Marcell Almeida é CEO e co-fundador da PM3, empresa referência em cursos de gestão de produto no Brasil que recentemente anunciou uma aquisição de participação relevante da startup pelo Grupo Alura.

é também fundador da Camp, que realiza alguns dos principais eventos de product management do mercado.

com passagem por empresas como Nubank, Easy Taxi, VivaReal, Seek e Intuit, Marcell possui mais de 10 anos de experiência com gestão de produtos em empresas de rápido crescimento.

além de empreendedor, Marcell é investidor-anjo, já tendo aportado em cinco startups do ecossistema de inovação.

se quiser saber mais sobre ele, é só entrar em:  https://www.marcell.com.br/

e, para os ouvintes que são da área, Marcell e o pessoal da PM3 trouxe uma surpresa: 10% de desconto em todos os cursos.

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LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Bernard De Luna
  • Nara Iachan
  • Tenacious D
  • Bento XVI
  • Dan Mark Printes
  • Bruno Coutinho
  • Al Pacino
  • Steve Jobs
  • Paulo Lemann
  • Sara Blakely
  • Malcolm Gladwell
  • The Weeknd
  • Ed Sheeran
LINKS IMPORTANTES

se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.

Henrique de Moraes – Fala Marcell, seja muito bem vindo ao calma!, prazer ter você por aqui cara e obrigado aí pelo seu tempo, sei que tirar uma hora e meia para conversar com um careca barbudo não é fácil, especialmente quando tá empreendendo, é difícil então obrigado cara pelo seu tempo

Marcell Almeida – Muito obrigado Henrique é um prazer estar aqui, prazer falar com você e com pessoas que escutam o podcast que aborda assuntos que eu não tô acostumado a falar em outros podcasts então tô super feliz de estar aqui e trocar esse tipo de ideia.

Henrique de Moraes – Show, maravilha cara. Bom eu queria começar te perguntando sobre o que você faz, engraçado porque eu já trouxe aqui um product manager não sei se você conhece, o Bernard De Luna, provavelmente conhece mas a gente acabou não falando sobre o que ele faz, a gente foi tão profundo lá nas particularidades do Bernard porque eu já tinha também, já trabalhei com o Bernard de certa forma então assim, a gente tinha um background ali em comum e acabou que a gente foi muito mais para um caminho de coisas malucas que ele já fez na vida dele, que já fez muitas e eu acabei não pedindo para ele explicar né o que faz um PM né. E aí para facilitar pras pessoas que estão ouvindo, já que a gente tem gente de todas as áreas eu queria que você explicasse da maneira mais simples possível então finge que eu sou seu tio, tô num churrascão e eu te pergunto “Mas cara o que você faz? Ainda não entendi”, que é a pergunta que eu recebo também tá, trabalhando com agência as pessoas falam “O que você faz no final do dia?”, então assim vamos lá cara finge que eu sou seu tio e me explica aí cara o que você faz.

Marcell Almeida – Ao longo desses anos essa é a melhor explicação que eu consegui mas ainda acho que ela não é a melhor do mundo mas é a melhor que eu consigo dar porque acontece, acontece realmente isso não só com tios, em vários outros lugares, às vezes até amigos que não são da área então basicamente o que é essa pessoa de produto, muitas vezes chamada por gerente de produto né que é um cargo mais popular, é uma pessoa que fica no meio-campo entre negócios e tecnologia e ela tenta encontrar oportunidades no mercado, seja conversando com os usuários ou entendendo a oportunidade de mercado mesmo de tamanho de mercado e tenta tangibilizar isso através do software, através da tecnologia. Então se eu detecto um problema como por exemplo as pessoas tem problema em se locomover dentro da cidade, então vou criar um aplicativo que vai facilitar com que eu aperte um botão e um motorista venha me buscar. Beleza isso é super simples e sim, tem uma pessoa de produto ali pensando nisso só que o processo por trás que é o complicado, é igual você tentar minimizar o dentista, “Não o dentista é só aquele cara que limpa o dente, é só o que ele faz” não, tem uma série de estudos, uma séries de processos, ele faz milhares de coisas para limpar da melhor forma, para deixar o dente saudável então obviamente nessa disciplina de produto a pessoa também precisa aplicar técnicas, aplicar frameworks, aplicar o melhor possível dado aquele contexto para conseguir alcançar os resultados que é basicamente resolver uma dor do usuário ou atender uma necessidade do mercado, então é isso que o gerente de produto faz, é uma pessoa híbrida de negócios e tecnologia e muitas vezes é uma pessoa generalista, você encontra alguns especialistas, alguns produtos super especialista em dados, você encontra mas de maneira geral eles costumam ser um pouco mais generalistas do que especialistas.

Henrique de Moraes – É, pelo que eu percebi assim conversando com algumas pessoas quase que rola uma transição ali, foi como você falou, tem um pouco de empreendedorismo porque você tem que entender muito do business ali, do negócio mesmo, você tem que estar bem submerso né, você não consegue trabalhar de maneira superficial pra você construir porque você tá fazendo basicamente a parte mais importante do negócio e ao mesmo tempo você tem que transitar ali pelo marketing também porque você tem que ter técnicas de growth por exemplo, porque acho que faz parte e acho que você também já passou um pouco por essa área né especificamente também de trabalhar com crescimento, de negócios, não só na parte de fato de criar o produto em si né mas beleza, acho que a gente pode ir ao longo do episódio falar um pouco mais conforme a gente for falando até sobre a sua experiência, acho que a gente vai conseguir entender um pouco melhor a cabeça né por trás de um product manager.

Marcell Almeida – Acho que sim, espero que sim porque meio que já virou um pouco de mim né, algumas coisas que eu aplico no dia a dia de produtos já virou um pouco de como eu aplico coisas na minha vida então acho que vai acabar saindo coisa aí.

Henrique de Moraes – Show, fechado. Eu queria pedir então pra você começar contando um pouco da sua história assim né, se você pudesse falar os pontos mais importantes, as coisas mais relevantes que você fez, eu vou pedir até pra galera colocar na descrição do episódio, que tem até um link do Notion aqui que você tem bem estruturadinho inclusive, todos os projetos mas assim, se você puder contar da sua forma assim como é que as coisas aconteceram até você chegar onde você está hoje em dia.

Marcell Almeida – Claro, claro, legal. Olha muitas coisas não aconteceram, a grande maioria na verdade, não aconteceram de propósito e foi muitas coisas foram acontecendo ao acaso então desde criança eu fazia site, brincava de fazer site. Eventualmente eu fiz um site de pirataria, por exemplo e o site dava bastante visita e era pirataria mais focada em jogos, eu tinha sei lá 11 anos, nem sabia que eu tava fazendo pirataria, momentos iniciais da internet, eu queria dar, disponibilizar aos outros, pras outras pessoas acessarem e baixarem jogos, era isso que eu queria fazer

Henrique de Moraes – Então pirataria que você quer dizer é no sentido de disponibilizar os jogos pagos gratuitamente, era isso?

Marcell Almeida – Isso. Need for Speed, “Você pode baixar Need for Speed aqui, não precisa comprar” era isso mas eu não ganhava dinheiro, não ganhava nenhum centavo, na verdade eu gastava minha mesada fazendo isso

Henrique de Moraes – Era quase um Napster dos jogos ali né

Marcell Almeida – É mas era divertido, eu gostava. Deu uma série de problemas isso eventualmente, sempre derrubavam meu site e aí eu “Ah acho que tô fazendo coisa errada” e cansei de ficar lutando contra os servidores e nisso eu cheguei a fazer um site, blog né na época blog bombava mais, hoje blog nem bomba tanto, tem podcast, Instagram, uma série de redes sociais mas na época blog bombava muito e eu consegui, e fui estudar SEO na época, já deveria ter uns 15, 16 anos e aí o blog bombou muito, comecei a rankear muito bem em várias keywords e aí eventualmente um e-commerce comprou meu blog porque eu tava rankeando por acaso em várias páginas deles e aí eles compraram. Então eu vendi o site, não ganhei muito dinheiro, não fiquei rico nem nada mas com 15, 16 anos foi uma experiência divertida e gratificante assim e de novo, foi por acaso, eu não fiz SEO para poder criar um e-commerce não, aconteceu.

Henrique de Moraes – Deixa eu te perguntar cara sobre isso, posso te interromper?

Marcell Almeida – Claro

Henrique de Moraes – As histórias são muito curiosas. Nesse caso quem que negociou com o e-commerce, foi você diretamente?

Marcell Almeida – Fui eu, eles mandaram um e-mail eles acharam meu e-mail e mandaram, meu e-mail ainda era da UOL, as pessoas usavam e-mail da UOL e eu pagava pelo e-mail e me mandaram falando “A gente está interessado em comprar esse site” e aí a gente fez uma negociação, foi um valor que hoje em dia seria simbólico e no mês seguinte ele tiraram tudo do ar e redirecionaram tudo para o site deles, então na verdade eles estavam bem preocupados em conseguir tráfego orgânico porque eu tava pegando tudo, porque o nome do blog era o mesmo nome do e-commerce, só que eu fazia tanto conteúdo mas tanto conteúdo que eles não conseguiam posicionar, e acabou sendo isso.

Henrique de Moraes – Que tipo de conteúdo você fazia na época, você lembra?

Marcell Almeida – Eu postava, bem coisa de criança né, o blog era “Tem tudo de tudo e mais um pouquinho”, tinha de tudo mesmo, algumas resenhas que eu escrevia sobre algum assunto desde vídeos engraçados ou então gadgets bacanas para comprar, coisas assim, de tudo mas eu postava uns 5 posts por dia então tinha muito conteúdo mesmo, e rankeava.

Henrique de Moraes – Caramba, e o e-commerce era de que?

Marcell Almeida – De roupas, nem sei se existe hoje ainda mas era de roupa. Não era um e-commerce gigante ou famoso não.

Henrique de Moraes – Acho que eles tinham que ter te contratado na verdade, a estratégia foi errada.

Marcell Almeida – Pois é eu poderia ter feito o SEO deles

Henrique de Moraes – “Gera conteúdo pra mim pô”

Marcell Almeida – Pois é. 

