o convidado de hoje é o empreendedor serial Breno Oliveira.

Breno, que já passou por empresas como Zoom (parte do grupo Buscapé), tem ampla experiência em desenvolvimento de produtos e softwares.

Ele foi o criador do nFlog, uma startup que converteu mais de 15 mil usuários no primeiro mês – isso em 2004, ou seja, antes do nome startup sequer chegar ao Brasil.

Breno também criou um projeto chamado RemotePark, um app para encontrar vagas de estacionamento disponíveis nas proximidades, que lhe rendeu o prêmio StartupFarm em 2011.

além disso, foi cofundador da RBM Solutions, empresa de marketing de performance, a primeira a usar o pagamento por instalação (famoso PPI) no Brasil.

hoje ele é cofundador da ChatPay, uma solução de pagamentos via whatsapp/telegram sensacional para criadores de conteúdo. eles são uma das poucas startups brasileiras a ser acelerada pela YCombinator, a maior e mais respeitada aceleradora do mundo, que já investiu em empresas como: Airbnb, Dropbox, Rappi, entre outros.

no bate-papo passamos pela sua trajetória, cheia de altos e baixos, até chegar na ChatPay.

espero que vocês curtam!

LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Patrick Collison
  • Felipe Matos
  • Guilherme Bastos
  • Zé Roberto
  • Crsitiano Ronaldo
  • Paul Graham
  • Arthur Alvarenga
  • Michael Seibel
  • Pedro Bial
  • Eric Ries
  • Peter Thiel
  • Dráuzio Varella
LINKS IMPORTANTES

se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.

Henrique de Moraes – Fala Breno, seja muito bem vindo ao calma!, espero que você esteja super à vontade para a gente ter um bate-papo bem relax, falar sobre tretas, ansiedade, felicidade, falar sobre essas conquistas que vocês estão tendo agora o ChatPay, sensacionais, cara um prazerzaço ter você por aqui e espero que a gente consiga trocar bastante aí hoje

Breno Oliveira – Cara Henrique, eu agradeço o convite, mesmo porque eu gosto de passar essa experiência para o pessoal porque eu acho que através dela dá para perceber que o Brasil é difícil mas dá para ir em algum lugar, então agradeço demais e espero que isso possa chegar em muitas pessoas que estão tentando empreender, criando startups ou estão desistindo para poder ajudar

Henrique de Moraes – Com certeza. Maravilha cara, obrigado pela generosidade de tempo porque eu sei que com startup no meio desse processo todo, tirar uma hora e meia para conversar com alguém é difícil.

Breno Oliveira – Correria, mas vale a pena, vale a pena.

Henrique de Moraes – Maravilha cara. Queria começar te perguntando sobre a sua história com programação né, porque eu sei que você começou a programar muito cedo, parece que com 8 anos, tá certa essa informação?

Breno Oliveira – Exatamente.

Henrique de Moraes – Maravilha, então me fala um pouco, como é que foi isso, o porque você começou, de onde veio o contato com computador tão cedo porque você era muito novo e isso também era na época que não tinha muito computador né, não tava disponível em todas as casas, fala um pouquinho sobre isso.

Breno Oliveira – Exatamente. Começou, a minha primeira linha de código né foi desenvolvida com 8 anos, meu pai trabalhava numa empresa de radiologia e alguém lá descartou um computador, e aí chego em casa e era um computador, só que o computador era o MSX, ele nada mais nada menos que parece um videogame, era um teclado que você conectava na televisão e aí ele vinha com alguns joguinhos, alguma coisa assim e eu comecei a mexer ali e achei interessante, era até um joguinho de tênis. Aí eu sempre fui fuçador, meus presentes que eu ganhava eu desmontava os carrinhos para saber como é que funciona, eu não era de ganhar muito brinquedo, ganhava muita ferramenta, eu chegava na loja de material de construção elétrico e aquilo me deixava feliz, não loja de brinquedo, então se me desse brinquedo eu desmontava. E aí aquilo ali eu falei “Como é que isso acontece? Porque que eu tô mexendo aqui e as coisas estão mexendo lá?” e aí eu comecei a pesquisar, perguntando as pessoas, esse cara que me deu o computador, até chegando numa pessoa que tinha um livrozinho de BASIC que não era fácil, não tinha Google né, aí comecei a pesquisar aquilo ali e comecei a fazer os comandinhos lá pra tentar fazer um jogo, lógico que não deu muito certo mas foi meu primeiro contato com aquilo ali e eu fui pesquisando mesmo e achei super interessante até que meu pai depois acabou comprando um computador, que era um 486 Dx4 100, aí já tinha tela e tudo bonitinho, e aí eu comecei a ter mais recurso né, aí já já era um computador normal com CPU e aí eu fui estudar COBOL, tinha um livro de COBOL lá e eu resolvi estudar isso também

Henrique de Moraes – Você tinha quantos anos nessa época que você falou?

Breno Oliveira – Nessa época aí eu já devia ter meus 9 pra 10, aí eu já comecei a mexer com isso, mas assim era só tentando, pesquisando, mas já entendia a base, eu não conseguia fazer algo palpável mas entendia a base. Palpável mesmo eu fui fazer com 11 anos, depois que eu comecei a programar pra web, mexia nos primeiros HTML, JavaScript, ASP na época, e aí eu achei interessante porque eu já tinha tido acesso à BBS, só que BBS não tinha muito recurso ali, eu não sabia muito mexer com aquilo, aí quando eu conheci a internet gráfica aí que eu fui correr atrás de entender como é que os sites funcionavam. Então foi assim que começou essa doideira minha de querer desenvolver e querer saber, sempre foi querendo fazer jogo. Tive até oportunidade, depois eu vou explicar melhor, de trabalhar numa empresa de games mas foi isso que me despertou a vontade de desenvolver.

Henrique de Moraes – Maravilha, enquanto a galera tava pedindo dinheiro para os pais pra comprar uma pipoca, você tava lendo livro de programação cara, o melhor foi você falando aqui “Não, só comecei a programar mesmo coisas palpáveis com 11 anos”, como se fosse tarde né

Breno Oliveira – Coisas que funcionavam de fato né

Henrique de Moraes – Cara muito novo, impressionante. Com 11 anos, você tá com quantos anos cara?

Breno Oliveira – Tô com praticamente 35, daqui a dois dias

Henrique de Moraes – 35, você tá com a minha idade então cara, isso foi há muito tempo  atrás, não tinha nada, era tudo mato mesmo

Breno Oliveira – Depois eu conheci um cara já desenvolvia, era um hacker da época né, que tinha muito daquilo, e ele nunca passava informações, sempre falava assim “Se eu consegui você também consegue”, dava livro, mandava pesquisar, ele não passava informação não

Henrique de Moraes – Que ensina a pescar, não dá o peixe né

Bernardo Oliveira – Isso, desse jeito. Eu aprendi a pesquisar então, tive que ir atrás.

Henrique de Moraes – Cara sensacional, e como é que eram esses livros que você lia com essa idade, eles eram em português? Tinha livro em português de programação?

Breno Oliveira – Tinha

Henrique de Moraes – Interessante. E era tranquilo, você conseguia lidar com toda a linguagem lá, que provavelmente era feita pra adultos né?

Breno Oliveira – Não, confesso que assim, depois que a gente vai pegando maturidade, nossa que coisa maluca que eu fazia na época porque tipo assim, tinha um padrão pra poder fazer e eu fazia fora do padrão. lógico que usando a lógica, era meio que um padrão mas não tinha organização, dentação, era tudo reto como se tivesse escrevendo num texto mesmo, e ia colocando lá e ia testando até ver o que tinha que funcionar e era assim, vamos que vamos.

Henrique de Moraes – Sensacional, e nessa idade quando você era novo assim, como é que os seus pais percebiam isso né, porque a gente mudou de geração hoje em dia onde os filhos estão muito com tecnologia, mas na nossa época também quando a gente ficava muito tempo em casa, quando a gente tinha liberdade para ir pra rua né, nossa época ainda tinha, era tranquilo, você podia brincar no play com os amigos, na rua enfim, tinham pais que ficavam ainda “Não vai ficar o dia inteiro aí nesse computador, nesse videogame, vai pra rua brincar, jogar bola”, você escutava isso ou seus pais te motivaram, como é que era?

Breno Oliveira – Então, tinham dois pontos, meu pai ele é um ex-goleiro profissional, chegou a jogar na época dele lá, é da minha altura baixinho por incrível que pareça e eu também gostava de jogar bola e eu também era goleiro e eu jogava bastante bola na rua, e ele até incentivava isso só que tipo assim, naquela época computador era muito caro e ele conseguiu comprar um lá, na época fomos os primeiros do bairro a ter, então ele tinha um zelo muito grande com aquilo ali, já a minha mãe ela me incentivava, então quando ele saía pra trabalhar, ele ficava o dia inteiro, eu ficava lá e desmontava o computador escondido, já cheguei a queimar o computador e minha mãe me ajudou a esconder as coisas, mas ela incentivava e ele não, não queria que mexesse muito nas coisas assim, e eu acho que ele incentivava mais a questão do esporte e tudo mas também não tolia questões de liberdade e estar muito tempo ali entendeu, isso aí meus pais nunca se incomodaram muito não, então às vezes eu bagunçava a casa inteira porque eu tava tentando construir um caminhão elétrico lá, cerrava a madeira pra tudo quanto era lado e assim, deixava bagunça e eles não reclamavam disso não, porque até certo ponto eu ia pra rua, me divertia com a galera, fiz amizade na rua então não tive muito esse problema não e minha mãe incentivava mais a fazer as coisas.

Henrique de Moraes – Legal, e você tem filhos?

Breno Oliveira – Não não tenho, tenho enteado.

Henrique de Moraes – Ah tá, é porque eu fico perguntando isso né, esses dias eu tava ouvindo um podcast com um dos fundadores da Stripe, o Patrick Collison e ele fala que quando ele era novo, e ele era viciado também em computador, ele ficava o dia inteiro no porão testando programação, testando código e tudo mais desde muito novo e ele fala isso, que os pais dele sempre deram muita autonomia para ele escolher o que quisesse fazer, então ninguém ficava tipo “Ah vai pra rua fazer isso, vai sair” pelo contrário, incentivavam de fato assim “Ah beleza você gostou?” então compravam livros, pagavam cursos para ele então assim, eu sempre fico me perguntando, hoje em dia eu tenho duas filhas né uma tem 12 anos, essa que pega mais o bicho porque ela tá muito viciada em tecnologia né e ela quer fazer as coisas, que ter o canal do YouTube, quer fazer as coisas e eu fico me perguntando o quanto eu tenho que incentivar né, dar liberdade dela fazer isso e o quanto também é perigoso né porque assim, hoje em dia uma pessoa, uma criança com 12 anos na internet é outra coisa de quando era tudo mato né porque assim, você pode até encontrar um maluco no meio do caminho mas assim, hoje em dia acho que o percentual maior é de malucos né

Breno Oliveira – Cara agora engraçado, por incrível que pareça também eu falo o seguinte, a minha vida dos 11 anos pra frente quando já estava com a internet gráfica e tudo desse tipo por exemplo, meus pais nunca tiveram muitas condições de manter as coisas e aí os computadores que eu tinha que atualizar eu fazia escambo mesmo tipo, eu pegava uma memória e trocava por um processador melhor, depois trocava esse processador por algumas placas, e ia trocando até dar um jeito de melhorar o computador, e essa vida que as crianças têm agora por estarem inseridas na sociedade, esse negócio de você estar no telefone e conectar remotamente, eu também tinha e eu falo cara, é engraçado meu primeiro date foi com 13 anos, do ICQ, a mãe dela levou ela, na época eu já andava sozinho, a mãe dela levou ela lá na sorveteria e tudo com 13 anos ou seja, é o que tem hoje mas eu já presenciava esse tipo de coisa, e eu falo que é um pouco complexo porque se você tira a pessoa desse meio ela passa a ser sozinha, porque ali que tá o encontro dela, é ali que ela vai fazer amizade então eu vejo através dos meus sobrinhos né, que eu vejo minha irmã e eu converso muito com ela sobre esse negócio de tecnologia e ela me viu também né, a mais velha no caso, ela viu eu crescendo desse jeito e aí vê que não tem esse negócio de descer na rua e brincar mais, você vai conseguir sua amizade na internet e tudo, se você não tá ali você vai ficar sem amizade, cada vez mais isso esse é o problema, então é tomar cuidado porque tem que ter limite mas tem que tomar cuidado porque o limite na minha visão pode deixar a pessoa afastada do meio.

