Roberto Cury tem mais de 13 anos de experiência em marketing, growth, branding, conteúdo e gestão, e já passou por empresas, como:

  • OLX;
  • Foxbit;
  • Méliuz;
  • Beep Saúde;
  • Peixe Urbano;
  • entre outras.

ele dá aulas de marketing digital e é sócio do JoGo, que em suas próprias palavras [roubadas do LinkedIn], “é uma baita consultoria de growth como você nunca viu na vida!”

também é fundador e podcaster no Growth com Hack, Marketing e Growth Advisor de Startups e Co-Founder no maior site de conteúdo de criptomoedas do Brasil, o Cointimes.

além disso, se você der uma navegada rápida em seu LinkedIn, vai ver que ele é provavelmente o recordista de recomendações recebidas da plataforma, com muita gente elogiando suas habilidades como Líder, que claro, é um assunto que eu aproveitei pra abordar ao longo do bate-papo e é um dos pontos altos do episódio!

LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Rodrigo Alvim
  • Fernanda Miguez
  • João Gonçalves
  • Gabriel Teixeira
  • Isac Honorato
  • Bernardinho
  • Tim Ferriss
  • André Franco
  • Fabio Porchat
  • Richard Branson
  • Bill Gates
  • Dilma Rousseff
  • Aécio Neves
  • Jair Bolsonaro
  • Fernando Haddad
LINKS IMPORTANTES
se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.

Henrique de Moraes – Fala Cury! Cara seja super bem-vindo ao calma!, prazerzaço ter você por aqui cara e queria já começar agradecendo é lógico pela sua disponibilidade, generosidade de tempo e queria falar inclusive antes de qualquer coisa que você é a pessoa com mais depoimentos no LinkedIn que eu já vi na história, uma curiosidade diferente. Seja bem vindo cara

Roberto Cury – É, uma curiosidade diferente. Obrigado Henrique, muito bom dia, boa tarde, boa noite aí pra todo mundo que nos ouve, é um prazer estar aqui, já ouvi alguns episódios do calma!, é uma pegada calma, legal e divertido assim, tô animado pra esse papo de hoje.

Henrique de Moraes – Show cara, maravilha. Você falou bom dia, boa tarde, boa noite mas tá quase isso mesmo né, você tá num fuso e eu tô no outro, já tá nessa vibe mesmo. Cara queria pedir para você começar contando um pouquinho da sua trajetória, se puder de repente falar assim, e você pode entrar em detalhes, então não precisa ser tão resumido, especialmente nos momentos que foram mais decisivos para você ou que foram mais importantes, você pode entrar em detalhes tá bom?

Roberto Cury – Tá bom. Cara eu digo que minha trajetória profissional começou quando eu descobri que eu ia ser pai com 15 anos de idade

Henrique de Moraes – Caraca, 15 anos?

Roberto Cury – Ali, o Rafa nasceu eu tinha 16, tinha acabado de fazer 16, o Rafa faz 4 de março e eu faço 6 de dezembro então assim, foi uma grande virada ali de vida muito jovem que eu percebi que eu ia precisar amadurecer muito rápido então fiz festa, trabalhei em loja, qualquer bico que eu pudesse fazer ali para ganhar um extra eu tava fazendo ou até pra ajudar em casa. Tive um grande privilégio de ter um mega apoio do meu pai e da minha mãe financeiramente, emocionalmente falando, isso conta muito e aí eles falaram “A gente vai dar todo apoio aqui e tu estuda igual um louco porque não vai dar para pagar faculdade nenhuma para você, então se vira” eu falei “Beleza” estudei igual louco e eu lembro que no terceiro ano eu tava estudando pra prova específica de matemática com um grande amigo meu e o Rafa passava correndo pra um lado e pro outro, rasgava papel, igual um louco na sala e eu estudando pra vestibular então assim, eu acho que a minha carreira começa antes de qualquer profissão, foi quando eu virei pai muito cedo tá, então foi um grande marco aí na minha trajetória. E aí meu primeiro emprego foi indicação e se olhar toda a minha trajetória ou as pessoas me acharam por indicação ou por LinkedIn porque já sou usuário da plataforma há muito tempo então minha primeira indicação foi de um amigão meu da época de faculdade, ele trabalhava na maravilhosa Revista Seleções, provavelmente nossos avós liam, nossos pais conhecem e a nossa geração nunca ouviu falar mas eu tava ali na revista Seleções que foi um grande berço para mim como primeiro estágio porque eu fiz ADM e caí por sorte numa área de marketing e desde então nunca mais saí, eu me descobri muito rápido em marketing ali, fiquei 2 anos e pouco ali na Seleções, comprava mídia em portal, cheguei a fazer campanha no Orkut então assim foi uma coisa que parece que foi há milênios atrás

Henrique de Moraes – Quando tudo era mato

Roberto Cury – Tudo era mato, Google Ads tava nascendo, Facebook Ads nem tinha, tinha Facebook mas o Facebook Ads esquece, então foi uma mega experiência ali dois anos e meio

Henrique de Moraes – Você pegou provavelmente ali uma volatilidade maluca de preço de anunciante de portal né cara porque deveria ser uma loucura, eu não cheguei a pegar essa fase mas deveria ser uma loucura.

Roberto Cury – Era uma loucura, você recebia aquelas tabelas de preço de “CPM é R$ 105, mas se fechar aqui agora te dou 99% de desconto” aí tu fica “Ué?”, então cara foi louco. Bom, essa foi minha vida ali em Seleções aprendi muito, fiz amigos, um ex-chefe meu que depois me contratou de novo, grande amigo Rodrigo Alvim um fera, um abraço pra ele e aí dali fui pra agência cara, fui Elogia que é uma agência espanhola, inclusive tinha uma sede em Portugal, uma aqui no Rio e em São Paulo também e ali passei por um pouco de tudo, rede social, atendimento, comercial, cara minha chefe na época Fernanda Miguez um amor de pessoa também me deu essa oportunidade de transitar um pouco por tudo, aprender um pouco de tudo e putz agência você trabalha igual louco e aprende muito né, é uma relação de amor e ódio muito grande né com agência, eu tinha essa relação de amor e ódio muito grande e vejo as pessoas tendo isso até hoje. E a agência me deu muita oportunidade, fui trabalhar em Portugal, fiquei 3 meses em Lisboa, tive uma mega experiência, fiz amigos aí, cresci pra caramba assim, fui parar numa cobertura de um evento da L’Oréal profissional nas Canárias em cima da hora, tipo assim na quarta-feira eles falaram “Olha a pessoa que ia não vai mais, brazuca vai tu mesmo” eu falei “Beleza” achei que ia curtir a vida adoidado la, trabalhei mais de 12 horas todos os dias mas foi isso, experiência sabe, com 20 e pouquinhos anos é lindo, vambora, vamos com tudo. Então a agência foi muito legal e aí de agência eu voltei e o Kiko que foi meu primeiro chefe me chamou pro Peixe Urbano e aí eu lembro que eu peguei o Peixe Urbano assim terminando o auge de uma onda muito positiva de resultado mas quando eu cheguei e olhei pro lado a equipe de marketing tinha sei lá, 65 pessoas, num modelo de cuponagem, eu falei “Vai dar ruim” em menos de um ano deu ruim, eu vi algumas barcas passando e de novo, me gerou muito aprendizado, eu cuidava de mídia, eu cuidava de vários canais de performance e quando a galera vai saindo tem um lado triste né que você perde amigos, perde gente de confiança ali mas você agrega muita função e agrega muito conhecimento então foi uma experiência boa ali de Peixe Urbano de um mercado bem diferente, construção de mercado né, sempre um desafio. Fiquei um tempinho no Peixe Urbano também e aí o João Gonçalves que tinha sido meu fornecedor lá na época de Seleções, o tal do networking né que gira pra mim aí muito positivamente até hoje, me chamou “cara o negócio tá voando e não sei o que, vem aí que tem uma vaga de CRM”, o Gabriel Teixeira que trabalhava lá tinha trabalhado comigo na Seleções, era meu calouro na faculdade e falou “Cara vem que aqui a água tá quentinha, tá boa, pode mergulhar na piscina que tá valendo” e assim foi uma das experiências mais incríveis profissionais que eu já tive, foram quatro anos de Bom Negócio/OLX, no meio do caminho veio a fusão então cresci muito lá dentro, peguei ativação, peguei CRM do zero aí depois peguei time de online e digital todo, depois branding, todos os desafios de uma campanha de TV, como que mensura awareness, campanha BTL e ATL enfim, foi uma loucura muito boa, 4 anos de muito aprendizado por lá e a da OLX eu fiz uma movimentação um pouco ortodoxa de sair do Rio para ir para BH e aí fui pra Méliuz e cara, uma mega experiência também, um time quase que pra construir do zero ali e aumentei o escopo de trabalho que era algo que eu queria então antes eu tava muito restrito ao marketing e aí eu peguei marketing, CX e peguei parcerias, B2B também que para mim era algo importante que eu queria. Tive uma experiência muito boa também, uma passagem de mais ou menos um ano no Méliuz, fiz amigos e pessoas que indico e que tenho contato até hoje em todos os lugares que eu passei, do Méliuz eu fui para Foxbit e aí cara, Foxbit foi uma loucura assim, foram quase dois anos, virei sócio lá, criamos o Cointimes, passei por três crises de PR muito grandes lá dentro, um mercado na época em queda, do Bitcoin, hoje em dia assim quem comprou Bitcoin em 2017/18 quando eu tava lá hoje em dia tá rindo à toa com Bitcoin ali acima de R$ 200.000 então assim, a galera que reclamava que tava caro com R$ 30.000, agora tá caro, agora sim tá caro então ali foi uma experiência muito legal, eu consegui pegar marketing, lancei junto com a Gabi um aplicativo, peguei CX de novo, era quase que um dos braços direitos ali do CEO que é um cara fodaço também então foi uma experiência muito boa. Da Foxbit eu tive que largar a Foxbit por motivos pessoais, meu pai ficou doente e aí eu falei “Pô galera não vai dar pra ficar aqui em São Paulo, beijo tchau” voltei correndo para o Rio e nesse meio do caminho a Beep me pegou aí como um profissional que tava solto ali no mercado do Rio de Janeiro e foi uma mega oportunidade para mim porque eu queria conhecer mais desse mercado de saúde, ampliar o conhecimento sobre esse assunto, vacina em casa e tudo mais, foi legal, tive uma boa experiência lá também, ajudei a contratar, remodelei o time inteiro, hoje em dia a galera tá voando lá tenho o maior orgulho de ver o time que foi construído, da Beep fui pra Lemoney, voltei para o mercado de cashback, muito legal o mercado de cashback, empresa americana, cashback nos Estados Unidos com um modelo turbo cashback muito diferente de todos os concorrentes, cashback no Brasil também no modelo White Label e aí cara basicamente em setembro, outubro me deu um clique de que a pandemia me ajudou a tirar muito projeto do papel, muita coisa que eu queria fazer e que tava presa ainda nas ideias eu tirei do papel então eu já tava meio que como membro ali do GVAngels, começando a entender mais desse mundo de funding, de startup e tudo mais, eu lancei o podcast Growth com Hack junto com o Isac que já era meu sócio ali do Cointimes, entrei como advisor de uma outra startup que é o Melhores Diaristas e eu decidi que ia pra uma carreira de consultor, pensei “Bom, acho todas essa experiência que eu agreguei até agora aqui vou conseguir trazer muito conhecimento e essa carreira de consultor vai funcionar bem” e no que eu decidi virar essa chavinha eu recebi a ligação de um ex-chefe meu falando “Cara tô abrindo uma consultoria de marketing e growth, vamos juntos?” aí eu falei “Aí é a fome com a vontade de comer, vambora” aí fizemos um trial de alguns meses e agora estamos oficialmente juntos aí, sócios, parceiros ajudando clientes muito grandes, alguns que dá pra abrir nome e outros nem tanto e fora isso entrei como coordenador de um curso de marketing ali na Dinâmica, que é um curso EAD em uma parte, semipresencial na outra e tal que a gente vai formar profissionais quase que de growth e marketing júnior aí porque o mercado tá pedindo muito isso. Então muito resumidamente aí, não sei quantos mil minutos eu demorei tá Henrique mas contando um pouquinho da trajetória hoje não dá para definir em duas linhas como uma grande amiga minha fala, “Defina em 2 linhas o que você faz”, posso falar que eu sou consultor de marketing, professor e ajudo startups, acho que dá pra resumir um pouquinho.

Henrique de Moraes – Descrição pro Instagram né?