Henrique de Moraes – Beleza, continua cara

Marcell Almeida – E depois disso eu tive, já não lembro a ordem mas acho que depois disso eu fiz um site de memes, sabe aqueles primeiros memes que eram uns desenhos todo em preto e branco, tipo o troll face, o forever alone, esses memes bem do comecinho, eu tinha um blog disso que ficou bem grande mesmo, um dos maiores da época, era eu e mais um amigo e a gente ganhava uma boa renda, aí já devia ter 17, 18 anos, uma boa renda eu era universitário, estudava à noite, teve época que dava R$ 500, R$ 600 por dia então eu “Pô tá ótimo”, claro que isso não durou muito tempo porque foi numa época que existia a Boo-box, existia o Lomadee que era um programa tipo um AdSense do Buscapé, da época e eles pagavam muito alto e a gente conseguia como tinha muito volume de tráfego e na verdade aquilo não era tráfego qualificado porque as pessoas entravam, viam a imagem do meme e saíam fora mas eles pagavam por impressão então a gente ganhava muito. Não durou muito tempo, durou uns 6 meses e um pouco mais e aí eles mudaram o programa, eventualmente a Boo-box e Lomadee fecharam também.

Henrique de Moraes – O que aconteceu com a Boo-box cara, você sabe? Curiosidade total aqui porque eu lembro

Marcell Almeida – Eu sei que eles venderam, sei que foi vendido mas eu não sei em que pé ficou, se não tinha dinheiro ou se faliu, realmente não sei em detalhes, só sei que venderam mas aí acabou a operação né e eu perdi o fio da meada

Henrique de Moraes – Você tava falando que eles mudaram, adsense começou a pagar menos e acabou que perderam a fonte de receita ali.

Marcell Almeida – E não era uma coisa gratificante sabe, eu fiz com um amigo pra surfar na onda e a gente acabou sendo um dos primeiros e bombando mas nem eu nem ele curtia ficar fazendo meme de desenho no Facebook né porque o Facebook bombava pra esse tipo de conteúdo, acho que nem tinha Instagram ainda ou se tinha ninguém usava então a gente meio que largou de mão e parou de fazer. Talvez se a gente tivesse continuado, tentado pivotar o conteúdo ou então a audiência era mais ou menos da nossa idade talvez se a gente tivesse trabalhado outro tipo de conteúdo poderia ter sido uma saída mas a gente só largou de mão e morreu, o site deixou de existir. Aí eu vou começar a resumir senão vou ficar falando muita coisa, depois eu fiz um site chamado “Aplicativo do dia” junto com outro amigo e não deu muito certo porque a gente só falou “Vamos dar um aplicativo que é pago de graça por um dia para as pessoas e elas baixam aqui” saiu todo errado o pensamento, na verdade a gente estava vendo o benchmarking de fora, a gente meio que queria copiar e fazer o brasileiro mas não existia dor, não existia necessidade, as pessoas não estavam se importando então a gente não conseguiu nem gerar tráfego direito, a gente montou todo um design bonito, site incrível, acho que até hoje o design seria bonito de tão bonito que tava mas não adiantou nada, foi um erro clássico de tentar empreender. Eu tive um podcast, inclusive a gente tava falando no comecinho antes de gravar, “Pô que legal essa ferramenta” cara eu namoro a ideia de ter um podcast de novo há anos, uns 4 anos eu acho porque eu tive um podcast em 2011 que eu super me arrependo de ter parado, um dos meus maiores arrependimentos porque era um podcast que abordava cultura pop de maneira geral então a gente abordava “Ah o Tenacious D lançou um novo álbum” ou então na época o papa Bento XVI pediu renúncia, aí a gente chamou uma pessoa da igreja e essa pessoa mais eu e dois amigos batíamos um papo sobre isso e era bem legal, a gente fazia isso bebendo e o nome do podcast era “Dentro da Garrafa”, a gente fazia bebendo então ficava bem mais solto no podcast, era muito legal e ele chegou a ter uma audiência que para a época 2011, 2012 para podcast era incrível, chegava a 4 mil, 5 mil plays num episódio e eu vejo que tem muito podcast que tem até patrocínio hoje em dia que não chega nem na metade de plays então eu fico bem triste, era pra ter continuado imagina enfim, uma tristeza. Então tive esse podcast, a gente falou sobre várias coisas de filme e tal, eventualmente fui morar fora do país e a gente parou e não voltou. Depois disso me mudei para São Paulo, trabalhei no Easy Taxi, comecei a trabalhar em várias startups, saí do Easy Taxi para montar uma fintech de finanças pessoais bem similar ao GuiaBolso que é o mais popular que tem hoje, GuiaBolso, Mobills, se chamava Grana, também não deu certo a gente não conseguiu monetizar a gente tinha até bastante usuário mas não conseguiu monetizar, um problema bem similar ao que a gente teve no Aplicativo do Dia, era o mesmo software inclusive e a gente não conseguiu, não decolou. Eventualmente o dinheiro acabou, voltei pro mercado e aí fui trabalhar em empresas de tecnologia como VivaReal, trabalhei no Nubank, Intuit e outras empresas. Então diria que a trajetória em resumo é bem nesse sentido, comecei como moleque sem querer, fazendo as coisas brincando e eu acho que olhando em retrospecto parece que tudo se conecta mas a maioria das coisas não eram propositais, foram acontecendo então sei lá tem um pouco de, óbvio tem a culpa minha de estar fazendo as coisas mas também tem a coincidência das coisas se conectarem.

Henrique de Moraes – Sim com certeza e em que ponto surge a PM3, como é que isso surgiu na sua mente e como virou um negócio?

Marcell Almeida – No VivaReal, eu entrei no VivaReal também por um grande acaso porque na época eles tinham feito um programa de, uma espécie de incubadora e selecionaram algumas startups porque eles tinham um andar inteiro sobrando vazio, um andar de prédio e “Sei lá vamos colocar aqui umas 8,10 startups e a gente aproveita, os founders iam lá bater papo e tal” aí a gente se inscreveu e passou e começou a trabalhar de lá, e pra gente era ótimo porque a gente não tinha onde trabalhar, trabalhava ou na sala ou no café, todo dia um lugar diferente, era bem ruim. E era legal, tinha wi-fi, tinha umas frutinhas para a gente comer, pra gente que não tinha nada de grana era muito bom e aí quando eu saí da empresa, do Grana eles falaram “Vem trabalhar com produto aqui então” eu já tinha a experiência de produto no Easy Taxi e aí eu fui, e foi no Viva Real que isso aconteceu, eu converso muito com o pessoal o pessoal de lá, com os founders e ele explica que foi uma iniciativa que surgiu no quintal do VivaReal e é mesmo então a primeira coisa que aconteceu foi, em 2016 ou 2017 mais ou menos eu queria conversar com outros gerentes de produto e não tinha em São Paulo assim, não tinha um evento, não tinha nada de produto, tinha no máximo um grupo no Facebook que a gente sabe como é grupo no Facebook né, ninguém participa, todo mundo tá lá e ninguém participa. Aí eu falei “Vou fazer um evento” no VivaReal que eles tinham um auditório bacana que cabiam 150 pessoas e aí eles toparam patrocinar e patrocinar era botar um câmera pra filmar e dar uns comes e bebes pra galera, eu falei “Beleza, deixa comigo que eu toco”, aí eu criei um evento chamado Product Camp e na época eu queria que só fossem pessoas de produtos, e eu nem cobrava, nem ia ganhar dinheiro. Aí fiz um processo seletivo que muita gente ficou puta comigo na época mas era o meu objetivo então assim, não era por maldade, eu fazia as pessoas submeterem um formulário de inscrição com o LinkedIn delas e eu aprovava uma por uma, então se chegava alguém do marketing por exemplo eu não aprovava, falava “Não, você não é de produto e o evento é só pra produto, só tem 150 lugares então produto tem prioridade” e eu ainda dei uma prioridade a mais pra quem era de fora de São Paulo, veio uma galera de Floripa e tal, porque a minha ideia era conhecer pessoas e provavelmente tinham outras pessoas com a mesma dor que eu que querem se conhecer então vou ao máximo tentar com que seja só pessoas de produto. Na época o pessoal ficou com muita raiva de mim mas deu certo, eu que olhando de novo em retrospecto acho que isso fez o Product Camp ser o maior evento da América Latina de produto hoje porque no comecinho poucas pessoas que conseguiram ir porque no lugar não cabia todo mundo e você tinha que passar por um processo de avaliação e tal então meio que sem querer acabou sendo um growth loop que aconteceu. Não existia a PM3 ainda, aí no segundo ano a gente fez o Product Camp no Nubank, mesmo esquema patrocínio, as pessoas se inscreviam e a gente aprovava e era tudo de graça, ninguém ganhava dinheiro, não tinha nem CNPJ e aí deram 350 pessoas.

Henrique de Moraes – Você tava no VivaReal ainda?