Henrique de Moraes – Sim é complexo mesmo e tentar encontrar o equilíbrio né mas não sei se existe equilíbrio, não sei se a gente passa a responsabilidade pros filhos enfim, acabei viajando aqui nos meus problemas de criação

Breno Oliveira – Mas é legal, é bom a gente trocar uma ideia assim, quem assistir também com certeza passa por isso né, isso é uma base do empreendedorismo, se você tem um problema, outra pessoa também tem.

Henrique de Moraes – Sim, é verdade. E cara como que isso te ajudou né, a você ter esse contato tão novo com a programação, com tecnologia, como que isso foi evoluindo ao longo da sua vida e você falou uma coisa interessante que eu não queria perder isso, vou botar aqui um marcador pra gente lembrar depois que é, você falou sobre você fazer escambo né, eu sou músico, parei de tocar há muito tempo, tenho uma bateria aqui que fica enfeitando o escritório porque eu mal encosto nela hoje em dia mas eu me identifico muito com essa sua fala porque na época também meus pais não tinham grana pra me ajudar a comprar baterias melhores, e já pagaram com muito esforço a minha primeira bateria e eu fiz isso também, eu fui fazendo escambo e aí eu conseguia vender um pouco mais caro do que eu tinha comprado aí tipo comprava outra um pouquinho melhor e aí tipo cara às vezes vendia uma peça porque tava conseguindo aquela peça que estava mais cara e não sei o que, e eu fui fazendo essa loucura até o ponto da minha mãe um dia falar assim “Cara Henrique eu tenho medo de um dia chegar alguém aqui falando que você me vendeu”, porque cara tudo era Mercado Livre, apareceu gente lá em casa pra comprar um monte de coisa.

Breno Oliveira – Exatamente, exatamente

Henrique de Moraes – E o que eu queria falar na verdade é puxar pro lado do empreendedorismo também que eu sei que você tem muito forte né mas vamos deixar para falar sobre isso depois, só queria introduzir, fala sobre como foi essa sua criação assim, como que esse contato com a tecnologia tão cedo te levou para onde você está hoje né, como é que isso foi se desenvolvendo ao longo da sua vida?

Breno Oliveira – Então, você falou de banda também eu já tive a época de bandinha, já toquei também, já até cheguei a tocar com o CPM 22 no início deles, foi um show próximo, eles estavam tocando e a gente também no mesmo lugar no início da carreira deles. Hoje a moda é empreender, antes era ter uma bandinha. Então cara, esse acesso à tecnologia, eu sempre me considerei uma pessoa muito criativa, eu não pensava, nunca pensei em falar assim “Vou criar uma coisa pra ficar rico” nunca pensei, vou criar uma coisa porque eu gosto, eu vou ajudar alguém, isso aqui vai dar certo, eu acho que isso aqui vai poder ajudar alguém, alguma coisa do tipo, então eu vi que na tecnologia eu podia fazer isso entendeu, porque todos os projetos que eu fiz, que eu tentei fazer, um dos primeiros que foi pra web mesmo que, já começou a aparecer essas outras coisas, foi até um site, eu gostava muito de jogar computador na época, era o Warcraft que eu jogava e Diablo e StarCraft e o Doom da época, eu tentei fazer um site e juntar umas pessoas né “Vamos fazer um site para o clã nosso”, e aí eu queria comunicar com essas pessoas pra fazer o seguinte “Não, se a gente joga a gente vai ter o site para poder representar tudo” e foi indo, depois eu tentei fazer um site de receitas, receitas mesmo de bolo essas coisas, isso em 2000, juntei com uma amigo meu e falei “Olha minha mãe gosta de cozinhar para caramba, meu pai também e é difícil achar as receitas desses livros aí, é difícil de ficar procurando, porque a gente não pode fazer um negócio com uma busca bacana?” então tipo assim eu sempre pensei nisso de querer fazer alguma coisa para as pessoas usarem, eu não pensava se ia ganhar dinheiro ou não, tanto é que quando eu montei o outro projeto, o NFlog em 2004, eu montei um site de tirar fotos da noite, você saía pra balada e tirava uma foto e na época tinha o Flogão e o Fotolog que era o precursor do Orkut, quase Instagram porque você postava só foto e a gente pensou o seguinte “Cara a gente vai na noite, tira as fotos, só que como as pessoas vão guardar?” na época a galera não tinha câmera, celular esquece, mal tinha câmera digital então eu falei assim “Vamos criar um álbum tipo um fotolog e vamos colocar pras pessoas, a gente personaliza e as pessoas podem colocar foto”, fizemos um negócio muito interessante, no primeiro mês cara naquela época em 2003 pra 2004, o Orkut não tinha começado direito ainda a expandir aqui, e aí o negócio explodiu, em um mês tinham 15 mil pessoas e todo mundo conhecia, a gente ia pras festas, boates tirar fotos, era noturna na frente e NFlog atrás, ate o ponto da praça da Savassi, que é o ponto de encontro da galera jovem de Belo Horizonte, de passar próximo e ver a pessoa falando “Entra lá no meu NFlog”, ver outras pessoas falando, aquilo dava uma satisfação muito legal e eu nunca pensei em dinheiro tanto que o negócio quebrou porque a gente não tinha R$ 400 pra pagar o servidor que tava lá e na época investimento, angel, ninguém sabia disso, tinha um carinha lá com um pouco mais de grana que era nosso sócio, beleza mas assim não tinha esse negócio, como é que você vai pegar dinheiro e aí o negócio morreu para lá, muita gente ficou muito chateada porque só tinha as fotos no nosso sistema e ele era bem avançado para a época e então, sempre foi para esse lado de querer ajudar as pessoas, de ter a ferramenta de tecnologia para poder conectar as pessoas, eu sempre pensei na parte de conectar, não tinha esse por dentro, hoje a gente sabe muito bem, hoje você falar em conectar as pessoas é muito fácil, web 2.0, web 3.0, aqueles fulanos dando nome por aí, mas naquela época não, eu queria simplesmente conectar as pessoas e por isso, empiricamente achava legal aquilo. Então foi assim que eu fui vendo que cara dá para fazer algumas coisas, dá para fazer coisas legais, existem dores e aí no meio você vai vendo que existe dor das pessoas, porque a pessoa usava NFlog? Porque podia trocar o layout em relação aos outros que não podia, guardava foto, coisa que ela não tinha espaço no computador na época porque era caro o HD ou nem tinha nada direito entendeu, então era uma dor da pessoa guardar foto, só que eu não sabia disso, não sabia que era dor, foi empírica a coisa entendeu? Então é assim cara, então eu vejo a tecnologia assim, foi aí que eu fui descobrindo, tudo empiricamente. Hoje eu faço a reflexão e vejo mas na época não sabia nada disso, tava indo por intuição mesmo.

Henrique de Moraes – Sim, é engraçado que acaba de certa forma se conectando um pouco com a parte de empreendedorismo que eu perguntei né porque mal ou bem você estava empreendendo né, você falou de tecnologia mas é muito mais empreendedorismo do que tecnologia nesse caso

Breno Oliveira – Nessa parte de Nflog a gente tinha um parte de banner né, banner mesmo, não tinha esses, o máximo que tinha era o double click que o Google comprou depois que hoje é o AdSense, e aí a gente colocava ele, não rentabilizava nada aquele negócio e a galera de festa comprava aquele banner, a gente tentava vender ou trocava pra entrar em festa, a gente não entendia a visibilidade, o quanto aquilo valia, o tráfego. Essa ideia, eu trabalhei muito tempo com tráfego numa startup que eu tive aqui em São Paulo, depois a gente pode falar dela também que quebrou mas, foi lá em cima e quebrou, aí a gente sabe o poder do tráfego, é ele que mantém Google, Facebook, a gente sabe disso na época não fazia ideia do que era isso entendeu, era muito técnico, eu gostava de fazer por prazer, eu não sabia o quanto aquilo ali valia, depois a gente vai vendo.

Henrique de Moraes – Sim, então passa um pouco sobre quais foram as startups que você montou enfim, se quiser falar um pouco sobre essa que você falou agora também.

Breno Oliveira – Tava uma que eu tentei montar, foi depois desse Nflog mas já era 2007, chamava Postitter, tenho até o domínio, é todo meu, era um painel, 2006 mais ou menos isso, era um painel, assim só pra você ter ideia, não existia Twitter aqui no Brasil chamar o post era um painel expositivo era um painel 2006 mais ou menos isso era um painel que foi assim só para você ter ideia nem não existe Twitter aqui no Brasil e meu nome era esse, não tem cópia com isso não. Isso eu falo para todo mundo, a galera hoje é mais difícil de explicar isso mas eu tive uma ideia e falei assim “Galera, esses blogs estão muito cheios, a galera quer escrever pouco, acho que é muito mais rápido” porque eu tinha visto que o ICQ morreu depois que ele colocou um tanto de parafernalha e você enviar uma mensagem no ICQ você tinha que apertar quase um hadouken lá, control e não sei o que lá

Henrique de Moraes – Tinha que saber o macete né?

