negócio me fez ter, essa é a minha versão tá, obviamente talvez é como você falou, você seja uma pessoa confiante ou insegura, e eu entrei inseguro e saí extremamente confiante, e hoje em dia eu não vou dizer que eu sou inseguro mas eu acho que o desafio que eu me proponho a fazer ele é muito difícil, então assim eu sou confiante mas vira e mexe você fica “Caceta, como é que eu vou fazer isso aqui?”, e uma coisa que eu diagnostiquei é que cara, preciso de mais ajuda, preciso de mais gente para poder participar desse sonho comigo, não dá para fazer tudo sozinho, entendeu?
Henrique de Moraes – Você se considera bem sucedido? Não é pra você pensar se você é privilegiado ou não, se você é isso ou não, mas na sua cabeça, a primeira coisa que você pensa, se você se perguntasse agora
Rafael Abreu – Sim, sim.
Henrique de Moraes – Porque?
Rafael Abreu – Depende do qual porque, financeiramente sim, eu tenho uma liberdade financeira enorme, me considero autodidata, então assim, se tiver que, eu brinco o Tim Ferris quando escreveu o livro dele lá o “The 4-Hour Workweek”, ele falou que fez uma coisa muito interessante que é a pior coisa que pode acontecer para você? Você tem uma decisão que você quer tomar, e aí você não consegue, e a maioria das pessoas não toma essa decisão por causa do medo, e aí no livro lá que ele escreveu em 2004, 2005, sei lá 2007, ele bota o exemplo de trabalhar no McDonald’s. Se tudo der errado eu posso voltar a morar com meus pais e trabalhar no McDonald’s e assim, eu falo inglês, sei fazer conta, sou bem educado, posso ser cortês com o cliente, cara com certeza gerente do McDonald’s eu consigo vaga em qualquer lugar do planeta, e isso te dá uma, eu digo isso porque assim eu poderia fazer qualquer coisa, se você chegar agora e falar assim “Você vai ter que lavar prato, lavar banheiro, fazer faxina, vai ter que aprender a ser mecânico”, e uma coisa que eu sempre penso e não é querer botar ninguém para baixo mas a partir de determinado nível de garra para aprender coisas, você pegar e ler 30 livros por ano, 20 livros por ano, ou então só de ser curioso ao ponto de você conseguir perguntar para uma pessoa que sabe um assunto muito bem “Pô me explica um pouquinho”, e se mostrar genuinamente interessado naquilo, tem muito pouca coisa que você não conseguiria se jogar e sobreviver, e isso é uma das coisas essenciais, a autoconfiança, é você saber que “worst case scenario is taken care of”, se der merda me chama que eu consigo te ajudar, não sei se eu vou ser o melhor do mundo naquele negócio mas a gente estuda um pouquinho, pergunta aqui, bom senso, e isso é muito importante pra você se sentir bem sucedido, que é você saber que se deu problema hoje aqui, reinventa amanhã, pode não ser na melhor situação possível e ter que dar 20 passos para trás, mas cara, se der uma merda geral, pelo menos um emprego no McDonald’s eu consigo, pelo menos fazer o que a população média não tem essa perseverança, essa visão de “Vamos ficar sem Instagram aqui porque eu preciso pagar as contas”, eu tenho então assim, se o negócio apertar com certeza eu consigo me virar porque vai ter um monte de gente que até perceber que as coisas pioraram, elas não vão conseguir vencer da gente entendeu, e isso é uma coisa que é muito importante, bem importante.
Henrique de Moraes – Boa, e você acha que parte do que faz a gente se sentir bem sucedido de certa forma sempre envolve o lado financeiro né não tem jeito.
Rafael Abreu – Sim e não, porque, não sei se é o Buffett ou Charlie Munger que é o sócio dele que fala que “o mundo é movido à inveja”, antigamente eu acho que as pessoas eram menos ansiosas e mais felizes porque elas não tinham Instagram, não tinham como ver o que seu amigo tá fazendo, e as pessoas só contam as melhores histórias delas, dificilmente as pessoas contam derrota e normalmente quando contam muita derrota falam “Que cara chato”, mas é uma coisa muito pessoal, dinheiro é uma coisa curiosa porque não é ter muito mais dinheiro que faz você ser genuinamente feliz, eu acho que o que faz genuinamente feliz eu acho que é o Ray Dalio que fala isso é você ter a coragem e conseguir ser sua melhor versão, acho que essa é uma das melhores definições assim que eu vejo de satisfação e felicidade, algumas delas exigem dinheiro, se você quer fazer determinadas coisas, tem determinado traço de personalidade, se você é muito competitivo. Agora assim, se você tiver um pouco mais de dinheiro é mais fácil você ser quem você é porque você não vai ter algumas limitações Eu não quis dizer nem de ter dinheiro, de ser muito dinheiro, mas você ter liberdade financeira, gastar menos do que você ganha, o Naval ele fala sobre isso, o Derek Sivers fala sobre isso também né, o Derek Sivers fala “Ah as pessoas me perguntaram como é ser rico, eu falava que sou rico desde que eu era músico porque eu sempre gastei só 40% do que eu ganhava, então sempre guardei muito dinheiro se tivesse qualquer problema tinha dinheiro guardado e eu consegui viver bem daquilo, eu era feliz vivendo daquele jeito”, e eu acho que, eu sendo uma pessoa que já passou de todas as situações financeiras possíveis eu sei que eu era muito mais leve, sempre fui muito mais leve nos momentos que eu tava de boas, que eu tava ganhando mais do que eu gastava, que eu tinha uma reserva, que eu tava seguro porque é isso, você tem liberdade pra, não é nem liberdade para fazer o que você quer, porque eu não tinha dinheiro para fazer o que eu quisesse, mas era o fato de eu não estar preocupado com as contas a pagar, acho que isso é uma liberdade.
Rafael Abreu – Assim, você libera sua largura de banda porque as coisas essenciais estão satisfeitas eu acho que é umas coisas número 1 para você ter uma paz de espírito, importantíssimo
Henrique de Moraes – E você sempre me pareceu pelo menos uma pessoa muito consciente assim, de quanto você gasta, de nunca desperdiçar dinheiro
Rafael Abreu – Cara eu nunca gastei nenhum bônus que eu ganhei na minha vida
Henrique de Moraes – Tá tudo acumulado? Que Beleza
Rafael Abreu – Foram só os salários, mas assim, no mercado financeiro em geral os bônus normalmente são maiores que os salários, e assim, tirando o apartamento, que você pode considerar que é um investimento e não uma despesa, minha mãe sempre falou desde que eu era pequeno, lembro até hoje, eu morava numa rua à dois quarteirões daqui, subindo o elevador minha mãe falou “Rafael se você ganhar 10, amanhã você gasta 7 porque você pode precisar de 13 no dia seguinte”, e esse negócio ficou no meu sangue, meus pais vieram de uma família onde escassez era normal e aprenderam na marra e graças a deus conseguiram passar isso bem para gente, mas liberdade não é você ter muito dinheiro, liberdade é você ser dono do seu nariz, só que assim, os hábitos de gastos que você adquire vão fazer total diferença e tem algumas coisas importantes, alguns vetores aí que merecem uma reflexão. Quem é mais rico, o cara que ganha 10 gasta 5, ganha 10.000 e gasta 5.000 ou um cara que ganha 50.000 e gasta 50.000? Vamos supor que obviamente esse cara que ganha 10 gasta 5 ele também tem uma satisfação mínima daquelas coisas, ele prioriza bem os gastos dele e ele sabe o que ele quer quando ele gasta o dinheiro. Eu já notei por exemplo que o que me dá satisfação não é um hotel 5 estrelas e nem estar em um lugar sofisticado e diferente, apesar de eu gostar muito de ir a lugares que ninguém foi e que quando digo que vou as pessoas perguntam “Mas você vai fazer o que lá?”, digamos diferente, exótico mas é muito mais relevante pra mim com quem eu estou e qual o meu estado de espírito quando eu tô lá porque assim, eu já viajei sozinho pra África do Sul e eu não aproveitei tanto a viagem porque eu estava entre empregos e eu estava inseguro do que que eu ia fazer e onde eu ia trabalhar depois, e eu já fui para lugares muito merdas, considerando todos os outros que eu já fui e que as viagens foram extremamente memoráveis, por exemplo um carnaval em Pompéu, interior de Minas numa casa que devia ter 18 caras, 13 caras sei lá em três quartos, a casa era uma espelunca mas era carnaval, bagunça. Qual a diferença? Quais são as histórias memoráveis que a gente leva da vida? Você vai lembrar que você “Nossa fiquei no Hilton, no Four Seasons em Singapura e era um lençol de seda”, cara isso é igual você tirar, pra mim né, é óbvio que as pessoas são diferentes, igual você tirar uma certificação no Mensa
Henrique de Moraes – O que é Mensa?