Marcell Almeida – Não aí eu já tava, não era mais no VivaReal, eu tava na Intuit eu acho não lembro mas eu já tinha saído do VivaReal. E no Nubank cabiam mais pessoas, cabiam 350 pessoas então conseguiu ser um evento maior e foi muito legal porque um dos patrocínios que a gente conseguiu era uma transmissão ao vivo do evento gratuitamente e de novo, continuava na mesma premissa, conhecer pessoas, fazer aquilo de graça e vambora. E aí bombou muito o evento, acabou sendo de novo sem querer mais um growth loop, as pessoas podiam se inscrever e viam o que elas estavam perdendo no evento presencial e aí ficavam “Na próxima eu quero ir porque parece ser muito bacana o presencial”. E aí em 2018, na verdade no final do Product Camp de 2017 no Nubank o Dan que é um dos meus sócios na PM3 ele falou “Pô Marcell vamos fazer um curso de produto, olha a demanda, olha a quantidade de pessoas aqui querendo aprender e a gente sabe como é difícil contratar” e é verdade porque eu lembro que quando eu tava saindo não só por causa de mim mas era difícil sempre, eu tava saindo do VivaReal ou então na época que eu tava lá ainda a gente tinha dificuldade absurda de contratar, é difícil a gente entrevistava muita gente e não era fit com o que a gente queria ou então não tinha as hard skills que a gente queria e a gente tava procurando pessoas bem senior, era muito complexo. E aí o Dan, que trabalhou comigo na VivaReal ele falou isso e eu falei “Pô vamos fazer sim, acho que tem demanda, na nossa lista de espera ficaram 2.500 pessoas então acho que tem demanda mesmo, vamos fazer” aí ele me conectou com o Bruno, que é o outro sócio da PM3 que toca todo o marketing porque o Dan falou “A gente tem que chamar alguém de marketing bem power assim porque a gente não é muito de marketing”, aí eu “Beleza, vamos chamar” aí ele conhecia o Bruno e foi aí que conheci ele e eu lembro das conversas iniciais aqui na empresa que eram “Cara vamos fazer um curso, a gente vai ajudar a comunidade e a gente vai ter uma renda passiva bacana, manter nossos empregos”, eu falei “Beleza, tirar ali num R$ 2 mil por mês, R$ 3 mil por mês, um trabalhinho de emissão de nota, tá tudo certo”, e a gente falou “Vamos fazer online porque aí a gente não tem que ficar fazendo aula ao vivo”, “Beleza vamos fazer”. O curso demorou, porque a gente não sabia fazer nada disso né, demorou uns 8, 9 meses para gravar porque a gente não sabia como gravava, aí chamava um amigo do amigo com uma câmera, confusão, caos, hoje em dia tá profissional mas na época era caos total e as coisas foram tomando proporções bem grandes, hoje a empresa é bem maior do que qualquer um de nós imaginava que ela poderia ser, e aí em 2018 o Product Camp aconteceu junto com a PM3, uma vez que na época já tinha o CNPJ da PM3, p Product Camp continuava algo informal e aí a gente fez um piloto, mas como visão da empresa o Dan e o Bruno falaram “Acho que não combina evento com empresa, a gente quer fazer coisas escaláveis por isso a gente pensou em curso online, evento dá muito trabalho” porque enfim,o trabalho de evento é surreal, a margem é menor do que online, não é nem um pouco fácil, tem outros fatores que valem a pena fazer em evento, o networking, a emoção, era emocionante fazer evento que era o que eles não queriam, aí eu falei “Beleza” e acabei fazendo outra empresa, que é a Camp hoje, que tem o Product Camp, Growth Camp e Product Stars com outro sócio mas aí veio a pandemia e a parte de eventou ficou com dificuldade mas a PM3 tá super bem, a gente tá numa crescente excelente mas por isso que eu tava falando muito dos pontos em retrospecto porque a gente olha em retrospecto “Ah tudo se conectou, ele fez o evento que era exclusivo e aí depois fez o online, de graça” não foi de propósito, foi rolando então foi assim que surgiu a PM3 e a gente tá lançando agora nosso 4º curso daqui a pouco, então estamos acelerando e tá sendo bem legal.

Henrique de Moraes – Maneiro. Da onde vem o 3 no nome, só por curiosidade?

Marcell Almeida – Ah a gente não fala

Henrique de Moraes – Ah é? É tipo banda, banda tinha essas coisas antigamente

Marcell Almeida – Exatamente. Se você lembrar do Blink 182

Henrique de Moraes – Isso, foi essa referência que me veio à cabeça

Marcell Almeida – Tem uma série de teorias e eu lembro que uma das teorias é porque é o número de vezes que o Al Pacino fala “fuck” num dos filmes que ele faz, não lembro. Mas assim, posso dar algumas dicas que as pessoas falam, “Ah é 3 porque o PM fica no meio de produto, tecnologia, design e negócios”, “Ah é 3 porque são 3 sócios”, não sei a gente não fala, então fica aí o mistério.

Henrique de Moraes – Boa. Cara voltando aí um pouquinho na sua trajetória, voltando nessa coisa da conexão dos pontos, alguma dessas empresas que você passou porque você passou por várias empresas super relevantes, algumas num momento ali de crescimento, outras já maduras, etapas completamente diferentes enfim, qual delas para você teve de repente o maior aprendizado assim se é que você pode falar de algumas né porque é difícil, cada uma sempre ensina um pouquinho mas olhando assim, olhando para trás e fazendo essa coisa da conexão dos pontos lá do Steve Jobs qual foi a que de repente deu um salto maior assim para você de aprendizado, você lembra?

Marcell Almeida – Eu não tenho dúvidas que foi VivaRea, não tenho dúvida nenhuma porque eu já tinha uma certa experiência no Easy Taxi mas a estrutura de produto lá não era madura, era bem complexa e a cultura também não era forte e quando eu entrei no VivaReal eu lembro do meu primeiro mês lá, minha primeira reunião e produto que tinham umas 10 pessoas assim de produtos e eu falei “Caraca olha onde eu estou, só por gente foda” e sério eu achava incrível estar lá e sério, acho que durante toda a minha jornada, até quando eu saí e eu acho que até saí cedo, deveria ter ficado mais tempo, até quando eu saí eu falei “Nossa eu deveria ter ficado mais por acho que ainda ia aprender” e saí já pensando “Tô aprendendo menos” mas tava comparando errado, tava comparando o quanto que eu tava aprendendo desde o meu comecinho até agora e lógico que você começa a aprender menos com o tempo, mas foi lá sem dúvida porque a cultura era incrível e várias coisas da cultura da PM3 hoje vem de lá, você acaba herdando as coisas positivas, as negativas também mas você tenta herdar só as positivas pra replicar, então tem muita coisa da cultura do VivaReal, gostava muito da forma de trabalhar, gostava das pessoas, de como a gente olhava pra visão e deu muita sorte de ter um time muito senior ali junto comigo pra eu conseguir crescer e aprender com eles. Me surpreendia que muitas vezes eu acabava ensinando coisas também mas eu me sentia muito bem acolhido e aprendi muito lá com todo mundo.

Henrique de Moraes – Maneiro, fantástico. Vou te pedir pra de repente se aprofundar um pouco mais nessa questão da cultura que assim, cultura de empresa é uma coisa que é tão falada hoje em dia assim e acho que pouca gente de fato, primeiro entende de fato o que é e especialmente sabe criar uma cultura que faça isso que você falou né, que cause impacto nas pessoas que estão passando por ali né então você lembra, assim duas coisas, duas perguntas, duas formas de desdobrar isso e eu tô tentando inclusive ajudar aqui na minha própria curiosidade porque eu tenho dificuldade com isso assim e sei que muita gente tem né no final do dia, pra quem empreende esse é um dos maiores desafios eu acho, como você cria uma cultura que deixe as pessoas primeiro, que elas trabalhem mais motivadas e que isso também passe de uma maneira coesa né e fique claro para todo mundo né o que você tá querendo passar. Então assim, primeiro o que você percebeu, o que te fez notar essa questão cultural e você lembra de ações específicas assim que eles faziam para manter a cultura viva entre as pessoas ali do time?

Marcell Almeida – Parece bobo assim mas para mim que quando eu entrei lá e foi a primeira vez que eu tive experiência de uma cultura forte e bem trabalhada, de novo, vai aparecer muito bobo até porque várias empresas cools hoje tem isso mas pra mim era novidade, eu ia no banheiro e em cada box do banheiro tinha na minha frente assim escrito “Fazemos o que é certo”, e era um valor que era repetido pela liderança o tempo inteiro, então a gente pensava muito nisso e aí no outro box tinha escrito outro valor, que era “Pensamos no consumidor” e era uma coisa que, principalmente como produto a gente pensava muito e como era marketplace a gente tinha decisões difíceis a serem tomadas, “Será que a gente vai fazer isso aqui que vai beneficiar o consumidor mas a gente vai perder X mil de receita”, ou “A gente vai deixar chateado X mil corretores, será que vale a pena?” claro que envolve o negócio, tem que decidir mas aquele valor pesava na hora de decidir sabe e não era um peso que era eu que tava carregando, todo mundo pesava, por mais que as decisões às vezes não eram olhando só pro consumidor porque éramos um negócio, uma empresa, mas pesava a gente participava das reuniões com a liderança e pesava e era muito louco ver isso acontecer e ver que não era só valor na parede. E eu fui muito impactado por, “Fazemos o que é certo” inclusive é um que a gente levou ali pra PM3. Eu sei que muitos desses valores vem de empresas de fora e também tem n livros que falam sobre isso mas eu vi acontecer e acho que por isso acabou me impactando bastante. Outras coisas que eu via muito era a abertura, a cultura aberta né, óbvio que não era tudo 100% transparente mas a cultura aberta e eu poder ter acesso à qualquer pessoa, eu marcava reunião com o CEO porque eu queria discutir tal coisa ou o CEO vem comigo pra falar uma ideia doida mas ele sabia que não só porque ele era CEO e tava dando uma ideia que eu ia priorizar mas ele queria discutir com alguém e já era uma empresa de quase mil pessoas então ver isso acontecendo era muito legal. E a mesma coisa as minhas iniciativas lá, o Product Camp, poxa não é toda empresa que fala “Toca o evento aí, a gente vai te dar um cara para filmar, vai gravar um vídeo, vai te dar comes e bebes e toca aí que a gente vai divulgar” não é todo mundo que faz isso. O primeiro curso da PM3 a gente gravou inteiro no VivaReal, já era Grupo ZAP na época, era a mesma gestão e eles falaram “Claro, podem vir mas só pode ser sábado e domingo” e a gente falou “Tá ótimo, a gente só pode gravar sábado e domingo porque a gente também tem emprego” então a gente ia lá todo sábado e domingo gravar então assim, não é qualquer empresa que vai fazer isso sabe, que vai falar “Usa lá meu escritório, confio em vocês”, e acho que outro ponto é que tinha também um forte ponto de transparência de números financeiros, de como tava o budget, se a empresa foi bem nesse quarter ou não, e não é toda empresa que libera esse tipo de informação pros funcionários então era muito legal e eu realmente gostava muito e eu na época, até falando um pouco aqui, acho que não tem problemas mais hoje em dia de falar disso, já passaram tantas aquisições e fusões o VivaReal mas na época uma das coisas que me fez sair foi, e me arrependo disso tá sinceramente, a gente tava indo pra uma direção muito boa, muito liderada por produto e de repente, do nada mudou tudo e a gente não sabia direito porque tava acontecendo, só ouvia aquelas conversas de corredor e hoje, mais senior e numa posição mais em cima eu consigo entender isso porque realmente a liderança não podia falar que tava rolando uma fusão, eles não podiam falar, se eles falassem a fusão poderia ir pro saco, só que eu fiquei puto, fiquei frustrado, “Pô eles não estão falando, tá acontecendo alguma coisa, fuderam nossos planos” e aí começou a vir uma série de problemas na cabeça do tipo “Acho que não tô mais aprendendo aqui, não é legal” mancada assim, foi muito minha ansiedade, acho que até tem a ver com o podcast porque foi muito minha ansiedade querendo uma resposta rápida e faltou maturidade para entender “Pô tá acontecendo alguma coisa e eu posso esperar”. Hoje eu saberia que estaria acontecendo alguma coisa e talvez até chamasse alguém da liderança e perguntado “Tá acontecendo alguma coisa? Posso ajudar em algo?” mas na época não, ficava “Ah eles não querem me falar” então acho que eu errei em pensar assim. Eu não fiquei tóxico nem nada do tipo mas isso me fez querer sair mais rápido, poderia ter ficado mais 1, 2 anos e aproveitado ali. Não foi ruim porque eu vivi outras experiências bem legais e me deram um aprendizado incrível também mas até hoje eu sinto falta de como era trabalhar lá, eu sinto falta é impressionante, das pessoas e da cultura, é surreal assim então toda empresa que eu entrava eu falava “Isso aqui parece o VivaReal”, “Lá era melhor”, é muito louco