Breno Oliveira – E ainda ficava um bonequinho rodando. Entrou o MSN sem nada cara, nem foto tinha, mas só de você dar Enter e ele fingir que enviava, plotava na tela e vinha o Windows né, aquilo fez com que matasse o ICQ, que hoje é como se fosse o WhatsApp, ninguém imaginava que o ICQ ia morrer e morreu por detalhes entendeu, e aquilo ficou na minha cabeça, eu falei assim “Cara esse negócio de blog tá muito grande” na época tinha o Blogger, acho que tava começando, tinha o HpG, tinha alguns outros, eu falei “Cara a galera quer conversar pouco, só que a galera pode deixar recadinhos no mural do outro” aí era um mural tipo de cortiça assim mesmo, você ficava na web aí você podia até trocar o fundo dele e colocar o que quisesse e aí você podia entrar no mural das pessoas e pinnar o recado lá, deixar o recado para ela lá. E aí tem uma integração que você fazia com o desktop, que baixava aquele mural pro seu desktop e ficava bonitinho igual ao Windows 7 que lançou aqueles stickerzinhos lá e aí eu comecei a tentar empreender, aquilo ali eu falei assim “Cara vou fazer uma startup disso aqui

Henrique de Moraes – Mas deixa eu te fazer uma pergunta, só pra eu entender, nessa época já existia esse movimento de empreendedorismo, já tinha algum movimento de investimento anjo? Porque eu não lembro exatamente em qual ano mas eu também empreendo muito desde novo assim, a minha primeira startup eu tinha 17 anos, bem novo para mim pelo menos e na época que eu abri a minha primeira e a segunda startup, que eu chamo hoje de startup não tinha, não existe esse nome no Brasil, eu tava com uma empresa, eu era empresário, isso que eu falava, não era empreendedor, eu era empresário e eu tava abrindo um negócio enfim, que tinha um pouco da coisa do digital que a gente viu muito cedo essas oportunidades surgindo mas eu lembro que pouco depois assim tipo que eu tava na minha segunda startup, vamos colocar assim, que a primeira inclusive eu me arrependo de ter parado, só parei porque a minha namorada na época engravidou, eu era muito novo imagina, tinha 20 e poucos anos, tive que fechar e arrumar um emprego sério

Breno Oliveira – Isso é normal, acontece

Henrique de Moraes – Cara não tem jeito mas na época não tinha essa coisa de investimento, de correr atrás, não existia essa possibilidade de investimento anjo, pelo menos não se falava e logo depois quando eu montei minha segunda empresa começou a ficar muito forte isso, a aparecer no jornal, no Fantástico, eu comecei a ir em evento, e aí que eu entendi como é que era esse mundo de investimento anjo, os rounds de investimento, como você faz, criar pitch, empresa aceleradora enfim, todo esse universo que veio aí do empreendedorismo que a gente hoje em dia sabe muito bem que ficou meio popzinho né, virou o novo rockstar agora o empreendedor.

Breno Oliveira – Eu tenho até um assunto legal até para poder encaixar nisso, quando que começou esses detalhes porque eu trabalhei em 2004/2005 né porque minha trajetória foi a seguinte, em 2001 eu trabalhei fazendo manutenção de computadores, saí com 14 anos mais ou menos e fui trabalhar de office-boy na Cruz Vermelha

Henrique de Moraes – Na Cruz Vermelha?

Breno Oliveira – Ela tinha aquele programa de Menor Aprendiz, aí eu entrei e fui trabalhar na PUC lá que eu até falo que eu tentei montar um software para poder organizar as fichas dos professores que eram na mão só que por burocracia lá, fiz, funcionou mas o Datapuc na época falou “Não, software da PUC tem que ser construído pela PUC” aí apagaram meu negócio lá, não deu certo e depois eu fui trabalhar numa empresa que mexia com VoIP e eles se não foram a primeira foram uma das primeiras empresas a pegar no Brasil um investimento de venture capital que foi pela Novarum, que eu sei que o fundo Novarum foi o primeiro fundo de venture  capital no Brasil, e eles conseguiram esse aporte em 2006 se eu não me engano, e eu trabalhei de 2005 até 2010, se chama ComunIP, vou te falar que pra mim foi a minha faculdade porque eu comecei a faculdade quatro vezes e larguei e lá foi, então a galera de lá é muito foda, um tá no Google, outro tá no fundo não sei tipo assim, muito top.

Henrique de Moraes – A empresa ainda existe?

Breno Oliveira – O que acontece, ela foi muito à frente do tempo em 2004, 2005 a gente já fazia comunicador com vídeo onde a gente juntava tecnologia web mais tecnologia nativa do Windows na época porque a interface era toda em web mas por fora a parte de áudio e vídeo era feito nativo lá, C++, nas linguagens do computador mesmo, e era muito à frente do tempo era sistema pra atendimento via voz e vídeo, você clicava lá no site igual tem o Zendesk, a gente fazia com voz e vídeo isso já naquela época, entendeu? E nós fizemos o primeiro comunicador do iG, na época nós fizemos tipo um MSN para eles usando essa tecnologia então foi muito à frente do tempo, acabou que ela não morreu mas ela foi comprada pela TecNet e aí assim, foi comprada por um preço baixo porque a tecnologia tava muito à frente, eu falo que se fosse lançada aquela tecnologia em 2012 com certeza, 2010/2012, realmente quando foi comprada, se tivesse em 2012 seria unicórnio hoje, pelo time que tinha, time mais foda que eu conheci e pela tecnologia que era feita na época então assim, e essa empresa até onde eu sei se não foi a primeira foi uma das primeiras empresas a receber venture capital no Brasil. E eu confesso, eu conheci startup e esse termo e tudo quando eu participei do Startup Farm, mais uma ideia que eu tive junto com o pessoal, tava trabalhando numa empresa de digitalização de imagens aí juntou com a galera, que foi através do Felipe Matos, porque o Felipe Matos que todo mundo de startup acho que conhece ele, que foi o fundador da Startup Farm, foi o que criou o livro “10 Mil Startups” e ajudou bastante gente, ele foi o cara que me contratou nesta empresa em 2004, 2005 porque foi no início de 2005 então eu acabei virando amigo pessoal dele na época mas não tinha esse negócio, tinha o Instituto Inovação lá dentro que montava aquilo ali mas era uma ideia de empresa não existia o termo startup mesmo, isso aí foi aparecer na minha cabeça em 2010, 2011 quando eu, 2009, 2010 eu já via o que que era isso, já via aquele termo mas entender mesmo foi quando eu entrei na imersão de Startup Farm, aprendi a montar uma startup. Eu sempre falo, a frase não é minha mas eu não sei de quem é, eu lembro de ter ouvido isso, que eu falei “Conhecimento e aprendizado entram pelo buraquinho traseiro” e eu explico, sua mãe quando você é pequeno fala “Menino não faz isso porque vai dar bosta”, aí você vai e cai, “É, deu bosta” então cara tem que viver o negócio, tomar na bunda pra você aprender, entendeu?

Henrique de Moraes – Tem aquela frase “É fazendo merda que se aduba a vida”

Breno Oliveira – Exatamente

Henrique de Moraes – É muito isso mesmo cara, eu falo isso direto que quando a gente dá conselho não é para as pessoas não fazerem né, é para elas aprenderem depois que elas fizerem, pra depois você falar assim “Viu eu te avisei, sabia que você ia fazer merda mas pelo menos eu te avisei e você sabe que eu tô querendo o seu melhor. Pelo menos estabelecemos isso agora, você sabe que eu quero o seu melhor”. Muito bom, e aí então você passou por 5 anos nessa empresa e aí depois você já foi fazer, tentar montar, levar essa ideia lá pro Startup Farm, como é que foi?

Breno Oliveira – Isso que foi a parte legal que eu acho que vai de frente com muita coisa que os caras de início tem, eu saí de lá e fui trabalhar, isso foi um desvio completamente, nem tenho muito o que contar dessa história, mas trabalhei no PSDB de Minas, não concluí porque eles montaram na época um negócio que se chama Núcleo de Inteligência Tucano e queriam pessoas experientes para poder juntar as informações, cadastrar a galera então trabalhei nessa área, foi um momento mas não tem problema nenhum é porque tipo assim eu não gosto de política, o jeito que é, a sujeira que esse povo tem então tipo assim, trabalhei lá com a parte de tecnologia e depois não quis continuar e aí eu fui trabalhar nessa empresa de digitalização de imagem, de documento, fiquei pouco tempo porque não me agradou muito o trabalho e lá eu conheci 3 pessoas e nós montamos um sistema que a gente falava o seguinte, não é muito a realidade de hoje mas naquela época era, inclusive eu já vi projetos depois que foram integrar com os carros da Ford, você vai entender muito bem que eu vou falar, que estudaram lá atrás o tipo de tecnologia e leram sobre a gente, tanto é que fui no evento e falaram “Quê? Você que fundou o Remote Park?”, eu falei “É” e aí nós tivemos essa ideia de achar vagas porque a gente via que era um problema parar no centro de Belo Horizonte, você ia lá e ficava rodando a rua e o estacionamento privado não tinha vaga, na rua esquece, menos ainda aí a gente falou “Cara porque a gente não integra com o pessoal do estacionamento e coloca no aplicativo lá pro cara olhar lá qual estacionamento tem vaga pra ele poder entrar e guardar o carro lá pra não ficar rodando à toa”, aí fizemos as pesquisas, nesse meio tempo eu fui trabalhar numa empresa de games, Ilusis Interactive Graphics, ela acabou essa empresa, depois de um tempo ela morreu acho que ela durou 5 anos, porque empresa de games no Brasil é meio complexo mesmo mas a história é legal e aí eu tava montando com esses dois caras, os dois caras foram para o mercado e eu tava nessa empresa, aí nós mandamos nosso projeto para o Startup Farm, só que tinha que pagar R$5000 por sócio, eu falei “Eu não tenho isso, meu sócio também não tem” só que você podia pegar um patrocinador na época, aí nós submetemos a um patrocínio e o Peixe Urbano falou “Gostei do projeto desses caras, vou patrocinar” aí o Peixe Urbano patrocinou a gente e nós fomos escolhidos. E aí era uma imersão de um mês, você ia pra lá, tinha as apresentações, tinham os convidados que explicavam e a cada semana, no final você fazia uma apresentação e era rankeado ali as melhores apresentações e cara eu sempre fui um zero à esquerda em Word, Excel, PowerPoint, pacote Office não é comigo só que assim, esses caras estavam trabalhando e eu também tava trabalhando e eu comecei a chegar mais tarde, dava um jeito e comecei a fazer as apresentações, na primeira semana era só apresentar o negócio lá na sexta-feira. Saindo de lá só tomando taca da galera de startup, dos mentores, “Vocês não entenderam bosta nenhuma, essa merda que vocês fizeram ficou ruim demais” e ficamos tomando 0 no negócio, eu falei “Que merda” e tipo assim, esse eu tenho orgulho de falar o seguinte “Cara se falhar porque eu errei eu fico puto, se falhar por outros motivos além de mim, beleza, às vezes não dá pra resolver, o que não tem solução solucionado está”, aí comecei a chegar mais tarde ainda no trabalho e aquele negócio todo, aí na segunda semana ficamos em primeiro na apresentação, aí eu falei “Agora o negócio tá ficando bom” e aí comecei a fazer o negócio e o CEO da empresa que inclusive era irmão do fundador do Instituto Inovação, que foi a incubadora da época lá de 2005, então ele tinha uma certa liberdade e falou assim “Breno o negócio é o seguinte cara, não dá, os dois não dá, você vai ter que escolher ou lá ou aqui porque você não tá fazendo nenhum dos dois direito e eu vou te ser sincero, seu projeto é muito bom mas eu tô indo viajar daqui a 3 dias eu volto e você decide” aí eu simplesmente falei com ele assim “Cara eu vou pro meu projeto, só me ajuda porque eu não tenho dinheiro nenhum, me demite aí, só me demite que eu vou”, fui e encampamos o negócio, chegamos na final do projeto e aí tinha a apresentação final com os 3 melhores projetos, tem até video no meu LinkedIn da pessoa fazendo matéria com a gente, e aí tinha que apresentar e eu nunca tinha falado em público e essas outras coisas assim e os outros dois lá muito nerdões, aí eu falei assim “Não, vou dar um jeito de resolver isso aí”, aí fui lá e tinham 200 pessoas um negócio assim, uns 10 investidores pica assim e nós não fomos os primeiro a apresentar, foram outras empresas e os caras desciam a lenha, parecia Shark Tank mesmo, o cara aparecia e “Olha se eu pegar 1% do mercado aqui, em 2 anos vou ter 1 trilhão” e aí os caras já riam tipo assim, parecia o Shark Tank, e aí eu cheguei e falei “Cara, eu sei muito do produto então não tenho porque ficar preocupado, eu sei responder tudo que eles perguntam”, aí cheguei lá e fiz a apresentação, cheguei e falei “Quem veio aqui de carro? Teve dificuldade de achar vaga? Pois é tá vendo? Isso é um problema”, apresentei aquele showzinho assim e aí eu lembro que o investidor mais encrenquinha lá fez uma pergunta pra matar, ele chegou e falou “Não mas peraí, como que você vai integrar com os estacionamentos que só tem uma cadeirinha quebrada lá e uma calculadora?”, aí eu falei “Não mas nós já pensamos nisso, se a gente for em qualquer loja chinesa dessa e comprar um telefone Android (que na época custava uns R$180, R$200), colocar na mão do cara, a gente consegue controlar a entrada e saída de veículos dele e ele ganha de graça uma ferramenta para a gestão do estacionamento dele e ele não vai ter fuga de dinheiro não vai ter que ficar preocupado com nada disso”, o cara era simplesmente, e aí fala “Como é que tá a integração?”, aí “Nós já fomos a maior rede de estacionamento”, na época eu fui lá no LinkedIn do CEO da Minas Park que depois foi comprada pela Estapar, apresentamos o projeto pro cara, o cara falou assim “Quando estiver pronto, eu quero.” Então assim,  a gente já tinha aquele negócio aí nós ganhamos o Startup Farm, fomos o melhor, surgiu uma oportunidade na época de um investimento de R$1,2 milhão de um fundo que tava começando, tanto é que nem lembro o nome dele direito, e aí que deu o problema porque eu já tinha abdicado de tudo para poder ficar no projeto e eu também trabalhava, já tava trabalhando como freela pra Buscapé de São Paulo e aí eu tinha pegado um freela grande com eles e os caras, eu falei “Galera vocês tem que largar daí velho, o investidor não vai investir em empresa com vocês dois fora, vai ter que ser full time”, “Ah mas eu tenho família e não sei o que lá” deu aquele problema todo, começou a desandar, eram 3 técnicos, não tinha um cara que configura comercial lá, acho que meus escambos me ajudaram nisso, conseguir apresentar, não tive vergonha de apresentar então acho que aí meus escambos ajudaram a ter essa, conseguir articular, conversar com as pessoas e fazer uma apresentação porque eu tinha que apresentar meus produtos pra poder trocar eles lá, então eles não toparam aí surgiu a pportunidade de vir pra São Paulo, eu simplesmente olhei para os dois e eu falei “Seguinte cara, eu não vou arriscar mais, já arrisquei demais, já ganhou o negócio, vocês não vão largar, eu tô indo para São Paulo. Faz o seguinte, eu estou fora, conversem entre vocês e deixem uma porcentagem pra mim pelo que eu já fiz até aqui”, aí os caras simplesmente falaram o seguinte “Não, nós não vamos te dar nada não, no dia que der dinheiro a gente paga”, aí eu falei “Eu não quero é nada, podem ficar com tudo” e vim embora. Aí o projeto não andou obviamente, acabou, morreu lá a ideia do negócio, não deu certo, nós saímos até na Galileu, num videozinho lá da televisão de Minas, e fui pra São Paulo e aceitei mudar pra São Paulo, nunca tinha ido em São Paulo, mudei pra São Paulo de uma vez por todas, eu sei que, só vai poder trocar de assunto porque esse também é interessante, quando eu cheguei para o cara, o amigo meu que me contratou lá eu falei “Cara, eu tô dando 10 passos pra trás pra dar 1000 pra frente porque eu vou ganhar ⅓ do que eu tava ganhando como freela e vou parar de tentar empreender mas eu vim pra cá pra empreender de novo, anota isso”. Voltei pra Belo Horizonte, catei minhas malas e tudo, fiz minha despedida e vim, então assim esse projeto foi-se.

