calma! #41 com Pedro Janot
Pedro Janot é um dos grandes nomes no ramo empresarial brasileiro! ele foi um dos principais responsáveis pelo sucesso da Azul Linhas Aéreas, empresa que presidiu desde o lançamento até sofrer um acidente durante uma viagem de descanso, em 2011, que o deixou tetraplégico.
- Janot começou a carreira na Mesbla;
- passou pelas Lojas Americanas;
- assumiu a diretoria da Richards;
- foi o primeiro CEO da Zara no Brasil;
- teve uma rápida passagem pelo Grupo Pão de Açúcar;
- e, logo em seguida, assumiu o desafio imenso de criar, ao lado do americano David Neeleman, a primeira companhia aérea low cost do Brasil, que conquistou 13% do mercado nos primeiros cinco anos.
atualmente, está no comando da Contravento, consultoria voltada para a melhoria de processos no varejo de moda, é sócio do Grupo Solum, que busca aproximação das PMES ao mercado de capitais e é conselheiro de algumas empresas.
além disso, Pedro acaba de lançar um livro chamado “A Vida É Tudo o Que Você Faz com Ela”, no qual ele compartilha toda a sua experiência pessoal e profissional com o objetivo de ajudar os jovens a fazerem escolhas melhores e mais conscientes.
esse bate-papo com Janot tá repleto de sabedoria, com destaque para o trecho em que ele fala sobre como manter a cultura de uma empresa viva dentro de todos os colaboradores.
espero que vocês gostem!
LIVROS CITADOS
- A vida é tudo o que você faz com ela: Planeje sua carreira, aprenda, ouse e desafie o status quo – Pedro Janot
- Maestro de voo: Pedro Janot e Azul – uma vida em desafios – Edvaldo Pereira Lima
- A incrível viagem de Shackleton: A mais extraordinária aventura de todos os tempos – Alfred Lansing
- Sal. Uma Historia Do Mundo – Mark Kurlansky
PESSOAS CITADAS
- Lourenço Bustani
- Abílio Diniz
- David Neeleman
- Antoni Gaudí
- Bernard Madoff
- Carlos Alberto Veiga Sicupira (Beto Sicupira)
- Amancio Ortega
- Waldemar Niclevicz
- Amyr Klink
- Faith Popcorn
FRASES E CITAÇÕES
- “Prefiro ser cabeça de formiga do que rabo de elefante” – Pedro Janot
- “A sua vida é o que você faz com ela” – Pedro Janot
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Henrique de Moraes – Fala Pedro, prazerzaço ter você por aqui, já comecei gaguejando porque eu tô até nervoso, uma pessoa com calibre desse deixa a gente até nervoso na hora de entrevistar, tá vendo?
Pedro Janot – Você vai ver o cara mais brejeiro da sua vida falando
Henrique de Moraes – Maravilha, maravilha, cade de qualquer forma muito obrigado pelo seu tempo, é um prazer mesmo ter alguém como você que tem uma trajetória tão interessante né, tão rica e que tá tão disposto a dividir isso com as pessoas, acho que é super importante e eu adoro conversar sobre trajetórias então vai ser um super prazer bater esse papo contigo.
Pedro Janot – Legal, muito bom e é um grande momento porque eu tô lançando um livro que eu tento passar todas as visões, para as pessoas saírem da sinuca que elas se encontram ou seja sinuca assim, “Porra que saco tô trabalhando nessa empresa aqui”, fica um rame-rame e nessa busca por informações eu descobri que 57% das empresas, se eu não me engano foi feito pela Bain & Company, 57% das pessoas que estão empregadas em uma empresa estão insatisfeitas com o que fazem, então então a partir daí que a construção do livro começou porque eu pensei “Porra eu fiz uma trajetória enorme né” quer que eu conte a trajetória?
Henrique de Moraes – Pode falar, acho que vale a pena você já falar um pouco sobre o início para cá como, é que você chegou até aqui.