Roberto Cury – Uma mini bio

Henrique de Moraes – Isso. Cara vamos voltar então, queria puxar pro início do que você falou né, da experiência de ser pai aos 16 anos, descobriu aos 15 né. Eu fui pai muito novo eu considero, mas você com certeza me superou bastante, eu fui pai com 23, eu me sentia com 15 anos então com 15 provavelmente você tem a sensação de que foi pai com 10, 11 sei lá mas voltando um pouquinho assim porque eu acho que essa experiência de ser pai de fato ela molda um pouco a gente, molda um pouco a forma de enxergar as coisas, de enxergar nossas responsabilidades e essa coisa de você ter que procurar, como você falou né, fazer bico e ter várias experiências diferentes porque você tem que botar dinheiro né, tem que fazer algum dinheiro, isso é muito relevante eu lembro que pouco antes da minha filha nascer eu tava trabalhando de bico mesmo assim porque eu precisava fazer uma grana, eu fazia festa infantil, eu ficava no escorrega lá liberando qual criança ia descer e qual não ia, era maravilhoso pra não dizer o contrário né tipo, tomava um chute no saco de vez em quando, umas coisas muito doidas, o filho da dona então ele era o terror ele ia lá e me enchia a porra do saco, enfim. E aí eu lembro quando eu descobri que minha namorada na época tava grávida, cara dá um curto-circuito e eu tava montando minha primeira startup na época e é isso a cabeça trava e você fala “Fudeu, o que eu faço agora? Preciso botar dinheiro” e aí eu queria puxar um pouco desse ponto, primeiro assim como que a sua cabeça mudou e também entender se você já tem outros filhos, se você é casado com a mãe do seu filho, como é que ficou isso?

Roberto Cury – Não, não sou casado, tentamos um tempo, funcionou um breve tempo mas muito jovens, ela era um ano mais nova do que eu então você imagina então assim, não seguimos juntos e por enquanto o Rafa é filho único e é possível que fique assim. Porque apertar o botão de restart agora que ele tá com 17 é difícil.

Henrique de Moraes – Ele tá com 17? Caraca. E como é que foi a experiência cara você lembra da situação né, de quando você descobre e o que passa pela sua cabeça né nesse momento.

Roberto Cury – Foi uma experiência assim, quando a gente descobriu a primeira palavra que vem a mente é “Fudeu” né, “Não era para isso ter acontecido” mas é aquele negócio né, fez um negócio errado e esperava o que? Ganhar um iPhone? Não né, vai ganhar criança. E aí enfim veio a criança, eu tive uma sorte muito grande de ter meus pais me apoiando num nível muito absurdo financeiramente, emocionalmente, eu quase posso dizer que eles foram pais junto comigo e uma das grandes viradas de cabeça foi, eu queria fazer turismo, eu tinha um sonho de moleque de fazer turismo e tal e me aperfeiçoar naquilo, eu tinha uma visão de que “Brasil vai ter Olimpíadas, Copa do Mundo” então eu queria surfar essa onda, Brasil quando eu pensava ali em 2003/04 o Brasil era o país do futuro total ali naquela situação, com tudo que viria de evento e a evolução do negócio como um todo, e acabou que eu mudei de ideia, obviamente teve algumas influências familiares que me ajudaram nesse sentido mas “Cara faz uma faculdade de ADM e de ADM depois se você quiser você se especializa em hotelaria ou turismo mas faz uma faculdade um pouco mais ampla para você descobrir o que você quer e depois você aprofundar no assunto” e assim foi muito acertada essa decisão, provavelmente se eu não tivesse sido pai eu ia pra um outro mercado, a vida ia ser totalmente diferente então eu acho que essa grande maturidade ali de “Putz” é uma maturidade que talvez eu só tenha tido porque eu fui pai naquela idade sabe, eu fico pensando na pressão que é para adolescente, daqui a pouco o meu vai ter que escolher qual que é a faculdade que ele vai, cara é muito novo, você não teve experiência profissional nenhuma, de vida nenhuma, tá ali na tela do computador falando besteira com os amigos no recreio sabe, qual que é a sua capacidade aos 17 anos para escolher uma carreira que você vai seguir para vida toda, então eu acho cruel isso mas foi um grande divisor de águas pra mim que obviamente me impactou profissionalmente para vida toda foi ter virado essa chave de uma faculdade que eu ia fazer pra outra

Henrique de Moraes – E como é que foi, deve ter sido um bug né assim tipo você ver seu filho fazer 15 anos, 16 anos e você lembrar que você tava sendo pai com essa idade, olhando pro seu filho agora e falando “Cara como isso aconteceu?” porque eu fico imaginando, a minha filha fez 13 e cara impossível, inviável imaginar que ela pode ter um filho daqui a um ano por exemplo, ela é uma criança, você teve esse impacto ou nem passou pela sua cabeça?

Roberto Cury – Olha agora eu consigo olhar, na época bati no peito de “Putz vou ser um baita pai, fazer o meu melhor e tal” e tem aquele lado do adolescente né de achar que é o rei da cocada, que vai dar conta de tudo, eu falava “Não vou trabalhar na primeira loja que me contratar e vou botar comida em casa e vou criar meu filho e trabalhar, estudar e fazer tudo” então assim a imaturidade que eu tinha me deixava num nível otimista muito grande, que iam ser tudo flores e ia dar certo e hoje em dia eu olho pra trás e assim eu era um criança tendo uma criança, total.

Henrique de Moraes – É, surreal. E aí beleza, então você acabou fazendo então ADM e teve o primeiro estágio e se percebeu apaixonado por marketing. O que te fez no estágio se ver querendo praticar, fazer isso pro resto da sua vida?

Roberto Cury – Cara a possibilidade de você, na época tá, apertar uns botões e impactar ali milhares de pessoas, era uma coisa fantástica para mim, tipo “Putz então calma aí, se eu mudar essa palavra aqui o resultado aumenta 10%? Se eu ajustar e criar essa landing page em vez de um passo, dois passos, contra intuitivamente vai aumentar a conversão em 20%?” então assim, possibilidade de testar muito rápido e ver o resultado acontecendo foi algo que me encantou e eu via outros amigos de outras áreas não tendo essa velocidade e essa entrega, porque eu não entrei só no marketing, eu entrei no marketing digital, que na época assim era a cereja do bolo.

Henrique de Moraes – Qual era o ano?

Roberto Cury – 2008

Henrique de Moraes – Bem no iníciozinho de se falar de marketing digital assim né

Roberto Cury – Bem, bem no início, então peguei ali, surfei esse momento e olhava pro lado a galera de logística, e tinha outra galera no RH, galera de finanças então assim, porque eu fazia ADM então eu tava vendo a galera indo estagiar nos cantos mais diversos, e aí quando eu olhei o marketing ali, que era praticamente chamado de marketing de performance por assim dizer eu vi uma possibilidade de teste e erro, ajuste, correção no meio do caminho, impactar muito grande e eu falei “É isso”. Eu só fui começar a pensar em branding mais à frente mas não digital era quase que 100% performance ali, meio marketing, era incrível.

Henrique de Moraes – E desa época você lembra assim quais foram os testes mais loucos que você fez porque assim, era isso né, eram otimizações completamente diferentes das que a gente faz hoje né

Roberto Cury – Cara eu lembro de uns testes que eram num nível de loucura de fazer, não era teste A e B era assim, em um dia eu vou testar 6 subjects diferentes, aí você separava a base na mão em 6 subjects diferentes, aí você pegava os dois melhores e no dia seguinte testava com seis HTMLs diferentes, aí depois você testava o melhor dia e horário da semana então assim, às vezes um teste que começava no dia 1 do mês terminava no dia 15 do outro mês e aí a gente sabia “Tá beleza, esse é o melhor subject, esse é o melhor HTML, esse é o melhor dia e horário, agora descobri que é terça-feira 10:30 da manhã, pode seguir aqui por mais uns dois meses, depois a gente testa tudo de novo” era tudo na mão, muito bizarro.

Henrique de Moraes – Surreal, a galera não sabe mais o que é isso com essas ferramentas de automação de tudo e quais são as maiores mudanças porque cara de 2008 para cá você pegou a entrada de tanto player gigante assim que mudou completamente o jogo, quais foram as maiores mudanças que você viu assim no papel né, da pessoa que veste o chapéu de marketing ou de performance porque no final das contas elas andam meio que juntas mas também não, tem gente que se enxerga diferente, mas vestindo o chapéu de marqueteiro digital aí né, quais foram as maiores mudanças que você viu assim acontecerem e como que mudou o papel do marqueteiro né?

Roberto Cury – Olha eu vi uma mudança do marqueteiro muito grande, não para mim porque eu já estava inserido nisso desde o início, mas naquele meu início de carreira ainda existiam os marqueteiros criativos por criativos sabe ,“Ah ele é bom de insight, ele tem ideias ótimas e tal” e aí isso assim, principalmente nos últimos talvez 5, 6 anos para cá eu vejo que essa galera já não se emprega mais, já não roda mais. Cara ou você é muito bem baseado em dados, você tem hipóteses muito claras, muito bem definidas, você tem um acompanhamento dos testes e das informações do que tá fazendo ou você cai do cavalo, cai pelo caminho fácil então aquele marqueteiro raiz de antigamente, “É criativo por si só” cara eu já não vejo mais espaço para essa galera tanto que quando eu peguei uma área de branding pela primeira vez, o quanto que eu superei bem isso justamente por ter esse lado de dados, de embasamento o quanto que você consegue aplicar isso numa área que era chamada de offline sabe, não faz sentido você ter uma área offline no marketing, e aí a galera meio que rebatizou pra branding e etc. Então eu vejo essa grande mudança do profissional muito embasado em dados, que conhece as plataformas e uma outra mudança talvez não tão interessante assim para o mercado, é o monopólio de mídia que você tinha em mídia off com Globo, agora você tem um monopólio de mídia online com o Google e Facebook basicamente, então era muito bom você ter uma possibilidade de dividir o seu orçamento em 10 frentes, entre portais, Facebook, Google, afiliados etc e tal, você não tava refém de nenhuma situação, você tinha um relacionamento com vários players, você tinha muita inovação por todo lado, todo mundo tentando. Quando você vê hoje em dia e sei lá, vou chutar 60, 70 às vezes 80% do orçamento de uma área de performance hoje tá em Google e Facebook, você fica hiperespecializado naquele assunto e acho que você vai ficando cada vez mais dentro de uma bolha e eu vejo isso de um lado um pouco prejudicial para o marqueteiro que tá começando agora, por exemplo.

Henrique de Moraes – Fora que também pra galera que é da criação né nesse caso, você também fica muito limitado nos formatos né porque acho que antigamente você tinha mais possibilidades de desdobramento, tudo bem que ainda assim você consegue ser criativo, a criatividade tá aí pra exatamente driblar essas coisas, resolver esses problemas mas eu vejo muita gente falando às vezes que quando chega o briefing por exemplo, já chega tudo picotado, você não tem mais a liberdade de falar assim “Ah cara vamos fazer, vamos criar do zero e a gente vê pra onde isso vai” não você já cria específico para aqueles canais, aqueles formatos, aqueles veículos enfim, especialmente como você falou né, Google e Facebook então é display infinito, todos os recortes possíveis e imagináveis e formatinhos básicos ali de Facebook. Mas engraçado que eu ainda vejo algumas pessoas Resistindo a isso que você falou, ainda tentando viver da criatividade e muita gente falando inclusive que acha que diretor de criação tem que saber dirigir filme por exemplo, que é uma coisa da escola muito das antigas né que tá ainda bem focado em TV enfim, esses formatos que a gente já conhece mas boa, legal e cara como eu falei, uma curiosidade sua que você é a pessoa com mais depoimentos, não é depoimento, como que chama esse negócio que as pessoas fazem

Roberto Cury – Acho que são recomendações

Henrique de Moraes – Recomendações, no LinkedIn que eu já vi. E eu fiquei dando uma mapeada assim né, tentando fazer um, quais as palavras que as pessoas mais falavam ali e algumas coisas surgiram né por exemplo, energia, entusiasmo, velocidade no aprendizado, determinado, extremamente proativo a assim, isso do ponto de vista dos contratantes e muita gente do ponto de vista de liderados seus né falando da sua liderança, de como você é um cara super humano enfim e eu queria falar um pouco sobre esses dois aspectos né, essas duas visões de você sendo liderado por um gerente e as pessoas tendo essa experiência com você porque cara eu fiquei impressionado de verdade com a quantidade de depoimentos positivo assim, as pessoas elogiando muito essa coisa de você ser muito proativo, de colocar as coisas para frente, de não ter tempo ruim e aí eu queria entender primeiro de onde veio essa sua característica, se você desenvolveu isso ou se aprendeu em algum lugar, se viu isso em alguém e trouxe pra você, de onde surgiu esse seu jeito e depois falar um pouco de liderança, mas vamos começar por esse lado que acho que é importante, especialmente pra galera que tá começando agora, que eu tenho uma sensação e aí não sei se só eu ou se você compartilha de que tá vindo muita gente leite com pêra, que reclama muito e faz pouco sabe tipo assim, como você desenvolveu isso, primeiro fala como você desenvolveu isso e depois a gente fala sobre a sua percepção