Henrique de Moraes – Caramba, e você tá em São Paulo?

Breno Oliveira – Hoje eu tô em São Paulo, eu fiquei até 2012, essa outra empresa também cara a história dela é interessante mas dá para resumir rápido né, eu vim pra cá e aí eu e esses amigos meus montamos um sistema de instalador, sim a gente já instalou muito Baidu no computador dos outros infelizmente, já que a gente foi o primeiro instalador brasileiro disso mas depois a gente montou um sistema de cashback, aí nós fomos demitido da empresa, aí a gente tava com esse projeto, montamos nosso próprio escritório, arrumamos investidor-anjo, faturamos 3 milhões no primeiro ano e no segundo ano quebrou e eu voltei pra Belo Horizonte

Henrique de Moraes – Qual era o nome?

Breno Oliveira – Chamava RBM

Henrique de Moraes – RBM, e como é que você chegou no ChatPay cara? De onde a história conecta?

Breno Oliveira – Isso, aí quando essa empresa tava dando ruim igual eu falei, tem que saber a hora de pular fora do barco, já não ia dar mais, ia começar a endividar, sócio e essas outras coisas

Henrique de Moraes – A empresa fazia o que?

Breno Oliveira – Essa RBM, quando eu morava aqui ainda né, porque a ChatPay ela tem um ano de existência mas ela tem uma base de quase 5 anos atrás e eu tô desde essa base, então em 2015 eu resolvi sair dessa empresa que foi fundada em 2013, deu merda e eu falei “Cara já não dá pra ficar aqui mais, vai começar a endividar todos os sócios isso daqui”, tinham uns caras mais orgulhosos, quiseram continuar, eu falei “Tô fora” assinei lá e saí. E aí nesse meio tempo apareceu a oportunidade de na empresa de games, quando eu trabalhei lá essa empresa forneceu um software pra uma empresa que chamava Devex, que montava sistema de minas pra Vale e essas outras coisas, e aí um amigo meu que desde essa época da empresa, da ComunIP que eu falei no início também que eu trabalhei com ele, trabalhei na empresa de games com ele que ele tava lá inclusive ele que me indicou e ele tava construindo esse negócio e aí na hora que eu saí da RBM, eu avisei pra todo mundo, falei “Galera tô saindo” e aí ele falou assim “Cara o Guilherme, que era dono da Devex lá que vendeu, tá procurando um cara porque ele tá montando uma startup lá em São Francisco só que eu não posso porque já tenho minha empresa de games e eu tô tocando ela aqui e não tenho interesse, você não quer pegar não?” aí me apresentou pro Guilherme, que foi o fundador, CEO da Devex, venderam por uma boa grana lá e foi pra fora e viu lá nos Estados Unidos uma oportunidade de montar uma startup pra poder fazer uma rede social de bairros, que já tinha a Nextdoor lá nos Estados Unidos, que já valeu 1,4bi, e ele viu umas lacunas, isso em 2015, viu umas lacunas e falou “Cara, dá para fazer isso melhor” aí me chamou, nós conversamos ele falou “Cara vem pra São Francisco, a gente troca ideia, a gente vai fazer essa rede social de bairro” e aí cara é a maior, depois do Startup Farm que eu aprendi como fazer as coisas, esse período de quatro anos foi a maior faculdade que eu tive de startup porque foi, como eu te falei, foi no aprendizado mesmo, tomando na orelha e montou-se a Behive. Eu tinha algum conhecimento mas pô eu tentava passar mas um cara que já vendeu empresa por milhões lá e já tinha os vícios dele ia não absorver aquilo entendeu, então às vezes a gente tentava e o que acontece, a Behive ficou tentando fazer produto várias vezes, o que todo mundo condena, várias vezes e não lança, várias vezes e não lança, todo ano pivotava, todo ano pivotava e aquele negócio, aquele negócio, não saía nada e como o cara, o próprio fundador era o próprio investidor anjo e ele tinha grana suficiente para manter aquilo ali, então você ter grana demais no início da startup te deixa ficar assentado porque você não precisa vender porque o dinheiro já está garantido, só que ele também não aguentava ficar mantendo, aumentando salário dos sócios menores, porque eu fui convidado, a gente falava que era funcionário-sócio nesse caso, até ganhei uma boa participação lá por ter feito muita coisa mas assim, foi dando um monte de problema e a gente vai vendo, e eu fui vendo aquilo ali e falei “Cara isso aí não vai a lugar nenhum” até que 2009, aí a gente já tinha perdido espaço pro WhatsApp porque nos bairros em vez de ter grupo de Facebook tinha WhatsApp mesmo

Henrique de Moraes – Deixa eu fazer uma pergunta, você tava fazendo isso tudo de São Paulo ou você foi para lá?

Breno Oliveira – Não, 2016 eu voltei pra Belo Horizonte, é aquela coisa que startupeiro quando tá começando e não tem grana você tem que fazer o seguinte, se você tiver carro você vende, se você tiver mãe pra morar você mora e aí vai e é isso, e eu fiz exatamente isso, voltei para Belo Horizonte, enxuguei os custos né e começamos a tocar a coisa lá, tudo remoto inicialmente, e aí fomos tocando essa empresa depois ele alugou uma sala lá e acabou que começamos a ir pra essa sala e aí fomos tentar montar essa rede social de bairros, perdemos o timing, obviamente que ia dar bosta só que até certo ponto eu já não tava apostando mais na empresa eu tava apostando no fundador porque ele era um cara de sucesso, eu falei “Cara se isso aqui não der certo, alguma outra coisa vai dar” e eu sei que eu tenho criatividade pra poder criar outras coisas, porque eu fico de olho nisso e foi indo, foi indo e aí tipo assim nós começamos a mexer com WhatsApp, a gente tinha um bot de WhatsApp que você pedia lista, você pedia algumas coisas pra ele e ele respondia pra pessoa do bairro, você fazer vendas locais e tudo também, ficou também só no desenvolvimento até que em 2019, dezembro de 2019 acabou minha paciência e quando eu aprendi muito eu juntei a galera e falei “Cara eu não fico nessa empresa mais, porque isso aqui tá muito errado, nós não vamos pra frente mais, tá encostado e tal”, aí nos reunimos, teve um quebra pau danado aí a galera já tinha falado, alguém já tinha ventilado dentro da empresa, um sócio nosso de vender grupos de WhatsApp e aí eu cheguei e falei assim “Galera, eu conheço uma pessoa que usa um grupo de WhatsApp pra poder gerenciar os desafios fitness dela, só que é tudo bagunçado ela faz tudo do jeito dela lá, vamos trazer ela aqui e ver se ela compraria isso? Aí passou o final do ano, virou o início de 2020, levamos ela lá, fizemos a apresentação pra ela e ela simplesmente falou “Onde eu assino o contrato?”, cara temos um produto, temos um produto. E aí nós começamos a trabalhar na ideia, falamos assim “Cara nós vamos montar”, e tinha que fazer em um mês porque ela ia lançar o próximo desafio dela a gente não podia perder aquilo ali, lançamos e deu merda, tivemos que domingo à noite ir na casa dela ajudar, tava o outro comemorando em festa de bar “Sai do bar e vem pra cá porque tá dando problema” e aquela correria “Tem que fazer isso rodar”, e aí que surgiu a ChatPay, com o conhecimento que a gente tinha já de mexer com WhatsApp a gente viu esse nicho, fizemos alguns estudos, fizemos design sprint na época com o pessoal do Google, fizemos design sprint bacana e falamos “Nós vamos apostar nisso aqui” e cara uma coisa que eu falo, eu descobri porque esses caras fodões aí tem, eu tinha um feeling que aquilo ali ia dar certo cara, é o projeto da minha vida, eu sentia que ia dar certo velho, tanto é que teve um dos meus sócios que chegou assim outro dia no almoço, com um mês de empresa ele falou “Velho fiz uma merda”, eu falei “Que foi?”, “Cara vou deixar de receber meu salário porque comprei mais tanto % da empresa”, eu falei “Velho foi a melhor coisa que você fez na sua vida”, tinha brilho no olho, o Gui que era o primeiro ele relutava mas na hora que ele viu todo mundo, ele viu o brilho no olho e ele falou assim “Cara não tem como eu ir contra isso, eu aceito perder outra empresa e começar essa aqui, do jeito que vocês estão não tem como eu negar, eu vou apostar nisso daqui (porque ele não tava afim de apostar mais) eu vou apostar nesse aqui” e foi, e aí começou a ChatPay no início de 2020.