Pedro Janot – Pois é a trajetória foi a seguinte, eu era um cara muito inquieto e muito ambicioso e eu não queria viver mais sobre o jogo do meu pai e resumindo a história eu consegui meu primeiro emprego na Mesbla aos 18 para 19 anos, como trainee de varejo porque aí eu já tinha, é trainee e aí eu dei o melhor que eu tinha que era juntar ao meu redor pessoas que queriam fazer o mesmo que eu queria ou seja, o melhor trabalho no ponto de venda de loja, que foi onde eu comecei então essa inquietude, a qualidade do meu trabalho, o respeito pelas pessoas foi me levando, e a capacidade de resolver as coisas e de fazer as coisas crescerem foi me levando por caminhos completamente descontrolados por mim porque todos são descontrolados pra todo mundo também né, você não tem controle nenhum dos seus caminhos e aí eu passei como comprador na Mesbla, nesse processo de trainee a comprador fiquei seis anos, depois eu fui pra Americanas e fiquei um ano como gerente de marketing, depois eu fui aos 28 anos fui fazer o startup da Richards que tinha três lojas, a mulher e o dono e aquilo era uma empresa pequena de altíssimo valor agregado mas precisava ter uma, eles queriam ter uma orientação para fazer direito né, bem feito e me contrataram, eu fiquei nessa companhia 10 anos né e daí eu desenvolvi, quer dizer eu vim desenvolvendo ao longo dessa trajetória a seguinte, eu prefiro ser cabeça de formiga do que rabo de elefante, ou seja eu prefiro trabalhar numa empresa pequena em que eu sou o cabeça do que ser rabo de elefante de uma empresa grande em que eu sou um número e faço alguma coisa irrelevante ou de baixa relevância. E aí foi quando me descobriram, a Zara queria entrar no Brasil, procurava um perfil e o headhunter completamente desorientado disse o seguinte “Já entrevistei os melhores executivos que poderiam assumir essa posição e não achamos ninguém, vamos fazer ao contrário, vamos ver qual é a loja mais legal e vamos perguntar quem é que toca a loja, quem é que toca a empresa” e chegaram no meu nome, e eu não me interessei muito porque era morar em São Paulo e como carioca a última coisa da vida que eu queria fazer era viver em São Paulo, ainda bem que eu vim viver em São Paulo e aí me convidaram depois de uma seleção me contrataram para ir para a Zara passar um ano na Espanha rodando a Europa toda que eles chamaram de período de aculturamento e que poderia ser vida ou morte, eu poderia ser demitido lá na Espanha e voltar com um bolo de dinheiro na mão mas com a vergonha de ter sido demitido então eu lutei muito para poder fazer as adaptações culturais que normalmente as pessoas fazem para entrar numa empresa porque ali tinha cultura de país, cultura de região do país, cultura da gestão da empresa, eram três empresas fantasticamente, eu tinha que administrar essas três coisas e a minha cultura carioca, bermudão, trabalhava de bicicleta com chapéu de palha no verão enfim. E depois da Sara então tudo isso foram 6 anos de Mesbla, 1 de Americanas, 10 de Richards, 8 de Zara quando eu já não suportava mais, quando eu me transformei naquele 57% que não estavam feliz com o trabalho eu saí, eu pedi as contas e fui para o Pão de Açúcar a convite do Abílio Diniz. No Pão de Açúcar eu fiquei 1 ano, fui demitido porque eu fiz muita confusão para poder mudar a área, me deram uma área que representava 25% da venda e 40% do lucro e eu comecei a fazer a área caminhar, era um caminho mais lento e depois eles mudaram de rumo, não queriam mais inovação, queriam fazer o básico bonito e me mandaram para casa de uma forma feia, eu sentava numa mesa ao lado do Abílio Diniz então poderia ter sido feito diferente. Briguei muito com o Abílio pela maneira que foi feio. Bom passado isso surge a oportunidade mais louca da minha vida que foi ser convidado para fazer o startup de uma companhia aérea que o dono dizia o seguinte, o David Neeleman, ele dizia o seguinte “Pedro eu só quero duas coisas de você, que seja a melhor experiência para as pessoas que trabalharam conosco, na vida delas nessa empresa e que os clientes em cada vôo fazem achem que aquele vôo foi o melhor da vida deles”, só queria isso
Henrique de Moraes – Fácil
Pedro Janot – Fácil, e aí eu entrei numa, foi um aprendizado, de novo, cultura americana, cultura do David Neeleman, cultura do Brasil versus cultura dos Estados Unidos enfim foi uma dureza e multicultural a contratação das pessoas e eu perguntei para ele o seguinte, “David, diga a razão que você me contratou”, “Pedro eu te contratei pelo seguinte, você entende de cliente, gosta de cliente, gosta de gente. Aviação é fácil e você vai aprender em um ano, um ano e meio você tá conhecendo aviação por dentro”. Então essa foi a trajetória profissional, no quinto ano de companhia eu acho que em cinco anos a companhia já tinha 15% do mercado em apenas cinco anos desde o primeiro momento e no final de 2011, em novembro para ser exato, feriado de finados eu caí do cavalo e bato com a cabeça no chão e fico tetraplégico. E essa tetraplegia me fez buscar outras forças que eu não conhecia de fato, mas voltando ao livro, eu contei essa história e fui falando os caminhos que eu percorri para você fazer cada coisa que eu fiz.
Henrique de Moraes – O livro ele, vou começar falando do título que eu acho que é um dos melhores títulos que eu já vi, eu achei sensacional e já me cativou dali né que é “A vida é tudo o que você faz com ela”, achei sensacional porque já tem uma mensagem só na capa né e eu queria inclusive começar, já que a gente começou já a puxar o assunto do livro perguntando do porque da escolha desse desse título exatamente, de onde veio a vontade de escrever né, para quem você tava escrevendo e por que esse título, porque essa escolha?