Roberto Cury – Só um disclaimer aí dessa história das recomendações, muitas delas são de pessoas que eu mentorei na carreira e que foram gratas à isso e foram lá e fizeram uma recomendação, eu tenho até um artigo no Linkedin a minha foto de capa é uma nuvem de palavras que eu montei em cima de todas as recomendações que eu recebi, quando bateu 50 eu fui lá e fiz isso então eu realmente tenho um orgulho danado ali de ver tanta gente boa já tendo deixado algumas palavrinhas. Com relação à energia né, acho que você quer basicamente focar nesse tópico né de putz pegar e faz, com sangue no olho ali por assim dizer. Eu peguei isso desde lá do início, antes de entrar para qualquer profissão quando eu fazia festa. Quando você faz festa e eu fazia festa antes de entrar na faculdade, você precisa resolver os negócios muito energicamente e muito rápido, você vive numa tensão de que você precisa vender ingresso e ao mesmo tempo você tem que cuidar da portaria e aí você tem que garantir que o som tá chegando e que a bebida tá gelada, que os garçons estão atendendo então assim é tanta coisa que você tem que gerenciar ao mesmo tempo que se você não bota uma energia naquilo algum dos pratos cai e o seu evento é um fracasso e a galera não volta para o próximo então assim, pro seu evento ser um sucesso, pra festa ser um sucesso são tantos fatores que têm que acontecer de forma positiva que assim, você fica numa pressão e numa adrenalina muito grande então eu fazia isso antes da faculdade, quando entrei na faculdade eu entrei para o grêmio lá, pra atlética para fazer evento também então fazia evento de esportes e fazia eventos de bebedeira mesmo, festa churrascão e tal então sempre fui esse cara enérgico ali para fazer o negócio acontecer, “Caramba estamos a dois dias de evento e faltam 50 pessoas pro evento se pagar”, eu mandava mensagem pra galera no Orkut, de um a um entendeu, deixava scraps nos murais da galera, eu fazia o negócio acontecer porque o evento tinha que se pagar então quando eu entrei para o mercado de trabalho eu já vim com essa bagagem junto, essa energia toda juntos de tipo “Putz se eu der um gás aqui o negócio sai mais rápido, o negócio acontece e o resultado vem” então eu nunca larguei essa característica e tenho ela até hoje assim, se é para pegar vamos pegar com vontade e vamos até o final, vamos encarar e vamos fazer” então realmente é um feedback positivo que eu tenho aí e que eu construí antes de entrar em qualquer emprego, só fui aperfeiçoando ele e lendo um pouco mais a respeito.

Henrique de Moraes – Boa. Você se lembra de coisas que você leu a respeito, exatamente dessa postura de trabalho?

Roberto Cury – Cara eu li um livro sobre liderança, eu não tô lembrando o nome, vou tentar resgatar mas sei lá era alguma coisa de bom líder, como ser um bom líder, alguma coisa assim lá em 2012 ou 2013 que basicamente foi minha primeira liderança ali, e ali eu vi o quanto que esse lado enérgico motivava as pessoas também, você chegar com um bom dia animado, chegar numa reunião tipo “Vamos aí galera”, às vezes o dia da pessoa tá uma bosta mas você chega com um alto-astral ali você vira a chavinha, “Caramba realmente, deixa eu deixar o problema que eu tava aqui na cabeça ficar lá fora e vamos entrar nessa onda boa aqui com o Roberto sabe” então cara basicamente eu meio que fui comprovando ao longo do tempo a importância de manter esse perfil de energia alta e eu dedico isso em tudo que eu faço.

Henrique de Moraes – Perfeito. E em relação à liderança assim, como que você enxerga o papel do líder hoje e se você lembra assim dos maiores erros que cometeu?

Roberto Cury – Maiores erros como líder? Cara eu descobri, eu tive um erro muito grande que eu uma vez dei um feedback “atravessado” pra uma pessoa, já era macaco velho de liderança tá e dei um feedback “atravessado” porque tava entre uma reunião e outra numa outra cidade, a pessoa tava fazendo um auê desnecessário em cima de uma situação e eu mandei uma mensagem no Slack tipo “Cara tá viajando, não é isso, fala com tua chefe aí e a gente resolve isso quando eu voltar pro trabalho” e aquilo virou um caos, um caos assim, quase que uma gestão de crise interna porque era uma pessoa que tava para sair da empresa e tal então dali eu tirei dois grandes aprendizados de tipo assim, obviamente feedback de maneira nenhuma você dá de forma escrita, você olha no olho, nem por voz então você olha no olho da pessoa e fala onde ela errou e porque que ela errou, porque você tá avaliando aquilo bem ou mal e etc, então esse foi um grande aprendizado na marra do tipo “Cara não, não registra sem estar olho no olho, você pode até registrar mas explica para a pessoa antes” e o segundo ponto é, você tem que ser muito empático com a dor da pessoa naquele momento então o que para você naquele momento é uma coisa muito boba, muito pequena, você não sabe o que aquela pessoa tá passando ali naquele dia, naquele momento então às vezes ela só tá num dia ruim, te mandou uma mensagem atravessada e putz se você devolver ódio com ódio você vira uma fogueira sabe então assim não faz isso, para, respira, pergunta “Cara tá tudo bem? Não? Vamos conversar pessoalmente, vai dar tudo certo” e eu vou até acrescentar um terceiro tá, não fiquem com demissionários na empresa, aquela pessoa que pediu para sair vai ficar um mês, vai ficar 3 semanas só se você tiver muito na mão daquela pessoa porque a chance dela minar a cultura da sua equipe ou da empresa ou sair fazendo picuinha e intriga quando ela já decidiu sair é um risco altíssimo, então são três aprendizados aí, olho no olho, ter empatia com a dor da pessoa e demissionário jamais.

Henrique de Moraes – Sensacional. Você tem alguma, quando você vai dar feedback, você tem algum processo para dar feedback, você prepara antes ou você tem alguma metodologia porque tem alguns formatos né de feedback, uma vez eu aprendi com o Bernardinho do feedback sanduíche, já ouviu falar desse?

Roberto Cury – Já, conheço, conheço. Eu faço feedback de dois modelos tá, o primeiro é o que a galera chama, eu chamo de “Como foi seu mês?” que é um feedback que eu faço uma vez por mês obrigatoriamente com todos os meus liderados diretos e eu faço 7 perguntinhas, “Como é que foi seu mês?” e a pessoa vai abrir o coração ali, ela vai falar como é que foi se foi bom se foi ruim, “Qual foi a sua grande entrega?” se a pessoa não teve uma grande entrega ela já começa a sentir que o negócio não tá bom ou que alguma coisa muito grave aconteceu para ela não ter uma grande entrega no mês. O terceiro eu pergunto “Qual que é a sua grande entrega do mês seguinte?” é a chance dela se recuperar, se ela não teve uma grande entrega no mês passado isso pode ser um ar novo pra ela. O quarto eu pergunto como está a vida pessoal, e isso é importante, tem gente que se abre e tem gente que não mas às vezes a vida pessoal da pessoa tá num caos tão grande, tá no meio de uma separação, a criança do vizinho acabou de nascer, adotou um cachorro, sei lá às vezes tem fatores externos que prejudicam esses dois anteriores e que é legal a gente saber tá, então essa é a quarta. A quinta eu pergunto se ela teve algum problema na empresa com alguma área, dentro da área, alguma coisa que impediu ela de fazer um bom trabalho, na sexta pergunta eu pergunto se tem algum feedback para mim e a sétima pergunta eu dou um feedback de volta pra pessoa. Então é um framework que eu já faço há alguns anos, funciona pra caramba porque na hora que eu vou fazer o feedback oficial trimestral, que eu também tenho um outro modelinho mais complexo, eu não tenho grande surpresas e a pessoa não tem grande surpresas, eu tô monitorando ali todo mês, tô dando diálogo, tô deixando o negócio aberto e eu acho que um dos grandes pontos lá que aparecem que você falou lá da liderança e tal é, além de ter esse diálogo muito aberto e de ter esse feedback constante, você mantém esse canal aberto que é importantíssimo, eu sempre dei louros da vitória e holofotes pra quem fez, pra todos os meus liderados e eu nunca me apropriei de ideia dos outros ou fui lá na frente apresentar coisa que não era minha a não ser quando era uma coisa muito formal mas eu fazia questão de ir lá na frente, agradecer o time e falar quem fez então assim isso sempre ajudou a alavancar todo mundo das minhas equipes e sempre que eu saio dos lugares ou algum ex-liderado meu ficou na minha posição interinamente ou oficialmente ou hoje são grandes líderes em várias empresas então assim, tenho um orgulho danado aí de conseguir fazer uma gestão boa e me orgulho disso, posso não ser um super técnico em Google Ads ou Facebook Ads mas consigo extrair o melhor aí dos meus liderados e dar todos os louros e holofotes que eles merecem.

Henrique de Moraes – Sensacional. Cara adorei o framework e já vou adotar inclusive e interessante essa pergunta que você faz sobre a vida pessoal e mais interessante ainda é a hora que ela entra né porque assim, ela entra no momento ali depois da pessoa ter passado por um momento mais delicado de ter que falar qual foi o projeto grande, depois o projeto que ela tem pra fazer enfim, ali daquela situação meio com a corda no pescoço e aí ela tem aquele momento de se abrir, de repente uma coisa mais descontraída e aí depois vem o feedback, sensacional cara e talvez essa pergunta ela colabore muito não só a pergunta né, lógico como você conduz isso provavelmente faz muita diferença mas a pergunta colabore muito pra muitos dos feedbacks de falar desse lado humano né, da sua liderança, sempre quase todos eles falem sobre isso, que é uma liderança muito humana, muito próxima, muito carinhosa de certa forma, tem vários depoimentos nessa linha e com certeza isso ajuda. Você faz acompanhamento mais diário também assim, tem algum protocolo de acompanhamento mais daily basis ou você faz sempre esse mensal?

Roberto Cury – Tá, em relação a feedback assim, acompanhamento, termômetro da pessoa tem um mensal, tem um oficial trimestral mas assim no dia a dia eu sou muito atento a mensagens não verbais tá então sempre recomendo body language pra todo mundo, quando você entende a linguagem corporal da pessoa rapidamente você consegue perceber que ou ela tá com uma dor de barriga ou ela chutou a quina da mesa ou ela tá com algum problema e o dia não tá bem, não tá bom por algum motivo então é a hora que eu chamo junto “Vamos ali tomar um café, me conta o que tá rolando, posso te ajudar de alguma forma?” o remoto dificultou um pouco isso então assim a leitura teve que ficar mais aguçada no vídeo para você perceber sinais ali mas cara se você observar bem pessoas você sabe quando ela tá atenta, quando ela tá feliz, quando ela tá triste, quando ela tá incomodada então o quanto mais você tiver o olho treinado mais fácil pra você entrar ou pra dar um feedback ou pra dar um direcionamento ou para se colocar aberto para ouvir, eu acho que às vezes as pessoas só querem falar, “Cara só quero falar tô com um problemaço aqui” ela põe pra fora o problema e depois que ela fala com 3, 4 pessoas aquele problema que era enorme já nem é tão grande assim.

Henrique de Moraes – Verdade. E voltando pra primeira pergunta então, como você enxerga né o papel do líder porque você falou uma coisa interessante, você falou “Não sou o mais técnico em Google Ads e Facebook Ads” mas é isso, na minha visão pelo menos eu acho que parte do papel do líder é muito mais saber fazer as perguntas certas e saber botar a galera para fazer né o que tem que fazer, queria entender pra você assim né qual é o papel, como que você enxerga um bom líder hoje?

Roberto Cury – Cara pra mim um bom líder hoje é alguém que te dá autonomia pra errar, pra acertar e pra errar de novo, eu acho que esse é um ponto importantíssimo essa safe zone aí de fail fest, eu acho que isso é um ponto muito importante e é alguém que consegue te direcionar quando você precisa ou quando consegue te direcionar quando você nem sabe que precisa e eu acho que esse é um grande diferencial aí de um bom líder porque assim na hora que você levanta a mão e pede ajuda, é muito básico você espera de um líder bom ou minimamente bom uma ajuda na hora que você levantou a mão, basicão. Agora quando o líder percebe que você tá travado por algum motivo naquele assunto ele se antecipa e fala “Olha, posso te ajudar nisso? Já testou esse caminho, já viu essa plataforma, já viu essa ferramenta, já falou com o fulano de uma outra área, beltrano de uma outra área?”, você passa um contato de uma ex pessoa, uma ex-empresa que você trabalhou pra essa pessoa fazer um network e ela melhorar ali, você indica um livro, você indica um podcast então assim essa antecipação de você garantir a pessoa ali entregando, fazendo o negócio acontecer então para mim um bom líder ele tá delegando o tempo inteiro e ele tá ajudando a pessoa a não sair totalmente da rota e a rota tem que ser traçada em dois, você não traça a rota sozinho de ninguém, se não é sua intenção ser líder de design eu não posso forçar você a ser um líder de design porque você vai desviar dessa rota o tempo inteiro então de novo, você tem liderados que estão casados com o que você pode oferecer para ele de volta? Legal, se a intenção de carreira deles é outra, aí desandou.