Rafael Abreu – Mensa é uma, é um clubezinho que tem no mundo inteiro de pessoas que têm 2% mais inteligente do mundo. Quando você chegar para uma mulher e fala assim “Cara, tudo bom gata? Aí, sou do Mensa”, ela vai falar “Cara, quem é esse babaca?”, porque ela não vai saber o que é Mensa e se você explicar ela vai falar “Caraca, eu só queria dar um beijo na boca”, então assim, quando você vai para um lugar desses puta sofisticado se você for quer tirar vantagem e falar assim “Não, porque eu tomei um vinho e não sei o quê”, a maioria das pessoas vão curtir o seguinte “Tomei aquele vinho, fiquei doidão e depois zuei a noite inteira com um monte de gente fazendo um monte de besteira”, entendeu, então o dinheiro, voltando pro cara que ganha 10 e ele gasta 5 e o cara ganha 50 e gasta 50, eles tem uma diferença que é 1, todo mês que ele trabalha ele ganha mês de férias, e se ele quiser mudar de vida e falar para o chefe dele “Não quero mais estar aqui” ele pode ir embora dali e fazer o que ele quiser e se ele passar fazendo isso e ele ainda tiver investido esse 5 mil minimamente bem, conforme o tempo vai passando aquele primeiro mês que ele economizou 5.000 já virou um mês e meio, já virou dois meses, e é mais fácil você arranjar um emprego de 10 do que um emprego de 50, agora um cara quando ele for demitido e tiver que cortar um pouco o gasto ele já está acostumado a gastar 5, agora o cara que gasta 50 pra ele voltar, dizer para todo mundo que “Pô foi mal, não posso tomar esse vinho, não posso viajar de executivo”, o constrangimento e o ego é muito poderoso, é muito complicado, então tem um meio termo, você nunca pode também querer “vou economizar 90% do meu salário e viver só com pão e água”, porque aí também a vida fica muito, você não consegue restringir tudo sempre porque sempre tem um cara não tem nada e ele sempre vai vender o serviço dele mais barato que você, então não adianta também você ser sempre o mais miserável, querer fazer assim porque cara, a vida não é pra ser escassa a esse ponto, só é para você priorizar, se você puder optar tomar uma cerveja com os amigos e a cerveja é mais barata mas estar com os seus amigos é melhor que você não encontrar os amigos porque não quer gastar dinheiro. E o cara de 50.000 também tem muito menos empregos de 50.000 pra ele poder conseguir arranjar outro, eu não sei se eu falo isso de uma uma postura de insegurança né, porque normalmente o cara de 50.000 ele gasta 50.000 porque ele tem a autoconfiança de que aquilo vai dar sempre certo e tudo mais, tem um equilíbrio nesse pensamento mas o meio termo acho que é muito poderoso porque é muito bom você falar “Não quero trabalhar mais nesse lugar de 50.000, tô meio cansado, esse negócio não é muito bem o que eu quero, não tô afim mais de ficar viajando pra caramba e quero dar uma relaxada”, às vezes a pessoa não tem essa oportunidade, então liberdade financeira é você ir juntando para conforme o tempo for passando você ter mais grau de liberdade “Com esse cara eu quero trabalhar, fazendo isso eu quero fazer, quero montar meu próprio negócio que eu juntei uma grana aqui e tal”, isso acho que tem uma utilidade que as pessoas gastam muito tempo refletindo e principalmente porque a maioria dos gastos que a gente tem tem muito pouco valor, se você olhar para trás a sua vida quando você ganhava menos e fazia outras coisas e estava satisfeito, é porque a sua expectativa e as coisas que você consumia acho que traziam mais satisfação do que às vezes o que a gente faz hoje
Henrique de Moraes – Com certeza com quem você faz as coisas é muito mais importante do que como né, pelo menos eu tenho isso para mim em quase tudo
Rafael Abreu – Pra mim acho que é muito, tirando coisas novas às vezes que você, quando você vai conhecer um negócio novo, mas tudo fica velho
Henrique de Moraes – Mas tem uma satisfação instantânea ali também né, às vezes
Rafael Abreu – É, uma dopamina ali
Henrique de Moraes – Exatamente, porque cara eu fui aprendendo isso, ao longo da vida eu sempre tinha muitos amigos próximos, sempre tive essa sorte, são meus amigos até hoje, enfim, e eu percebi isso especialmente quando eu comecei a viajar, que às vezes eu fazia uma viagem que de repente tava com uma pessoa ali que não se encaixava tão bem mas foi a pessoa que deu pra viajar e tudo mais e eu passava a porra da viagem inteira pensando “Se meus amigos estivessem aqui isso aqui ia ser foda”
Rafael Abreu – Cara, eu levo isso pra mim, quando eu morei na Califórnia fazendo faculdade eu pensava nisso com muita frequência. Foi o melhor ano da minha vida até então, de descobertas, tinha 20 anos de idade morando sozinho e tal numa faculdade muito bacana e todos os lugares, festas que eu ia, por mais que eu tivesse meus amigos lá, a galera com quem eu dividia apartamento que eu me amarro muito na galera, pensava “Cara, se meus amigos brasileiros estivessem aqui, isso aqui ia ser foda pra caralho”, isso acontece sempre.
Henrique de Moraes – E esse exemplo é bom porque assim, a viagem em si já é uma coisa que causa, é um momento sempre de felicidade pelo menos pra quem gosta de viajar
Rafael Abreu – Derek Sivers fala, tem um lembrete não sei se é mensal ou semanal no meu celular que é “mudanças geram memórias”, então assim todo lugar que você vai que tem uma coisa diferente normalmente é uma forma de você criar uma memória
Henrique de Moraes – Acho que o momento que eu tenho para mim hoje como mais feliz da minha vida foi meu casamento, você tava lá né, que foi engraçado porque eu e a Gabi a gente casou em Amsterdã porque a gente queria fazer um casamento pequeno só com as pessoas que a gente amava e foi um jeito que a gente encontrou de fazer isso de fato
Rafael Abreu – Excluir as pessoas por dificuldade
Henrique de Moraes – Exatamente, e quando a gente foi pra lá um tempo antes, a gente nem ia pra lá na verdade, a Gabi ia apresentar um seminário em Valência e a gente aproveitou pra ir lá pra resolver as coisas do casamento, e eu lembro que a gente foi num lugar e pensou assim “Cara, imagina todos os nossos amigos aqui”, e aí depois sem querer porque não era o lugar que tava planejado, acabou que no primeiro dia que todo mundo chegou em Amsterdã a gente foi pra esse lugar, um bar assim, lugar aberto e tal, e eu lembro muito de eu olhando, lembrando de quando eu conversei com ela e uma lágrima escorrendo do meu rosto de tanta felicidade porque eu não acreditava, eu olhava pros meus amigos todos ali, todo mundo se divertindo, bebendo e curtindo e eu lembro de falar “Cara, não tem coisa melhor”, eu olhava e falava “Preciso gravar esse momento porque acho que isso nunca mais vai acontecer e é o momento mais especial da minha vida”
Rafael Abreu – Vai acontecer, é só planejar e combinar com a galera
Henrique de Moraes – Sim, essa coisa de você estar com os amigos é muito importante, é muito mais importante do que qualquer coisa
Rafael Abreu – Cara, tudo é muito pessoal, não dá pra ser o chato de falar que tudo é genérico sempre pra tudo né, mas eu concordo contigo plenamente, eu adoro bater papo, adoro falar besteira e falar coisa séria também mas com quem você faz é fundamental. Eu sempre tive vontade de fazer, já fiz algumas grandes viagens com grupos de amigos e é sempre mais divertido, é sempre memorável, sempre tem aquelas histórias que você vai levar pra sempre, de fazer besteira, de “make a fool out of himself”, cara a gente precisa disso na nossa vida sempre, e a gente a maioria né, vai ficando velho vai ficando adulto vai assumindo responsabilidade e a gente esquece de fazer essas coisas, e eu acho que esquecer é um pecado porque eu li uma frase, não sei de quem foi, muito muito maravilhosa e recentemente eu repeti ela dezena de vezes que é “não leve a vida tão a sério, você não vai conseguir sair dela com vida”, “don’t take life too serious you not gonna get out of it alive”, é brilhante porque a gente está sempre estressado, preocupado com alguma coisa e a gente esquece de viver o presente mesmo né mas o mundo tá ficando assim tão competitivo né, manter um bom padrão de vida dado o nível de despesa e o desperdício que a gente faz com nosso dinheiro, que a gente tem que realmente às vezes ficar muito focado em trabalhar, ser mais produtivo, fazer um negócio diferente, inovador pra às vezes a gente manter um nível de vida ok, uma sanidade mental e manter esse equilíbrio está muito difícil assim, fazer um trabalho que a gente goste, ter uma renda satisfatória para a gente estar com quem a gente quer estar onde a gente quer estar na hora que a gente quer estar.
Henrique de Moraes – Acho que é uma coisa também de você, de priorização, acho que o Tim Ferris que fala isso, que o termo ocupado na verdade é falta de prioridade, é você simplesmente não estar priorizando aquilo ali que você está falando que está ocupado demais pra fazer, e eu acho que chega um determinado momento da nossa vida que a gente precisa, a gente acha que a gente precisa conquistar muita coisa e que muita coisa que a gente acha que a gente precisa conquistar talvez a gente nem precise tanto assim. Eu até falei sobre isso, eu postei um negócio esses dias, que toda vez que eu viajo de avião, eu olho pra baixo, eu olho pras casas e tipo as maiores mansões a coisa mais enorme do mundo e eu falo “Caralho, é essa merdinha que a gente trabalha a vida inteira pra comprar”, que a gente tipo entrega tudo, a gente dá tudo que a gente tem pra comprar um carro, para comprar uma parada que não vai trazer felicidade, vai ajudar? Talvez, mas na maioria dos casos a gente tá comprando porque a gente quer provar alguma coisa pra alguém, porque a gente quer provar alguma coisa pra sociedade e a gente até falou de Instagram né, e é engraçado porque os melhores momentos da minha vida eu não tenho registro, sabe? Eu não tirei foto.