Pedro Janot – Eu tava escrevendo porque eu no meu acidente comecei a lidar com meus filhos que na época estavam com 22 e 21 anos e eu via dentro do grupo de amigos as indecisões de alguns, a decisão errada do outro, eu vi os meninos procurando os caminhos e por exemplo quando juntavam, faziam festa e tal eu ia falar com todos os moleques “O que você tá fazendo? Me conta” então foi essa investigação empírica e com tudo que eu vi na vida que eu saquei essa frase né, “A sua vida é o que você faz com ela” porque se você se esconder atrás do armário o armário vai ficar lá e você vai ficar velha atrás do armário provavelmente morrendo de fome e de necessidades básicas porque tá vivendo com a pensão da sua avó entendeu ou a pensão do seu pai, que eu vi muita gente e esse fenômeno dos jovens saírem mais tarde da casa dos pais também chamou muito a atenção porque eu tava desenhando uma companhia que não deu certo e eu pesquisei também todo esse movimento dos jovens não saírem de casa, tem o quarto deles, os pais já permitiam que eles trouxessem as namoradas para casa e os pais da menina também e tudo isso estava muito cômodo, e de pano de fundo nós sempre tivemos uma economia, um lado do Brasil que funciona e uma economia que faz o vôo da galinha o tempo inteiro então essa foi a minha motivação e foi a motivação de escrever. E o título, eu tenho momentos da minha vida, momentos da minha vida como jovem de 17, 18 anos que eu falava assim “Eu vou ser caseiro de gente bacana” porque eu fazia engenharia, “Eu vou ser caseiro de gente bacana porque eu vou ter casa, um salário e beleza, tô garantido” então quando eu comecei a ter esse tipo de pensamento eu fiquei a trabalhar a cabeça e dizer “Porra tá bom e amanhã, e depois?” isso tudo é vivo num menino 16, 17, 18 anos conversando lá naquela né então esse título saiu como um flash na minha cabeça e falei “Esse caminho não quero seguir, eu tenho potencial”, já consegui enxergar algum potencial em mim, era simpático, falava com todo tipo de gente, chegava em qualquer lugar e tava numa boa enfim, então foi esse movimento que me levou a falar disso, diferente do livro de 2014 que foi o “Maestro de voo” escrito pelo Edvaldo Pereira Lima, que era o meu retorno ao mundo porque eu tive de 2012 à 2013 dificuldades médicas, de movimento, dores e em 2014 eu falei “Eu tô pleno, eu vou trabalhar” os médicos não se opuseram por razão nenhuma e voltei a trabalhar na Azul em abril e fiquei de abril de 2012 até setembro de 2012 quando eu eu não aguentava mais, o esforço era muito grande e o resultado era muito pequeno para a Azul. Então esse primeiro livro foi o que me jogou de volta no mercado e pra mim foi importante para fazer as consultorias que fiz, foi importante para fazer um projeto que ainda é atual mas não enfim não quero mexer nele porque eu não consigo, não tenho estrutura, aquele foi um grande momento. dois anos de trabalho em cima de um projeto então eu não me perder eu já me perdi.
Henrique de Moraes – Eu queria falar sobre um trechinho, alguns trechinhos na verdade, separei acho que três trechos aqui do livro que falam sobre assuntos diferentes e que eu achei pontos interessantes, pontos de vista interessantes pra gente conversar aqui. Um deles fala sobre sucesso, e tem um trechinho logo no início do livro que você fala assi “Todos querem ter sucesso mas poucos compreendem que sucesso é um alvo móvel e muito relativo” e aí eu queria entender assim, para você do seu ponto de vista hoje em dia né depois de ter vivido tudo o que você viveu, o que significa ser bem sucedido? E isso não necessariamente precisa ir para o lado só profissional assim, ser bem sucedido como um todo na vida.
Pedro Janot – Primeiro, o ser humano é indivisível né e para mim sucesso era ter uma família unida, amiga, forte para poder cruzar a vida porque eu acho que família é a coisa mais importante na vida de uma pessoa né e de um casal, então esse foi meu primeiro grande objetivo para sucesso. Depois sobre a ótica profissional, eu tinha muita fome, eu tinha fome de fazer, meu pai era engenheiro e ele falava “Filho você é um construtor, você é um construtor” só que eu era um construtor com capacidade, como todo construtor, capaz de ver a obra pronta sem botar um tijolo no chão ou seja, imagina que aquele cara espanhol que fez aquela igreja dele fantástica que eu não lembro o nome, toda torta, tem um nome que eu não lembro agora
Henrique de Moraes – Eu esqueci o nome dele também, vou pesquisar aqui
Pedro Janot – E esse cara quando ele desenhou ele tinha tudo na cabeça já, ele já tinha visto o que ele ia fazer e assim foi
Henrique de Moraes – É o Gaudí
Pedro Janot – Gaudí, e a igreja é a Sagrada Família, acho espetacular, completamente. Imagina, hoje ela desafia nosso sentido arquitetônico de beleza, imagina na época dela? Loucura
Henrique de Moraes – E é engraçado que ele visualizou ela pronta e ela tá em construção até hoje né, isso que é o mais curioso.
Pedro Janot – Pois é, ela tá sendo reformada e construída ainda, é muito louco tudo isso.
Henrique de Moraes – Então você falou sobre família e sobre essa sua fome né
Pedro Janot – É eu tinha muita fome para crescer, crescer significava o que para mim? Era poder e logo depois eu descobri o poder, a liderança que eu tinha, era uma coisa que eu não tinha percebido e eu conseguia fazer seguidores dentro de uma empresa, de convencer essas pessoas e eu tinha fome não era de crescer não, eu tinha fome de fazer, tinha fome de fazer o meu melhor então por exemplo na Richards eu tive que entrar dentro do almoxarifado, ajudar a contar botão porque se o Pedro Janot contava botão todo mundo podia contar botão então comecei a desenvolver forte um trabalho de liderança pelo exemplo né, você não pode mandar um funcionário seu limpar uma fossa sem que você não tenha limpado, digamos se o seu negócio for limpar fossa entendeu, você não pode falar para o cara “Faça isso, bote a mão aí dentro e etc”. Descobri essa liderança e comecei ela naturalmente, foi brotando porque aonde havia espaço eu ocupava porque tinha a seguinte dinâmica, eu inicialmente fui contratado para ser gerente de compras na Richards mas pra minha mercadoria chegar no ponto de venda no tempo que ela devia chegar eu tive que entrar em todos os processos produtivos né e de repente a companhia estava na minha mão, foi uma coisa muito intuitiva, de muita intuição mas o importante, a minha fome não era de ganhar dinheiro, minha fome era de entregar uma coisa legal num ambiente legal. E claro, consequentemente, à medida que você tinha suas necessidades pessoais, sonhos, você ia catucando a empresa para a empresa te dar mais à medida em que você ia subindo de posição, de importância, não é nem subindo de cargo é subindo de importância para a empresa entendeu então foi essa fome, que foi a mesma fome que, eu fui duas vezes campeão brasileiro júnior da classe laser, que é uma classe que, talvez a gente possa depois agregar uma foto, se você colocar no programa, que tinha, quando eu errava no laser eu dava um soco no convés, de raiva e no fundo no fundo eu tava batendo em mim porque o laser é um barco standard para todo mundo e uma pessoa só tocando então para ser campeão brasileiro junior eu tive que treinar muito manobras de fio à pavio, preparar o corpo ou seja foi consciente, foi uma coisa consciente que eu conquistei, eu tinha fome de ganhar um campeonato, eu tinha de conquistar tudo isso e essa fome eu fui dirigindo ela pela vida.