Henrique de Moraes – Maneiro. Cara fala um pouquinho pra quem não conhece, o que é a ChatPay, o que vocês fazem, que eu achei muito maneiro cara, conta um pouquinho aí sobre como funciona e como vocês ajudam as pessoas

Breno Oliveira – A ChatPay cara é o seguinte, a ideia é que tem pessoas que vendem conteúdo e ela tem que te ter proximidade com o cliente então ela vende conteúdo, a gente tem algum alguns casos por exemplo e esse é extremamente emblemático pra gente, foi o cara que inclusive na pandemia ele dava aula de violão né e na pandemia ele não pode dar a aula dele mais presencial, então o cara tipo assim tava começando a ter problema financeiramente grave e aí ele descobriu a gente e ele começou a postar as vídeo aulas dele, criou um grupo com a galera, começou a cobrar então assim ele cria o grupo pela nossa plataforma, quando ele quer divulgar ele divulga esse link, ele cai na nossa plataforma e tem lá como se estivesse comprando um ticket de festa mesmo, “Ah eu cobro R$30 nessa vaga aqui” e aí o cara compra, entra no grupo e começa a consumir aquele conteúdo. E aí esse cara começou a usar o ChatPay também, depois de acho que um mês, um mês e meio ele já estava faturando quase igual ao presencial, salvou ele, isso aí é uma história muito interessante, aquela história que eu falei né de poder ajudar as pessoas, então tem isso e então usa nossa plataforma, então o que que é? Se você tem uma ideia, você gosta de alguma coisa, você tem aptidão para alguma coisa e você quer estar mais próximo das pessoas, você interagir que é o mais interessante, a ChatPay é isso, a gente hoje encaixou quando nós criamos no passion economy que é exatamente isso, eu tenho muita paixão no que eu faço, a Lelê que é o case de sucesso nosso que começou vendendo, a primeira vez que ela entrou na nossa plataforma vendia R$60.000, depois de 4 meses, 5 meses tava vendendo R$400.000 porque nossa plataforma ajudou nas coisas para ela e nosso suporte a gente cuida de tudo, atinge até o cliente dele, a pessoa vai no zendesk nosso, a gente atende e explica tudo como funciona, como é que faz, tira totalmente o peso do lado de lá, então isso faz com que adiante demais a vida da pessoa e a gente fala o seguinte, que a pessoa que é apaixonada pelo que faz, normalmente ela não sabe cuidar de outras coisas, ela é muito focada naquilo né, então a gente até entitulo  “O trabalho do Futuro” né, a gente quer que as pessoas larguem os empregos delas para poder trabalhar com o que realmente gosta então essa é a ideia do ChatPay, que utilize o próprio, que a pessoa não saia do WhatsApp porque a pessoa está lá então você consegue trabalhar no ambiente que você gosta e no ambiente que a pessoa gosta porque a gente sabe que a pessoa tá dentro do WhatsApp entendeu, então a gente conseguiu unir esse tipo de coisa não sóo WhatsApp como a gente também trabalha com Telegram então é exatamente isso, você pode monetizar o seu conteúdo de forma mais próxima do cliente porque você tem o chat ali, hoje tem feed também para poder postar material, várias coisas então você pode postar vídeo aula, aula e essas outras coisas, e tem controle de tudo, a gente tem recorrência, cupom de desconto, programa de afiliados entendeu, então assim

Henrique de Moraes – É o Hotmart do WhatsApp, quase isso

Breno Oliveira – Exatamente, exatamente, a gente teve vários clientes que vieram da Hotmart pra nossa plataforma, uma coisa interessante né que a gente fala porque quando você chega e você vai empreender, você chega para o cara e fala o seguinte “Qual que é a sua ideia?”, aí o cara chega e fala assim “Não posso falar não” já começou errado, você fala “Você já é um perdedor por aí”, segundo ponto, quem que é seu concorrente? “Não tenho” outro perdedor, nem pesquisou o mercado direito, pra falar que não tem você está muito errado, muito mal informado do que você quer fazer, “não ter” não existe, então a gente procurou concorrentes, a gente fala que direto, direto a gente não tinha, mas tinha quem fazia coisas similares, Hotmart, Sympla, Eduzz, Monetizze, “Todo mundo?” Sim

Henrique de Moraes – Todo mundo que trabalha com conteúdo digital no final das contas

Breno Oliveira – Como concorrentes a gente nunca ia atingir o público deles e muito do público deles veio pra gente, então como é burrice isso do cara “Não tem concorrente não” não tem nem concorrência pesquisada, muito errado né

Henrique de Moraes – Verdade, e eu dei uma pesquisada pra entender como é que funcionava a plataforma, só pra quem estiver ouvindo e quer entender que eu achei muito interessante que o ponto principal pelo que eu entendi é, vocês fazem toda a gestão né das pessoas, então se a pessoa tá inadimplente vocês já excluem a pessoa daquele daquele grupo, quando a pessoa paga ela já entra automaticamente, a pessoa que tá gerando conteúdo, fazendo conteúdo ali, que tem um grupo exclusivo no WhatsApp ou num Telegram da vida, só precisa se preocupar em divulgar basicamente, e gerar o conteúdo, é lógico o conteúdo tem que ser bom senão o cara vai sair, mas a parte mais chata de fazer, você fazer link de pagamento, envio do link de pagamento para a pessoa e depois você coloca a pessoa no grupo, saber se a pessoa tá inadimplente ou não tá, aí tira a pessoa, exclui enfim toda essa gestão vocês fazem, certo?

Breno Oliveira – Exatamente e outra coisa né, desse manual igual nós vemos bastante gente, inclusive teve grupos que as pessoas falaram, eles falaram “Cara o que eu tinha de gente inadimplente rolando aqui, no caso de recorrência não tá no gibi”, esgotava e o cara continuava lá, segundo que link vaza, se você manda o link do grupo para alguém, o cara manda para outro lá e o amigo dele entra de graça e tudo então assim virou bagunça e aí a gente controla isso né porque nosso robô está lá justamente para não deixar essas pessoas, se ele entrar lá inadimplente é removido então a gente faz exatamente essa gestão das pessoas ali dentro.

Henrique de Moraes – Sensacional cara, sensacional. Deixa eu te fazer uma pergunta, algumas perguntas na verdade relacionada ao ChatPay né, quais os grupos mais curiosos que vocês têm lá cara, porque imagino que deve ter grupo de tudo né

Breno Oliveira – Tem, a gente tem os grupos de fitness tem, assim de desafio fitness inclusive o Zé Roberto é nosso cliente, o Zé R11 aquele jogador da seleção brasileira que foi campeão do mundo, quem entende mais de futebol sabe, campeão do mundo em 2002 com o Brasil lá, jogou no Palmeiras até os 40 anos de idade, porque o cara mantém o shape, outro dia até a mídia comparou o shape dele com o do Cristiano Ronaldo, então ele montou um negócio, é até cliente nosso, também o projeto dele tá lá, tem fitness, tem grupo de aposta, galgos, futebol, essas outras coisas, esses bets né tem muita gente nessas coisas, de sinais de investimento então assim, tem bastante coisa entendeu, começou a ter de mulheres também mas aí nós tiramos, não deixamos entrar muito para esse lado porque se entra, igual a gente fala, o crescimento do OnlyFans é enorme e a gente sabe disso mas não é bom cara trabalhar com esse negócio porque você espanta a outra galera entendeu então a gente teve, começou a ter grupo pago de mulheres lá igual o close friends que a galera faz fazendo strip e essas coisas, no início nós começamos a pensar e cogitar mas depois nós desistimos e falamos “Não vamos trabalhar com isso aqui não porque se a gente como nome que a gente faz isso a gente espanta a galera” então a gente segmentou. Então assim, é aquela hora do empreendedor falar “Dá dinheiro?”, “Dá, dá dinheiro velho, pra caralho” mas é hora de falar não cara, a gente não quer mexer com isso, a gente quer mexer com outras coisas, a gente quer ser o trabalho do futuro entendeu, essas outras coisas aí não é nada do futuro, já existem e vai continuar existindo e vai ter muita gente ganhando dinheiro com isso e nada contra, só que não é o que a gente quer mexer, entendeu?

Henrique de Moraes – É, às vezes vale mais a pena você montar uma outra empresa só para atender esse mercado e separar né, faz os dois vai ter um branding separado, completamente diferente

Breno Oliveira – Eu conto a história de um cara, acho que é um venture capital, ventura capitalist  de Israel que ele descobriu um nicho que é o seguinte, ele via na época lá, não lembro a época certa, que os site tipo PayPal e tudo não aceitavam fazer billing pra site pornô, ele foi e criou um sistema de billing, de gate de pagamento pra site pornô, fez a IPO, ficou bilionário, vendeu o trem lá e depois criou outro com o mesmo segmento e ficou bilionário de novo então o dinheiro tem

Henrique de Moraes – Sensacional e quantos grupos já tem? Eu sei que em julho pelo que eu vi aqui, junho ou julho já tinham mais de 100, como é que vocês estão hoje?

Breno Oliveira – Mais de 100? Não, tem mais de 400

Henrique de Moraes – É mesmo?

Breno Oliveira – Bastante, bastante

Henrique de Moraes – Crescendo muito rápido né?

Breno Oliveira – Muito rápido cara. Assim, na época que nós fomos pro Y Combinator tivemos que crescer muito, 35, 40, 50, 100% ao mês então assim a gente naquela aceleração lá e tudo assim por isso que a gente ganhou até um hype legal, vale até contar como é que foi a história pra gente entrar no Y Combinator, como é que a gente lá porque acho que esse é o ponto de mostrar que cara, você que tá tentando empreender no Brasil achar que não tem jeito de alcançar coisas que nós conseguimos alcançar, tem, tem tem jeito.