Henrique de Moraes – Boa. E cara vou te fazer duas perguntas bem, já bem no detalhe, tentando formar situações. Primeiro assim, nessa parte do erro né que eu acho que tem um assunto que se tornou muito comum né essa coisa do errar rápido e corrigir e você dar liberdade das pessoas errarem, mas como você enxerga por exemplo um erro que é fatal, se é que existe, que você ache que existe esse erro, de um erro de tentativa mas assim genuíno e que talvez, como você separa essas coisas? Porque tô falando do meu ponto de vista assim, às vezes eu acho difícil isso sabe, aconteceu há pouco tempo comigo por exemplo de uma pessoa cometer um erro que pra mim era fatal e acabei mandando ela embora mas depois eu fiquei me perguntando “Cara será que eu tinha que ter dado mais uma oportunidade? Será que eu tinha que ter conduzido de alguma outra forma?” então assim estou perguntando bem da minha situação real aqui, mentoria ao vivo.

Roberto Cury – Cara tem erros fatais sim e eu acho que os erros fatais não são erros financeiros tá, eu já vi erros financeiros muito grandes, eu mesmo já cometi, quem nunca deixou aquela campanha ligada o fim de semana e quando chegou segunda-feira gastou o budget do mês inteiro que atire a primeira pedra então assim eu já passei por isso, esse frio na barriga de “Vou ser demitido com certeza” então é um erro comum e é um erro financeiro que eu acho que assim, o erro fatal Henrique na minha opinião é um erro cultural, é um erro comportamental porque um erro financeiro se você tem minimamente uma gerência sobre aquele budget você consegue contornar de alguma forma, recuperar o resultado ou justificar, se a pessoa é boa no que ela faz um erro financeiro você corrige, “Ah imprimi um negócio errado aqui” a gente resolve o caminho, “Ah cara contratei uma empresa que foi uma furada” enfim para mim é: erro financeiro não necessariamente é um erro fatal, um erro fatal é um erro cultural um erro de postura muito ruim, é você responder o cliente sei lá com palavrão bizarro, desnecessário, é você simplesmente ser homofóbico no trabalho ou é você ter uma postura absurdamente agressiva com um colega de empresa, é você assediar alguém na empresa que para mim assim é o supra-sumo de nunca mais quero trabalhar numa empresa em que eu vivencie assédios constantes como eu já vivi então para mim esse tipo de erro é um erro fatal, é erro cultural, erro de personalidade, de caráter e ali quando esse erro aparece não tem segunda chance, apareceu um erro de caráter um abraço, tchau não volta mais, agora um erro financeiro, um erro de percurso, se a pessoa é boa e você quer apostar nela legal vamos reverter, se você já tava com aquela pulga atrás da orelha foi só ela que pulou do penhasco e arrumou a desculpa que você queria para mandar embora então eu acho que basicamente essa é a minha visão sobre erros fatais e erros não fatais.

Henrique de Moraes – Sensacional. E agora puxando um pouco pra situação atual né que você até falou da dificuldade, que agora você tem que fazer essa leitura corporal de uma maneira um pouco mais delicada, mais difícil né enfim como que você faz pra por exemplo, também trazendo exemplos meus aqui, às vezes você vê que tem sei lá uma pessoa que está desmotivada né, em um dia não dá pra você falar “Aquela pessoa tá desmotivada” um dia pode ser só um dia ruim né e você deixa passar mas quando sei lá passou uma semana e você vê que aquela pessoa tá com a mesma postura né, aquela mesma conduta né ali nas calls de não estar muito participativa, alguma coisa assim, como que você faz para puxar para esse feedback assim de ouvir por exemplo como você falou, sabe? Eu já consegui fazer isso algumas vezes bem mas tem vezes que a pessoa parece que também não tá muito, não quer se abrir também e você não sabe se ela recebeu outra proposta e tá esperando o momento pra te falar, se ela simplesmente tá passando por um momento ruim e não quer de fato dividir porque é um momento delicado ou se cara, simplesmente ela não tá motivada com o trabalho e não quer falar porque também acha que pode botar o emprego dela em risco, como que você puxa isso para conseguir de fato o que tá acontecendo com aquela pessoa?

Roberto Cury – Legal, ótima pergunta. Eu sempre criei uma relação muito aberta com todos os meus liderados a ponto de alguns deles chegarem pra mim falando “Olha não sei se vou, não sei se fico” porque eu sempre me coloquei muito mais como mentor ali, como uma pessoa para ajudar do que o chefe na empresa tá então acho que isso sempre me deu muita liberdade das pessoas se abrirem comigo, aconteceu um caso clássico de uma empresa que eu tava há pouco tempo e uma pessoa que estava há muitos anos veio a mim falar da situação antes de falar com qualquer outra pessoa de anos que tava ali com elas, de confiança então se você cria um relacionamento genuíno essa pessoa tende a vir falar com você e se abrir, se ela não vier eu vou atrás, se ela não vem eu vou atrás e tento arrancar, caso não saia eu taco projeto novo e geralmente funciona. O cara tá meio desmotivado, meio sem energia, “Cara tô com uma ideia nova aqui incrível, você vai falar com fulano, beltrano e ciclano, olha esse link, a situação é assim” então eu taco um fogo ali pra ver se ressurge a fênix. Às vezes a pessoa volta, às vezes ela vai vai por um buraco ladeira abaixo e não tem jeito.

Henrique de Moraes – Sensacional, boa. E funciona, tô aqui atestando, funciona mesmo, já fiz isso sem querer não foi muito pensado mas já vi funcionar bem. Por último pra gente esgotar esse assunto aqui mas é porque o assunto tá muito latente para mim então assim por isso eu tô fazendo várias perguntas, você já enxergou assim, quais são os maiores erros que você enxerga na verdade em outros líderes né e assim, provavelmente no geral, não precisa ser uma pessoa mas como é que você, você já observou assim coisas que acontecem recorrente?

Roberto Cury – Nossa, muita coisa e assim eu tive o prazer de ter praticamente a mesma quantidade de líderes muito bons e líderes muito ruins na minha vida então eu consigo olhar ali lados muito opostos tá do que que foi muito bom e do que foi muito ruim. Um líder ruim, aquele líder nato ruim é o líder centralizador porque o líder centralizador ele não confia, ele não delega, ele não deixa a máquina andar, o time girar então assim ele quer os louros da vitória, ele tende a ser um líder com ego grande então assim o líder centralizador com líder com ego grande você já vê dois grandes problemaços ali e outro ponto é o líder que não deveria estar naquela posição, e esse líder que não deveria estar naquela posição por N motivos, tecnicamente não conhece nada daquilo, então eu posso não ser em expert de Google Ads e Facebook Ads mas se precisar eu entro na campanha, ajusto palavra-chave e faço o negócio rodar, eu sei entrar ali e fazer o negócio acontecer, eu não faço hoje mais mas se precisar eu entro, então tem muito líder que por N motivos foi colocado numa posição que não existe uma capacidade técnica pra pessoa estar ali, acho que esse é um ponto e o segundo ponto é, o nosso mercado ele é tão avesso à essa carreira em Y que ele não valoriza especialistas que ele força num determinado momento um ótimo especialista virar um mau líder, ele não gosta de gerir pessoas, ele não quer ouvir de verdade as pessoas, ele acha tudo um saco, ele acha que gastar um dia na semana conversando com a equipe, pegando feedback é um puta desperdício ou seja, ele definitivamente não é o líder, ele é um baita especialista que foi colocado numa cadeira de líder e agora ele é um péssimo especialista porque ele não é mais e ele é um péssimo líder porque ele não tem habilidade para aquilo. “Ah Roberto não dá para treinar?”, cara dá mas eu hoje não conheço nenhum caso de reversão de um mau líder ter virado um bom líder e eu tenho alguns anos de mercado aí.

Henrique de Moraes – Faz sentido, já vi isso acontecer também, já cometi o erro inclusive de colocar uma pessoa nessa posição e perceber que não fazia sentido e tava dando erro, deu pra reverter rápido mas é isso porque é um erro que às vezes não é só você que comete né assim, às vezes a pessoa pede para ser colocada naquela posição mas ela mesmo nem sabe de fato as responsabilidades e o tipo de desgaste que vem né porque são desgastes completamente diferentes, o desgaste da relação, desgaste das tarefas né de você ter muita coisa pra botar pra frente, são partes diferentes e dependendo de pra qual lado você tiver uma tendência a ser melhor, um vai desgastar muito mais assim e vai acabar com sua energia pro resto do dia e você não vai conseguir fazer nada né porque você vai estar o tempo inteiro também e é isso, passando aquele negócio na cabeça “Pô não queria estar fazendo isso, isso é uma merda, um saco” e aí desgasta nem pelo trabalho que dá ou pelas horas dedicadas, é mais por você ficar o tempo inteiro se lamentando mesmo né.

Roberto Cury – E a pessoa acaba sendo grosseira com alguém, acaba atravessando, “Ah não sabe fazer essa merda deixa que eu faço”, o líder que é super técnico e não é líder é aquele clássico que “Me dá aqui que eu vou fazer isso” e aí desmotiva a pessoa, passa uma mensagem toda errada também, é um clássico né do mercado de trabalho.

Henrique de Moraes – Verdade. E em relação à postura da galera assim que você tem visto hoje entrar no mercado de trabalho, o que você vê de mais difícil assim porque eu tenho algumas coisas em mente mas eu quero ouvir de você antes né o que você tem encontrado de maior desafio assim, especialmente quem tá entrando porque quem já tá lá há mais tempo às vezes já saberia navegar, se adequar melhor mas especialmente as pessoas que estão entrando agora eu tenho tido algumas dificuldades, eu queria entender o que você tem visto?

Roberto Cury – Vejo algumas dificuldades sim e vejo uma dificuldade justamente porque são gerações muito distintas, a gente que tá nesse grupo 30+ recebendo uma galera 20-, é uma relação muito diferente, nós fomos criados sendo obrigados a ter paciência, você tinha que ter paciência para esperar o comercial acabar para ver o bloco seguinte do filme porque tinha um intervalo comercial, você tinha que ter paciência porque você precisava ir até a biblioteca ficar revirando Larousse e Barsas até encontrar o significado de sei lá ecossistema, fotossíntese e por aí vai então assim a gente sempre teve que ir muito atrás e correr atrás das coisas e naturalmente a gente teve que ter paciência porque era um jogo por vez, era uma brincadeira por vez, era um filme por vez, eram poucos canais, tudo era menos tá então assim a gente conseguia focar mais numa situação ou na outra. Essa geração nova e eu vejo até pelo meu filho que muito em breve tá no mercado de trabalho, a geração criada no “Ok Google, me fala aí se vai chover hoje ou não”, “Ok Google me explica como é o processo da fotossíntese” e aí pode ser Alexa, pode ser Siri ou qualquer outro então assim a geração imediatista espera resultados imediatistas, acha que fez um curso e no dia seguinte tá promovido, acha que fez uma análise incrível e no dia seguinte vai todo mundo bater palma, é muito mais desafiador, é uma geração bem mais desafiadora mas assim, passei por casos de recentes muito interessante de você jogar bolas quadradas, briefings muito quadrados e falar assim “Como você resolve isso aí para mim?” e a pessoa me volta com 3, 4, 5, 10 soluções, ferramentas que eu nunca tinha ouvido falar, uma estruturação muito boa então assim, esse lado tecnológico muito rápido tem um lado excelente de quebrarem, se a pessoa é boa de problem solving né ela quebra isso e te traz soluções, caminho A, B e C mas é alguém que eu tenho que estar motivando o tempo inteiro, é alguém que eu tenho que estar falando “Calma, respira né” o podcast calma! é perfeito, você tem que fazer um convidado de 18 anos aqui, acho que vai ser incrível ver essa diferença, é uma galera que quer tudo pra ontem, eles querem tudo pra ontem então assim é difícil, é uma geração que a gente vai ter que aprender a conviver e eu tô tentando ver o copo meio cheio dessa nova geração, é uma galera muito antenada, é uma galera que talvez nós não fossemos tão antenados em 10 redes sociais ao mesmo tempo, consumindo tanto conteúdo ao mesmo tempo iguais eles são, acho que provavelmente os melhores social media da história hoje devem ter 20 e poucos anos e não 30 e poucos como a gente ou 30 e alguns então assim, eu tento ver esse copo meio cheio, tem dificuldade? Tem, tem dificuldade de relacionamento, você tem que tomar mais cuidado, qualquer palavra errada ali você vai tomar uma bordoada e eu tento me colocar numa posição muito humilde de “Putz essa é a galera que daqui a pouco tá em cargos de gerência, em cargos de diretoria de igual para igual com a gente” é logo ali, estaremos no mercado de trabalho ainda tendo pares dessa geração que nasceu com “Ok Google” então assim, estamos preparados para evoluir, crescer e aprender com essa galera? E eu acho que o outro ponto é, eles estão preparados também para evoluir e crescer com a gente? Porque tem uma aversão ao velho né, a gente já tá velho, imagina o moleque de 18 olha para mim e fala “Tiozaço” então ter uma humildade nessa geração é um problema que eu vejo mas eu tô tentando pegar o lado bom e vejo alguns lados muito bons deles, tento me apegar a isso.