Henrique de Moraes – Perfeito. Você falou sobre essa questão né, dois pontos que acho que são legais que a gente pode falar e colocar num lugar só na verdade né, que é a questão da liderança e você trouxe agora essa questão do laser que eu lembro que tem um trecho do livro também que você fala sobre isso em que as pessoas culpavam o vento, culpavam os outros, culpavam tudo mas nunca se responsabilizavam por ter ido mal né e eu separei um trecho aqui também que você fala o seguinte “Traga o problema pra você, simples assim, se você está diante de um problema antes de qualquer coisa assuma que esse é um problema seu, você só vai resolvê-lo quando o tiver em mãos” e eu sou empreendedor né e o empreendedor por natureza, quem de fato tenha vontade de empreender, tem essa característica de trazer o problema para si né mas em compensação tem muita dificuldade em lidar com quem não faz isso, então você tem que contratar gente, tem pessoas que às vezes não tem esse perfil e para quem tem essa vontade interna, que nasceu assim é muito difícil de você lidar com esse tipo de comportamento né, as pessoas são diferentes de você nesse sentido, e aí eu queria né trazendo para o lado da liderança, eu queria entender se você acha que é possível desenvolver essa característica nos liberados, nas pessoas que te seguem, você conseguia ajudar a desenvolver isso nas pessoas, essa auto responsabilização, das pessoas puxarem os problemas para elas ou você buscava pessoas que já tinham isso na natureza delas quando você contratava?
Pedro Janot – Primeiro, você tá sempre num ambiente em que as pessoas que estão lá necessariamente não foram as que você contratou então você vai marcando as pautas e vindo atrás, correndo atrás do resultado, e dessa maneira você sabe quem está entregando, quem não tá entregando, quem vale a pena investir para o cara entregar e quem vale a pena descartar porque esse é o mundo do negócio mas sempre valorizando o quadro que já existe ou seja, tentando trazer as pessoas porque na realidade chamar o problema para si é muito mais, eu tô dando uma volta agora, as pessoas para chamarem um problema para si elas tem que ter muito claro qual é o sonho da empresa, elas tem que ter muito claro quais são os valores da empresa porque aí você tem que trabalhar muito bem isso para poder contratar pessoas com os mesmos valores né, você tem que trabalhar muito bem os ritos de fazer valer o sonho, os valores, aí você faz os ritos e que ritos podem ser esses? À chegada de novos funcionários na companhia você faz um “Welcome aboard”, “Bem vindo à bordo”, não importa o tamanho que você tem entendeu, você tem seis funcionários entrou um, tem que dar as boas-vindas, tem que explicar qual é sonho, enfim. É que você quando tem isso muito bem clarificado você contrata mais certo, você tem um sonho, valores, ritos e tudo isso somado é a cultura da empresa. Quanto mais forte é esse trinômio, são quatro: sonho, valores, ritos, a cultura é mais forte e você vai contratar melhor e vai errar menos na contratação e vai ser mais fácil de trazer pessoas que assumam a responsabilidade e toquem mesmo, que não seja parte da obrigação dela. Quer um exemplo?
Henrique de Moraes – Por favor
Pedro Janot – Um exemplo gritante, o gerente da Azul de Boa Vista me liga e diz o seguinte, “Pedro eu tenho aqui um problema”, a história verdadeira é a seguinte, tava tentando fazer ela curta mas não vai ficar curta, o Ministério da Educação me liga, já não era mais nem CEO da companhia, liga para mim e fala “Tô com cientista com o dedo pendurado, o helicóptero estava numa serra no meio do mato que o homem nunca tinha adentrado e o helicóptero levou ele para o aeroporto, ele tem que pegar um voo e tem um problema.” No processo da companhia aérea, isso é internacional, se você tem alguma comorbidade tem que ter o laudo médico dizendo todas os problemas que você tem e só assim você pode voar. Quando eu fui tentar resolver o problema, o menino de Boa Vista já tinha ligado para o médico da companhia e o médico da companhia tinha combinado com o técnico de enfermagem no helicóptero para trazer ele com segurança, para levar para Manaus que ele tinha uma vaga às 8 horas da noite e ele tava a 15 minutos do embarque então veja bem, numa companhia com 120 bases o jovem de Boa Vista fez o que tinha que ser feito, contrariar os processos, porque? Porque ele tinha os valores da companhia muito claros na mão e durante todo o nosso processo de welcome, de boas-vindas ele conheceu o doutor que ajudou ele, os doutores e etc porque a companhia vive o tempo inteiro contratação, demissão, exame médico então tem uma orientação. Então esse é um exemplo desse alinhamento muito forte do sonho, do valor, do rito e de uma cultura forte capaz de você usar os valores para contrariar os processos.