Henrique de Moraes – Com certeza. Vou te perguntar, eu acho que ouvi essa história e achei sensacional, eu vou te pedir para contar mas só pra quem não conhece, quem não sabe, quem não é do mundo de empreendedorismo, a Y Combinator é basicamente a aceleradora mais famosa do planeta, a mais bem sucedida eu diria né, mais respeitada também, acho que mais importante é isso, a mais respeitada porque ela foi fundada pelo Paul Graham que é um dos caras, de startup ele é o cara, um dos nomes mais respeitados e conhecidos, ele tem vários artigos que são sensacionais inclusive que valem a pena pesquisar e a Y Combinator já investiu no Airbnb, Dropbox, Reddit, Stripe

Breno Oliveira – Rappi

Henrique de Moraes – Isso, inclusive vou conversar com o CMO deles na semana que vem, segunda feira que vem vou bater um papo com ele aqui no podcast também

Breno Oliveira – Show de bola, os caras lá são show de bola

Henrique de Moraes – Mas então assim, só pra contextualizar né que assim, não é um feito qualquer, vocês entraram na aceleradora mais respeitada do mundo né, como é que foi essa história cara, conta um pouquinho.

Breno Oliveira – Eu até falo o seguinte, pra ficha cair até durou, então o que acontece, a gente tava num crescimento bom e a gente já tinha paixão cara assim acabou, a gente falava em ChatPay o olho brilhava e todo mundo via aquilo, e nós começamos a entrar para conversar com seeds aqui, falei “Cara nosso dinheiro, tá a conta certa, a gente já vai entrar”

Henrique de Moraes – Vocês tinham investimento anjo né?

Breno Oliveira – Tinha investimento anjo do antigo investidor, e aí ele entrou só comigo investidor mesmo, já não era mais nada da empresa ele só aportou mesmo, ele chegou até a falar, “Não realmente vou ficar aqui e vou deixar vocês tocarem essa empresa, vamos ver o que acontece, esse sangue novo” e aí ele aportou só na startup, na ChatPay e aí a gente foi indo e falou assim “Cara a gente agora é uma startup de verdade, a gente só tem esse recsuro de dinheiro, então a gente tem que vender e correr atrás de investimento” e quem veio como CEO foi o filho dele, que tinha se formado em São Francisco, assumiu como CEO e aí nós começamos a fazer o que startup deve fazer, que é, nós vamos nos preocupar em fazer o produto rodar, fazer um bootstrap aqui, usar o dinheiro do investimento para poder rodar aqui, tentar fazer algum bootstrap, sei que bootstrap inteiro é só quando você usa o dinheiro que a empresa gera, mas a gente tentar fazer um breaking aqui com dinheiro da empresa mas vamos correr atrás, aí nós fomos ver alguns VCs aqui do Brasil e fomos até tipo fase 1, 2, 3 e aí cara, a gente tava na maior empolgação porque tipo assim os caras estavam atendendo a gente super bem, falando assim “Cara o produto de vocês é muito foda”, aí a gente tava nesse meio aí e o Arthut, que é nosso CEO chegou e falou “Cara, vamos fazer um video pro Y Combinator aqui?”, eu falei “Fazer video pro Y Combinator, você tá louco? 2 meses de empresa, eles não vão perder tempo com isso”, aí ele “Não, vamos gravar um video aí”, e juntou todo mundo domingo à noite lá, preguiça, “Tá bom vamos gravar o video” e gravamos, “Vou entrar nessa bosta, vai que cola? Então tá vamos fazer”, fizemos o trem lá, respondi o questionário e beleza. E aí eu tava muito empolgado, e todo mundo, que tava avançando a conversa com os VCs aqui “Ah vamos conseguir uma graninha boa, os caras estão gostando” beleza, aí um dia o Arthur chegou, acho que foi num final de semana ou próximo do final de semana, à noite falou “Galera, tem uma notícia meio ruim pra dar, o fundo tal passou a gente”, falei “Puta que pariu velho” e eu tava assim, empolgado com o negócio, só que ele falou assim “Tem outra notícia, na hora que eu desliguei o telefone 5 minutos depois surgiu um e-mail do Y Combinator falando que nós fomos selecionados para entrevista” 5 minutos velho, ele falou “Cara na hora que eu desliguei o telefone dos caras, que eu tava assim puta que pariu e agora, surgiu o email lá que fomos selecionados pra entrevista do Y Combinator”, eu falei “Puta que pariu” e aí acabou, acabou o sono e eu falei “Como que faz agora, agora tem que passar nesse trem” e aí nós ficamos naquele negócio “Como é que faz, o que os caras vão perguntar”, aí pesquisa na internet como é que faz, quanto tempo que eles demoram porque não dá para saber mesmo estando lá dentro, muita gente pergunta, ninguém sabe cara, às vezes respondem na hora, aí tinha gente que falava assim “Eu mando e-mail, se eu ligar é porque você não passou, se mandar e-mail é porque você passou” e aí ficava naquele negócio. E aí fizemos a primeira entrevista, Arthur falou “Foi bem?”, falei “Ah cara fui bem sim e vamos ver no que vai dar”, aí falaram o seguinte “Chamaram pra uma segunda entrevista” aí nós já ficamos assim “Ótimo”, e na segunda entrevista ele voltou e falou assim “Cara tem uma pessoa lá que não tá entendendo muito bem, não sei se eu fui bem e tal”, falei “E agora como esse trem vai ser?” porque falaram com ele “Ou você recebe por telefone, se a gente te ligar é porque deu errado e se a gente mandar e-mail é porque deu certo” e aquele negócio, pode ser no mesmo dia ou depois, ninguém conseguia dormir, nada de receber. Aí a gente pesquisa na internet e tinha gente falando “Se você não receber em dois dias é porque você vai ser eliminado” e começa aqueles trem né, Reddit e a galera falando, aí dois dias depois surgiu o email, aí vem o Arthur só que a gente tava fora porque, aí nesse meio tempo, só pra você entender, a gente teve que cortar os gastos de todo mundo, praticamente cortar o salário de todo mundo porque veio a pandemia e a gente perdeu algumas coisas e a gente ficou com medo então assim, e tava meio complicado, nosso burn diminuiu bastante que a gente teria de recurso, ia ter que ralar muito mais então já tava com atenção. Aí chega o Arthur de novo “Galera é o seguinte, recebi o e-mail”, só que eu percebi pela voz dele que ele tava muito feliz, e eu conheço ele muito bem, “O que foi?, “Eles querem uma terceira entrevista”. Aí na terceira entrevista nós ficamos esperando, aconteceu à noite foi ele lá, ele simplesmente mandou assim “Estamos no YC” velho eu nunca tremi tanto em casa, minha mãe sabia que eu tava fazendo isso, eu cheguei tava tremendo, já tinha explicado pra ela o que era, “Passamos” peguei o carro e fui pro escritório e nós fomos comemorar. Foi a vez que eu mais tremi na vida, era um sonho velho, aí chegamos lá e aí cara o legal é que tipo assim, tão interessante sobre a ChatPay lá que um dos caras que escolheu a gente, ele soube da ChatPay em detalhes porque a mulher dele viu e criou um grupo pra gente, ela era brasileira e gostou pra caralho e explicou pra ele, porque São Francisco não tem WhatsApp, não tem disso então os caras não entendiam “Como assim todos criando coisa no WhatsApp” e a mulher dele brasileira, que ela queria criar um grupo com a gente achou super fantástico, acho que explicou bem pra ele também nesse meio tempo, e aí cara foi foda, e aí o que acontece, beleza um bando de brasileirinho lá que conseguiu entrar na YC, beleza um feito violento, tava mega feliz.

Henrique de Moraes – Desculpa te interromper mas só uma pergunta técnica, como é que foi esse processo de aceleração porque vocês estavam no meio da pandemia, alguém foi pra lá ou não, como é que foi, foi remoto?

Breno Oliveira – Foi a primeira edição totalmente online, inclusive você ganha US$ 150.000, isso por um lado foi bom porque US$ 150.000 é justamente pra você se manter nos três meses lá, como tava remoto o dinheiro veio para a gente e a gente poderia usá-lo do jeito que quisesse, na verdade sempre o dinheiro é pra usar do jeito que quiser

Henrique de Moraes – Com o dólar no meio do Covid ajuda também

Breno Oliveira – Muito então assim, foi excelente esse ponto, e aí nas primeiras apresentações o Michael Seibel que é o CEO lá, puta cara sou fã demais dele, todo mundo na ChatPay é, segue muito bem o que ele fala, sou fã do Michael Seibel, o cara é foda e aí nas apresentações o cara falou “Não, quando você entra aqui nas apresentações finais” que ia ser likes porque não ia ter a apresentação final presencial, ia ser remota, então likes aqui “Essa empresa fica com 70, 80 likes” no final nós conseguimos 180, já tinha passado de 200, do hype que nós conseguimos lá cara, na hora que mostrou nosso gráfico na apresentação final lá, todo mundo “Que negócio foda”, nosso crescimento, a tecnologia que a gente usava, então assim, foi muito foda, eu falo pra todo mundo “É muito legal”, você ver a irmã do Mark pedindo pra conhecer a gente, se podia conversar com a gente, aí que eu começo a pensar assim que cara não é só entrar lá, só entrar lá já é um feito enorme, a gente aqui consegue até mais, até conversar com a elite, elite de startups e investidores do mundo entendeu? De chegar lá da Sequoia querer falar com a gente entendeu, de ser investido pela Kaszek, BigBets também, os caras são foda aqui também entendeu então aí a ficha caiu e eu falei assim “Cara quando der certo eu vou dar trabalho, porque vou querer passar isso pra todo mundo, e sabe quanto eu vou cobrar? Nada, eu vou querer criar uma sala, eu não vou falar que é coach não porque eu não gosto muito desse termo, nada contra, tem muito pilantra, sou contra os pilantras. Eu quero mostrar só o seguinte, tem jeito velho pra você fazer, eu não ganho dinheiro com isso não sou palestrante, eu quero passar, quero falar “Galera vai, foca no negócio, eu demorei um tempão pra conseguir”, por outro lado, o sócio meu lá que saiu da faculdade e tá se dando bem, é CEO lá, nunca trabalhou então assim, é a música do filtro solar lá que aquele jornalista lá canta, o Bial, você não sabe o que fazer com 18, tem gente com 45 que não sabe ainda o que vai fazer, ou tem gente com 45 que tá bem e tal, aí tem aquelas histórias clichês, o cara do KFC lá com 65 anos então assim, é pra ver que tem jeito e não importa se você for usar a idade ou qualquer outra coisa como desculpa não tem né, então a ChatPay veio pra mim e eu queria muito passar isso pra galera.

Henrique de Moraes – Cara, sensacional e vocês receberam depois o investimento né desses fundos que acho que deu quase 2 milhões de dólares?

Breno Oliveira – 2,1 milhões de dólares, mais o do YC, agora eu acho que chegou em torno de 2,2 milhões com tudo.