Henrique de Moraes – Legal, eu acho que engraçado assim essa parte da velocidade né e de ter nascido acostumado com a parte de tudo, da gratificação instantânea de você resolver o problema, todos os seus problemas muito rápido ali e enfim eu acho que isso tá começando a fazer um caminho diferente que tá começando a atingir as pessoas mais velhas também, eu tenho começado a sentir isso assim de pessoas mais velhas estarem também pegando um pouco dessa cultura e ficando mais impacientes sabe mas assim, acho que pelo menos quem é mais velho consegue pelo menos refletir sobre isso e entender que existe uma outra forma de viver a vida porque você já viveu a vida de outra forma, agora a geração nova não né ela não entende isso, nunca viveu isso e tem um outro ponto que eu acho assim que aí é uma dificuldade que eu enxergo que é das pessoas buscarem muito o lugar ideal né tipo tem essa coisa da busca pelo propósito, de estar alinhado e de querer um lugar em que você seja feliz e tudo mais mas ao mesmo tempo elas não querem ser responsáveis por ajudar nisso também sabe ou quer ter muita liberdade mas aí quando tem liberdade acha que tá com muita responsabilidade sabe então são umas coisinhas assim que o discurso é de um jeito mas na prática eles acabam  não de fato absorvendo isso sabe tipo e tocando isso do ponto de dentro para fora, eles querem sempre de fora para dentro essas coisas, “Ah eu quero um ambiente que seja foda e me deixa feliz” tá mas você também é responsável pela felicidade dos outros né então assim, você tá contribuindo também? E da mesma forma com projetos assim, eu vejo muita gente assim “Não porque cara eu quero fazer um projeto foda” o discurso é esse né, “Quero fazer um projeto foda pra marca foda e beleza, maravilha” aí você fala assim “Tá então tá aqui o briefing”, você dá um briefing fechado, quadrado né aí a pessoa fala “Não mas não tenho liberdade, eu quero ter mais liberdade, esse cliente não me deixa fazer nada e tudo mais” aí você “Beleza então toma aqui o projeto, o que eu sei é isso aqui, é para esses veículos, esses canais e pra vender esse produto, faz o que você quiser”, “Ah não mas não tem mais informação?” então é complexo.

Roberto Cury – É complexo, é complexo Henrique, acho que a gente vai vivendo e vai aprendendo esses meios termos aí, acho que é o tempo inteiro, é o que eu falei, acho que é o tempo inteiro incendiando, tem que incendiar e aí vai dando aos pouquinhos “Já testou isso, já fez aquilo?”, “O que você acha desse assunto?”, às vezes aquela história de você passar um bloco de ações e a pessoa se perde, vai passando aos pouquinhos e a pessoa vai entregando e aí é muito de cada um né, eu vejo, tô dando aula agora e tem alguns alunos que são ali 5, 6, não sei porque fazem o curso e tal mas estão ali fazendo e tem a galera que pega, investiga e te adiciona e quer mais material, quer mais livro e aí “Cara não tem mais livros, isso aí é na prática”, “Não mas não é possível tem que ter, tô pesquisando e não sei o que” então assim tem gente, tem gente, eles podem ser mais raros mas tem muito dessa galera e assim é um mercado muito novo, é uma geração muito nova, vai ser conflituoso pelas próximas décadas com certeza.

Henrique de Moraes – Sim mas com certeza tem gente assim, eu acabei de contratar um cara que está sendo uma experiência sensacional assim, pouquíssimo tempo e o maluco abraçou tudo, falou “Não beleza, me dá que é meu” tipo “Tem desafio? Me dá que é meu” e abraça, toca, bota pra frente e é tão bom quando isso acontece, você encontra a pessoa e fala “Caraca então beleza, agora isso aqui posso deixar com ele”, tava até conversando com minha esposa mais cedo que ele virou pra mim e falou assim “Eu quero tirar um peso que eu sei que é você que tá carregando então assim, bota nas minhas costas que eu carrego”, eu falei “Caralho” e pô 20 e poucos anos então achei sensacional, então você de fato encontra pessoas assim que são mais determinadas e que tem um objetivo muito claro sabe porque ele sabe o que ele quer extrair da empresa, sabe o que ele quer tirar de você, sabe como ele contribui e vai lá e bota pra frente, é sensacional.

Roberto Cury – É uma galera de objetivos muito claros, os bons tem objetivos muito claros, “Vou ficar 2 anos aqui, vou aprender pra caramba, daqui eu vou pra uma consultoria ou eu vou para uma Magazine Luiza ou uma B2W, a galera tá, quem tá tá focado e tá bem e vai voar porque essa geração se bem motivada e bem direcionada tem tanta facilidade com as novas tecnologias e com essas mil possibilidades de mil telas ao mesmo tempo que se bem focado ali são monstros, são monstros.

Henrique de Moraes – Com certeza. Cara aproveitando esse assunto de mil telas e conectar, velocidade, queria te perguntar o que te causa ansiedade hoje assim, você tem alguma coisa que te tira o sono ou que te deixa mais com aquela sensação estranha ao longo dia, porque todo mundo tem um pouco de ansiedade hoje né mas o que mais te causa ansiedade hoje em dia?

Roberto Cury – Cara você me falou isso e eu tô aqui, acabei de ver que tô com a perna tremendo sabe embaixo da mesa então assim o que mais me dá ansiedade hoje é o volume de entregas que eu tenho para fazer, justamente por abraçar muitos projetos eu tô sempre mirando ali alguns deadlines, alguns muito apertados, outros nem tanto mas isso inevitavelmente me corta algumas horas de sono, me corta um pedaço de um fim de semana e eu sempre fui uma pessoa que valorizei muito isso, ter esses momentos de lazer e tal e eu tô no momento da carreira que eu tô tendo que dar algumas fatiadas nesses momentos extras e isso me dá um pouco de ansiedade mas eu entendo que é momentâneo até eu arrumar o negócio, meus projetos estejam muitos deles já rodando, mais fluidos, processos alinhados então eu tô lidando com uma ansiedade de resolver isso pelos próximos seis meses a um ano e aí eu consigo sentar numa cadeira mais tranquilo, mas hoje essa ansiedade é, eu tô vendo onde eu vou chegar, eu tô vendo para onde as coisas estão indo mas é tanto processo para arrumar, tanta planilha para automatizar, é tanto acesso pra construir que me dá uma ansiedade braba.

Henrique de Moraes – Imagino, eu me identifico muito com isso porque também acho que o que me causa mais ansiedade é isso, também me envolvo muito em projeto e tem a ansiedade de você não conseguir tocar todos os projetos que você quer e ao mesmo tempo de você já ter muitos projetos pra tocar e aí você perde um deadline que é às vezes próprio, não é comprometimento com ninguém exatamente porque você tem os deadlines que são comprometidos com clientes enfim que você não pode perder e você perde o seu e aí aquilo começa a se tornar um peso né cara, você vai acumulando assim então tipo um dia, dois dias, três dias que você deixou de fazer alguma coisa, algum projeto seu que você tinha colocado ali uma dedicação às vezes semanal, diária enfim qualquer coisa, aquilo vai somando cara e eu tenho uma pergunta que o Tim Ferriss ele se faz, pelo menos ele coloca como se fizesse mas eu achei interessante que ele fala assim, “E se eu só pudesse resolver problemas subtraindo?” eu achei sensacional cara porque eu acho que eu faço o oposto hoje em dia, eu resolvo o problema somando e não resolve porra nenhuma porque tá sempre com mais coisa pra resolver né e eu tô refletindo bastante sobre isso eu falo assim “Beleza quais são as coisas que de repente se eu subtrair vai na verdade me ajudar a solucionar outros problemas né?” mas é difícil

Roberto Cury – É aquela grande habilidade de dizer não né, eu tive que dar três “não” já esse ano para pessoas muito queridas, para projetos incríveis, alguns que eu mesmo idealizei, a pessoa veio junto comigo e aí depois eu falei “Putz cara não vai dar, não consigo agora” já tô girando muito pra ato, preciso tomar uma cerveja tranquilo na sexta à noite sabe, preciso poder dar uma corrida no parque domingo, não dá para ficar vivendo 100% para trabalho então dar uns “não” é muito sofrido para mim principalmente para pessoas boas e para projetos interessantes mas é melhor isso do que eu ter um Burnout antes dos 40 né e ser pato, eu acho que ser pato é um grande problema, você não pode pegar um monte de projetos para nada mal, correr mal e voar mal, você tem que pegar e fazer foda aquilo que você se comprometeu a fazer.

Henrique de Moraes – Sim totalmente, eu tô lendo um livro assim bem devagar na verdade porque eu tenho mais uma vez a característica né, de fazer várias coisas ao mesmo tempo e eu leio vários livros ao mesmo tempo também então tem um que eu tô lendo bem devagarzinho assim, leio quase que um capítulo por semana que é o “Essencialismo”, não sei se já leu esse livro

Roberto Cury – Já ouvi falar muito bem dele, não li ainda, tá na lista aqui.

Henrique de Moraes – Ele é interessante assim mas tem uma página dele com um gráfico que se tivesse aqui até te mostrava porque é tão legal assim e eu achi que ele bateu muito forte em mim nesse sentido porque basicamente tem dois círculos né que são os que representam a energia, você gastando energia e um dos círculos é tipo várias setinhas indo pra todos os lados, setinhas pequenininhas assim né cada uma com tamanho inda cada uma pra um lado e uma seta enorme indo numa direção só, e ele fala “Imagina que a soma dessas setinhas dá a seta maior” e é muito visual né tipo porque uma coisa é alguém falar com você e outra coisa é você olhar aquilo visualmente, você vê o quanto a seta evoluiu, ocupa a página inteira enquanto a outra tá ocupando um espacinho pequenininho indo pra tudo quanto é lado e é isso, você acaba tipo diluindo sua energia em vários lugares e você não dá um tiro em nenhum, você não consegue essa evolução muito rápida por exemplo ou mais significativa, então esse gráfico bateu muito, acho que vale a pena, quem quiser procura assim “essencialismo e gráfico” no Google que já aparece, apareceu algumas vezes porque acho que foi bem relevante pra muita gente também, porque tem outros gráficos e só esse aparece. E no que você ficou melhor em dizer “não” nos últimos anos assim porque é isso né, final das contas tudo que a gente tá falando é muito importante aprender a dizer “não” e é muito difícil especialmente pra pessoas que tem esse perfil, eu sei que tenho essa dificuldade então você tem assim algum tipo de convite que você aprendeu, você percebeu que não faz muito sentido para você e como que você diz esses “não”, tem algum framework?