Henrique de Moraes – Perfeito. Esse assunto de cultura me interessa muito assim, eu acho incrível quando você vê uma empresa especialmente do tamanho que é Azul e outras que são assim também, ficam tão grandes e ainda assim é isso, você consegue ter a cultura latente ali na base né, não tá só no C level, não é só aquela frase que tá desenhada no escritório, mas que está de fato disseminada e tá internalizada em todo mundo, e no dia a dia, você falou dessa parte aí do onboard, ali do welcome que você tem que fazer enfim, e isso já ajuda a começar a colocar, a plantar o DNA da cultura na pessoa né, agora e no dia a dia como você faz para manter assim, quais são as táticas que vocês usavam por exemplo, que você usava para conseguir manter a cultura latente e falar mais sobre isso, como é que você, tinha alguma coisa, tinha alguma tática específica?
Pedro Janot – Tinham várias táticas, primeiro liderar pelo exemplo, no início da companhia eu cansei de fazer embarques às 5 horas da manhã junto com as equipes né e criei fazendo embarque procedimentos para agilizar o embarque na época de Viracopos que era muito pequenininho e tinha seus desafios então liderar pelo exemplo, garantir que você tenha ritos que falem da cultura, que falem dos números então nós criamos um rito chamado “Chega mais”, como se dissesse “Chega mais galera, vamos falar um pouco”, passavam-se os números da base, davam os parabéns, dava uma reprimenda, reprimenda não né, você desafiava a equipe a ir pro patamar certo e depois abria o ouvido e fala “Eu já falei”, falava em 30 minutos, “E agora eu quero ouvir vocês” aí o pessoal fica quieto e depois eles vão soltando, soltando e você traz uma base que é visitada duas vezes por ano por esse rit, você traz conteúdos fortes, carências enfim tudo que você pode fazer. E a terceira coisa é criar eventos que repercutam sozinho pelo canal informal da companhia, que é por exemplo você convidar jovens donos de bases, gerentes de bases, pra almoçar com o presidente no refeitório, sentar, comida e aí faz foto então você fazia de atos importantes e estavam cheios de coisas importantes, as companhias tem um monte de coisas importantes o tempo inteiro e transforma, aquilo vai correndo pela companhia na forma de um rastilho de pólvora, “Puxa fulano de tal foi almoçar com Pedro” e não era só gerente de base era qualquer um, você perguntava pro gerente de base se tem algum atendente, algum tripulante que você queira trazer para almoçar, então você tem que criar eventos que repercutam pela companhia de uma maneira positiva porque você não é presente em todos os lugares, então basicamente esse é o jeito e tratando as pessoas com muito carinho porque o presidente é uma figura topo da empresa e quando eu chegava, me lembrei agora, quando eu chegava na base, e já fazia isso em outras empresas, já fazia, isso foi crescendo, já fazia na Richards, já fazia na Zara e fui aprendendo, aperfeiçoando e a pergunta é, você chega numa base e pergunta para uma pessoa que esteja na pista e você pergunta “E aí tudo bom, como é que tá a família?”
Henrique de Moraes – Uma coisa que parece tão simples né?
Pedro Janot – “Como é que está a sua família fulano, que você tá mexendo aqui com o computador plugado no avião?”, “Minha família tá ótima, fulaninha entrou na faculdade”, e por aí vai. E aí eu fazia outra pergunta, “E a nossa companhia, como é que tá?”, “Não, nossa companhia tá muito boa” enfim você cria uma relação de verdade né e teve caso de um cara eu falar “Como tá a família?” e o cara tinha um baita problema de plano de saúde, hospital da cidade e tal e você resolvia na hora, na hora. Então tudo isso vai criando características culturais mais fortes, mais fortes. Na crise depois de 2008, já passando a crise americana, mundial, aquela do Madoff, teve uma outra crise seríssima, o presidente da época jogou os valores para fora e foi cuidar de custos. Ok mas ele machucou muito a companhia durante 4 anos, ele entregou um resultado bom mas ele mastigou as pessoas da companhia entendeu? Se você vai mastigá-las você avisa para elas, “Olha nós vamos ter que rasgar produtividade daqui, tamo junto?” essa é a conversa.
Henrique de Moraes – Muito bom, táticas excelentes que já dá para todo mundo que estiver ouvindo aí começar a implementar agora né, e engraçado como muitas são simples né mas as pessoas acabam não praticando né, acho que essas coisas mais óbvias precisam ser ditas né e muita gente não percebe isso
Pedro Janot – O óbvio não é óbvio, é uma outra máxima que eu carrego, o óbvio não é óbvio.
Henrique de Moraes – Não é. Você trabalhou aí ao longo dessa sua trajetória com alguns nomes bem lendários né, então você trabalhou com Beto Sicupira, Amancio Ortega enfim mas em particular na Azul o David Neeleman, ele é um cara que me interessa muito assim, eu já ouvi a história dele e a história dele é bem curiosa né ele fundou a JetBlue e depois acabou sendo afastado da direção e aí resolveu montar a Azul, resumindo bastante né, resumindo muito, como que foi, como que era trabalhar com ele assim num sentido cultural, dessas diferenças culturais e especialmente ele já tendo uma experiência com uma companhia aérea que teve todos os problemas que ele teve e quais foram os principais aprendizados que você tirou?