Henrique de Moraes – E eu tava ouvindo uma entrevista com o Arthur que é o CEO, e ele falando que até quando você conta a história, você vai ouvindo, a gente tem uma tendência a falar “Nossa que sensacional” parece conto de fadas né mas até quando vocês estavam sendo acelerados e que vocês tiveram que se planejar pra fazer uma visita aos fundos e tudo mais pra fazer os pitchs

Breno Oliveira – Fundraising

Henrique de Oliveira – Isso, que é como se você fosse pra estrada, tem uma preparação, é como se estivesse indo pra estrada levantar fundo, ele fala que foram 65 fundos que ele conversou

Breno Oliveira – Às vezes a gente chegava lá e falava assim “Galera tenho que fazer fundraising”, aí ele sumia dentro da sala e aparecia lá todo torto, “Vou só comer aqui” e voltava entendeu e assim, era muita gente e aquele negócio correndo e é nessas horas que a gente tem que aprender a falar “Não” porque um cara dando um cheque maior que o outro e outro querendo entrar e aquele negócio todo, você não pode desmerecer essa galera, não é legal, você tem que tentar ver entendeu, ficou gente de fora, ficou gente de fora querendo entrar mas não cabia mais porque se você incha a empresa de dinheiro você daqui a pouco perde até o controle da empresa, é muito complexa essa parte. Tem só um detalhe dos vídeos lá do YC, depois a gente tava revendo eles pra poder ajudar uma outra galera, a câmera caiu no meio da apresentação, caiu duas vezes com o Arthur falando, foi um negócio avacalhado mesmo.

Henrique de Moraes – Muito bom cara, você vê que eles estão preocupados com o negócio, eles não estão preocupados com a qualidade do video, não é pra fazer superprodução

Breno Oliveira – Exatamente, eu acho que quando tenta ficar muito técnico lá eles até, obviamente que se você tiver uma coisa boa que desperte interesse neles ok mas se você tenta fazer muito técnico lá parece que você estudou pra fazer aquilo ali aí não sei porque às vezes não tem critério mesmo, o video com certeza não é, garanto que não é porque o nosso foi uma bosta

Henrique de Moraes – Maravilha cara. Pô Breno vou passar aqui pra segunda parte da entrevista com perguntas um pouco mais rápidas e você não precisa responder tão rápido mas é porque são perguntas mais diretas e a primeira, eu geralmente mando as perguntas pros convidados, mas a primeira que eu botei eu acrescentei depois que te mandei as perguntas, que eu ouvi isso num podcast e achei essa pergunta engraçada e eu tô fazendo pra todo mundo agora, não só pra quem eu tô conversando no podcast, na vida também que é qual foi a pior reunião da sua vida, você lembra?

Breno Oliveira – Reunião? Pior? Cara o problema é que eu sou um cara anti reunião

Henrique de Moraes – Boa, já começou bem

Breno Oliveira – Assim, todas são ruins mas a pior reunião que eu tive mesmo foi a que antes da última reunião que quase que a ChatPay não existe por causa do fim da Behive, teve uma antes e a gente já tinha demonstrado um desinteresse naquela empresa anterior, já tinha conversado com o investidor lá e o CEO da Behive na época que ninguém tava nem aí e meio que ele tocou o foda-se também porque tava bem quente a reunião e tipo assim, quase que dali não teve a segunda reunião, então aquela para mim foi a pior porque tipo assim, tava todo mundo querendo mudar, não existia a ideia da ChatPay mas tava todo mundo querendo mudar e ir pra frente e preso naquele negócio ali então para mim foi a pior reunião

Henrique de Moraes – Maravilha, cara você tem algum livro ou mais um pode ser até uns três que tenham influenciado bastante sua vida pessoal, pode ser ficção, pode ser livro de trabalho tanto faz assim

Breno Oliveira – Cara tem dois, um eu falo com muito carinho mas ele hoje mudou-se um pouco isso mas é a base de tudo, que pra mim é do Eric Ries, “The Lean Startup” famoso, foi muito difundido na época que eu tava no Startup Farm, eu acho que ele é de 2011 inclusive que foi a época do Startup Farm então ele abriu muito a cabeça de como você fazer um negócio enxuto, straightforward que nem a galera fala então é um livro que eu gosto apesar de, ele é atual ainda porque mudou-se muita coisa a galera vai mudando os termos os nome dos termos de emprego, hoje eu vou contratar um cara usando os termos da época lá, outro dia fui falar que precisava de um analista de dados, não existe isso mais não agora já virou outra coisa então os caras vão mudando, os termos vão mudando mas a ideia é a mesma e eu acho que para mim o “The Lean Startup” é uma revolução pra todos as startups, uma coisa que eu aprendi bastante. E o atual que ajuda, que faz a ChatPay, é esse que você tem que ler com cuidado pra tomar cuidado e não falar que não tem concorrente que é o “De Zero a Um” do Peter Thiel que ele fala do monopólio né, do monopólio você fazer alguma coisa que não exista mesmo entendeu mas essa alguma coisa que não exista mesmo, o conceito de inovação em si é você pegar o que já existe e melhorar, o conceito de inovação disruptiva é você pegar uma coisa que já existe mas fazer uma coisa que não existe através dela entendeu porque fazer tudo do zero hoje no meio de startup, pelo menos na nossa realidade que não envolve patente médica ou alguma pesquisa científica e tudo, não tem como você fazer uma coisa que não existe, existe oceano azul e oceano vermelho entendeu então o nosso é azul entendeu e ele cai basicamente no que Peter Thiel fala, a gente tava fazendo aquilo ali e ninguém tava fazendo mas é igual eu te falei eu não sou tolo suficiente pra falar que não tinha concorrente entendeu e se a gente tivesse falado “A gente não tem concorrente” a gente não teria feito pesquisa com os clientes da Hotmart, ir e lá e perguntar para eles o que tá incomodando lá, o que dá pra melhorar, porque tinha uma sinergia, então isso atrapalha até no negócio então para mim são os dois caras que eu acho que uma pessoa de startup deveria ler e ter discernimento para ler, o do Eric é mais é técnico mesmo, o do Peter você tem que entender o contexto para não dar bosta né porque senão, como qualquer leitura né num geral.

Henrique de Moraes – E tem uma pergunta que eu faço mas assim acho que você já respondeu né você contou essa história aí, que se você tem algum fracasso ou fracasso aparente né, porque esses fracasso não são fracassos, estão te impulsionando, te ensinando mas dessas histórias assim qual que você acha que foi mais importante para você chegar onde chegou?

Breno Oliveira – Todas elas eu falo que foi a da Behive, antes da ChatPay porque lá que aprendi tudo, tudo assim, a de São Paulo que quebrou também aprendi algumas coisas mas que aprendi assim na prática, de ver acontecer, de ver o erro acontecer, tentar mudar e não conseguir por uma pessoa mais de cima estar tomando controle daquilo ali e às vezes naquele ponto não ouvir entendeu, então você tem que saber lidar com esse tipo de coisa né porque a gente fala o seguinte, o primeiro ponto a galera discrimina muito a política, política todo mundo faz a empresa tem que ter política, politicagem que é ruim entendeu então você tem que aprender aquilo ali entendeu então tipo assim, como você vai expor suas ideias, como é que você vai convencer uma pessoa que a sua ideia é boa, porque ela é boa então assim é acabar com picuinha, acabar com o ego que não leva ninguém a nada, então foi tudo nessa empresa antes da ChatPay por isso que eu falo, ela montou uma base e até hoje eu falo que é o seguinte, nada tá vencido, tem muita coisa para anda pra frente mas a base se mostra foda, montou-se uma base foda das pessoas que estavam ali, foi todo mundo tomando porrada entendeu até o CEO investidor lá falou “Macaco velho não aprende truque novo”, aprende a empresa dele, ele montou um outro negocinho lá também, usando o WhatsApp também entrou no YC então assim, e todo mundo aprendeu nesse negócio né, saiu dali, ele também aprendeu com os erros dele, nós aprendemos com nossos erros, eu aprendi com os erros dele e ele aprendeu com o meu, todo mundo errando, você vai vendo o cara errando e aprendendo, troca de erros é excelente também entendeu.

Henrique de Moraes – Perfeito, muito bom. Cara você tem algum hábito incomum, estranho pras pessoas, pros outros  mas que você não vive sem?

Breno Oliveira – Se estivesse a galera que trabalha comigo, meus amigos iam falar assim “O Breno inteiro é estranho, doido, só dele estar falando ali com você é estranho” mas tem um que eu gosto de, não é muito doido mas é, do nada cara, às vezes eu tô aqui ou à noite, de madrugada às vezes bebendo no bar e tudo assim, eu entro lá e falo “Galera sou foda, vambora pra cima”, eu começo a incentivar a galera em horários nada a ver, de madrugada, bate aquilo em mim que eu falo

Henrique de Moraes – Bate um instrutor de crossfit em você

Breno Oliveira – É, do nada eu faço isso a galera até fala “Breno você tá com síndrome de Tourette né porque do nada você tá aqui e começa a gritar” e é bom cara, é coisa boa não é incomodando a galera, é jogando pra cima quando o negócio tá legal e quando tá tendo problema também jogando pra cima

Henrique de Moraes – Sim, com certeza ajuda muito, as pessoas menosprezam o poder que essas coisas tem mas assim, você conseguir incentivar a galera a se manter focada, manter o ritmo porque cara é duro, depois de um tempo fica cansativo. Cara e quando você fica sobrecarregado ou tá desfocado ou perde ali um pouco o controle da sua própria vida, o que você faz pra voltar pros eixos, você também se motiva, entra no seu próprio quarto e fala “Porra Brenooo”

Breno Oliveira – Quase isso mas interno. Eu vejo o seguinte, eu separo em duas coisas, eu gosto muito da área de filosofia, essas coisas também e interação entre pessoas eu gosto muito de estudar o comportamento humano em geral. Uma coisa eu penso, que eu já sei que depende do que eu tô passando ali, eu nunca tive depressão, sei como é porque meu pai já teve mas eu sei que é uma doença, já achei que era zoeira e tudo mas eu sei, inclusive fui estudar isso, porque eu tinha isso de vez em quando, até o Dráuzio falou, todo mundo tem mini depressões por dia, mini depressão é o seguinte, é aquela coisa que nada, nada te faz voltar a ficar feliz, e aí sabendo que tem essas situações, quando eu tô desse jeito e essa mini depressão, a única coisa que eu descobri que me resgata disso é eu lembrar da minha infância, do moleque brincando na rua feliz, sonhador. Então eu descobri mas nem vou muito entrar no assunto porque isso é meio psicológico né que quem tem traumas grandes de infância, não teve uma infância feliz às vezes é muito mais difícil sair, porque isso foi a única coisa que me tira quando entro nesse estado mas mesmo assim se não sair eu ponho na minha cabeça o seguinte, amanhã é outro dia e vai resolver, e resolve porque eu sei que é um problema pontual igual todo mundo tem, a medicina já explica isso e isso são as mini depressões, depressão mesmo é quando você fica desse jeito e não sai, agora quando estou com algum problema da empresa ou algum problema grande pra resolver, eu me ancoro lá na frente, eu falo “Cara eu não andei até aqui, eu não aceito perder”, a galera às vezes chega lá com concorrente X eu falo o seguinte “Vocês estão com medinho do concorrente?” então tipo assim, a gente tomar porrada lá atrás, porque quem cai de paraquedas eu não falo que o cara é menor ou pior, ele não tem conhecimento suficiente para saber se aquilo ali vai passar ou não, o medo é a falta de conhecimento, se você como aquilo ali funciona, se você já tomou porrada daquilo você não vai ter medo então até hoje na empresa a única vez que eu tive medo foi, eu não lembro, teve uma vez que eu tive medo mas é raro, a galera fala isso, qualquer coisa que acontece o Breno fala “Vamos lá”, é porque as porradas que a gente vai tomando então quando tem, lógico que internamente eu controlo aquilo, fazendo o quê? Ancorando num resultado lá na frente, ancorando no que eu já passei, eu falei “Cara isso aqui dá pra resolver”, se alguém resolveu eu resolvo, eu eu digo assim a equipe inteira, a gente fala por toda a empresa, se alguém resolveu a gente resolve, então eu ancoro no andar da carruagem que eu já vivi, se eu não vivi eu ancoro num resultado lá na frente, falo “Cara vamos passar isso aqui porque tem muita coisa lá para frente”

Henrique de Moraes – Maneiro, sensacional cara. Já que você tava falando sobre esse período, o que te causa ansiedade hoje em dia, tem alguma coisa que te deixa mais nervoso, que te faz perder o sono de vez em quando?