Henrique de Moraes – Virou sua base de comparação

Marcell Almeida – Exatamente.

Henrique de Moraes – Cara, sensacional. Acho que esse é o ponto mais difícil né, de você conseguir ser tão assertivo né se parar pra pensar, no tamanho de empresa e você se manter, e de crescimento rápido né ainda por cima porque ainda tem isso, tem a empresa em que você tá construindo 15 anos e você conseguiu chegar no tamanho mas não, tem as empresas que chegam nisso muito rápido e pra manter a cultura é ainda mais difícil né, tem que estar muito forte, muito enraizado na liderança, enfim. Sensacional cara, história muito boa. E voltando aqui um pouco também nos seus aprendizados, você falou por exemplo de duas startups, do Aplicativo do Dia e do Grana em que cada um teve ali algum mole que vocês deram, algum erro ou alguma imaturidade que rolou para isso não funcionar, do Aplicativo do dia você falou que vocês não testaram né, basicamente se fosse resumir. não teve teste e o do Grana parece que foi mais por conta de não encontrar ali o modelo de receita, certo?

Marcell Almeida – Exatamente, faltou market feed no Grana

Henrique de Moraes – Isso, agora você olhando com um olhar que você tem hoje em dia assim como que você por exemplo, vamos supor que tô empreendendo, criando uma startup e viesse te pedir mentoria ou alguma coisa assim, te pedir uma ajuda que seja né, como você resumiria esses erros porque acho que são erros bem comuns né assim, e que não são necessariamente erros que assim, você consegue perceber estando de fora né, quando o empreendedor está caminhando para aquele lugar mas às vezes também é ruim você falar porque é isso, corta o aprendizado mas de qualquer forma como que você explicaria assim ou você minimizaria né esses problemas, se você estivesse começando de novo as startups, ou você nem começaria?

Marcell Almeida – Legal, legal. O Aplicativo do dia, tirando a possibilidade de nem começar porque hoje eu também não começaria mas primeiro porque na época eu não pensava em dinheiro, eu pensava “Eu quero ter meu projeto, quero ter um produtinho, quero ter um negócio pra chamar de meu” então ok, hoje eu já penso “Será que isso aqui é um negócio?”, penso um pouco diferente mas eu teria feito o Aplicativo do dia de uma maneira super simples, teria feito um newsletter e todo dia ia mandar um aplicativo, pronto, acabou. A gente fez um site assim, um mega site super incrível, cheio de filtro e efeito, sensacional o site mas pra começar já tava errado, tava falando de aplicativo e era um site, só aí já tava errado então eu começaria super simples e não teria custo e conseguiria bem rápido.

Henrique de Moraes – Esse é um ponto relevante, só reforçar isso que você falou porque assim no final das contas o que a maioria das pessoas não percebe quando está começando a empreender é isso, que tá resolvendo um problema né e para resolver  um problema existem várias formas, a pessoa fica apaixonada pela ideia e não pelo problema né e tem essa máxima de “Apaixone-se pelo problema” e isso que você falou é muito sensacional porque dava para resolver com uma newsletter.

Marcell Almeida – Dava, mas na hora nem pensei nisso, nem meus sócios. Mas assim, a gente era bem imaturo, bem moleque e adolescente assim e também tinha acabado de sair aquele livro “The Lean Startup” que é quase uma Bíblia pra quem vai empreender e a gente nem tinha lido ainda, acho que tinha saído só em inglês, alguma coisa assim então ninguém falava de feedback loop rápido, de colher feedback do usuário então a gente ia, na época a gente ia nos startup weekend da vida e rolava isso lá mas a gente nem entendia direito “Tá bom, vou falar mas só pra ele validar que a minha resolução é perfeita”, era essa a nossa cabeça

Henrique de Moraes – Você perguntava “Você usaria o meu site que tá lindo e maravilhoso?”

Marcell Almeida – Tudo errado, então foi esse o aprendizado mas eu acho que se eu pudesse resumir uma frase pra quem vai passar por isso ou talvez esteja passando é cara tentar pensar a maneira mais rápida que você poderia fazer para ter certeza que esse é o melhor caminho ou pelo menos aumentar a probabilidade de ser o melhor caminho porque se não for o caso você você muda, talvez eu devesse ter feito ao invés de ser do dia que dava muito trabalho pra gente pegar um aplicativo por dia, podia fazer da semana e fazer uma newsletter, seria muito mais suave, talvez um canal no YouTube, no Instagram sei lá, tinham mil formas. E a outra foi o Grana, o Grana também não faria, se pudesse voltar não faria porque eu acabei passando por várias outras empresas e eu sei que esse mercado de finanças pessoais é um mercado muito difícil, é um mercado que já tem muitos competidores, na época também tinha bastante já então não é um mercado fácil de entrar então por si só já não é um mercado que me interessa como empreendedor e como, agora voltando pro momento, se tivesse uma maturidade na época e mesmo assim fosse fazer eu tentaria validar os modelos de negócio antes de ter o produto porque o que atrapalhou a gente? A gente tinha um produto que tinha 100 mil usuários e os usuários gostavam tanto do produto que eles traduziram para outros idiomas então a gente tinha usuário na Colômbia, Alemanha, Suíça, Espanha, vários lugares porque nosso app foi o primeiro a ser material design, primeiro app de finanças com material design de Android, primeiro do mundo então a gente ganhou uma tração, a gente conseguiu mídia internacional, tudo sem querer e aí a galera precisou traduzir pra gente e isso atrapalhou a gente, a gente ficou com muita neblina na cara e a gente não pensou muito no negócio e em manter ele vivo, a gente pensou muito no produto e o dinheiro acabou, então acho que o erro foi esse, a gente tinha o solution fit, foi um passo melhor do que do Aplicativo dia e se você olhar até em retrospecto né porque o Aplicativo do dia não tinha nem solution fit, era horrível e o Grana tinha o solution fit mas não tinha market fit, aí já a Product Camp, a PM3 tem market, nem tinha pensado nisso agora olhando em retrospecto foi quase uma escadinha aí cada uma.

Henrique de Moraes – Sim é verdade, você foi cometendo menos erros até acertar. Cara só pra galera que, e pra mim também pra falar a verdade assim, explica rapidamente o que é material design.

Marcell Almeida – Legal. Material design é um estilo de design que na época o Google criou pra tentar padronizar todos os aplicativos Android pra seguir esse modelo então por exemplo, se você vai abrir seu Gmail num Android, não se se no iOS é assim mas no Android aparece um botãozinho flutuante no lado direito com botão para apertar e escrever o e-mail, aquilo é um padrão que surgiu no material design, que é o floated button então tem vários sites do próprio Google inclusive que usam esse estilo de design então é um padrão de design que você pode pegar o que o Google deixou pronto e fazer mais rápido o seu aplicativo e de maneira bonita e padronizada. E a gente calhou muito do tempo né de estar fazendo o aplicativo lançou e a gente “Ah vamos fazer logo” e a gente fez.

Henrique de Moraes – Boa. Maravilha. Última pergunta aqui sobre sua trajetória cara, eu ouvi em algum lugar você falando do impacto, da ajuda, do incentivo que você teve da sua família, da sua mãe acho que ouvi você falando da sua mãe te mandando uma matéria, conta um pouco cara como é que foi esse incentivo, como eles incentivaram, como isso ajudou pra você conseguir chegar onde chegou hoje.