Pedro Janot – Vou ser super sincero pra você, eu não tive nenhum, o David é genial quando ele pensa estratégia de malha, ele é genial para escolher as pessoas, ele é genial, ele não briga né, pouquíssimas vezes ele teve ataques assim de, principalmente no startup né, ataques com o governo, ficava bravo e tal mas eu vou dizer pra você, eu tô pensando sendo muito honesto, eu aprendi muito com David o olhar humano que ele tem porque o David assim como todos os mórmons, eles fazem, numa determinada idade eles passam em um país vendendo a palavra mórmon em sociedades de baixa renda, então ele tem um carinho não declarado pelas pessoas entendeu então é algo magnífico que eu aprendi com ele que me fez crescer muito como ser humano e crescer muito dentro, trazer para a formação da companhia esse olhar né. E tem uma passagem curiosa, estávamos num aeroporto pequenininho lá em Campinas, ainda discutindo determinada coisa 3, 4 diretores brigando com a Infraero, brigando com a administração do aeroporto porque esses caras são inúteis, são burocratas de última categoria e de repente passa por trás da gente, eu tô falando com a turma, David recuado um pouco mais à minha esquerda, passa uma pessoa, uma senhorinha que deixa cair seus embrulhos no chão porque Campinas era um aeroporto que naquela época só 800 mil pessoas usavam porque tinham dois voos da TAM e dois voos da Gol e quando a senhorinha deixou as coisas caírem o David imediatamente, eu tô pegando ele de rabo de olho aqui, ele imediatamente recompôs a senhorinha e levou ela até o local de embarque, pegou o papelzinho dela, mostrou pra moça da Infraero e quando ele fez isso eu entendi aonde é que tava a barra, a que altura estava a barra daquelas duas frases que ele me pediu, que as pessoas tenham a melhor experiência profissional da vida delas e que cada cliente faça o melhor sempre que voar Azul, faça o melhor voo da vida dele. Nesse episódio eu vi a barra dele onde é que tava né, e o bom que eu suplantei essa barra e muito mas ela continua funcionando até hoje né, Então sobre o David é isso, uma pessoa humana, uma pessoa que conversa o que tiver que conversar sem nenhuma, esse foi meu grande ensinamento que eu carrego no peito que o David me ensinou.
Henrique de Moraes – Perfeito, muito bom, excelente né e é exatamente isso de carregar a cultura né, não é ficar só no discurso, muito bom. Eu queria fazer uma pergunta Pedro falando sobre acidente né se não for nenhum problema é lógico, mas no sentido de que eu imagino que muita coisa tenha mudado né depois do acidente, tem as coisas óbvias que são a parte física, locomotora enfim essas coisas práticas do dia a dia, mas eu queria entender principalmente como que mudou a sua forma de enxergar as coisas, se você teve alguma mudança assim mais filosófica nesse sentido na maneira de enxergar sua trajetória, de enxergar a vida e de enxergar o sentido dela, inclusive.
Pedro Janot – Eu vim, esse exercício é um exercício que você faz, primeiro porque você tem muito tempo, você fica muito tempo sentado e durante muito tempo eu queria ficar sozinho, os três primeiros anos eu tinha uns ataques desses de querer, não era ataque, eu queria ficar sozinho e pensava um bilhão de coisas por segundo e eu coloquei a minha vida em perspectiva né, por isso foi essa uma das razões que me fez montar esse livro, imagina você pegar 40 anos, 40 e tantos anos de experiência e de vida e trazendo cada passagem da sua vida. Me fez melhorar, aumentar ainda mais a minha percepção do ser humano pelo ser humano ou seja, tentar controlar os meus grandes defeitos que é uma coisa que, eu sou um homem que tem muita força na conversa, no olhar, transmito, é uma energia muito grande porque cada coisa que eu faço eu faço com muita energia e me trouxe essa perspectiva humana mais ainda, porque como eu fiquei em casa eu comecei a olhar e falei “Eu tenho que fazer uma equipe aqui que cuide de mim” então eu comecei a conhecer meus cuidadores, então perguntava da família, então aprofundei esse olhar humano da vida, das coisas, dos meus filhos, da minha mulher e foi muito interessante, sobre isso eu tenho certeza que eu me transformei num amigo melhor, num pai melhor e um marido melhor, entendeu e amigo melhor.
Henrique de Moraes – Perfeito.
Pedro Janot – Agora é duro, duro, não pensem os senhores que vão assistir isso que foi fácil ficar sentadinho não, muitas dores, você tem muita dor, você tem até acertar, calibrar os medicamentos é dificílimo você tem espasmos involuntários, sua bexiga não funciona, é muito difícil, muito.
Henrique de Moraes – Eu imagino que além dessa parte da dor enfim, de toda essa dificuldade de ficar muito tempo sentado enfim, até a parte que você falou mais início né de querer passar mais tempo sozinho, ficar mais tempo sozinho, isso também acaba sendo difícil também mesmo que seja uma escolha, é uma escolha que você ficar sozinho com seus pensamentos não é uma coisa tão simples né porque como você falou, mil pensamentos por minuto e provavelmente buscando ali entender o que vai ser da vida, o que vai fazer a partir dali né e não só isso mas talvez até se perguntando, começar a se perguntar não sei isso passou com você ou não mas provavelmente, a gente faz isso com muito menos né, tipo “Porque isso aconteceu comigo?”, “Como que acontece?” e ficar muito tempo sozinho se questionando coisas demais às vezes também é dolorido né, as pessoas não estão mais acostumadas hoje a ficar sozinhas inclusive com elas mesmas.