Rafael Abreu – Cara, o Paulo Coelho, fiquei até arrepiado, ele foi entrevistado pelo Tim Ferris e ele falou uma coisa muito legal, duas coisas que ele falou que são brilhantes, um é um trecho do “Alice no País das Maravilhas”, que acho que a rainha de copas falando alguma coisa que é tipo assim “Se você tem alguma coisa, algum problema na vida, você começa do início, passa pelo meio e chega no fim”, parece bobo mas a gente passa nossa vida inteira, quando vem grandes problemas, às vezes até problemas menores a gente fica “Caraca, como é que eu resolvo isso?” cara dá o primeiro passo, depois você dá o segundo, terceiro, quarto, depois você resolve e chega no fim, então essa simplicidade acho que é muito poderosa.
Henrique de Moraes – Posso dar uma dica de um livro que eu tô lendo, tô terminando agora, que achei sensacional e fala exatamente sobre isso que é “O obstáculo é o caminho”
Rafael Abreu – Já li, do Ryan Holiday?
Henrique de Moraes – Isso, Ryan Holiday, muito bom e ele fala exatamente sobre isso
Rafael Abreu – E a outra coisa que o Paulo Coelho fala é o seguinte, são duas, uma fora do contexto, fora do tópico e outra dentro, a primeira que é fora do tópico é o seguinte “confie no seu leitor”, os livros do Paulo Coelho, se não me engano ele é o autor mais vendido do mundo ou segundo depois da J.K. Rowling lá do Harry Potter, os livros dele são todos pequenos e são pouco descritivos das situações, porque? Porque a beleza de cada livro e a forma com que as pessoas se apaixonam pelo que elas consomem é porque cada pessoa vai dar o significado que aquilo tem para ela, então se você chega e fala assim “E aí ele chegou à frente de um bosque e viu a casa”, tem uma pessoa que está num período extremamente feliz da vida dela, adora jardim, adora flores e borboletas, e ela vai imaginar que aquela casa está rodeada de flores e borboletas, e tem uma pessoa que tá num período às vezes difícil da vida dela por outro lado, que ela fala “Nossa, aquela casa tava caindo aos pedaços, a janela tava podre, tava com a tinta”, além do livro ser curto e as pessoas não ficarem com medo de pegar pra ler, então voltando um pouco pro nosso tópico, a outra ele diz que ele não pesquisa tanto sobre quando ele vai fazer os livros dele e tudo mais por quê ele não quer se tornar o observador da vida, ele quer se tornar um vivedor da vida, e esse lance de por exemplo rede social e tudo mais você acabou de falar o exemplo que você não lembra de ter os registros dos melhores momentos da sua vida, cara porque o melhor momento da sua vida o registro tem que estar na sua cabeça, porque se você parar para registrar aquilo ali você ao invés de estar vivendo aquilo ali você virou fotógrafo, virou filmador. E cara, você não vai ter a noção, você tá no meio do gol do Flamengo, estouro da boiada no Maracanã, o que é memorável, o que é visceral, o que você vai levar pro teu leito de morte? Você vai lembrar que você ficou sem voz porque quando teve aquele gol você ficou gritando igual um maluco, saiu correndo pelo Maracanã, agora você vai “Ah não, saquei o meu celular e fiquei gravando a galera”, você vai lembrar daquele momento, mas sentir aquele momento que é o que dá o tesão da vida, cara são só as emoções e aquilo ali, se você ficar de observador, não volta.
Henrique de Moraes – E acho que o maior erro que as pessoas cometem sem querer, porque hoje eu cometi, todo mundo comete, quando eu falo as pessoas eu me incluo sempre nisso, é que elas olham pras fotos de Instagram e elas acham que as pessoas estão curtindo, a maioria daquelas pessoas que estão fazendo aquelas fotos elas estão trabalhando, estão trabalhando pra parecer que elas estão curtindo, sabe?
Rafael Abreu – Tem um posto no meu blog que eu falo, que eu botei sobre isso que é o seguinte, não vou entrar no detalhe da estatística mas assim, se você tiver um grupo de 50 pessoas a probabilidade de qualquer das 50, 2 delas fazerem aniversário na mesma data eu acho que é acima de 95%, quando normalmente eu pergunto isso pra alguém vai falar “100%, 2 em 50 vai dar 4%”, é 95% e Instagram é igual, você segue 300 pessoas no Instagram, a probabilidade de você dar um scroll ali e não ter ninguém numa foto de viagem, ninguém na foto com filtro bonito, ninguém comendo um prato maravilhoso, ninguém falando uma frase de efeito, todas as coisas digamos assim que você fica “Putz, eu tô aqui no meu trabalho, fui ao banheiro porque eu tô estressado lá do projeto que eu tenho que entregar, vim aqui só dar uma relaxadinha, fazer um xixizinho, dar uma cagada, peguei meu celular ali rapidinho aí entrei no Instagram”, você é bombardeado de pessoas querendo passar alguma coisa de positivo para você num momento que normalmente você tá entediado, que quando você pegar seu celular ali você tá entediado, ou a conversa da tua sala tá uma merda, ou tua esposa tá vendo lá um negócio na televisão e você não gosta, então a gente não consegue mais se divertir, e a gente começa a querer, por hábito sei lá porque que esse negócio ficou tão evidente e viralizou de tal forma, acho que é por vícios que o ser humano tem, gatilhos de dopamina, que a gente não consegue ficar no momento, então a gente tá sempre querendo viver aquilo ali pra alguém, e isso é muito difícil, tanto de controlar, de não querer fazer depois que criaram o celular é muito difícil você não querer fazer e às vezes a única forma que você tem de não fazer é você não ter uma conta no Instagram, não ter no seu celular, tô com um filho pequeno agora, é foto toda hora, cara vamos curtir o moleque ali ao invés de ficar tirando foto dele a cada sorriso dele.
Henrique de Moraes – Tem uma frase que um cara que eu entrevistei aqui também, que é o Rapha Avellar fala que acho muito boa, que ele fala o seguinte “Não compare seu bastidor com meu palco”, ele fala isso direto
Rafael Abreu – Sim, sim, sobre o Instagram né?
Henrique de Moraes – É porque é isso, de certa forma todo mundo que tá ali tá vivendo um palco se você for comparar seu momento de tédio com aquilo ali você vai se sentir um merda mas só que você esquece que todo mundo tem esse momento de tédio também, só que você tá vendo só o palco, e o que eu tava falando inclusive é que muitas das pessoas em quem as pessoas se inspiram, muitos desses fenômenos são atores, as fotos ali são atuações, não é a realidade
Rafael Abreu – É, a gente tava conversando isso mais cedo até do próprio Tim Ferris, ele é um cara que a gente acha brilhante, mas ele também sei lá, se a gente acha que ter um casamento bacana é legal, ele tem 40 e poucos anos é multimilionário mas ele não tá casado, e nessa idade é mais difícil, você começa a ter mais vícios, mais manias em achar uma pessoa e ele não viveu esse negócio, ele também diz lá que já tentou suicídio e tal, então às vezes a gente quer comparar a vida de um cara que a gente vê como um expoente mas será que a gente está disposto a abrir mão das coisas que ele tá abrindo para poder ter aquela vida lá? Então isso é um pouco da dicotomia de como a gente resolve essa questão da gente ser competitivo, ambicioso, curioso e ao mesmo tempo a gente também saber relaxar um pouco, esse é o meu maior desafio.
Henrique de Moraes – Engraçado cara que eu comecei a gerar conteúdo há pouco tempo e tem um lado muito bom disso que eu descobri no hábito de escrever uma forma de me encontrar também, de aprender mais sobre mim mesmo, mas em compensação, a parte de escrever é ótima, a maioria das coisas que eu escrevo eu não posto, eu posto algumas, mas cara eu tava num momento em que eu não via muito rede social porque eu não postava muita coisa e eu fico num vício pra ver o resultado que aquilo teve, se alguém mandou alguma mensagem, se alguém escreveu alguma coisa, que é insuportável eu tô me sentindo insuportável com isso tentando encontrar uma forma de melhorar e o que eu faço às vezes falo com a minha esposa “Linda, pega meu celular e leva ele, pra eu ficar uma hora sem ver e tentar me acostumar
Rafael Abreu – Após você postar
Henrique de Moraes – É, porque eu fico criando aquelas dosezinhas de dopamina e de “caraca, quantas pessoas curtiram? Uma pessoa mandou mensagem, que maneiro”, o que é ótimo, de fato é bom, é tipo um reconhecimento ali as pessoas que tão vendo valor no meu trabalho mas eu não quero ficar dependendo, eu não escrevo pra aquilo, eu não escrevo exatamente pra ter aquela sensação
Rafael Abreu – É um pouco da distinção entre a vida de objetivos e a vida de processos
Henrique de Moraes – O que é melhor?