Roberto Cury – Não tenho framework, eu tenho uma dificuldade de dizer não, eu dou uns não muito de forma muito sofrida tipo “Nossa eu queria pegar esse projeto”, outro dia eu tava conversando com uma amiga minha e falei assim “Putz eu queria um clone sabe, um clone profissional para me ajudar a desenvolver muitas coisas” aí ela entrou numa questão filosófica “Não mas não deveria ser alguém complementar ao invés de ser um clone?”, entramos em várias questões éticas, Black Mirror e por aí vai e ela falou “Pô não pode ser uma Inteligência Artificial?” eu falei “Pode, pode ser inteligência artificial pra resolver várias questões” mas assim, eu ainda não sou muito bom nessa história de dizer não tá, eu deveria dar mais “não” do que eu dou hoje porque eu acredito muito nas pessoas, eu acredito muito nos projetos, quando as pessoas vem apaixonadas contar eu paro pra escutar, a galera me manda inbox no LinkedIn às vezes a empresa nem nasceu ainda, tá no papel eu paro ali e meia hora para ouvir a galera e tudo mais mas esse foi um não que eu aprendi a dar nesses últimos meses, meu LinkedIn ele começou a acelerar muito rápido porque naturalmente eu comecei a estar mais ativo na plataforma e naturalmente vem uma galera muito desavisada, muito às vezes aleatória pedindo conselhos, às vezes pedindo uma consultoria gratuita e por aí vai e em muitos casos eu tive que dar não, tipo “Cara legal, boa sorte, não consigo mas fala com fulano, fala com beltrano” e por aí vai, esse foi um ponto que eu aprendi a dizer não mas é sofrido. E um outro é um dizer não quando eu não acredito mais, isso eu demorei a aprender tipo “Ai mas eu só tô há X meses na empresa” cara desculpa o francês aqui, foda-se. Se você já não acredita mais naquilo, se aquilo já não te agrega mais, se você percebeu, virou aquela chave e por algum motivo você vai acabar sendo um profissional pior, você já não tá mais ali, você continuar dizendo sim para um lugar que te faz infeliz vai te tornar um profissional pior, vai ser pior para você migrar então assim, vai ser uma catástrofe na sua vida pessoal então assim, na hora que você virou a chave saiba dizer um não para aquela recorrência de sofrimento. Isso vale para relacionamento, vale pra qualquer coisa então assim, quando eu aprendi que eu preciso ser egoísta com a minha própria carreira, nossa isso me deu uma libertação e inúmeras portas se abriram, inúmeras portas profissionais se abriram, tipo “Olha eu só vou dar sim para o que eu acredito e para o que faz sentido, não vou ficar mais dando sim para quem X ou Y que não faz o menos sentido com o que eu tenho de crenças.

Henrique de Moraes – Sim totalmente. Esse exemplo que você deu de às vezes você estar há tanto tempo e você tem aquele custo né do “Ah mas eu vou sair agora que eu já tô há tanto tempo investido aqui?” me lembrou de uma história que até fiz um post uma vez sobre isso tempos atrás, que eu tava numa casa de praia e tinha uma ilha do outro lado e tinham uns caiaques e eu falei “Pô vou pegar o caiaque e vou até a ilha”, e aí tô indo lá amarradão, chegou no meio do caminho eu falei “Cara essa porra tá longe pra caralho, que merda, vou voltar” quando eu virei eu falei “Caralho a casa tá longe pra caralho também” e eu falei “O que eu faço né?”, falei “Ah já que tá longe pra caralho de casa e longe pra caralho da ilha, acho que vou até a ilha, vou até o final então” e cara foi horrível, eu fiquei morto, fui sozinho então eu cansei, na volta tive que dar várias pausas, descia do caique e dava uma descansada, dava uma boiada e não sei o que então foi cansativo e eu fiquei pensando exatamente nisso né, quantas vezes a gente não acaba insistindo numa ideia idiota só porque a gente não quer jogar fora o esforço que foi feito e cara na verdade o esforço que você vai fazer a mais talvez seja muito pior, seja muito mais cansativo e pra você voltar pro zero depois às vezes vai ser mais complicado também né, enfim. Falando agora de livros cara, você tem de 1 a 3 livros assim que mais te influenciaram e eu sempre falo que não necessariamente precisam ser livros de negócios, de empreendedorismo, ou de liderança, livros, pode ser ficção, romance, qualquer coisa, livro de poesia que seja

Roberto Cury – Legal, vou falar um de negócio e dois de não negócio porque acho que é legal porque sei lá “Organizações Exponenciais” já deve ter passado dez vezes por aqui no seus papos sabe

Henrique de Moraes – Não tanto, não é um tão recorrente, tem alguns que são mais

Roberto Cury – Mas tem um que eu gosto, eu li há muitos anos, acho que li umas duas, três vezes que eu adoro que é o “Oportunidades disfarçadas”, não sei se você já leu, vou até ver quem é o autor, se não me engano é brasileiro, André Franco alguma coisa assim enfim, cara é assim, em tudo que você tá no dia a dia tem alguma oportunidade ali que vai acontecer. Tem um case muito emblemático, que tava numa reunião de board, de diretoria sei lá da Goodyear ou sei lá de que empresa que era de pneu e a galera falando que a conta não tava fechando, tava bizarra e tava um faxineiro ali na reunião e ele falou “Gente é porque vocês tem um custo muito alto porque vocês tem uma caixa para cada pneu, porque que vocês precisam dessa caixa? Porque a primeira coisa que a pessoa faz é jogar aquela caixa fora” e aí desde então todas as especificações dos pneus são marcadas no próprio pneu e uma redução de curso com papelão e caixas etc absurda então assim a oportunidade às vezes está muito na cara e você só precisa dar um zoom out da situação, trazer alguém de fora para dar um olhar diferente então para mim esse livro é leve, é rápido, são vários casezinhos pequenininhos e me mantém com um olhar muito ativo assim de “Cara eu tô vendo um filme e isso pode me ajudar no trabalho, tô vendo uma peça de teatro e vai me ajudar, eu tô olhando pela janela e isso pode me ajudar de alguma forma” então eu tô sempre conectado com tudo e atento porque tudo é inspiração, então recomendo super o “Oportunidades disfarçadas”.

Henrique de Moraes – Me lembrou uma história que não sei se você já ouviu, acho que o Porchat falava sobre isso, da história da pasta de dente, da caixa da pasta de dente, já ouviu essa história?

Roberto Cury – Não lembro

Henrique de Moraes – Cara eu vi o Fábio Porchat falar isso num stand-up comedy dele, que tinha uma fábrica de pasta de dente e ele estavam com problema que algumas caixas estavam indo para as farmácias sem a pasta e aí os caras foram contratar uma empresa para fazer um mega mecanismo que caraca pesava as caixas para saber se tinha ou se não tinha e quando não tinha parava a máquina, alguém ia tirar a caixa vazia e ligava de novo e aí o cara chegou um dia assim, um executivo para mostrar a tal da máquina que tinha reduzido o número de processos porque não tinha mais caixa indo sem a pasta e aí o cara chegou lá e a máquina tava desligada e ele falou “Como assim?”

Roberto Cury – Ventiladorzinho

Henrique de Moraes – Exatamente, o cara falou assim “Ah maior trabalheira, esse negócio ficava ligando e desligando, ligando e desligando a gente botou um ventilador que já vai e expulsa as caixas vazias e cara é isso, é sensacional

Roberto Cury – E muitas vezes na vida é isso né, a capacidade de responder problemas complexos com soluções simples, eu vi isso numa banca que eu participei recentemente, eram quatro finalistas na banca, uma pessoa que ficou ali no páreo duro com o vencedor trouxe uma solução complexa para um problema complexo então ficou todo mundo muito tendencioso a ir para essa pessoa e aí uma alma iluminada falou assim “Tá, vocês contratariam quem, quem trouxe a solução complexa ou quem trouxe a solução simples?”, aí matou a banca e todo mundo falou “É, é isso, vamos dar o prêmio para quem trouxe a solução simples” então assim é isso, a vida às vezes é isso né, soluções simples. Beleza esse é um livro, cara o outro livro que eu indico e que eu leio desde criança e toda vez que eu leio ele me traz uma ótica diferente, ele bate num lado seja da cabeça ou do coração diferente que é “O Pequeno Príncipe” então assim sou apaixonado pela história, por tudo que tá por trás ali em cada momento que você lê é uma interpretação diferente de todas aquelas situações então tem uma edição capa dura toda bonita aqui, realmente gosto e um último, esse eu descobri recentemente e já li tipo três vezes, é super rápido, é numa pegada tipo “O Pequeno Príncipe” também que te faz refletir e te faz pensar muito em N questões da sua vida seja pessoal ou profissional que é “A Gigantesca Barba do Mal”, não sei se você já leu ou se conhece, é um livro com umas ilustrações e uma história muito lúdica ali que a um olhar desavisado e numa leitura de praia ali tranquila você pode não levar muito a sério mas numa leitura atenta você vai ver o quanto que é impressionante toda aquela história e quanto que aquilo te traz N reflexões, então fica aí minha terceira indicação.

Henrique de Moraes – Como é o nome?

Roberto Cury – “A Gigantesca Barba do Mal”, é bem legal.

Henrique de Moraes – Boa. Qual foi a pior reunião da sua vida, você tem alguma que marcou?

Roberto Cury – Cara tenho viu, deixa eu ver se teve alguma pior do que essa que me veio à cabeça mas geralmente o top of mind é o top of mind né, o que veio é o que veio. Cara eu tive uma reunião muito ruim uma vez com um chefe meu desses de ego muito grande e tal que eu falei que ele tava errado naquela decisão, que aquele caminho não fazia o menor sentido por x + y  mas ele tava muito descolado da operação, muito descolado do dia a dia então realmente eu tava muito embasado naquilo que eu tava falando e da maneira como eu levei aquilo ele recebeu como uma afronta, tipo “Você tá me dizendo que você sabe mais da operação e do time, eu construí essa empresa do zero” e eu fiquei “Não, não é isso, eu tô dizendo que nessa situação você tá mais afastado” resumo da história, o cidadão cresceu para cima de mim, levantou, a veia da testa saltou, a veia do pescoço saltou, bateu na mesa, bateu no peito, falou “Quem manda aqui sou eu” e por aí vai então assim, naquele momento eu decidi que eu ia dar um “não” na minha vida sabe mas é muito louco quando você ve que às vezes as pessoas ficam muito cegas na própria, todo mundo acha que o filho é muito lindo né, a filha é muito linda e às vezes a sua empresa, seu bebê ali não tá tão legal não entendeu então ter a humildade, ouvir e se você contrata alguém para uma determinada posição e você tá aberto para ouvir ótimo porque todo mundo cresce e constrói junto, se você tem uma postura de que só o que você sabe é o que tá certo, aí leva para um caminho bem perigoso então acho que essa foi a pior reunião da minha vida que eu falei assim “Cara o que vai acontecer aqui, a gente vai sair na porrada a qualquer momento? Será que meus anos de judô quando era criança vai ajudar? Vai ser a cadeira que a gente vai pegar? Para onde que vai isso aqui?” e acabou que foi pra ele saindo, batendo porta e marchando a passos pesados e seguiu o jogo.

Henrique de Moraes – Caraca, pesado.

Roberto Cury – Agora eu tô rindo mas foi trágico, na altura foi trágico.

Henrique de Moraes – Sim, imagino você sai como né, sai pesado de um negócio desse e fica pesado durante um tempo. Você tem algum hábitos que assim pros outros seja estranho ou incomum assim mas que você não abre mão?

Roberto Cury – Eu tenho tipo umas 50 páginas de textos escritos. Eu penso num determinado assunto então provavelmente dessa nossa conversa aqui a minha cabeça já tem uns três, quatro possíveis artigos ou posts para LinkedIn que eu escrevo muito e eles ficam num cemitério de texto que tu não acredita assim, tem texto que morre e às vezes eu olho meses depois e falo “Nossa esse texto era muito bom, o que aconteceu naquela semana que eu não postei aquilo?” então é um ato muito incomum de escrever, todo dia eu escrevo 1, 2 textos e fica em ali um Google Docs infinito com 50 páginas e não para de crescer e é isso.

Henrique de Moraes – Já aconteceu com você o contrário, porque isso já aconteceu comigo de eu falar assim, sei lá fiz 3 textos e aí eu publico um e aí no dia seguinte eu falo assim “Cara porque eu publiquei esse, era o pior”

Roberto Cury – Olha, acontece e geralmente é pelo simples motivo de que não tinha nenhuma imagem boa para os outros e para esse a imagem tava fácil de descobrir e aí você vai no pior texto porque era um GIF, vai um GIF.

Henrique de Moraes – Faz sentido, faz sentido. Você tem algum fracasso, não gosto de falar fracasso porque é uma palavra muito pesada né mas na falta de um termo melhor, você tem algum fracasso ou fracasso aparente que tenha te levado para um sucesso posterior assim, um favorito né que tipo sei lá tenha sido um estilingue.