Pedro Janot – Isso foi num momento agudo né, quando eu saí do hospital e nos três anos seguintes. Mas o que acontece é que eu tô o tempo inteiro lutando com a dor, e a dor ela te traz, ela te desgasta de um jeito mortal, mortal então você além disso vai ficando, fiquei em alguns momentos mais drogado para poder tirar a dor né então é um mundo muito complexo de você administrar remédio num cara que teve uma lesão medular então tudo isso é muito médico, vai e vem e depois tive que fazer uso em determinado momento com uma terapeuta que havia sido minha terapeuta anteriormente para eu poder me moldar melhor, ter essas discussões com uma pessoa fora do meu ambiente porque a minha cabeça ainda era uma cabeça de executivo de alta performance entendeu, então esse ponto de passagem foi muito difícil.
Henrique de Moraes – Só consigo imaginar né, é até difícil você tentar imaginar isso inclusive porque acho que só passando para entender né
Pedro Janot – Eu nem perguntei “Porque comigo?”, nem perguntei, aconteceu né, aconteceu né, agora vamos resolver a bronca né
Henrique de Moraes – Aí vem a cabeça né, cabeça de quem quer resolver problema né, “O que eu posso fazer daqui em diante?”
Pedro Janot – E é o seguinte eu não fiz no livro uma frase que é “A culpa não é sua mas você ainda está no jogo” ou seja, deu essa história do COVID, explodiu e daí? Você tá dentro dela, tem que resolver, e depois não desista nunca sua missão é continuar, essa é uma coisa que em momentos eu queria que ninguém me tocasse e a maioria dos momentos eu queria que as pessoas me tocassem de fato entendeu?
Henrique de Moraes – Fazendo uma volta aqui pra trazer agora outros assuntos, indo pra segunda parte aqui do podcast que são as perguntas que eu faço para todos os convidados e aí eu queria começar te perguntando Pedro sobre livros, se você tem assim de 1 a 3 livros que mais te impactaram e porque eles te impactaram?
Pedro Janot – Eu tenho um livro da história que foi um capitão de um barco que, o barco afundou na Antártica nos idos de 1920 e esse cara
Henrique de Moraes – É o Shackleton?
Pedro Janot – Shackleton, esse cara, esse livro, na realidade os livros que mais de fato eu gostava muito de ler e que me dava exemplos muito legais eram livros de aventura, então tem um livro de um cara foi ao Polo Sul a pé, sabe?
Henrique de Moraes – Caraca, não conheço
Pedro Janot – Aquele Waldemar Niclevicz, brasileiro que fez os 7 maiores cumes do mundo, o cara foi aos 7 maiores cumes do mundo, Amyr Klink, você lendo Amyr Klink você começa a entender a cabeça de um grande empreendedor, porque ele não ia para uma aventura, ele não é um aventureiro, ele vai fazer um projeto, e são casca grossa, esse cara veio da África até o Brasil quando era moleque e a última dele foi sozinho num barco dar a volta na no Polo Sul. E tem um livro chamado “Sal”, que é um livro que me colocou no mundo, aonde surgiu o sal e por que o sal foi importante para o desenvolvimento das relações dos países existentes no mundo, porque ele foi o responsável por curar a carne, curar o leite para poder fazer grandes travessias e essas duas coisas não, você podia levar carne e leite que virava queijo no caminho por causa do sal, e aí eu li esse livro que me deu uma perspectiva de mundo e de comportamento humano que no fundo eu tô olhando o meu cliente, você tem que olhar sobre todos os aspectos o meio em que você tá vivendo, eu precisava desse olhar, e teve uma mulher chamada Faith Popcorn que ela fez um livro muito antigo que ela escreveu os principais comportamentos das pessoas nos próximos 10 anos, só que já se passaram 20 anos da época que ela escreveu o livro e 90% dos comportamentos ainda estão lá, eu sempre olhei comportamento né e nunca nada técnico porque para as coisas técnicas você chama um especialista mas para as coisas genéricas você tem o CEO.
Henrique de Moraes – Muito bom vou pesquisar, não conhecia, especialmente esse da Faith Popcorn.
Pedro Janot – Eu estava com eles ontem aqui na minha mão mas eu sou capaz de te dá-los em pouco tempo.
Henrique de Moraes – Maravilha, eu acho que eu consigo achar aqui, se procurar eu acho pro Kindle. Pedro, se você pudesse voltar aí 10, 15 anos ou você pode botar esse ponto aí em qualquer lugar da sua timeline né, você escolhe mas o que você diria para ter mais calma, pro Pedro lá de trás ter mais calma?
Pedro Janot – Eu sempre tive muita calma, eu não era um cara calmo mas eu tinha calma e a forma que eu sempre usei para ter calma é organizar os meus pensamentos às 5 horas da manhã fazendo exercícios, 5h, 5:30h fazendo exercícios, caminhando na praia, caminhando dentro do condomínio aqui em São Paulo por 1 hora e você nessa 1 hora você está pensando e quando você chega dessa caminhada, desse exercício você tá com a sua vida resolvida na cabeça, o seu dia resolvido na cabeça, o que que você vai fazer né, o que que você vai fazer na sua agenda e com isso você tem calma para fazer as coisas que você planejou fazer. Agora, perder a calma com gente burra, gente sem humildade, isso é rápido, a palavra gente burra é ruim mas perder a calma com falta de honestidade isso é muito raro. Então é isso, ninguém me reconhece, a Brenda tava te confirmando, como um cara que teve falta de calma mas quando você fala calma para você e sua família, se eu tivesse que mudar eu teria que rever o período que os meus filhos tinham 1 e 3 anos, período que eu trabalhei muito, muito, mas consegui outras coisas mas eu precisava de mais, eu voltaria se pudesse voltar nesse período, eu voltaria diferente.