Rafael Abreu – Quando você vive pelo processo é muito mais legal do que você viver pelo objetivo então assim, eu por exemplo vejo essa galera aí que tem muito sucesso na internet e eu fico pensando assim, sabe quando a gente sente uma fraude por estar fazendo propaganda do seu material? Eu por exemplo, tenho meu blog mas eu não posto nada para ninguém, então assim, eu tenho uma conta no Twitter que lá que eu boto porque o blog é mais focado em uma coisa de investimento e tem lá uma digamos, platéia, a turma com quem eu interajo é de mais ligada em investimento, mas eu escrevo para organizar as minhas ideias para mim e é notável, quanto mais eu escrevo melhor é o resultado do meu trabalho, quando eu fico muito tempo sem escrever eu pioro o resultado do meu trabalho com os investimentos e eu não fico divulgando o negócio pras pessoas, óbvio que é muito legal quando você vê que tem engajamento e quando alguém descobre aquilo e passa pra outros e tal, mas quando você faz aquilo por você, você começa realmente eu acho a ter esse nível de ansiedade, dá uma caída e tudo mais mas não sei no seu caso, você trabalha com mídia então parte do seu trabalho é criar esse conteúdo pra você atrair negócios pra você, o meu trabalho óbvio que se eu tiver investidores querendo botar grana comigo e eles entrarem lá no meu material e acharem aquilo bacana, aumenta a chance dele querer investir comigo, só que postar aquilo ali melhora a qualidade do meu trabalho, então não é o ovo e a galinha, se você postar e você achar um cliente, agora o meu não, se eu tenho uma base de capital já que funciona bem e aquilo ali, a minha performance for boa só porque eu tô escrevendo e por eu escrever estar organizando minhas ideias fazendo as coisas bem, o meu trabalho que eu já tô fazendo hoje ele vai dar certo e eu não vou precisar de cliente novo ou então o resultado daquele trabalho vai trazer o cliente novo. Seria o análogo você o seguinte, em vez de você escrever textos ou até digamos fazer o podcast, você só colocasse ideias suas, imagina que você faz assim, vou escolher 40 empresas no mundo e agora no LinkedIn eu vou postar campanhas hipotéticas que eu faria para Apple, Nike, etc, e se começar todo mundo a achar que aquilo ali é muito legal, provavelmente é porque as ideias que você tá tendo estão gerando também ideias pra dentro da empresa e a sua empresa tá gerando um conteúdo muito legal pros seus clientes. É diferente de você buscar a aprovação dos outros, aquilo é como se fosse um treinamento então não sei se talvez posso ser um pouco, uma coisa pertinente aqui na conversa, será que as coisas que você posta na internet, o conteúdo que você gera, ele tá sendo o mesmo material que você por exemplo vende e gera o retorno pro seu negócio? Porque tem essa questão, tipo o Seth Godin trabalha com marketing, então tudo aquilo que ele tá ali gerando no blog dele são coisas que ele pode levar para dentro da empresa dele e aplicar.
Henrique de Moraes – O Seth ele fala uma parada que eu tenho tentado fazer, o Seth ele é tipo a pessoa mais sensacional pra mim de todos os tempos
Rafael Abreu – Eu admiro muito
Henrique de Moraes – E eu tava ouvindo esses dias uma entrevista com ele em que ele fala que ele não faz analytics, ele não vê nada do que acontece no blog dele, não sei se é verdade, mas ele fala isso
Rafael Abreu – Eu sou assim
Henrique de Moraes – E ele fala o seguinte, e eu concordo com ele, que ele fala assim “Nada do que eu conseguir entender ali de dados vai me fazer escrever melhor”, ele fala “Porque eu não escrevo pra dar resultado, eu escrevo as coisas que eu observo, e saber qual post meu deu mais resultado ou qual não deu não vai me fazer observar melhor”, então o que acontece é, se eu vejo lá um post que deu muito mais sucesso, mais certo que o outro é provável que eu sem querer tente escrever mais daquele jeito, e ele fala “não foi eu saber que aquilo ali ia dar certo que me fez escrever daquele jeito, foi só uma observação que sem querer mais gente se identificou”
Rafael Abreu – Isso leva à um ponto, dois pontos interessantes, um é se você está interessado em vender e digamos ganhar dinheiro, monetizar ou ficar famoso, aí você realmente tem que fazer mais do que dar certo, e outro ponto que é a mesma coisa, eu vi uma entrevista do Simon Cowell, que é aquele jurado do American Idol, do British Got Talent, aqueles programas de talento musical que tem na televisão, e ele falou um negócio que me abriu muito a cabeça, mudou a forma que eu penso as coisas, que perguntaram pra ele “Simon, como que você faz pra lançar tantos talentos?”, o cara é produtor musical também, então ele vê aqueles caras muito bons no programa depois ele chega, tenta fazer um contrato com eles, produz o cara musicalmente, lança um CD e ele fica lá com digamos um pedaço do faturamento das vendas daquele artista, e ele falou um negócio que mudou a minha vida que foi “Eu dei sorte de ter nascido com o gosto da média e assim, eu comecei a ver se você uma pessoa que nasceu gostando do que a média gosta você consegue naturalmente fazer um trabalho que vai agradar um número grande de pessoas, e se você nasceu amando jazz você tá fudido porque assim, infelizmente cara você é apaixonado, o que te move, o que te dá sensibilidade, o que faz você se emocionar é uma coisa que para a maioria das pessoas é música de restaurante, então essa é uma coisa também com relação à sucesso, ansiedade e tal, tem pessoas que nasceram gostando, se interessando por coisas que tem apelo para muita gente e às vezes a gente quer fazer aquele trabalho que é um nicho do nicho, especial, mas cara não importa, é mais fácil você ficar rico vendendo uma coisa que tem 1 real de lucro para um bilhão de pessoas do que você querer vender um quadro que você acha que vale 70.000 reais mas só vai vender um, se você conseguir vender pra uma pessoa que tiver a mesma emoção que você teve ao gerar aquele material pra ela
Henrique de Moraes – E nesse sentido as pessoas tem, acho que o erro que talvez as pessoas cometam é que elas começam a culpar o mundo, por exemplo você falou do jazz, meu sonho é ser músico de jazz e você começa a falar assim “Ah, não tô ganhando dinheiro, não tô fazendo sucesso”, porque o que você acha que gostaria, o que você deveria ter ou tem direito a sei lá, tá com isso na cabeça e você começa a culpar o mundo “Não, porque as pessoas não tem bom gosto, porque as pessoas gostam de funk”, mas não é dos outros, você fez essa escolha, assuma essa escolha e vai viver dentro do que a escolha que você fez vai trazer de resultado, e ainda assim existe a possibilidade de você ser um músico de jazz fora da curva, mas ainda assim você não vai ser a Anitta.
Rafael Abreu – É mas existe uma coisa é muito importante que a gente aprenda muito cedo, as pessoas são diferentes e não é que são diferentes porque elas querem, elas são diferentes porque elas tem um brainwire ali, uma rede neural diferente. Tem gente que nasceu, eu li um livro que também mudou minha vida chamado “On Being Certain”, acho que o nome do cara é Robert Burton e basicamente o que o cara fala é que as pessoas são diferentes neuroquimicamente, então assim no Brasil por exemplo a gente vê lá um cara no Canal Off fazendo lá um programa de expedições de surf, e aí a gente olha para aquele cara e fala “Nossa”
Henrique de Moraes – Canal OFF que é o Instagram da TV né
Rafael Abreu – É, depois a gente vai entrar nesse assunto, eu não assisto porque me faz mal, a gente vê lá o cara surfista no Canal OFF a gente fica “Cara, essa que é a vida”, e a minha vida obviamente é uma merda, só que a gente não para perguntar para o cara se ele tá feliz hoje ou a gente não sabe qual é o bastidor dele, porque a gente tá vendo só o palco, e no livro o cara fala, você pode ter às vezes aquele maluco gordinho, cara de nerd, aquele estereótipo do cara que você olha e fala “Que loser”, que só gosta de ficar jogando videogame em casa, come uma batatinha Ruffles no sofá, vendo Netflix, joga um videogamezinho, toma um cervejinha, vê um futebol na televisão e aquele cara ali é o tipo, as mulheres em geral não vão gostariam de dar pra esse cara, só que esse cara, exatamente com essa descrição que eu dei aqui agora, neuroquimicamente ele é feliz, e o cara que só consegue a felicidade neuroquimicamente, essa felicidade que esse loser que a gente botou aqui, comendo uma Ruffles, tomando uma cervejinha Skol latão e vendo aquele futebol do Estadual na televisão tá ali amarradão, ele neuroquimicamente em termos de satisfação pessoal ele tem exatamente o mesmo nível de satisfação pessoal e felicidade que o cara do Canal OFF só consegue ter se ele estiver viajando pros melhores picos pra surfar no mundo, e aí o que você quer ser? Você quer ter a felicidade quase impossível de ter?
Henrique de Moraes – E esse cara que tá no pico surfando a melhor onda, é lógico que não tô generalizando, mas provavelmente algum deles tá olhando pra uma mansão que tem na frente ali da praia no Havaí e falando assim “Porra, gostaria de ter essa mansão.
Rafael Abreu – Mas não é exatamente questão do mansão, eu digo só o seguinte, as pessoas elas ficam projetando a felicidade delas às vezes em coisas que os outros, e é muito difícil hoje com mídia, celular, porque cara você é bombardeado que assim, o estereótipo de satisfação, felicidade e sucesso é dificílimo, e tem uma outra coisa que dificulta né, o acesso ao herói ficou muito fácil, antes era assim, cara o Michael Jackson. Michael Jackson tá lá nos Estados Unidos, o cara tá no palco do Maracanã, ou sei lá aonde fazendo show praquelas pessoas mas assim, eu nunca vou ter acesso à esse filho da puta, então o Michael Jackson, o cara é artista famoso, hoje em dia não, hoje em dia a Anitta vai, manda um post “Pô, queria muito que você estivesse aqui, dá um like se você não sei o que”, você se sente próximo daquela pessoa, e por você se sentir próximo é mais fácil você se comparar, antes não, antes aquele cara era heroi e você o terráqueo, tranquilo, bacana ali, como batata frita, pizza, tomo uma cervejinha, mas agora não, agora é como se a Anitta e o Neymar estivessem do teu lado, então você fala “Cara,eu sou um bosta, porque o Neymar, aquele garoto de 20 e poucos anos vai pra festa não sei aonde lá, pega todo mundo, faz o que todo mundo gostaria de fazer e não faz”, e se compara o tempo todo. Antigamente não tinha isso, o herói era o herói, o famoso era o famoso, hoje em dia o famoso é teu brother.