Breno Oliveira – Tem, novidade, desafio novo. Eu não tenho medo do novo, tenho ansiedade pelo novo, igual tô te falando assim, como eu trabalho muito de ter o conhecimento pra poder lidar com o problema, quando eu não tenho conhecimento eu fico ansioso sabendo “Será que? Como é que é isso?”, é a curiosidade do moleque lá desmontando tudo, aí eu fico ansioso pra entender como que é pra poder operar em cima daquilo ali então qualquer coisa que é muito nova, projeto novo, a gente vai arriscar alguma coisa, isso me dá muita ansiedade, dá um friozinho na barriga às vezes mas assim, é por esse lado aí mesmo, coisa nova que eu não conheço e é desafio, eu gosto de desafio, me dá isso.

Henrique de Moraes – Boa, é sempre difícil mesmo né cara, acho que é um mix entre essa excitação de tipo como você falou, a curiosidade, “Como é que vou resolver isso, como é que vou fazer” e ao mesmo tempo isso também te traz uma ansiedade “Puta que pariu, caralho não sei porra nenhuma dessa merda, lá vou eu de novo”

Breno Oliveira – Exatamente, exatamente, é igual ao cara que termina o namoro e fala “Putz nem sei xavecar mulher mais, já tô namorando há muito tempo, como é que vou voltar pro mercado agora?”, era o pegador, chegava em todo mundo, dá um friozinho na barriga é mais ou menos por aí.

Henrique de Moraes – É isso e cara pra você assim, não sei se já chegou a refletir muito sobre isso mas o que é ser bem sucedido, você tem alguma definição na sua cabeça assim do que é ser bem sucedido? E sem te ancorar em lugar nenhum tá, pra você pode ser bem sucedido em qualquer lugar, só se você tem alguma definição sobre isso

Breno Oliveira – Tenho cara, eu acho que ser bem sucedido, é impossível ser bem sucedido cedo na minha visão porque bem-sucedido para mim, e eu não vou falar o clichê não porque pra sociedade bem-sucedido é você ter grana e viver bem e não precisar mais trabalhar ou algo do tipo assim, isso aí vai de cada pessoa. Eu falo que isso não pode ser cedo porque se um menino recebeu uma herança de um bilhão para mim ele não é bem-sucedido, na minha concepção, bem-sucedido é você passar pelo problema, apanhar pra caralho, sobreviver e chegar até o próximo do objetivo mesmo que ele não se concretize ainda, só de você ter apanhado isso tudo para poder construir alguma outra coisa mais sólida já é ser bem sucedido, então pra mim foi por isso que eu falo, meu feeling da ChatPay era tão grande que ia dar certo, de tanta porrada que nós tomamos, eu sabia que a base era muito sólida, então pra mim ser bem sucedido é isso, você construir em você uma base sólida de conhecimento para poder construir o que você quer porque se você tiver essa base a chance de você chegar no objetivo é grande, agora o objetivo aí é muito abstrato né porque eu até brinco com a minha esposa, ela fala o seguinte “Nossa você trabalha muito, onde você vai parar?” eu falo “Vamos fazer o seguinte, quando eu vender a empresa aí, fizer um exit com sei lá quantos anos aí e tiver uma grana, sabe o que eu vou fazer? Eu tiro 15 dias de férias com você e vou arrumar uma outra bagunça e empreender de novo, tá bom pra você?” então tipo dinheiro pra mim ou o que a ChatPay hoje, a ChatPay hoje é a minha vida, mas eu não vou ficar eternamente nela, normal entendeu, eu provavelmente vou montar outras coisas então eu não tenho, bem sucedido é o que? “A ChatPay virou unicórnio” eu chamo de mini sucessos que você vai montando no meio do caminho, que cada batalha que você vence assim, que você toma porrada e vai subindo você vai juntando esses mini sucesso até ficar bem sucedido, e isso é minha concepção.

Henrique de Moraes – Boa, e quanto do sucesso que você tem hoje, no lugar que você tá hoje em dia, quanto você acha que foi graças à sorte e quanto você acha que foi graças ao trabalho duro, percentualmente falando?

Breno Oliveira – A galera fala né que quando o universo conspira a favor e isso é verdade, quando as coisas estão bem eu acho que quando as coisas estão bem você automaticamente esquece de algum tipo de problema ou alguma outra coisa e consegue focar, então acho que quando você tá bem você consegue ter mais foto então aparenta que tudo começa a conspirar a favor e começa mesmo porque você começa a ter uma energia boa que você atrai as pessoas para aquilo ali entendeu, então automaticamente você precisa de sorte, você precisa de timing o empreendedor que tá começando, isso foi sorte, a gente acertar no passion economy, descobriu isso no meio do que a gente tava construindo o negócio entendeu, nossa apresentação do YC nós nem falamos em passion economy, era bonito isso lá e a gente nem tinha isso ainda, eles que destravaram, eles que viram isso na gente entendeu, então o timing é sorte, sorte assim, você ter uma previsibilidade, mas você não consegue, muito difícil acertar isso então você tem que contar a sorte, eu não gosto de falar muito isso porque a pandemia foi ruim pra maioria das pessoas, minha mãe pegou isso aí e até hoje ela não tem olfato direito, então é uma bosta, é uma merda isso daí, ajudou a gente cara entendeu, acabou ajudando a gente também entendeu, o jeito que foi, o YC, eles falam que o YC remoto, eles falam que foi um bet badass, o melhor que teve e nós saímos dos mais hypados de lá entendeu, e foi por causa da pandemia e tudo então assim, a pandemia não foi sorte, falar que pandemia é sorte e até uma idiotice do maior tamanho, mas aconteceu, nesse caso foi só o timing dela entendeu então tipo assim, tudo que acontece envolve isso. Eu falo o seguinte, no meu caso específico eu colocaria uns 80% trabalho, insistir, correr atrás e 20% sorte, eu colocaria mais ou menos, quase um pareto.

Henrique de Moraes – Boa. E cara, se você pudesse falar com seu eu de 10, 15 anos atrás o que você falaria para ele ter mais calma?

Breno Oliveira – Primeiro que ter mais foco, eu sempre larguei outros projetos por achar, começava um negócio empolgado e parava e fazia outro, o primeiro ponto é esse. Segundo ponto, ser mais pé no chão tipo assim, cara vamos começar aqui depois a gente vai para cá e depois, eu sempre tentei abraçar até o início da ChatPay ser o famoso cara herói, desenvolvedor tipo, meu sistema da ChatPay eu desenvolvi ele todo, fazia o servidor, o bot um outro sócio nosso fazia, eu fazia parte de pagamento, fazia tudo, queria abraçar aquilo tudo e acabava não delegando e não dava conta e se eu um dia lá estava mais cansado não conseguia pegar, e eu fui aprender depois de velho isso, fazer o seguinte “Velho junta, passa o conhecimento com todo mundo, todo mundo vai fazer junto e vai com calma, vai um de cada vez não tenta abraçar lá em cima não” porque eu perdi bastante coisa, projetos que eram interessantes por tentar pular lá em cima então assim, é literalmente assim “Calma, vai devagar, um por vez e vai olhando, verificando, fazendo o list pô, você leu o livro e não aprendeu lá, de fazer o ciclo bonitinho sabe, vai pulando lá pra cima?” então é isso, é literalmente calma, vamos devagar, eu acho que é isso, ansiedade de querer fazer, querer fazer tudo por ser apaixonado por essas coisas dá nisso.

Henrique de Moraes – Sensacional. Breno, obrigadão cara deixa eu te falar só antes da gente terminar, se alguém quiser falar contigo, saber mais sobre você qual é o melhor lugar para se conectarem contigo?

Breno Oliveira – Cara o LinkedIn, eu tô começando a ficar mais na ativa lá para tentar passar essa experiência pra galera, pelo próprio e-mail da ChatPay que fica disponível no LinkedIn que é breno@chatpay.com.br e esses canais mesmo, pode me chamar lá que se tiver dúvida, se quiser bater um papo, totalmente aberto cara eu quero passar conhecimento para poder ajudar as pessoas, isso eu falo de coração, eu falo assim, não tô falando que vai ter aula, que vou fazer uma transmissão grátis lá pra vender curso não tá, pode conversar mesmo que eu gosto de passar conhecimento.

Henrique de Moraes – Esse é clássico né, workshop gratuito aqui de 3 dias.

Breno Oliveira – Exatamente

Henrique de Moraes – Muito bom. Breno obrigadaço cara pelo seu tempo, foi sensacional, história muito maneira de vocês cara, de verdade estou torcendo demais para que esse sucesso só aumente na mesma velocidade que vocês tiveram até agora, que isso seja exponencial daqui para frente, que vocês continuem crescendo bastante, dominem o mundo aí se puder porque o WhatsApp tá, apesar de não ter nos Estados Unidos exclusivamente né, a galera usar muito, mas tá em uma porrada de país e fora que assim, vários outros aplicativos então assim, e acho que essa indústria, essa passion economy ela tá aumentando no mundo inteiro né, então cara que vocês consigam surfar essa onda aí de maneira bem proveitosa e de maneira consciente também para não dar passos errados, mas caro pode contar comigo aí também pro que você precisar, eu tô na torcida por vocês aqui, e obrigado por ter disponibilizado aí, ter passado tanta informação valiosa aqui pra gente cara.

Breno Oliveira – Muito obrigado e o mesmo pro canal, pro calma!, o projeto que você tá montando é bastante interessante, levar isso pra todo mundo até pessoas que são aspirantes a serem alguém na vida igual a gente, que aí você poder mostrar isso pra todo mundo, então espero que consiga difundir isso, traga mais pessoas mesmo, então o que você precisar da gente, não só de mim, da gente se quiser qualquer sócio, alguém da empresa, quiser conversar, estamos à disposição também, falo isso pela empresa porque a gente tem isso e todo mundo sabe, então pode contar com a gente no que você precisar.

Henrique de Moraes – Show, fechado cara, obrigado aí.

Breno Oliveira – Valeu velho.

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