Roberto Cury – Olha eu acho que não foi um fracasso mas foi uma sensação de que eu poderia fazer muito mais na última empresa que eu tava então assim, eu tava com pouco recurso para fazer tudo que eu podia entregar e eu falei assim “Opa agora é hora de tirar um monte de projeto do papel” e aí nisso eu tirei o podcast, aí eu comecei a dar aula, eu descobri que vou ser consultor porque eu sei fazer isso então assim, um fracasso de “Olha eu tô subutilizado aqui nessa função, deixa eu tirar do papel tudo que tava na cabeça por anos e fazer o negócio acontecer” então foi um baita estilingue de como que eu me lancei mais aí ao LinkedIn, ao podcast, a me deixar mais vulnerável sabe, então volta e meia eu tenho hater em algum post e eu pensando “Caramba cara, hater? Só tem hater quem tem lovers” então assim beleza, tudo bem ter o hater, vou lpa na maior paciência e respondo o hater e tal mas assim, quando você se coloca, quando você dá a cara a tapa é isso, vem muita coisa boa, muita coisa ruim e você tem que saber gerenciar mas eu acho que esse “fracasso” que eu tava numa posição em que eu não conseguia entregar todo potencial me desbloqueou muitas portas que eu falei assim “Opa agora vai e agora tá lindo”

Henrique de Moraes – Sensacional. Como tem sido, e aí curiosidade aqui bem específica, mas como tem sido para você o podcast porque eu sempre tive vontade de fazer um podcast também, foi um projeto que eu tirei da gaveta ano passado e assim, ele é mais do que eu esperava dos pontos positivos no sentido de ser muito mais interessante do ponto de vista de conhecer gente maneira sabe, tem sido muito, muito, muito legal esse ponto de conhecer e de fato como é uma conversa muito descontraída né você acaba quase que se tornando amigo das pessoas né então você cria um relacionamento de fato, cria um laço com as pessoas e eu aprendo muito então assim cara quando eu faço essas perguntas que eu fiz para você sobre liderança, pra mim é ouro assim, eu vou lapidar depois isso, colocar isso em algum documento porque de fato é muito relevante pra minha vida e então tem toda essa parte mas em compensação o lado negativo é maior do que eu imaginava também no sentido de cara, dá muito mais trabalho do que você imagina e é muito mais difícil você levar né, você ser um entrevistador do que se imagina, e ouvir sua própria voz fazendo isso caraca eu juro, eu falava no início e as pessoas ficavam “Não é possível Henrique”, eu acho a pior situação da minha vida eu ouvir meus próprios podcasts, eu não consigo. Hoje eu já consegui assim, já aprendi né mas no início cara tinha um problema sério, quase parei de fazer porque eu me ouvia e falava “Sou o pior entrevistador da história, preciso para de fazer isso ontem”

Roberto Cury – Muito bom. Eu tenho vários pontos aí de dores para a gente dividir tá Henrique sobre isso. Cara o podcast quando a gente lançou, o “Growth com Hack” surgiu de uma ligação minha pro Isac, uns áudios na verdade assim “Isac tô aqui há horas procurando algum podcast que fale de growth e que não fale com pessoas que cuspiram ali e gastaram 50 milhões. Não achei, não tem”, “Cara já procurei para cacete e não tem também” eu falei “Então vamos fazer? Vamos fazer um podcast de pessoas gente como a gente, gente que tá acostumada a budget zero, a tirar do papel, a fazer hack de verdade?, aí ele falou “Vamos” e qual que foi a minha grande vantagem? O Isac já tem o “Conexão Satoshi” que é um podcast lá do Cointimes que é uma empresa que eu sou sócio também e tal. Então assim, toda essa parte de edição, essa parte técnica ele já sabia e eu falei “Bom, vai ser tranquilo, vai ser tranquilo vou usar meu network, vou chamar a galera e vai dar tudo certo” mas não, eu faço um roteiro específico para cada convidado, eu ajudo revisando todos os textos das redes sociais, briefando, tem a galera que fura em cima da hora e remarca e aí quer remarcar para o dia e a hora que já tem outra pessoa e embola a agenda de todo mundo então assim, o lado negativo é, não é o Clubhouse que tu marca um horário, aparece, fala meia dúzia de coisas e segue, cara é um negócio que vai ficar gravado, que tem que ter qualidade de edição, que tem que ter post em rede social ali para garantir o negócio funcionando, que tem que ter um convidado que traga conteúdo de verdade porque senão o ouvinte vai dropar ali no meio ou no início então são muito muitos fatores de dor, de dificuldade que eu também não imaginava, quase que tirar uma empresa do zero em nível de dificuldade, tô num momento de busca de patrocínio para poder pagar a galera porque a gente não ganha nada, tá todo mundo trabalhando no amor e por mim ok porque gera negócio e tudo mais, gera network mas para a galera que tá no dia a dia ali preciso pagar alguma coisa e já fui muito criticado por isso também mas todo mundo que tá ali recebeu ou muita mentoria em troca ou muito contato ou conseguiu upgrade na empresa ou migrou de empresa então assim, os benefícios para quem tá comigo ali foram concluídos com sucesso mas obviamente preciso correr atrás de patrocínio para poder pagar um negócio ali. E aí o grande positivo foi isso que você falou assim, cara o networking, o quanto que eu aprendo, o quanto que as pessoas do outro lado ficam gratas então só para você ter ideia, recentemente eu não posso abrir quem, me falou assim “Cara uma matéria X no Estadão ou num grande veículo não me rendeu a quantidade de mensagens no Linkedin de gente me adicionando, de gente interessada no meu trabalho, no meu negócio que um episódio com você gerou e putz nossos episódios batem 200, 300 plays não é nada muito fenômeno mas é um público muito segmentado, é um público muito sharp ali no que a gente quer então assim os benefícios são ótimos, são incríveis mas o trabalho duro pelo outro lado é cansativo, bem cansativo, é tudo que você falou assim é trabalho para caramba.

Henrique de Moraes – É trabalho pra caramba e é engraçado porque eu acho que a gente passou por uma situação muito parecida assim porque quando eu comecei a fazer o podcast foi basicamente quando eu me vi quase que é obrigado a gerar conteúdo porque eu não gerava conteúdo, pras minhas redes sociais né embora o podcast seja um podcast da agência né, patrocinado vamos colocar assim pela agência porque é a agência que banca os custos, eu falei assim “Preciso divulgar isso em outros lugares né, não deixar só na agência e eu comecei a gerar conteúdo e cara aí foi uma avalanche de tarefa a mais assim que você não imaginava e aí hoje eu já tô delegando muito mais coisas do podcast mas nem isso eu conseguia porque eu não sabia as tarefas que iam surgir, ainda precisava aprender o que eu precisava fazer então hoje por exemplo a pesquisa já tem uma pessoa que faz, pessoa que sobe os episódios, já tem uma pessoa que edita, no início eu fazia tudo, até editar eu editava porque eu tava querendo entender sabe, “Cara o que eu preciso fazer?” e o que acontece, tanto que se você for ver os primeiros episódios, não tem musiquinha de abertura sabe é bem toscão

Roberto Cury – É o MVP, o MVP foi ao ar, validou, roll out, é isso.

Henrique de Moraes – Mas tiveram episódios sensacionais logo no início também assim já de cara e é isso, umas pessoas que por exemplo você, acho que eu nunca teria conseguido bater um papo desse assim, às vezes é difícil mesmo sabe porque você fala assim “Ah vamos marcar um café” e a pessoa “Cara marcar um café? Tô todo fudido aqui” e aí você fala assim “Pô tenho um podcast, vamos gravar? Tenho umas perguntas legais, umas coisas legais pra falar e tal”, tem gente que pergunta “Qual assunto, o que vai?” e quando você passa a pessoa “Isso é maneiro, topo” e aí você tem um bate-papo cara sensacional e às vezes fala “Caralho que maravilha, consegui ter essa conversa com essa pessoa em riqueza de detalhes, tá gravado aqui e posso voltar nela quantas vezes eu quiser”

Roberto Cury – É ouro, esse bate-papo aqui assim para quem está entrevistando e para quem tá sendo entrevistado assim é uma troca de aprendizagem ali muito grande, então cases de sucesso, cases de insucesso, todo mundo cresce, é indicação de um livro que você nunca tinha ouvido falar e aí já tá na tua lista, é uma série, é um filme, uma pessoa que eu vou indicar e vai conectar você com uma outra e que vai te gerar negócio, é lindo.

Henrique de Moraes – Sim, muito bom mesmo. Voltando aqui para as perguntas, nos últimos anos assim você tem alguma nova crença ou comportamento que tenha, ou hábito né por assim dizer, que tenha melhorado bastante sua vida assim, nos nossos temos um ROI positivo aí?

Roberto Cury – Cara alguma mudança de comportamento, olha

Henrique de Moraes – Ou um hábito que você tenha implementado

Roberto Cury – Eu diria que duas coisas me ajudam muito, uma é registrar então eu registro as conversas, registro os feedbacks então eu tenho histórico das situações tá e  geralmente eu uso o Google Sheets e Google Docs para tudo então fica ali um histórico de relacionamento com as pessoas, de líderes, de liderados, de pontos bons, de pontos ruins, de aonde que eu acertei, aonde eu errei então tenho esse hábito de ir registrando, quase que um diário de bordo tá, isso é muito bom e me ajuda em muitas coisas. E um outro hábito, esse mais recente, que eu sempre soube mas quando coloco ele pratica ainda sou instável nele, cara exercício físico. Quando eu faço exercício físico com um nível de regularidade bom o efeito positivo no meu sono é bizarro, o efeito positivo no meu humor, na minha produtividade então assim, é um clichezaço, tem 50 TEDs que vão te explicar e te falar cientificamente porque que isso é comprovado e que faz sentido e ainda assim porque diabos as pessoas não fazem e assim, não é muito, é 3 meia horas por semana ou 5 meia horas por semana de exercício moderado a intenso, ninguém tá te pedindo para ser um crossfiteiro louco sabe mas assim o impacto em mim é muito positivo e eu vejo impacto muito positivo em pessoas que também tem esses hábitos saudáveis, não é a “Vou parar de comer um hambúrguer, para de comer besteira” não ninguém tá pedindo para ninguém ser radical, abrir mão de coisas que gosta mas se você criar esse hábito de três vezes na semana dar uma corrida, dar uma malhada ali, cara vai te ajudar muito na cabeça, no físico é normal.

Henrique de Moraes – Sim totalmente. Eu acho que eu também sinto muito isso, eu tô meio parado hoje em dia por causa da pandemia também né, lockdown que tá rolando aqui mas eu também sinto muito isso, muda o humor, muda a disposição, muda a capacidade de priorizar tarefas porque você fica mais mais centrado acho de certa forma, acho que muda tudo. Tem uma história que eu ouvi esses dias do Richard Branson né da Virgin, que ele tava numa ilha e aí tava numa hora meio de perguntas e respostas assim e alguém fala assim “Qual é o maior hack de produtividade que você já percebeu? Se pudesse dar uma dica qual seria? aí ele para, pensa um pouco e fala assim “Exercício físico” surreal porque de fato muda tudo, muda o jogo. As pessoas não percebem eu acho a quantidade de coisas que destrava quando você começa a fazer regularmente. E quando você tá se sentindo sobrecarregado ou desfocado ou enfim, perde ali temporariamente as rédeas da vida, que isso acontece, são períodos que a gente acaba inevitavelmente passando, o que você faz? Tem alguma coisa, alguma uma rotina ou alguma pergunta que você se faz?

Roberto Cury – Tá. Vou para um lado bem filosófico aqui da coisa tá então se desviar muito vocês me matam aí na edição, não tem problema. Eu acho que são dois momentos né, tem um momento muito crítico “Putz tá péssimo, tá tudo um caos o que que eu faço?” e tem os momentos críticos do dia a dia né, da semana e por aí vai. Nesses momentos mais críticos pontuais, geralmente eu recorro a música tá, eu não toco bem nenhum instrumento mas ouvir músicas novas, prestar atenção naquela letra, naquela melodia geralmente é um momento que eu tô escrevendo que para mim é um momento de lazer então estou concentrado ali e tô ouvindo uma música boa, tô descobrindo músicas novas então para mim a música é algo que assim, me dá um respiro novo, me dá um ar novo, eu vou ali em “minhas descobertas da semana”, alô Spotify, me patrocina, adoro, sou fã então assim pra mim foi uma das melhores ferramentas descobertas dos últimos anos, é o quanto que aquele algoritmo ele vai entendendo os meus gostos e cada vez vai me recomendando mais e melhor, então esse é um ponto que para mim me ajuda muito. E quando é uma situação mais caótica eu vou ao mar então assim carioca, nasci na beira da praia pegando onda e tal então assim, um dia de mar, de praia, um mergulho é uma coisa que quando eu tô conectado naquele nível ali com a natureza para mim é um momento de muita reflexão, de muita gratidão por tudo na vida porque às vezes a gente reclama de barriga cheia né, a quantidade de privilégios que temos versus outras pessoas e às vezes você fica “Nossa perdi o prazo, perdi cliente X, que merda minha vida, olha que bosta errei nisso, errei naquilo” putz, dá um zoom out né, conta para você mesmo como se você fosse uma terceira pessoa aquela situação e você vai ver que não é tão ruim assim, conta para você aquilo que você tá sofrendo, que você vai olhar e falar “É, tô fazendo tempestade num copo d’água”, então eu vou de música e mar, não sei se era o que você esperava tá dessa pergunta Henrique, foi meio filosófico mas são as minhas escapadas.