Henrique de Moraes – Tem uma história engraçada, uma vez eu fui tocar num apartamento com o Leandro, que era o da minha banda
Rafael Abreu – Tocou no meu casamento
Henrique de Moraes – Tocou no seu casamento, e o Leandro que é um dos meus melhores amigos e uma das pessoas mais simples que eu conheço, e ele desde moleque ele fala “Se eu tiver o dinheiro para cerveja eu tô feliz”, e ele vive isso mesmo assim, não é só discurso, durante muito tempo eu achei que fosse discurso mas não é
Rafael Abreu – Querendo dar uma de “Tô bem na merda, não preciso disso”
Henrique de Moraes – E ele é muito assim, vive com pouco, vive bem com pouco, e aí a gente foi tocar numa cobertura que era animal assim, um lugar foda, e eu sempre fui muito ambicioso e olhei a cobertura e falei “Cara, maneiro, um dia vou estar aqui”, tava invejando aquela vida né de certa forma, e o Leandro cagando, e aí a gente tocou e de repente os amigos dos donos da casa, eles vieram sentar e falar com a gente, começaram a puxar assunto e cara, dois deles começaram a falar assim “Não, porque eu invejo muito a vida de vocês, eu sou escravo do meu trabalho, porra eu tenho essa cobertura aqui mas não vale de nada, o meu arrependimento foi que eu tocava cajón e eu não segui isso pra minha vida”, ou seja, tava eu ali olhando praquela cobertura e falando “Puta que pariu, se eu tivesse essa cobertura, que merda, tô aqui tocando esse cajón”, e o cara tava ali tipo “Meu sonho era estar aqui tocando esse cajón”, mentira, nem era meu sonho ter a cobertura talvez de fato, e nem era o dele estar no meu lugar
Rafael Abreu – É, isso é um pouco também daquele comentário, tem um pouco de verdade mas se você for botar assim vamos optar, vamos ver quais são os prós e contras, pô você quer ser jogador de futebol? Todo mundo só olha o lado bom, só olha o cara que tem sucesso, só olha o cara fazendo gols, só olha o cara com o estádio gritando o nome dele, agora você quer correr 20km por dia treinando? Fazendo todo dia a mesma coisa, chutando 300 bolas por dia à gol? Tipo, uma das coisas legais do meu trabalho e provavelmente do seu é que você sempre tem novidade que é a parte criativa de estudar, que é boa e ruim né, ela nunca acaba, então sempre traz uma novelty aí pra você, um mel novo pra você se lambuzar, enquanto que o trabalho administrativo todo dia fazer a mesma coisa, planilha, contas a pagar, contas a receber, todo dia você chega em casa e tá tranquilo porque você acabou sua tarefa, você não precisa estar pensando em amanhã como é que vai ser, você vai receber os emails, pegar os PDFs, colocar na pastinha, inputar no sistema e acabou. Essa conversa que você teve lá com o dono da cobertura, cara é da natureza humana estar insatisfeito, e a gente gasta uma energia fudida buscando a satisfação toda hora. Tem um texto, não sei qual foi o livro deixa eu ver se eu acho aqui no meu celular rapidinho que é bem legal é rápido
Henrique de Moraes – Enquanto isso, vale a pena que todo mundo que estiver ouvindo procure o novo espetáculo do Jerry Seinfeld na Netflix, que tem um texto que ele fala sobre isso, que as pessoas tão sempre insatisfeitas e elas tentam resolver isso mudando de lugar, cara é sensacional, é genial faz refletir e é muito engraçado.
Rafael Abreu – Me manda depois. Tem uma grande história sobre dois escritores, o Kurt Vonnegut e o Joseph Heller, eles se encontram numa festa na ilha Shelter, o Kurt olha pro Joseph e diz “Aquele cara, o anfitrião da festa, ele fez 1 bilhão de dólares hoje, ele fez mais dinheiro em um dia do que você vai fazer em todas as cópias que você vender do livro Catch-22”, aí o Heller olha pro Vonnegut e diz “Isso tá ok, porque tem uma coisa que esse cara nunca vai ter: enough”, o suficiente, e isso é muito bom assim porque quando você tem o suficiente, e aí cada pessoa vai ter o seu suficiente e o que a maioria das pessoas pensa que é suficiente normalmente é menos, as pessoas vão ficar assim “Quando eu tiver um apartamento ou casa própria, quando tiver casado, quando tiver com meu filho no colégio”, e ela sempre fica projetando a satisfação dela naquele momento, no futuro, e ela nunca para pra pensar que ela pode ficar projetando, projetando, projetando, quando chega aquele dia ela não vai sentir nada de diferente, ou se sentir vai ser muito temporário e depois ela vai dar aquilo como “for granted”, não vai dar muito valor. Então não sou a melhor pessoa pra recomendar isso assim, pra dizer que consegue fazer, mas cara as coisas são muito mais simples do que a gente imagina a partir de determinado nível de, digamos uma vida financeira relativamente um pouco mais estável, um trabalho satisfatório, divertido e que tem uma remuneração mínima bacana do que a gente imagina, agora sentir isso, que é de fato a pergunta de um milhão de dólares, agora sem Instagram é mais fácil.
Henrique de Moraes – Tem um vídeo que eu até te mandei há um tempo atrás, não sei se você lembra, do Clóvis de Barros
Rafael Abreu – Sim, anotei no meu caderninho, eu lembro até hoje
Henrique de Moraes – Que o resumo é sensacional, que ele fala que amor é igual a desejo, e desejo é igual a falta, e aí nesse caso a gente ama o que a gente deseja, deseja o que não tem e normalmente a gente tem o que a gente não ama mais
Rafael Abreu – E ele falou uma outra coisa muito bacana que eu não esqueço, que é “O momento mais feliz é aquele que a gente não quer que acabe”, e aí eu entro numa outra coisa muito curiosa que não lembro agora da onde que eu vi, “Por que que as drogas são tão atraentes? Porque as drogas nos mantém no presente”, ninguém quando usa alguma droga, bebe pra caramba, fuma uma maconha ou usa sei lá o que, fica pensando como é que ele vai fazer para acordar amanhã para trabalhar, quando você era estagiário, que foi para aquela noitada terça-feira e chegou em casa 5 da manhã tendo que acordar às 7 pra estar no trabalho às 8, 9, quando você toma uma cerveja 3 horas da manhã você não tá pensando que amanhã você trabalhar, aí por isso que aquele momento é tão memorável com teus amigos aquela hora, por isso que eu acho que o ser humano se atrai tanto pra ela drogas em geral né, a comida ali a pizza que você tá comendo, todas as substâncias que mantém você no presente, e por isso que você vai para um show e é mais fácil você curtir o show quando você tomou várias cerveja em vez de você estar ali pensando “Não gosto tanto dessa banda, será que vai demorar muito pra acabar esse show?”
Henrique de Moraes – Vale a pena procurar depois esse vídeo, vou ver se eu boto na descrição, porque é uma coisa que eu fico tentando lembrar, é exatamente isso que você falou, a gente fica projetando, e a partir do momento que você percebe que no momento em que você sacia a falta, você perde o amor? Que ele até conta a história da filha dele, que queria um Nintendo e que ele lembra do exato momento em que ela abriu o presente e naquele momento o amor acabou, porque a partir do momento que você percebe isso você para de depender tanto disso né, de projetar tanto e achar que sua felicidade vai estar quando você comprar tal coisa, quando tiver tal coisa e tenta manter no presente que é o que as pessoas tanto falam, mas acho que pouca gente de fato vive
Rafael Abreu – É mas é difícil né, no final das contas a gente tem essa conversa aqui porque a gente não consegue, cara uma das coisas mais difíceis da vida é você fazer as coisas que você acredita, e ser humano é muito louco.
Henrique de Moraes – Eu tenho uma pessoa para ficar me cobrando, a Gabi minha esposa, ela fica toda vez que eu faço alguma coisa e ela já me ouviu no podcast falando sobre ou que eu já postei, ela fala assim “E aquela frase, hein?”, ontem a gente tava tendo uma conversa e ela falou assim “Impaciência com ações e paciência com resultados, não é isso que você prega?”
Rafael Abreu – Isso é do Gary Vee?
Henrique de Moraes – É do Naval Ravikant, pelo menos eu vi dele
Rafael Abreu – O Gary Vee tem uma frase boa que é “Macro Patience, Micro Speed”, que é tipo, velocidade pras coisas pequenas do dia a dia e paciência para as coisas grandes, que elas realmente acontecem quando o tempo vai passando e você vai fazendo as outras micro things, as coisas pequenas, isso é importante com certeza.