Henrique de Moraes – Perfeito. Você falou aí sobre a sua rotina né, que você saía pra fazer exercício e botar a cabeça no lugar todo dia 5h, 5:30h, você tem hoje em dia algum hábito nessa linha assim que te faça muito bem, que você não abre mão e faz sua vida melhor, que deixa seu dia a dia melhor?
Pedro Janot – Parar de trabalhar às 3 horas da tarde e depois do almoço ficar fazendo as coisas de meu interesse qualquer então isso pode parecer um absurdo para muitos jovens que vão me ouvir mas eu tenho que lembrá-los que eu tenho 61 e estou numa cadeira de rodas né e que me custa muito levantar, tá vendo esse braço aqui que vocês estão vendo? Esse braço demorou 9 anos para ter esse movimento e ainda tô trabalhando ou seja era um braço que, eu com esse braço toco o iPad, iPhone, mousepad, eu não fico numa situação ruim. Tem uma nova vida aqui, cada conquista neste braço, cada conquista nesses dedos era uma nova fronteira que eu conquistava, de entrar em um Kindle, num jornal, ficar voando pela internet que nem um bobo procurando coisas e assim a coisa ia entendeu?
Henrique de Moraes – Sensacional. Eu acho que é um hábito que talvez mais pessoas tenham que começar a se perguntar se não tá na hora também de diminuir o ritmo né, porque eu conversei aqui no podcast com um cara que eu acho sensacional que é o Lourenço Bustani, ele é CEO da Mandalah que é uma consultoria de impacto positivo e na entrevista ele fala que ele começa a trabalhar às 11h e acaba às 17h e ele fala assim que muita gente no início quando ele tentou implementar essa rotina as pessoas estranhavam e falavam assim “Ah mas você vai começar a trabalhar tão tarde” e ele falava “Esse é o período que você vai ter o melhor de mim, antes disso eu preciso ter minha rotina, preciso ter os meus hábitos e o meu dia para me fortalecer e começar às 11h no melhor possível e aí vocês vão ter a minha melhor energia e depois das 17h eu paro porque eu também preciso me recolher para ter o restante do dia comigo mesmo, com a minha família” e eu achei sensacional porque eu acho que, é lógico que existe tempo para tudo na vida né, existe o período em que todo mundo precisa ralar um pouco mais porque tá construindo né e a construção é difícil enfim, não tem jeito você vai ter que ralar e trabalhar duro mas também as pessoas acho que precisam olhar mais assim para a vida como um todo e enxergar que existem outras coisas né e que se você dedica o seu dia inteiro para o trabalho não tem como sobrar energia para o resto e você acaba falhando, acaba não entregando ou vai entregar uma energia ruim para sua família, seus amigos e isso faz mal para você também porque no final das contas isso é cíclico né e volta para você então a energia é uma troca né.
Pedro Janot – Mais novo eu sempre esticava a corda até quase romper, eu gosto disso só que hoje eu tô pacificando essa coisa então 15:30h em diante eu não faço mais nada, mais nada profissionalmente falando e faço as outras coisas. Mas se você me perguntar, agora tô me colocando no teu lugar, “Pedro o que você mudaria, seu comportamento, o que você faria diferente nas diferentes fases da sua vida?” eu já falei dos filhos, de período de 1 a 10 anos e depois eu não mudaria nada, não mudaria nada. Casei com uma mulher maravilhosa que juntos formamos uma parceria impressionante entre amor e amizade, um negócio fortíssimo que já estamos no 37º ano de casamento.
Henrique de Moraes – Muito bom, perfeito, acho que a gente encerra aí num bom lugar e aí antes da gente fechar aqui só eu queria te perguntar onde que as pessoas que quiserem enfim, saber um pouco mais sobre sua trajetória além do livro que eu recomendo bastante inclusive, ele já tá disponível pra Kindle e eu sei porque estou em Lisboa e consegui comprar, então vocês podem comprar tanto online como o livro físico mas além do livro, como que as pessoas podem te encontrar aonde que é a melhor forma, Instagram, LinkedIn, onde que publica mais?
Pedro Janot – Instagram é melhor porque eu tenho uma estrutura que me apoia e consigo falar, responder, e eu tenho uma outra coisa que eu atendo a todos, não deixo de atender ninguém
Henrique de Moraes – Eu sou a prova, sou a prova, entrei em contato com você lá no Instagram e você respondeu
Pedro Janot – Isso
Henrique de Moraes – Muito bom, então a gente vai colocar o link do seu Instagram tá na descrição do episódio e bom, queria agradecer mais uma vez pelo seu tempo, foi um prazer, um grande aprendizado, já anotei várias coisas aqui especialmente na parte de cultura que foi para mim bem relevante, é um momento que eu tô passando agora de tentar implementar uma cultura na empresa então todas as dicas foram muito, muito valiosas, queria agradecer demais Pedro pelo seu tempo e por ter topado dividir com a gente aí um pouco da sua sabedoria.
Pedro Janot – Muito bom, eu gostei muito e espero que as pessoas se critiquem porque a gente sabe que o que é certo é a mudança, você tem certeza que a mudança sempre vai ocorrer e ocorrerá e levem a vida de forma, transformem a vida numa aventura, aventura de liderar o seu crescimento, se você transformar isso numa aventura vai ficar muito legal.
Henrique de Moraes – Boa, perfeito. Obrigado Pedro
Pedro Janot – Grande abraço e obrigado a você.