Marcell Almeida – É engraçado você perguntar isso, eu tava falando com uma amiga minha hoje cedo no almoço, assim engraçado porque a gente chegou nesse ponto de influência, tava falando de influência de familiares e tal e ele falou “Na tua família tem algum grande empreendedor que te influenciou?” eu falei “Não, minha família a maioria é funcionário público ou dentista” só que teve uma influência, vou até falar com minha mãe depois, não sei o quão proposital foi do lado dela mas que na época ela comprava muitas revistas, a internet não era muito difundida e ela chegava com revistas “Olha Marcell eu li essa matéria aqui do Paulo Lemann muito legal, vê aí página 12”, já tava até marcado e eu lia, achava bacana e de vez em quando ela fazia isso, comprava aquelas revistas que nem sei se ainda existem, Revista Info que tinham umas matérias legais de tecnologia, ela comprava e eu lia, curtia, às vezes nem lia a revista inteira, só o que ela mandava ler. Isso até evoluiu bastante depois que ela começou a ler a Exame, ela lia online e mandava os links. Essa me marcou muito, ela me mandou o link de alguma reportagem falando do Lemann e acho que ele cita que a mãe dele incentivou muito ele, apoiava muito ele e tal e aí ela me mandou e falou assim “Tá vendo Marcell te apoio muito” eu tava na faculdade ainda, ela falou brincando e eu meio que nem liguei também mas hoje de novo, olhando em retrospecto você liga os pontos e eu não sei se foram tantos momentos assim, não sei nem se chegam a 10 pra ser sincero mas ficou na minha mente que eu falo “Pô eu acho que fui incentivado por isso, que foi por isso que eu quis fazer” tinham outras coisas que eu via que ela fazia, seja esse site que eu tinha, seja o Aplicativo do dia, qualquer uma dessas iniciativas ela apoiava, então meu podcast a gente gravava em casa, sempre tinha um suporte pra isso e nunca foi pensando em “Vai lá meu filho que você vai ganhar muito dinheiro”, não, era “Você quer fazer? Beleza, vou te ajudar” era bem nessa linha, apoiando, lendo um artigo e mostrando, e hoje é engraçado, ela segue o perfil da PM3 em todas as redes sociais e aí o pessoal até me sacaneia na empresa porque ela manda coração em todos e aí dá um flood no inbox, ela manda coração e sei lá, aparece a foto de uma pessoa que ela não conhece, de um instrutor e ela manda coração, o pessoal brinca que ela é a fã número 1. Mas acho que foi isso, teve muito incentivo nesse sentido mas não era de “Vai empreender” era “Cara vai ser feliz, e olhas as possibilidades que existem no mundo” sabe, era muito nessa linha, talvez sem querer ela tenha puxado pra lado de empreender mas acho que não foi pensado.

Henrique de Moraes – Sim, é engraçado porque se você parar para analisar muitas histórias né, o normal são os pais terem receio né, de ficarem “Não, vai aqui porque é certo, vai pra isso aqui, para com esses projetinhos”, né tipo “Se dedica aqui à empresa que você vai crescer e tudo mais”, eu tava ouvindo esses dias a história da fundadora da Spanx lá nos Estados Unidos, Sara Blakely e ela tinha um trabalho bem boring assim, vendia impressora sei lá, uma coisa bem assim de vendedor de porta em porta, a coisa mais insuportável do mundo, você recebe vários nãos todo dia enfim, e ela teve essa ideia de fazer esse produto pra ajudar a silhueta das mulheres e cara ela começou do nada a fazer tudo, procurar patente, pesquisar patente e tudo mais e aí teve uma hora que ela percebeu que teria que migrar e aí foi falar com o pais e os pais falaram assim “Como assim você vai largar seu emprego certo pra montar uma empresa, isso não vai dar certo” e ela fala “Cara hoje em dia, olhando pra trás eu percebo que foi na verdade por carinho, preocupação comigo” mas é difícil né tipo quando você tá nesse momento de decisão, que você tem que tomar uma decisão de largar tudo para empreender e aí seus pais, as pessoas que você mais talvez tenha ali um carinho, elas falam pra você que vai dar merda, é mais difícil né cara, então só de você ter essa liberdade de alguém falando assim “Vai lá, faz, arrisca” acho que já é um puta diferencial, já dá uma tranquilidade assim né

Marcell Almeida – É mas assim, é claro que tinha a cobrança também, eu tinha que tirar nota boa, tem que fazer a faculdade e ela me cobrava outras coisas também então por exemplo ela praticamente me obrigou, eu não queria mas ela me obrigou a fazer aquele intercâmbio do Ciência sem Fronteiras, ela que fez o processo seletivo para mim, me inscreveu, pegou toda a documentação, mandou, falou “Marcell marquei o TOEFL pra ti, vai fazer tal dia” e eu não ia dizer não né porque aí também na coisas que eu queria ela me ajudava, vou fazer. Até que eu fui aprovado aí falei “Tá aí pronto, consegui, fui aprovado” e eu fui então tinha uma cobrança mas uma cobrança positiva eu diria.

Henrique de Moraes – Boa. Vamos lá então cara, começando a segunda metade aqui do podcast, queria começar perguntando qual foi a pior reunião da sua vida, você lembra?

Marcell Almeida – Pior reunião?

Henrique de Moraes – É

Marcell Almeida – Peraí que preciso pensar. Lembro, puta lembro, VivaReal.

Henrique de Moraes – É mesmo, foi lá também?

Marcell Almeida – Lá também. Talvez seja pau a pau com uma na Seek. Basicamente, não vou entrar muito em detalhes porque as pessoas iam acabar se identificando mas basicamente o resultado final da reunião foi algo completamente oposto do que eu acreditava ser o melhor pro produto ou para a área que eu tava tocando, completamente oposto assim, então tinha alguém do outro lado que falou “Não eu não vou priorizar isso aqui porque eu não acredito nisso, não quero” e já tinha um estresse envolvido por causa disso, sobre esse tema porque pra priorizar essa coisa da minha área, do meu produto, naturalmente alguma outra tem que não ser priorizada, não dá pra priorizar tudo e o outro lado da mesa não queria priorizar de jeito nenhum, e eu lembro que uma das reuniões com o VivaReal eu tava com o CPO Founder do meu lado e não adiantou, a gente não conseguiu priorizar, então foi foda, eu saí estressado, lembro que ele me chamou e falou “Cara vamos num bar” e a gente foi, eu e ele só, a gente ficou conversando, isso inclusive é cultura que eu acho legal sabe, ele viu que eu fiquei chateado e ele também ficou e a gente foi e conversou mas nossa sério, saí om minha cabeça explodindo de raiva.

Henrique de Moraes – Muito bom. Você lembra, você teve algum momento que você percebeu que as coisas estavam mudando assim né, por exemplo você estava tendo mais tração, acho que nesse caso pensando pode ser até trajetória pessoal ou pensando em empresa mesmo né, eu tenho inclusive aqui uma anotação que eu fiz em relação à PM3, sobre isso mas eu quero ouvir primeiro de você. Qual momento foi esse e se você lembra de alguma coisa que levou a chegar nesse momento.

Marcell Almeida – Não tem O momento mas principalmente na PM3 a gente foi percebendo, isso ao longo do ano passado, teve a pandemia e naturalmente a gente foi impactado por ela, muita gente segurou dinheiro mas depois a gente continuou crescendo, as coisas começaram a se normalizar no sentido de compre né das pessoas, hábitos de compra e foi por ali que a gente falou “Nossa realmente a gente tem um potencial muito bom” e aí a gente pegou e lançou a pré-venda o nosso curso de growth porque o que acontece, como sócios a gente sempre discutiu, como a gente viu tração na PM3 logo no comecinho ser muito acima do esperado a gente falou “Pô será que a gente devia estar full time nesse business?” mas ele demorou, ele não ia pagar o que a gente ganhava na CLT então não ia compensar financeiramente. Até que chegou num ponto no ano retrasado que já pagava, na verdade já tava pagando há alguns meses um pouco mais que nossas CLT e sobrava caixa pra empresa, aí “Pô tem coisa aqui então né” mas a gente falou “Não vamos arriscar, pode ser só um vôo de galinha e tal, a gente ficou com muito medo, super estável nos nossos empregos, a gente gostava dos nossos emprego, vamos manter. A gente foi num restaurante e falou “Vamos combinar o seguinte, vamos lançar o segundo curso e a gente vê se a gente sabe fazer go-to-market do segundo curso, se faz sentido, se não vai canibalizar, se as pessoas vão comprar, vamos ver” aí falamos “Beleza, vamos lançar” e aí a gente lançou o curso de discovery e deu super certo. Não vendeu tanto quanto product manager mas também não era nossa perspectiva, é um curso com outro foco, bem mais específico e a gente ainda ficou com o pé atrás, bem medroso assim e a gente falou “Beleza então vamos lançar um curso de growth” que é o curso que sai já já, quando você estiver ouvindo esse episódio já vai ter saído, porque vai sair daqui a dois dias. Então a pré-venda do de growth já foi muito bom, aí eu falei “Já dá pra ir” e aí foi quando a gente fez essa mudança, saí do Nubank no final de Outubro, o Bruno meu sócio saiu da OLX de Portugal no final de setembro, um mês antes de mim mais ou menos e a gente está full time, montando time, crescendo time e acelerando produção de vários cursos, melhorando nossa comunidade enfim, melhorando tudo da empresa, até mesmo profissionalizando a empresa mas foi isso, foi tipo “Beleza vamos ver testar, vamos ver se a gente sabe vender mais um? Vamos ver se a gente sabe crescer, vamos ver se a gente sabe escalar?” Foi um pouco mais maduro e também devagar do que nas atitudes ali do Aplicativo do dia e do Grana do tipo “Vamos lá, vamos fazer e tchau vou largar meu emprego e vou lá”, que foi isso que fez eu ficar com medo porque eu nem contei mas no Grana sem brincadeira, eu acordava de madrugada suado, tremendo do tipo “Cara meu dinheiro vai acabar e eu tô fudido e eu não quero pedir para minha mãe, ela já me ajudou pra caraca” e não que ela não tenha nem nada, poderia e ela ia me ajudar, sabia que eu tinha um uma rede de segurança mas não queria, pra mim ia ser fundo do poço então eu acordava muito nervoso muito e eu não queria passar por isso de novo na minha vida e os meus sócios já tinham uma vida muito mais estável, o Dan já tinha dois filhos, casado, o Bruno já era casado, eu era o que mais podia arriscar mas eu já tinha vivenciado isso e “Não, quero ir com segurança” então a gente tomou essas ações de testar cursos diferentes, segmentos diferentes porque apesar de ser um curso de product growth acaba atendendo um pouco a galera de marketing, a gente queria ver se conseguia sair desse segmento de só produto e consegui pegar adjacentes ao produto porque isso facilitaria a gente a conseguir crescer como empresa, então tudo foi bem pensado e avaliado. Então não teve um dia específico, foi mais um pouco de método ali.

Henrique de Moraes – Show. Eu vi aqui cara em alguma entrevista, acho que tava você com seu sócio, que teve um marco que foi quando o Magazine Luiza colocou no job description lá que tinha que ter a formação de vocês, eu achei sensacional cara.