Henrique de Moraes – Cara, deixa eu te perguntar uma coisa, se você pudesse falar para o seu eu de 10, 15 anos atrás, ou você pode voltar em algum momento que você ache que faz sentido, e pudesse falar para ele ter calma em alguma coisa, o que seria isso? Você lembra de algum momento específico assim que você de repente voltaria e falaria assim “Cara, tenha mais calma nisso aqui, nesse ponto”
Rafael Abreu – Acho que eu vou fazer tipo o do Gustavo Mota, que falou que no caso ia falar “Não vai mais rápido”, eu acho que eu talvez fosse mais nessa linha do vai mais rápido, mas se eu fosse dar algum conselho eu acho que eu daria um conselho mais de “Cara, seja mais responsável pelas coisas que acontecem na sua vida e culpe menos os outros”, isso é você ser o dono do seu destino, e você contar a história da tua vida é muito importante.
Henrique de Moraes – A gente tem o hábito de usar os outros, culpar os outros como bengala, de certa forma
Rafael Abreu – Com certeza, e foi bom eu ter sido demitido, porque eu já tava com a cabeça de montar a empresa e ter montado a empresa, porque foi a única forma que, quando você é o único responsável pelo sucesso daquilo, você não tem mais ninguém a culpar pela derrota, então isso é uma coisa que é muito útil.
Henrique de Moraes – Eu tava conversando isso com a Gabi, porque meu sócio tá saindo da agência, e eu fiquei tentando pensar no que eu ia fazer, se ia trazer alguém, cheguei a conversar com algumas pessoas e tudo mais, e depois eu parei e pensei assim “Cara, acho que vou ficar um tempo assim porque é o único momento de eu não culpar ninguém por algum insucesso ou qualquer coisa errada, a culpa vai ser 100% minha, já era pra ser mas agora não tenho nem desculpa”
Rafael Abreu – Com certeza, isso é muito importante, accountability é muito importante, e a gente só nessas situações mais extremas onde você por não ter ninguém que você realmente consegue ser 100% accountable, e não é o ideal porque fazer as coisas sozinho é muito difícil mas às vezes é uma forma que a gente precisa para amadurecer
Henrique de Moraes – Quais foram os 3 livros que mais influenciaram, que mais impactaram a sua vida de alguma forma?
Rafael Abreu – Acho que Viktor Frankl, “Em Busca de Sentido” em português, esse livro eu comprei, todos os livros que são importantes eu compro várias cópias e dou de presente, a única coisa que eu dou de presente para as pessoas é livro, salvo raras exceções quando eu acho aquele negócio para aquela pessoa porque tem muito a cara dela, e raramente eu dou presente de bobeira assim de aniversário. “Man’s Search for Meaning” do Viktor Frankl, que é uma mensagem muito bacana de você gostar de fato de alguma coisa pra você pode fazer, quando você realmente precisa de uma coisa, tem um sentido, um propósito, essa palavra propósito, gratidão viraram palavras mainstream, tá até chato de falar sobre o assunto. O propósito geralmente de um pai quando tem um filho, ele vai e trabalha sem reclamar porque ele tem aquela criança ali pra cuidar, então de fato faz diferença na vida. Outro livro que eu vi que é muito bacana “O Alquimista” do Paulo Coelho, eu li por causa do Tim Ferris, hoje eu vi na tua lista lá e até procurei na minha estante onde tava, e acho muito bacana esse lance da lenda pessoal, de acreditar que as coisas vão meio que acontecendo na sequência na tua vida e tal, vou pegar pra reler, achei muito bacana, fez a diferença em ter essa coragem de desbravar e ter um pouco mais de aventura e tal, tem uns livros que são mais coisas científicas, o Why We Sleep do Matthew Walker, que basicamente o cara fala que dormir é uma das coisas mais importantes da tua vida e contrário à maioria das pessoas que acham que quanto menos dorme mas espetacular vai ser, cuidado que você pode ficar com demência, esquizofrenia ou Alzheimer quando você ficar velho, porque dormir é um das coisas mais importante para você cuidar das suas faculdades mentais, como eu não sou um cara muito atleta, malhação e tudo mais eu curto mais desse lance do intelecto e bater papo e curiosidades é muito importante dormir bem, autocontrole emocional, autocontrole pra alimentação, bem estar, um monte de coisa assim, recomendo muito esse livro pra saúde. Esse “On Being Certain” me ajudou também a lidar com pessoas porque ele diz e abriu um pouco minha cabeça
Henrique de Moraes – Qual?
Rafael Abreu – On Being Certain, é do acho que Robert Burton, que fala que geneticamente as pessoas são diferentes, então assim a gente querer, isso me fez aceitar algumas pessoas muito queridas que viviam vidas diferentes do que eu achava que era o correto que tinha quer ser feito, me aproximou de pessoas queridas por eu entender que elas buscavam coisas, tem um DNA diferente mesmo, e acho que são esses três aí, “O Alquimista” para você seguir seus sonhos, o do Viktor Frankl acho que quando você lê o livro faz muita diferença o “Man’s Search for Meaning”, essa questão de você fazer uma coisa pelo propósito, e esse da saúde aí por causa do sono também é bem importante.
Henrique de Moraes – Me lembrou uma coisa, você tava falando lá atrás da coisa do confie no seu leitor né, do Paulo Coelho, e que cada pessoa tem uma interpretação e tudo mais, e uma coisa que eu tive, eu lutei um pouco contra e agora eu percebi que na verdade é um hábito bom, é de voltar, ou reler, ou ouvir de novo um podcast que fez sentido pra mim porque a gente lê muita coisa, ouve muita coisa e nem tudo bate tão bem, e assim, pode não bater tão bem por causa do seu momento, pode não se encaixar na sua vida naquele momento, é como um conselho de mãe, mas especialmente porque cada vez que você relê um livro por exemplo, você tem um novo significado, especialmente do momento da vida em que você tá, então podcast por exemplo, eu comecei a salvar todos os que eu mais gostava e sei lá, a cada três meses eu vou lá e ouço de novo e quando eu ouço de novo e eu pego minhas anotações e bato com as anotações que eu fiz agora são completamente diferentes, porque é outra coisa que faz sentido pra mim, de repente aquela lição ali eu já até absorvi, já coloquei em prática e tudo mais, então eu achava que era besteira “Pô, vou ouvir de novo, tanta coisa aqui na minha lista pra ouvir”, mas às vezes é mais importante eu ouvir de novo aquilo ali, ou pra reforçar a mensagem ou pra prestar atenção em outras coisas que eu não tinha prestado atenção naquela época
Rafael Abreu – Nesse livro “On Being Certain” me ajudou um pouco a ter menos ansiedade sobre essa quantidade de informação que a gente tem acesso hoje em dia, você falou sobre reler livros ou ouvir um podcast de novo, e ele descreve como é que é o processo de tomada de decisão de criação do pensamento, que é o seguinte, as decisões que você toma na sua vida, não existe aquele momento do “Ah, agora sim!”, na verdade é assim, um problema apareceu na tua vida, a sua mente ela não para de pensar naquele problema só que a superfície onde aquilo está sendo debatido dentro da sua cabeça não tá em evidência pra você, e aí conforme você ouviu um podcast, fala com a pessoa passa por uma experiência e etc, tudo aquilo ali vai se encaixando na tua cabeça e o seu cérebro é uma máquina fenomenal que ele tem 300 processadores e ele vai cada vez pensando num negocinho e conforme a ideia você vai aprendendo ou várias coisas da sua vida relativas àquele assunto, aquele problema que você um dia pensou, ele vai trazendo aquilo ali à sua superfície vai fazendo aquilo mais presente na tua memória, na tua cabeça e eventualmente você toma uma decisão. E aí eu comecei a ficar um pouco menos ansioso com relação à essas coisas de conteúdo que a gente tem de podcasts, livros e etc porque você tem que confiar no seu leitor que lá na frente a sua vida vai dar certo, e aí eu acabo ficando um pouco mais calmo. Eu tenho uma listinha de coisas que eu quero ver, às vezes eu pego um negócio no Twitter, aí você manda alguma coisa, vou anotando aquela lista e o meu nível de ansiedade, inquietação por não acabar com aquela lista ele cai. Ah, de vez em quando vou dar uma volta com o cachorro na rua aqui, começo a ouvir, dou umas três voltas com o cachorro de 15 minutos cada um e vou e mato um, não fico naquela assim “E agora, o que eu vou fazer, qual é a ordem das coisas?”. O Steve Jobs tem um speech em Stanford em 2004 que ele fala isso, “you can only connect the dots looking back”, várias das conclusões, várias das coisas que aconteceram na nossa vida e naquela época a gente realmente não tinha como tomar a decisão ótima ou a decisão diferente da que a gente tomou, porque a gente não tinha a informação completa, só depois de muito tempo, eu fui demitido duas vezes, na época parecia o fim do mundo, só que quando você vai passando pela tua vida você vê “Cara, que coisa boa que às vezes aquelas coisas aconteceram”, porque você aprendeu uma forma diferente de pensar, você se tornou mais responsável pelas coisas que você fazia, e vai passando, então tem que ter um pouco de paciência na hora da gente andar.
Henrique de Moraes – E qual foi o melhor conselho que você já recebeu?
Rafael Abreu – Melhor conselho? Cara, não lembro de muitos conselhos, sendo muito sincero
Henrique de Moraes – Tem alguma frase?