Henrique de Moraes – Acho que cara, quanto mais filosófico melhor porque no final das contas tem essa coisa dos first principles, como é a tradução disso, princípios básicos? Mas que acho que a filosofia é muito baseada nisso, coisas filosóficas nesse sentido né de você ter uma coisa que ela te dá a resposta, você não tem um mapa ali, não tem um guia, uma coisa pronta, você vai ser o que vai te ajudar a achar as respostas, acho que isso é muito importante. Você falou essa coisa da gratidão e eu lembrei de um livro que eu li há um tempo atrás chamado “Em busca de sentido” do Viktor Frankl, é um psicólogo que ficou, passou anos em campo de concentração e ele acabou escrevendo sobre a experiência e depois trazendo do ponto de vista psicológico a experiência dele e tipo nessa coisa tentando responder qual é o sentido da vida né e cara, eu lembro que um dia eu tava lendo esse livro e aí para botar um pouco perspectiva às vezes é importante a gente ter essas histórias né porque ele tava contando assim algumas coisas que aconteciam e ele em momento nenhum se coloca como vítima, e isso é sensacional, ele tá só relatando experiências e dando o ponto de vista dele e aí de repente ele tá contando uma história mas cara é tão surreal, tão surreal mesmo que não esteja nessa posição de vítima que eu comecei a chorar, eu tava com minha esposa, eu comecei a chorar e ela “O que aconteceu? Tá tudo bem?” aí eu falei só conseguia falar isso aqui, eu botei a mão na cabeça e falei assim “A gente reclama à toa, caralho a gente reclama à toa”, eu só conseguia falar isso, não me vinha mais nada na cabeça assim porque é isso, a gente tem tanto privilégio, às vezes a gente deixa umas coisas tão pequenas derrubarem a gente né e acho que falta um pouco disso, falta um pouco de perspectiva e falta um pouco de você praticar a gratidão, tem essa palavra que é meio hippie uma coisa meio budista e esotérica mas eu acho que quem começar de fato a praticar isso e fazer exercícios diários de gratidão, cara isso causa um impacto assim sério na vida também, assim como exercício físico de certa e cara não leva tempo nenhum, são 5 minutos, eu acho que é bem relevante

Roberto Cury – Você falou nesse caso aí do Holocausto, eu recentemente vi o vídeo da ONU inclusive, que são relatos sobre a época da escravidão, dos navios negreiros, de como que era a situação, que eles eram capturados na África de tribos muito diferentes e vinham para o Brasil e assim, é uma coisa que desde a escola nunca mais tinha lido sobre isso ou pesquisado a fundo, você vê um filme ou outro e tal mas quando você vai ouvindo aqueles relatos reais que pegaram depois de muitos estudos e aí você olha e fala “Nossa olha a quantidade de sofrimento que esse povo e vários povos já tiveram, olha só que situação esdrúxula” e ainda assim até hoje você vê inúmeros países, o próprio Brasil com pessoas numa situação de pobreza, de miséria e você fala “É muito injusto, é muita gente muito ferrada na vida e essa gratidão aí não é para ser esotérico nem abraçador de árvore mas é pô, olha a quantidade privilégios né, olha pro seu umbigo e vê o quanto que você tá no topo da cadeia e você só não tá percebendo porque você tá olhando para cima e tá vendo o Bill Gates, cara não é pra olhar o Bill Gates, olha pra baixo a quantidade de gente que tá numa situação absurdamente pior e você tá aí reclamando porque não tem o carro do ano sabe, me ajuda aí.

Henrique de Moraes – Exatamente. O que é ser bem sucedido para você, você tem alguma definição?

Roberto Cury – Cara o que é ser bem sucedido? Pra mim são três aspectos, não escrevi isso, tô pensando agora e vou ver se fazem sentido esses três aspectos, o primeiro é trabalhar com o que você gosta, eu acho que o trabalhar com que gosta às vezes você trabalha com o que gosta mas o seu chefe é um escroto ou a empresa tem um propósito ruim, então você não trabalha com o que gosta, você trabalha com uma parte do que gosta porque se outras coisas estão te afetando ali você não tá feliz então trabalhar efetivamente com o que gosta eu acho que é um ponto que para mim conta muito em ser bem sucedido cara, eu faço isso. Segundo ponto é impactar de verdade, positivamente a vida das pessoas então meu lado Roberto que pega mulheres para fazer mentoria, eu tento privilegiar mulheres nesse processo de mentoria porque o mundo já é muito masculino, já tem muitos homens líderes por aí afora então tento priorizar elas para ajudar e ajudar a rampar como carreira e quando eu vejo que algumas pessoas conseguem, “Putz a pessoa conseguiu uma migração, essa pessoa conseguiu um aumento, essa pessoa saiu de uma líder ou de um líder tóxico olha que demais” então para mim isso é ser bem-sucedido, é poder ajudar, impactar positivamente a vida das pessoas, e o terceiro ponto é, somos seres sociais né então ser bem sucedido sozinho não tem gozo, não tem uma alegria, a alegria só é boa quando ela é compartilhada né então para mim o reconhecimento de vidas que eu impacto, de pessoas que eu ajudei na minha carreira, isso é ser bem sucedido então eu diria que fazer o que gosta, impactar vidas e pessoas e ser reconhecido por isso para mim é um tripé que fecha ser bem-sucedido e isso independe de nível, de cargo, de salário, de hierarquia, de tudo isso.

Henrique de Moraes – Sensacional. Bom, seus 50+ depoimentos no LinkedIn já são um bom indicativo de que você tá no caminho certo. A última pergunta, se você pudesse voltar aí 10, 15 anos e falar com o Cury lá de tempos atrás, além de “Use camisinha”

Roberto Cury – Não posso falar isso porque senão não teria o Rafa né

Henrique de Moraes – É verdade.

Roberto Cury – Agora não posso mais falar isso

Henrique de Moraes – Mas brincadeira assim, o que você falaria para o seu eu de 10, 15 anos atrás ter mais calma? E assim eu falo 10, 15 anos porque eu acho que é um ciclo bom mas você pode posicionar isso aí em qualquer lugar da sua linha do tempo, mas o ponto é esse o que você falaria para ter mais calma?

Roberto Cury – Excelente tá, eu tenho uma tatuagem no braço que é um lobo tá e esse lobo é muito uma inspiração de um grande líder meu que foi o João, que por acaso é meu líder agora de novo então a gente está trabalhando juntos pela segunda vez e ele sempre falava assim “Pô Roberto você é muito lobo cara, vai mais raposa e menos lobo” e o que ele queria dizer com essa metáfora? Putz o lobo quer ganhar todas as brigas, o lobo vai pro ataque, não que seja isso na realidade mas a metáfora era essa, putz a raposa sabe a hora que ela vai, a hora que ela não vai se ferrar ali, quase que um “A Arte da Guerra” pra quem leu e provavelmente você já leu, é um baita livro. Mas eu falaria isso para mim antes de alguém precisar falar isso para mim então assim “Pô Roberto escolha suas batalhas, escolhas suas frentes, escolha o que você vai” então assim eu fui muito idealista por muito tempo, eu bati muito de frente com muita gente egóica por muito tempo quando no fundo eu já sabia que aquela pessoa já tinha as crenças muito bem definidas e quem sou eu para chegar e mudar o que sei lá, o Henrique acredita porque eu acho que a minha verdade é maior do que a dele? Não, se ele quer ter essa verdade dele deixa ele, a vida vai ensinar à ele, então o mais raposa e menos lobo para mim é um clássico que eu falaria para mim há muitos anos atrás e eu só não botei uma tatuagem de raposa aqui porque na época eu trabalhava na Foxbit e um amigo meu falou assim “Se você tatuar uma raposa no braço e você trabalha numa empresa que chama raposa eu vou dar na sua cara” então assim eu fui impedido socialmente de desenhar uma raposa no braço e ok não tem problema, mas para ter mais calma eu falaria “Pô Roberto de 20 poucos, cara mais raposa e menos lobo, aceite que algumas batalhas você não vai ganhar e tudo bem e é isso não é para ganhar mesmo e você vai ser bem mais feliz quando você comprar menos brigas”.

Henrique de Moraes – Sim, sensacional, sensacional acho que é isso, acho que pouca gente faz esse exercício de escolher as batalhas e no final das contas volta para aquele mesmo ponto que a gente falou um tempo atrás né de onde você gasta energia porque se você tá desperdiçando ali num negócio que você já sabe que não tem, no fundo a gente sempre sabe né, a gente fica ali muito mais numa disputa de ego, de falar assim “Não eu quero lacrar” assim em algum momento da discussão já vi muito mais uma vontade de lacrar do que de fato de fazer alguma coisa certa ou de ganhar uma batalha que vai gerar alguma coisa positiva

Roberto Cury – É, o quanto vale você estar certo versus ser feliz né então em alguns momentos você olha e fala “Eu não vou convencer essa pessoa, não tem porque eu comprar essa briga até o final, ambos vão se desgastar” e é isso ninguém sai ganhando, os dois saem feridos da batalha então saber jogar a toalha, saber recuar, tirar o time de campo não é porque você não tem argumento ou porque você não tem coragem ou não tem embasamento, é porque às vezes é o caminho. Eu canso de no meu dia a dia de trabalho falar “Olha eu discordo totalmente mas tudo bem, vamos tentar do seu jeito e se der certo legal eu vou bater palma porque aceitei do seu jeito e se der errado eu não vou levantar placa falando “Eu te avisei”, eu vou falar “Olha da próxima vez vamos tentar desse caminho porque você viu que funciona melhor assim?” então assim, ter a humildade para comprar menos brigas vai te deixar mais produtivo, vai te deixar mais leve, é difícil, quem ouve assim parece que “Nossa o Cury é zen pra caramba, ele é monge budista” não é, tem hora que eu quero brigar e às vezes no meio da briga eu falo assim “Puta merda tô brigando à toa né” e aí recuo, olho pra tatuagem no braço, que tá aqui no braço direito porque eu olho o tempo inteiro para ela e aí eu reduzo essa adrenalina, essa minha vontade de, aquele lado muito bom de energia que a gente falou lá no início, ele é muito bom e ele é muito ruim, se mal canalizado essa energia vai para uma energia de, não de confronto mas de “Putz quero ganhar essa batalha, quero provar o meu ponto” e assim, cara perdi amigos no Dilma versus Aécio assim como perdi amigos no Bolsonaro versus Haddad sabe, porque você não pode entrar em extremismos, discussões políticas porque são crenças né, as pessoas têm crenças, criações e atitudes muito distintas, cada um é cada um.

Henrique de Moraes – Sim, verdade. Cara excelente, para fechar aqui onde e como as pessoas podem te encontrar, quais são os melhores canais, melhores redes, deixe aí seus @ e essas coisas.

Roberto Cury – Cara o único arroba que eu deixo e que eu sou público e ativo é o LinkedIn, então tem uma galera que de vez em quando vem me adicionar no Instagram e eu tenho sei lá 500 seguidores, sigo 400 pessoas, eu sou bem mais comedido ali no Instagram é muito mais um, posto uns memes, falo umas besteiras, tiro foto de comida, de café então assim eu não quero um conteúdo de qualidade para pessoas que não me conhecem no Instagram, até os meus amigos não devem ir muito com a minha cara no Instagram então assim gente, esquece o Roberto do Instagram, vai no Roberto do LinkedIn, tô sempre ali indicando matéria, artigo, escrevendo, tomando pancada de seguidor, de hater, divulgando podcast, vou divulgar aqui o calma! com bastante calma, vou fazer o negócio acontecer então vai lá no linkedin.com/in/rcury, vocês vão me achar ou então bota Roberto Cury ali, devo ser o primeiro ou segundo a aparecer e é isso, falo pra caramba lá, pode mandar mensagem, às vezes vou responder muito rápido porque tava com o LinkedIn aberto na hora, às vezes vou demorar duas ou três semanas mas eu respondo todo mundo tá, vai dar certo, vai dar jogo.

Henrique de Moraes – Maravilha cara, obrigadão Cury pelo seu tempo, foi sensacional cara aprendi bastante, obrigadaço mesmo.

Roberto Cury – Cara foi excelente, obrigado Henrique pelo convite, espero que o podcast seja um sucesso cada vez maior, sei o trabalho que dá, reconheço aí o esforço que você faz, montar roteiro, chamar as pessoas, tomar bolo, furar hora, tudo de ruim que acontece então assim cara desejo todo o sucesso do mundo aí e precisando cara vamos continuar trocando, vamos continuar nos seguindo, nos acompanhando porque se tem uma coisa que eu aprendi a valorizar nessa carreira e ao longo dessa carreira é a importância de um bom networking, então tá aqui criado um laço de quem tá há duas horas conversando, espero que a gente siga aí pra vida aí juntos

Henrique de Moraes – Com certeza cara, vamos pedir certamente. Valeu

Roberto Cury – Valeu Henrique

calminha #3
calminha #2
calminha #1