Marcell Almeida – Eu lembro que a gente lançou o primeiro curso e a gente tava montando nossa comunidade, a gente lançou uma comunidade nova e a primeira versão dela foi no Slack, ainda existe a do Slack mas tem uma nova que é a oficial. E eu lembro que a gente estava montando, criando os canais no Slacke eu falei “Pô vai ser muito louco, vai ser sucesso, vai ser vitória se alguma empresa colocar a gente como requisito na vaga ou como diferencial, nunca vai acontecer mas seria legal”. E aí o Magazine Luiza colocou, várias empresas começaram a colocar e eu falei “Meu Deus olha só” e realmente isso foi um ponto em que a gente falou “Estão notando a gente, a gente tá fazendo alguma coisa diferente, alguma coisa bacana”, foi muito legal isso.

Henrique de Moraes – Sensacional, muito bom. Você tem aí cara, livros de 1 a 3, pode ser até um pouco mais, que tenham impactado muito na sua vida e aí não necessariamente, eu sei que você, dos outros podcast que você foi você fala muito sobre os livros de produtos né especificamente, mas podem ser livros que impactaram sua vida no geral, então pode ser romance, pode ser qualquer coisa tá

Marcell Almeida – Legal, eu falo nos podcasts dos livros de produto porque é o que me pedem mas não são meus favoritos, longe de serem. Um que chega mais próximo de produto, que esse é meu favorito, número mesmo é o “The Hard Thing About Hard Things”, “Coisa difícil sobre coisas difíceis” na versão traduzida que é um empreendedor, é o Ben Horowitz que durante a carreira inteira por acaso foi um product manager e ele relata todos os casos, como foi, tanto na época que ele era product manager como na época que ele abriu a empresa, fez IPO, abriu a segunda empresa, fez o segundo IPO, então muito legal porque ele relata que de um jeito que você sente na pele, ele fala “Nossa eu saí passando mal, vomitei, não sabia o que fazer, tava nervoso” é muito legal, muito realista e não é um conto de fadas, que é o que muito livro conta.

Henrique de Moraes – Esse livro cara tem surgido bastante ultimamente aqui e eu não cheguei a terminar mas é exatamente isso, se você tá cansado do empreendedorismo de palco e das pessoas fingindo que é uma maravilha, leia esse livro e vai ver a verdade.

Marcell Almeida – Um amigo meu leu e ele ia de ônibus pro trabalho, ele ia lendo esse livro e parou no meio, ele falou “Marcell não aguento mais ler porque eu chego no trabalho estressado, chego com raiva, chego puto porque eu me vejo no lugar dele”, é foda, pesado mesmo. Outro livro muito bom, eu gosto muito de investimento, a gente acabou nem tocando esse assunto hoje aqui mas gosto muito de investimento e esse dinheiro que eu fazia como adolescente e tal minha mãe guardava e quando eu fiz 18 anos eu peguei o dinheiro e comecei a investir, então invisto há muitos anos na Bolsa e tal, fiz curso e tem um livro que eu gosto muito que é “Os Axiomas de Zurique”, é um livro bem velha guarda, é difícil encontrar ele novo mas é muito legal porque ele te ensina princípios de investimento que na verdade você pode aplicar na vida mas basicamente é um livro, resumindo assim, é um livro que te ajuda a pensar em como diminuir o risco da sua vida ou de apostas ou de investimentos e aumentar as recompensas mesmo diminuindo essa aposta, como fazer de uma maneira bacana. Então é um livro de um suíço bem antigo mas muito, muito legal.

Henrique de Moraes – Eu tenho esse livro pra Kindle, quem quiser e estiver ouvindo a gente e quiser me pedir eu mando, é só me mandar mensagem no LinkedIn lá que eu mando por e-mail ou alguma coisa assim.

Marcell Almeida – Pô é muito bom. E outro que eu acho muito bom, mais best seller mas é muito bom que é o “Fora de Série” né, o “Outliers”, acho bem bacana porque eu lembro que li ele na faculdade e li porque uma professora de uma matéria obrigou a gente a ler e eu sempre ficava “Pô sou obrigado a ler esse livro aqui” mas foi legal, eu gostei de ler porque

Henrique de Moraes – É do Malcolm Gladwell?

Marcell Almeida – Isso, do Malcolm Gladwell e ele mostra que as pessoas que são fora de série, que são diferenciadas passaram muitas horas né, ele fala do número mágico de mais de 10 mil horas trabalhando em alguma coisa, se aprimorando em alguma coisa e ele mostra relatos, estudos científicos disso e é muito legal o livro e acho que vale para as pessoas se motivarem e entenderem que a consistência e a disciplina são muito importantes para você ter sucesso né, eu sei que é clichezão falar isso mas nada é da noite para o dia e esse livro é legal, ele mostra cientificamente que realmente precisa trabalhar pra fazer acontecer.

Henrique de Moraes – Sensacional. Eu tenho mas nunca li, fiquei até curioso agora. Tem mais algum livro, ou eram esses 3?

Marcell Almeida – Não, acho que esses 3 são os principais assim que mais me marcaram na verdade.

Henrique de Moraes – Show. Você tem algum hábito incomum assim ou estranho pros outros né porque assim, se a gente ama não é incomum pra gente mas assim, que as pessoas talvez estranhem mas você não abre mão?

Marcell Almeida – Eu tenho um hábito, ele é bizarro e as pessoas no trabalho até me sacaneiam, descobriram na PM3 recentemente porque agora a gente tem um escritório que a gente vai três vezes por semana mas nas outras empresas que era presencial todo mundo me sacaneava. Eu tenho o hábito de pegar uma música e me viciar na música, por exemplo a música do The Weeknd, “Blinding Lights”, ano passado foi um ano muito doido pra mim, trabalhei muito e eu ouvi pouca música e devo ter ouvido essa música que bombou no passado mas passou despercebido, e aí esse ano eu vi ela e falei “Caraca que música demais” e aí eu comecei, e esse é o hábito, tô usando ela como exemplo mas esse é o hábito com várias outras músicas, eu pego ela e ponho no repeat e fico ouvindo só ela durante uns 15 dias e eu entro num flow de foco muito absurdo, é surreal. Se você for ouvir essa música vai ver que é uma música repetitiva, ela tem um som repetitivo, a batida é repetitiva, a guitarra é repetitiva, tudo é repetitivo então eu acabo focando muito e aí eu chego num ponto em que eu enjôo, passam duas semanas eu enjoei e o que eu faço? Procuro remixes, variações da música, e aí eu crio uma pasta no Spotify com todas as variações de “Blinding Lights” por exemplo, então tenho “Blinding Lights” remixes e aí eu ponho a playlist no repeat, escuto tudo em looping nela, e aí isso dura mais uns 30 dias, é bizarro. Mas assim, são dias de foco absurdos e eu já tive isso com “Shape Of You” do Ed Sheeran, já tive isso com outras mas eu tenho uma pasta que tem essas playlists que eu coloco em repeat e fico focando. Aí de vez em quando aparece uma música nova que eu faço o mesmo fluxo, eu não sei explicar, gera um foco até já pesquisei online o que quer dizer se eu escuto a mesma música repetidas vezes e eu não achei nada sobre isso mas funciona pra mim e é isso, eu gosto. Tem uma outra que me vicia muito que era dos anos 90, “Blue”, clássica, super repetitiva a música é tipo 3 minutos igual e ela tem uma playlist com umas 30 versões e ponho no repeat, funciona sei lá, meio bizarro.

Henrique de Moraes – Muito bom. Curiosamente eu já ouvi pessoas falando que fazem a mesma coisa mas é raro, mas já ouvi umas 2 pessoas eu acho que criam esse hábito também de colocar uma música só pra entrar no flow, e eles dizem que a vantagem é que uma hora a própria música vira o trigger pra você, ela te ajuda a entrar no flow né, você ouve e já tá naquele clima de pegar e reproduzir né.

Marcell Almeida – Exatamente, exatamente e verdade, eu realmente não mencionei esse ponto, o que que eu faço quando tô nessas épocas né porque são épocas, eu não faço isso toda hora o tempo inteiro mas quando vem essa música, ela entra e dura quase dois meses, dura muito tempo e eu acordo e coloco ela pra tocar logo altão em casa e aí já começo o dia na produtividade mil, quem dera fosse o tempo inteiro né, acho que nem meu corpo aguentaria mas é muito bom e às vezes eu vou até sair de casa e eu quero dar uma animada, eu ponho essa música no repeat também. Eventualmente eu enjôo, não aguento mais ouvir “Shape of You” do Ed Sheeran porque passei meses nisso, eu não aguento, a música toca e eu não suporto mas sei lá, funciona, eu queria muito ver um estudo disso.

Henrique de Moraes – É quase que você estressa a música ao limite né, “Caraca tô apaixonado” e de repente “Sai da minha frente pelo amor de Deus”, o efeito oposto né, começa a tocar e música e ao invés de produtivo você vai deprimindo né, muito bom. Você tem algum fracasso favorito assim no sentido dele ter te preparado pra um sucesso posterior? E eu acho que assim, todo mundo que é empreendedor é como você falou né, você vai conectando os pontos depois então assim, acaba que todos os projeto que estão naquela lista que a gente vai disponibilizar inclusive, eles acabam de preparando mas assim, tem um fracasso específico, favorito assim que tenha te preparado muito nesse sentido?