Rafael Abreu – Mas tem uma coisa que eu postei até no blog recentemente, eu fiz uma entrevista nesse meio termo entre ser demitido do banco e montar meu negócio, rolou aquele período ali onde eu não sabia se esse negócio ia ficar de pé, se as pessoas que são meus sócios iam concordar em botar o negócio de pé, e eu continuei fazendo algumas entrevistas em outros bancos outras gestoras de investimentos e eu fui numa gestora lá em São Paulo, onde eu morava na época e fiquei lá maior tempão falando, e no final o cara chegou pra mim e falou assim ”Pô cara você trabalhou nos melhores lugares do Brasil, com as melhores pessoas, eu conheço vários, você chegou aqui recomendado e tal, e por esse papo aqui tá muito claro que você seja uma pessoa inteligente e tudo mais, eu acho que o seu problema em vez de ser QI é um problema de QE, quoeficiente emocional”, e aquilo ali foi uma coisa que realmente ficou bem, foi uma peça importante desse quebra-cabeça, do processo todo que eu passei antes de ser demitido pela segunda vez, montar meu negócio e por várias outras situações que aconteceram ao longo desses últimos 4, 5 anos aí de ser empreendedor e trabalhar com pessoas diferentes e tudo mais, que cara tem que ter assim, cada vez mais eu vejo, meu tio falava isso há muito tempo “Não é a inspiração que gera o sucesso da vida, é a transpiração”, e a transpiração envolve engolir sapo, ser político, entender aí o que as pessoas buscam, tipo você tá negociando com a pessoa ou tá batendo um papo com o cara, tá querendo conquistar uma menina no bar, cara cada pessoa é diferente e buscam coisas diferentes, então assim você achar que é a lógica, que é o racional que vai fazer com que as coisas andem, é uma falácia, é muito perigoso. “Os animais são bichos de emoção, não são bichos de razão”, isso é uma frase muito, muito, muito, muito importante, não sei se é o Seth Godin que fala “Se você quer conseguir alguma coisa apele pra emoção e não para a razão”, porque é muito mais fácil você conseguir chegar aonde você quer, óbvio que com caráter e retidão né, mas é muito mais fácil você chegar aonde você quer vender um produto e tal se você apelar para emoção do que você apelar pra razão, e eu que sempre me achei uma pessoa muito racional e eu, digamos, me orgulhava disso, eu vejo cada vez mais que isso talvez tenha tido um preço alto, paguei um preço alto ao longo da minha vida e sem precisar porque assim você às vezes apelar pela emoção não quer dizer que você queira passar ninguém para trás, só que você tá querendo que um resultado seja atingido mas que a pessoa esteja satisfeita pelos motivos dela, apesar do que o que importa às vezes é você fazer aquele negócio bem feito, a gente chega lá pro cara e diz “Não, eu vou fazer essa campanha aqui pra você porque você vai ganhar”, tem outro livro também que é muito importante mas eu li há muito pouco tempo, então não dá para dizer que ele mudou a minha vida, mas o nome do livro é, esse normalmente eu não gosto de contar porque é meio que um segredo, porque ele é muito útil, quando alguém descobre as táticas elas começam a perceber, mas o nome do livro é, é sobre negociação, o nome do cara é Chris Voss, “Never Split the Difference”, em português eu acho que é “Negocie como sua vida dependesse disso”, alguma coisa assim, e ele fala muito disso, a maioria das negociações é muito mais o que que a pessoa sempre tem alguma agenda, cada um tem sua agenda, quando você contrata um serviço, às vezes você tá vendendo serviço pro cara do marketing do restaurante, você não tá vendendo pro dono do restaurante, então o cara do marketing do restaurante tá muito mais preocupado em fazer uma campanha para ele não ser demitido do que aumentar as vendas, tem a frase célebre “Nobody got fired for buying IBM”, uma frase de 50 anos atrás, tipo assim, é mais fácil você vender a IBM que é hiper caro mas tem uma ultra marca do que você falar que comprou a AMD porque é barato e o negócio parou de funcionar, então isso talvez seja um motivo de várias agências enormes ganharem vários projetos de marketing de mídia do que um cara de Niterói que faz um trabalho às vezes muito bacana, porque o cara tem um budget de 1 milhão pra poder fazer marketing, o cara vai vender por 10 mil? Se o cara que contrata um maluco de 10 mil pra fazer o trabalho quando ele tinha um budget de 1 milhão for justificar pro chefe dele que gastou 10 mil, se der errado ele vai ter o cu dele comido com muita força, porque ele vai falar “Meu amigo você tinha todo o dinheiro do mundo, podia escolher qualquer um, porque você foi fechar com esse cara aqui?”, e ele vai falar “Porque foi barato”, mas não precisava ser barato, então essas coisas fazem muita diferença, a razão é importante mas não é o que vence o jogo, não é o que vai vencer o jogo ao longo prazo e é sempre difícil você estar sempre focado na razão.
Henrique de Moraes – Muito bom, muito bom, trouxe várias coisas aqui, deu várias ideias mas vamos lá, você tem alguma coisa, algum conceito que você tinha no passado que você mudou nos últimos meses?
Rafael Abreu – Cara, nos últimos meses não, nos últimos anos com certeza, e acho que esse conceito é ser uma pessoa mais generosa.
Henrique de Moraes – Em que sentido? Pode se extender
Rafael Abreu – Em geral nas coisas em geral, acho que um exemplo bem simples é cara, se preocupe mais com as pessoas, queira dar mais do que receber porque assim, você vai receber em troca, vai receber em troca, óbvio que você tem que priorizar as coisas que você busca pra você em termos de tempo por exemplo, priorizar o seu tempo é muito, muito importante, mas tipo um cara, uma pessoa que eu nunca vi na minha vida mas me seguia no Twitter postou lá uma vez que uma amiga dele, não sei se ela se suicidou, alguma coisa e o cara tava muito triste e tal, e ele não tava conseguindo entender aquele momento, eu mandei mensagem para o cara “Aí, qual o seu endereço?”, “Meu endereço é tal”, eu fui lá e mandei o livro do Viktor Frankl, “Man’s Search for Meaning” pra ele de presente. Essa semana um outro cara aqui de Niterói que eu conheço postou no Instagram, agradeceu que fez 38 anos, e no final do post ele “Pô, passei por um período de depressão profunda tentei me suicidar duas vezes”, eu nunca tinha imaginado aquela pessoa que eu admiro, pelo pouco convívio que eu tive, mas não é meu amigo, conheci ele de noitada, é um cara que eu acho divertido, cara que tem uma energia boa e descobri que o cara teve problema de depressão, tá tendo na verdade. Mesma coisa, não falo com ele há um tempão, mandei uma mensagem “Me dá teu endereço”, fui e comprei um livro para ele, comprei o “Os quatro compromissos”, do Don Miguel Ruiz, esse livro é outro livro também que é muito muito bom, mudou a minha vida, especialmente o dê sempre o seu melhor e não assuma nada, naquela questão da insegurança, eu criava muitos problemas na minha cabeça em vez de chegar e “Cara, posso fazer uma pergunta? Tô com essa minhoca na minha cabeça aqui”, a maioria das vezes a minhoca que tava na minha cabeça era muito maior do que a minhoca que tava ali na hora, de pensar no problema, então assim, você genuinamente ligar no aniversário das pessoas, ligar para minha mãe e meu pai pra perguntar como é que eles estão, estar mais presente com meus amigos que sempre estiveram perto de mim, então no final das contas é um pouco, eu comecei a ver cara que a vida era muito menos, quando eu comprei meu primeiro diário lá no banco, antes de ser demitido né, que eu tava pensando em desistir da carreira e tudo mais, uma das coisas que eu escrevi lá foi, eu tava no meu momento de maior número da conta bancária e não tava feliz, e aí no diário comecei a cavucar ali, vasculhar o porque, como é que aquilo estava acontecendo, eu comecei a ver que eu tava buscando coisas que não eram as coisa que me davam satisfação e eu comecei a ver que as coisas que davam satisfação eram muito mais simples, era estar perto de pessoas que eu amo com onde eu me sinto bem sendo quem eu sou, não preciso ficar vendendo nada, não preciso dizer que sou rico, falar que sou bom porque nego não tá interessado, quer tomar uma cerveja, falar merda, bater papo e só estar presente com outro ali, então acho que é um pouco disso, o que eu mudei muito é assim “seja mais generoso” e cara, perceba que a felicidade tá muito mais próxima do que a gente imagina, muito mais.
Henrique de Moraes – Muito bom, o livro “Os Quatro Compromissos” eu tô lendo também e tô achando fenomenal, e o que mais me pegou foi o “não leve nada para o lado pessoal”, cara esse é um clássico meu
Rafael Abreu – Eu normalmente não levo muito pro pessoal, pelo contrário, eu meio que tipo caguei, eu acho que uma das coisas boas que eu tenho é um senso do que eu tô fazendo, se tá certo ou tá errado
Henrique de Moraes – É, eu sempre levo tudo pro pessoal e me incomodo
Rafael Abreu – Mas aí entra o negócio do QE, o meu controle emocional ele era pior do que é hoje, eu tô melhorando eu acho e aí eu falava “Ah, esse cara tá errado e foda-se”, eu não levo pro pessoal, mas eu também não considero o que ele me pediu, entendeu? E aí você fecha portas, queima a ponte, e na vida cara infelizmente você tem que ter pontes, não todas porque quem quer agradar todo mundo não agrada ninguém.
Henrique de Moraes – Esse aqui com certeza você já, você falou de alguns deles aqui, mas vou perguntar de qualquer jeito vai que você lembra de alguma coisa a mais, você tem algum hábito incomum, alguma coisa meio estranha que você faz e que as pessoas estranham e você ama?
Rafael Abreu – As pessoas estranham e eu amo?
Henrique de Moraes – A do WhatsApp é uma.