Marcell Almeida – Realmente não tenho um fracasso favorito ou fracasso único, tanto de pessoa quanto empreendedor, eu já fracassei nos dois lados, já fracassei como empreendedor já mencionei aqui do Grana, do Aplicativo do dia, já fracassei como produto, já fiz vários experimentos que deram super errado, várias apostas que deram super errado, fracassei como namorado, que nunca, então acho que assim a vida é feita disso e infelizmente na maioria das vezes você só aprende fracassando e errando, seria ótima aprender lendo tudo da vida dos outros mas assim, não tem nada que me marcou muito, tem um aprendizado bem técnico que foi no VivaReal, eu fiz tudo bonito assim tipo, puxei a liderança para conseguir um apoio pra um projeto e consegui, eu consegui alocação de cinco engenheiros só para aquilo e mantive meus outros times, comecei a ter três times e aí estavam mais 15 pessoas, foi muito legal, um projeto que eu tava super a frente, em voga na empresa que era pra melhorar a busca, tornar a busca geolocalizada quer seria um diferencial pro portal na época mas eu acabei enviesando o time técnico da solução que deveria ser feita, eu acho que não sou o único culpado né porque enfim não é a minha expertise mas eu sei que eu enviesei da solução que devia ser feita e fizeram da maneira que eu enviesei e por causa disso deu errado, por causa da forma técnica que foi aprovada deu super errado e eles tiveram que desligar tudo e cancelar tudo, então talvez se eu não tivesse enviesado então muitas vezes você tá bem intencionado, super indo para frente, conseguindo o que você quer mas e aí volta na paixão da ideia né, me apaixonei pela solução técnica, não foi nem pelo output do produto, foi pela solução técnica e aí eu ferrei tudo então eu acho que esse aprendizado acaba sendo para empreendedores também, você quer às vezes atacar um novo segmento, lançar novo produto e tal mas se você tem pessoas competentes que podem fazer isso bem, evita enviesar ela e tenta perceber se você tá gerando esse viés que eu acho que matou esse projeto, a gente poderia ter conseguido, foi um negócio bem técnico que a gente resolveu integrar onde não era e não dava pra voltar atrás e deu errado.

Henrique de Moraes – Boa, é uma boa dica mesmo porque de fato acho que muita gente comete esse erro sim de acabar tentando vender tanto a sua visão que você deixa de ouvir os outros né

Marcell Almeida – Eu lembro que tinha gente falando “Cara mas vai dar problema por isso, por isso e por isso” mas aí tinha tanta gente comprada comigo que a pessoa nem foi ouvida e eu também “Ah vamos ver depois” e o cara tava certo.

Henrique de Moraes – Nos últimos 5 anos, você tem alguma nova crença, comportamento, hábito que tenha melhorado sua vida?

Marcell Almeida – Cara consistência, acho que eu falei brevemente sobre isso quando eu falei que tinha o podcast, porque o Product Camp se tornou o maior evento da América Latina? Consistência, é um evento que acontece há seis anos, é por isso. E não foi proposital mas é por isso. Porque a PM3 se tornou grande? Por causa da consistência que o Product Camp teve que me levou a ter uma oportunidade de conhecer pessoas que pudessem fazer a PM3 comigo então a consistência me levou à isso. E aí eu vejo dois pontos que fracassei com consistência e me arrependo muito, um é o podcast que eu mencionei, que pra época e pra dedicação que eu dava pra ele eu achava razoavelmente grande e jogar tênis que é algo que eu fazia desde criança e até um dia que eu falei “Não quero mais jogar tênis” e poxa na época eu tinha 15 anos mais ou menos e eu era tipo o quarto do ranking que tinha lá no clube, razoavelmente bom, da categoria de 15 anos, e podia super ser bem bom hoje, óbvio que não ia ser um campeão brasileiro nem nada do tipo, não era meu destino eu sei disso, não tinha o físico para isso nem nada do tipo mas eu poderia ser muito bom hoje e ainda jogo, mas eu vou jogar e erro umas coisas tão básicas que eu falo “Porra” e que com 15 anos eu não tava errando isso sabe, se eu tivesse continuado jogando eu estaria mandando maior bem, eu poderia estar jogando nos torneios amadores, de brincadeira, e aí isso ficou muito pra mim então todo ano eu reforço comigo mesmo, conversando na minha cabeça “Cara consistência, consistência pra começar algo novo, mantém e vai até o fim, saiba quando encerrar o ciclo e quando fechar, vai embora porque os dividendos da consistência eles são em juros compostos né, vai arrumando e é só mais que você vai recebendo e o começo é sempre difícil mas cara, consistência é tudo e pra qualquer coisa na vida, seja consistência em ser uma boa pessoa, consistência em comer saudavelmente, consistência em tocar um projeto novo, não adianta começar e parar senão você vai se tornar uma pessoa que só para.

Henrique de Moraes – Com certeza. E quando você tá sentindo sobrecarregado, desfocado ou sente que você tá de repente perdendo um pouco da consistência por exemplo né porque no final é isso, quando você começa a desfocar é isso, você começa a de repente ou perder um pouco do gás ou então olhar para outras coisas e aí começa a desviar um pouco da atenção, da energia, o que você faz quando você tá passando por essas situações?

Marcell Almeida – É uma boa pergunta assim, é até conflitivo dizer isso mas o que que eu faço? Não tem um processo bem definido mas eu geralmente largo tudo, tipo “Cansei não dá, falou, tchau”, obviamente não de maneira rude mas “Hands off, tô fora” e eu vou dormir mais cedo, vou fazer algo que deixei pro final de semana ou durante a semana se der eu vou fazer uma coisa diferente, qualquer coisa diferente, um rodízio de sushi, não interessa vou fazer um negócio diferente, vou maratonar uma série e vou ser um, num termo não tão bom assim, vou ser um completo inútil, e é isso que eu vou fazer. Vou fazer um churrasco com um amigo não sei, mas a ideia é que eu vou fazer coisas que vão limpar a minha mente e eu não vou pensar em tanta coisa que eu tenho pra resolver, e esse processo pode durar uns 2, 3 dias, não é muito tempo não, um final de semana às vezes resolve, um feriado e tal. Quando eu volto e já tô tranquilo, eu consigo priorizar e aí eu consigo saber “Pô isso aqui não vou fazer, isso não, isso depois, o foco é nesse aqui agora” e aí ponho minha playlist lá, brincadeira, coloco minha música pra ouvir e vou embora sabe, então não adianta você querer, se você está sobrecarregado, cansado e quer resolver isso agora não adianta, vai descansar, desliga, tira a notificação do WhatsApp e vai pro final de semana, feriado, fazer alguma coisa, vai à praia, faz alguma coisa diferente. Pra mim funciona bem e aí eu consigo voltar meio que sabendo priorizar sem aquela neblina de tanta possibilidade para fazer. Funciona.

Henrique de Moraes – Boa, é uma boa dica, excelente mesmo porque é isso, de vez em quando você tem que mudar os ares, nem sempre você vai encontrar a solução, só esmiuçando ali né cara não tem jeito, tem que dar um tempo pra ter uma clareza mental, destravar.

Marcell Almeida – Tem uns desenvolvedores de software que eu falo, converso e eles falam a mesma coisa, eles falam “Cara às vezes eu passo 3 horas resolvendo um problema e não consigo resolver e aí eu vou pra sala jogar PlayStation, jogo meia hora de Playstation, no meio do jogo resolvi o problema” ele nem tava pensando nisso mas o subconsciente dele, e aí ele voltou e resolveu. É a mesma coisa, esse meu processo é quase a mesma coisa só que é um pouco mais demorado, mas funciona.

Henrique de Moraes – Muito bom. Cara o que te causa ansiedade hoje em dia e como você lida com ela?

Marcell Almeida – Essa pergunta é bem legal, primeiro porque pouca gente fala de ansiedade de maneira séria, as pessoas geralmente falam, num tom de ironia, de brincadeira, “Para com isso, você é muito ansioso hahaha” mas ansiedade às vezes é uma parada séria e já me pegou algumas vezes assim, eu parei de tomar Lexapro, um ansiolítico há uns 20 dias, tomei durante dois anos e meio, tomei durante muito tempo e eu parei recentemente, tô bem, tô funcionando bem mas é engraçado que eu olho em retrospecto e desde criança, minha mãe que falou isso mas eu lembrei, eu tinha muita crise de asma, muita mesmo e várias das minhas crises de asma eram por ansiedade, então vamos supor que meu aniversário fosse ser daqui a um mês, eu já tava ansioso cara, já tinha crise asmática, já tinha que ser internado, ficava doente, e isso acontecia com vários eventos na vida, não só aniversário mas uma viagem, então se uma pessoa talvez mais ansiosa que o resto das outras pessoas porque todo mundo é um pouco, e o que me trigga, hoje em dia eu tô conseguindo controlar super bem, tenho feito bastante coisa pra isso mas o que me triggou durante muito tempo na minha carreira foi não conseguir o que eu queria e aí eu ficava muito frustrado, muito agoniado e puto e tal, e isso eu não percebia nada mas isso atrapalhava ainda mais eu conseguir o que eu queria porque talvez se eu tivesse tido a calma e a paciência e refletido de falar “Pô beleza não tá rolando por causa disso então talvez se mudar o prisma e convencer a pessoa de uma outra forma eu consiga” mas cara senioridade né, você vive pra aprender isso, não tem como mas durante muito tempo foi puxado pra mim, ansiedade é um negócio foda e eu só fui resolver mais forte a ansiedade quando comecei a fazer terapia, aí vi a necessidade de tomar um remédio, fazer exercício físico e me forçar a fazer porque você está ansioso e você fica mal porque você tá ansioso, um looping né, começar a comer melhor, controlar a carga de trabalho se eu perceber que eu tô errado, desligo e fico um pouco mais, pratos vão cair? Pratos vão cair mas ok, melhor os pratos caírem do que eu ficar internado né então o prato cai. Então é um negócio complexo, acho que as pessoas deviam falar mais abertamente sobre isso porque ansiedade pode desencadear depressão, pode desencadear uma série de problemas e quanto antes você puder cuidar, melhor. E aí tem outro ponto assim, a ansiedade também pode ser usada para o lado positivo, é muito difícil, deve ter mas é difícil você ver algum empreendedor ou alguém que cresceu muito rápido e tal que não é ansioso, essa pessoa tende a ser ansiosa então você pode usar sua ansiedade pro bem “Pô tô ansioso para fazer acontecer, eu vou fazer isso aqui e vou fazer acontecer”, mas também você tem que controlar a insatisfação porque vai dar problema, vai ter erro, vai dar pau, seu plano não vai acontecer e aí você tem que saber controlar, mas usar pro bem eu acho demais, eu gosto muito de usar ela pro bem.