Rafael Abreu – Eu tô no WhatsApp agora mas eu vou sair dele quando acabar a quarentena, voltei por que meu filho nasceu no meio da quarentena e pô parentes, tias de 75 anos, se não for pelo WhatsApp mandar mensagem por e-mail e foto vai ser inviável. WhatsApp é uma delas, rede social também é uma delas que eu recebi um e-mail do Instagram dois ou três anos depois de eu fechar minha conta dizendo que minha conta tava lá aberta ainda e eu acabei entrando mas não instalei o aplicativo, postei duas coisas quando meu filho nasceu e já apaguei aplicativo, descobri que esse conhecido meu tava com depressão, cara eu tenho alguns hábitos meio pitorescos, não hábitos, mas esse lance do WhatsApp acho que é o mais marcante assim, todo mundo quando eu falo, falava né “Não tenho WhatsApp” falavam assim “Mas como é que você fala com as pessoas?”, eu falo “Você só teve WhatsApp nos últimos 6 anos como é que você tá achando que agora eu sou um coisa bizarra?”
Henrique de Moraes – “Eu falo assim, como estou falando com você agora” haha
Rafael Abreu – Quer falar comigo? Me liga, vamos tomar uma cerveja ao invés de mandar uma mensagem e demorar 40 minutos para conversar uma coisa que você falaria em dois minutos na voz.
Henrique de Moraes – Tem uma coisa engraçada, você falou lá no início da coisa das pessoas mandarem mensagem e tudo ficar urgente, no WhatsApp. Eu acho que tem um problema maior, é que as pessoas perderam, elas se isentam da responsabilidade do que aquela mensagem vai causar, sabe? Então por exemplo, hoje mesmo eu recebi uma mensagem de um cliente um pouco antes de você chegar, reclamando de uma coisa que tava errada, inclusive, falando que a gente não tinha feito tal coisa mas a gente tinha feito e ele não viu do jeito certo, só que eu falei “Porque essa pessoa tá me mandando mensagem sábado 7:30 da noite”, sabe? Que diferença vai fazer, não ia fazer tanta diferença assim esperar até segunda-feira pra resolver isso, se estivesse errado, porque não estava, mas mesmo que estivesse errado não ia fazer diferença, não ia acontecer nada. As pessoas perdem a coisa da responsabilidade que aquilo vai causar nos outros, que tipo de ansiedade, como é que vai ser o impacto da mensagem que você tá enviando pra essa pessoa, ou então se eu estivesse de fato errado, já foi ruim, porque me distraiu, já me deixou me sentindo mal porque eu falei “Cara, se essa pessoa tá mandando mensagem sábado a essa hora, ela tá desconfiada de que a gente não tá fazendo um bom trabalho”, a primeira coisa que me veio à cabeça, o lado pessoal
Rafael Abreu – Lado pessoal e assumir coisas né
Henrique de Moraes – Exatamente, assumir, mas o que me incomoda mais é isso sabe, as pessoas elas esquecem que aquilo ali tem uma responsabilidade, você tem responsabilidade sobre o que você está fazendo
Rafael Abreu – Concordo, eu tenho agora como empreendedor e eu contratei gente jovem para trabalhar comigo, eu tenho um prezado bastante por isso, então eu tenho evitado cada vez mais tipo não mandar e-mail ou qualquer tipo de mensagem a partir de determinado horário e final de semana, porque eu não gosto que façam comigo, e exatamente isso aí que você falou, às vezes você manda uma mensagem assim “Você fez aquele negócio?”, se você mandar na sexta-feira 8 da noite, cara por mais que a pessoa, às vezes a maioria, algumas pessoas normalmente as mais inseguras que vão se dizer workaholics e determinadas, elas vão fazer na sexta-feira. Beleza, louvável, maiores chances deles continuarem empregados porque a maioria das empresas busca pessoas assim, mas se ele não fizer ele vai ficar com aquilo na cabeça o final de semana inteiro, talvez pensando na morte da bezerra e “Caraca, preciso fazer, vou fazer na segunda feira na primeira hora do dia” cara, deixa ele viver o final de semana dele, entendeu? Óbvio que, e você perde também o senso real de urgência e importância daquilo, porque tudo vira importante, porque se for realmente importante, pega o telefone e fala “Cara, você pode fazer hoje por causa disso e disso?”, em vez de você mandar aquilo e a pessoa assumir, aumentar a proporção daquele negócio, passar um final de semana de merda e na segunda-feira resolver, então cada vez mais eu quero prezar pela saúde mental e psicológica de quem trabalha comigo, tem um livro legal também o “Trillion Dollar Coach”, do Eric Schmidt que é você fazer com que as pessoas se sintam seguras, é bem importante, eu me senti inseguro durante muito tempo da minha carreira e isso é muito nocivo.
Henrique de Moraes – Verdade. É, acho que sobre WhatsApp é isso, não vou me extender mais não. Você tem algum filme ou documentário favorito? Ou pode ser os dois também, um filme e um documentário.
Rafael Abreu – Cara, eu gosto muito do “Um Sonho de Liberdade”, mas é besteira, é só um filme que eu vi há muito tempo atrás e eu acho que o cara conseguiu muito bem construir uma trama que é bizarra, sem ela parecer, ela pareceu muito natural a história do filme, não vou contar por causa de spoiler mas quem quiser ver, veja que vale muito a pena, acho que se não me engano por aquele site IMDb é considerado um dos melhores filmes do mundo.
Henrique de Moraes – Acho que já vi não lembro, vou ver de novo
Rafael Abreu – É o cara que é preso acusado de assassinar a mulher. Documentário que eu me lembre não.
Henrique de Moraes – E como é que você faz pra se manter atualizado? E pode ser tanto do seu trabalho como não
Rafael Abreu – Cara meu trabalho é ler, então eu tenho acesso à algumas coisa de pesquisa que fala sobre assuntos diferentes, um deles é o 13D, que é uma consultoria que fala de diversos assuntos mais ligados à mercado financeiro, econômico, e aí fala sobre política, indústrias, tendências, etc. Esse negócio que a internet e o celular são mais nocivos pro cérebro, pra atenção do que a maconha veio de lá, eles pescaram isso em algum lugar. Bloomberg eu uso pra seguir notícias em geral e dado econômico, Twitter é para mim a melhor melhor fonte de informação que tem, porque você escolhe quem você quer para fazer sua a curadoria, Twitter é a única rede social onde você consegue escolher quem traz informação pra você, então você é menos bombardeado por coisas, distrações, ao mesmo tempo você pode entrar num echo chamber, uma câmara de eco que é você só consumir o que você busca, e aí também você fica com uma visão um pouco mais fechada, mais enviesada do mundo, e jornal, o The Wall Street Journal e o Valor Econômico são os dois que eu assino e é isso, revista hoje em dia nada
Henrique de Moraes – E essa pergunta que eu roubei do Tim Ferris, você vai conhecer, mas se você pudesse botar um outdoor?
Rafael Abreu – Cara eu penso sempre nisso, eu quero fazer uma tatuagem, não tenho, eu acho que antes de morrer eu vou fazer e eu nunca consegui fazer essa tatuagem porque eu nunca sei, eu sempre fico assim “O que eu busco com essa tatuagem? Eu Quero mostrar alguma coisa para alguém, que elas achem isso de mim ou eu quero passar uma mensagem pro mundo?”, eu tenho um pouco disso, muito idealizador, querer forçar meu ponto de vista nas pessoas e cara, tem um cara chamado Hunter Thompson que um texto chamado “Security”, e eu não vou lembra aqui mas basicamente o cara diz assim, falando sobre felicidade quem é a pessoa mais feliz? É a pessoa que viveu sempre segura, fazendo as mesmas coisas e não tomando riscos, não experimentando nada ou a pessoa que tipo rodou na pista, saiu pelo acostamento, fez a curva, capotou mas chegou vivo no final, entendeu? Acho que a vida é um pouco, se eu fosse escrever alguma coisa seria alguma mensagem ligada a “cara, a vida é uma só, todos vamos morrer”, o Ryan Holiday né do “The Obstacle Is the Way” ele tem o memento mori lá, a frase dele que é “Cara, a gente vai morrer”, então assim, o que você quer levar, agora uma frase é muito difícil
Henrique de Moraes – Aquela então, que eu acho que é do Bob
Rafael Abreu – É acho que essa “Não leve a vida tão à serio, que você vai sair dela morto”, essa talvez seja uma grande candidata mesmo. Eu tenho um livro de frases
Henrique de Moraes – Mas que você anota?
Rafael Abreu – É, eu normalmente anoto quando tô lendo materiais diversos, ouvindo um podcast ou qualquer coisa, eu vou e anoto as frases no Google Keep, coloco lá um tagzinho, um label de “quotes”, e aí depois um dia que eu estou em casa com a cabeça tranquila eu pego esse caderno e passo a limpo algumas e arquivo elas no Google Keep e vou guardando esse caderno, tem uns 4 anos.
Henrique de Moraes – E como é que as pessoas podem te encontrar? Você tá em algum lugar?
Rafael Abreu – Tem o Twitter @thetailchaser, tem o blog, que é no-shortcut.com e basicamente isso aí
Henrique de Moraes – Show. Rafa, obrigado pelo seu tempo aí
Rafael Abreu – Hora de voltar pra casa, pro meu filhote e minha esposa que vai estar querendo me matar
Henrique de Moraes – Espero que você fique vivo pra gente conseguir fazer outro
Rafael Abreu – Esse foi melhor, né?
Henrique de Moraes – Foi melhor, eu boto um trecho do outro pras pessoas entenderem como é que tava o grau Rafael Abreu – Essa é boa