Henrique de Moraes – Boa cara, eu concordo 100% com você que acho que é uma coisa mais séria do que as pessoas de fato tratam né foi o que você falou, as pessoas acabam brincando, levando de forma irônica ali mas é uma coisa muito séria e especialmente hoje em dia né nos tempos que a gente tá vivendo de tudo muito acelerado e ainda junta com pandemia e você tem que aprender a gerir seu próprio tempo enfim e muita gente tem dificuldade e acaba trabalhando mais e aí tudo é para ontem e você soma isso à mais comunicação de texto onde as pessoas às vezes não tem paciência para te explicar exatamente o que quer, aí isso gera ou retrabalho ou então um mal-estar entre as pessoas porque assim, tá tudo somando para contribuir com esse estado né que as pessoas estão vivendo, fora pra não entrar aqui no social media, essas coisas todas que ainda agradam

Marcell Almeida – A cultura do ao vivo, a cultura do agora né

Henrique de Moraes – Isso e eu acho que é isso, acho que as pessoas tem que falar mais a respeito, por isso que eu boto essa pergunta, eu já fiz um episódio aqui também do podcast que era basicamente só falando sobre isso e queria fazer mais inclusive, porque eu acho que muita gente se identifica com esse momento mais ansioso onde as pessoas se percebem ansiosas mas elas não sabem exatamente o que tá acontecendo, elas não sabem identificar porque tem tanta coisa que tá colidindo nisso

Marcell Almeida – Super apóio falar mais disso, acho que tem que falar mais disso mesmo, muito legal e a gente sofre disso, todo mundo sofre disso o problema é que as pessoas tem vergonha de falar.

Henrique de Moraes – É verdade e eu achei maneiro isso que você falou também, é engraçado né como a ansiedade ela pode ser usada para o positivo mas rapidamente ela se vira contra você né porque é isso, você tipo às vezes fica lá “Caraca pô eu quero tocar esse projeto” aí você acorda de madrugada e vai trabalhar, bota pra frente e fala “Porra maravilha, me ajudou” só que aí dá 1 coisa errada e você fala “Puta que pariu deu tudo errado, fudeu, essa parada não vai pra frente”

Marcell Almeida – Exatamente, exatamente

Henrique de Moraes – E aí é isso, você tem que saber usar mesmo a seu favor. Cara pra você o que é ser bem-sucedido? Você tem alguma definição própria?

Marcell Almeida – Olha, eu tenho o que eu quero para mim, que quando eu alcançar isso vai ser ser bem sucedido mas a definição do bem sucedido eu acho que cada um tem que ter a sua, não acho que tem que ser eu ou qualquer outra pessoa quem tem que definir, cada um tem que definir a sua, acho importante as pessoas definirem a sua. Pra mim é tipo, gosto muito do conceito lá FIRE, de ser financeiramente independente cedo, você conseguir se “aposentar” cedo então é um objetivo muito forte que eu tenho na minha vida para ter a opção de não trabalhar, duvido muito que eu não vá trabalhar mas quando você tem a opção de não trabalhar você começa a tomar outros tipos de escolha, então é um objetivo e pra mim seria sucesso profissional. E aí no sucesso pessoal, quero ter uma família enfim, construir ela, dar uma boa educação como minha mãe me deu então pra mim é isso, não é nada de outro mundo mas acho que as pessoas tem que definir o seu sucesso sabe, essa história de ter um especialista ou alguém que manja de sucesso, define o seu e vai atrás do seu sabe, é o que você quer, não o que o outro quer.

Henrique de Moraes – Sim, totalmente. Teve uma menina aqui no podcast, a Nara Iachan que é uma das fundadoras da Cuponeria, que ela deu uma resposta que acho que foi a que mais me marcou e que tem tudo a ver com isso que você falou por isso que eu lembrei, que ela fala que ser bem sucedido é se orgulhar da própria história

Marcell Almeida – Muito bom hein

Henrique de Moraes – Sensacional porque é isso, serve para qualquer área, você não tá falando que é profissionalmente, que é tipo financeiramente, nada, é tipo assim se orgulhar então você fez boas escolhas? Você se orgulha das coisas que você fez? Não depende de onde você chegou sabe, é muito mais um olhar para dentro né do que olhar pra fora, comparação.

Marcell Almeida – Baita frase, e dá até pra complementar no sentido de você gostar de você mesmo sabe, que você gosta da pessoa que você virou, muito legal isso da história, vou usar, gostei.

Henrique de Moraes – Boa cara, e é legal porque se você parar pra pensar dá pra você começar a pautar decisões inclusive nisso, do tipo “Cara beleza, vou me orgulhar de ter tomado essa decisão mais pra frente?” porque muitas vezes surge a oportunidade de você tomar decisões que são meio duvidosas né, todo mundo acaba esbarrando com esses momentos de definição em que você fala assim “Tá beleza, eu posso ir por aqui que é um caminho talvez não tão ético ou qualquer coisa, ou posso magoar tal pessoa, ou posso fazer isso” então assim, colocar isso como um critério de definição, mais um né não precisa ser exclusivo mas assim “Ah beleza eu vou me orgulhar de ter tomado essa decisão? Vou me orgulhar de estar fazendo esse projeto?” então acho que isso ajuda a ter uma tomada de decisão né de quando você ,do dia a dia mesmo né, pode virar um frame workaí de tomada de decisão de certa forma.

Marcell Almeida – Legal, muito legal.

Henrique de Moraes – Quanto do seu sucesso, até agora né porque se você para pra pensar na sua trajetória, especialmente o momento em que você tá hoje com a sua empresa dando certo sabe, como você falou, pagando o seu salário, sobrando dinheiro de caixa, pagando salário do time todo e crescendo e continua crescendo e tem esses reconhecimentos que são reconhecimentos, acho que os mais relevantes né, de vocês estarem lá tipo assim como diferencial para uma vaga de emprego enfim, desse sucesso agora o quanto você acha que percentualmente né, que é devido à sorte e quanto você acha que foi trabalho duro?

Marcell Almeida – Olha percentualmente é difícil né porque é sempre um pouco dos dois, acho que é sorte no quesito de timing, ter acertado o timing, é sorte estar no lugar certo na hora certa e ao mesmo tempo é por causa de mim e porque eu me mexi, porque eu fui lá fazer as coisas, fui lá errar, bater minha cara no chão sabe, fui lá fracassar então tem os dois, poderia ter sido melhor? Poderia, poderia ter sido pior? Poderia também então tem os dois mas é muito engraçado você parar pra pensar em timing, em coisas que poxa, eu nem mencionei mas eu ia fazer um mestrado em Londrina, antes de ir pro Easy Taxi, tava tudo certo, bolsa e aí um amigo meu falou “Cara nada a ver esse mestrado contigo, vem passar duas semanas aqui em São Paulo e tenta conseguir umas entrevistas, eu te apresento pra uns amigos e eles tentam uma entrevista”, eu falei “Tá bom” e em uma semana, por acaso, nessa eu fui aplicar várias vagas no LinkedIn e eu saí que nem muita gente faz, “Vou aplicar pra todas as vagas, vou aplicar pra tudo”, eu apliquei pra uma vaga na Ásia pro Easy Taxi, eu nem vi que tinha aplicado, e alguém por um grande acaso de timing viu, achou que eu tinha aplicado errado, me indicou para área de produto, que eu não era de produto, não tinha nenhuma carreira em produtos, me indicou pra área de produtos em São Paulo e calhou da pessoa na mesma semana que eu tava me ligar, “Cara vem aqui fazer uma entrevista” e eu fui contratado. Tipo assim, um timing completamente nonsense, era pra acontecer entendeu então a sorte vai estar lá mas pra sorte acontecer você tem que se mexer, não adianta você não se mexer, então é um pouco dos dois, difícil falar percentual, não sei.

Henrique de Moraes – Vamos botar 50/50 então

Marcell Almeida – Isso aí

Henrique de Moraes – Se você pudesse falar com seu eu, boto uma pergunta né de 10 à 15 anos atrás porque eu acho que é um longo ciclo assim que a gente consegue olhar para trás e entender um pouco melhor os passos errados né mas você pode se posicionar em qualquer lugar da sua timeline, não tem muita regra mas especialmente no que você diria pro seu eu ter mais calma?

Marcell Almeida – Olha, é clichê pra cacete a minha resposta pra isso, mas é que eu tive muitos altos e baixos, assim como todo mundo tem tanto no lado pessoal como profissional mas basicamente era “Tudo vai dar certo, até as coisas ruins vão acontecer pra te ajudar no futuro” e aí a gente falou muito de conexão de pontos né hoje aqui então “Tudo vai se conectar lá na frente, tudo vai fazer sentido então relaxa e faz tua parte” é isso que eu diria, “Relaxa e faz tua parte que vai acontecer porque tem que acontecer”. Eu lembro que pra me mudar pra São Paulo eu tinha uma namorada na época, a gente tinha acabado de terminar e eu falei “Ah já que a gente terminou eu vou me mudar” e aí eu vim fazer esse tempo de entrevistas em São Paulo justamente por isso, talvez se eu estivesse lá né porque eu tava muito triste na época mas isso foi o fator para fazer eu me mexer, então até as coisas ruins podem levar a caminhos bons, você tem que ter óbvio a mentalidade positiva pra fazer acontecer mas tudo vai se conectar, tudo vai dar certo, positivo, relaxa, faz sua parte seria meu recado.

Henrique de Moraes – Show. Cara obrigadaço por ter topado participar, antes da gente fechar aqui eu queria só pedir para você falar onde as pessoas podem te encontrar ou qual é o melhor lugar para as pessoas falarem com você, quais são as redes sociais enfim, diz aí

Marcell Almeida – Eu uso as três principais, LinkedIn, Instagram e Twitter mas eu abordo de assuntos diferentes em cada uma então dependendo do que você quer falar comigo você vai em uma ou vai em outra. LinkedIn eu posto mais sobre produto, negócios e tal, no Twitter eu falo mais de investimentos, apesar de falar também de negócio e produto, meu Instagram é fanfarrice, eu posto lá sacaneando a galera que posta #tapago enfim posto de tudo, meu Instagram tem de tudo, pode escolher uma das três o que você tiver mais afinidade pra conversar e a gente troca uma ideia.

Henrique de Moraes – Maravilha cara, obrigadão pelo seu tempo, ficamos aí 90 minutos, obrigadaço mesmo

Marcell Almeida – Valeu Henrique, bom demais. Obrigado foi legal, bacana bater um papo sobre coisas diferentes.

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