Alana Rox é apresentadora, empreendedora e ativista vegana.no Brasil, ela é um dos maiores nomes [se não o maior] quando o assunto é veganismo e, só no Instagram, tem mais de 240 mil seguidores.

Alana sempre foi ovolactovegetariana, tendo se tornado vegana em 2004, após se mudar para São Paulo. é a partir desse ponto que começa sua jornada, que já lhe rendeu dois livros best-sellers [Diário de Uma Vegana I e II] , um programa na GNT, que carrega o nome do livro, um restaurante premiado em SP [Purana] e, dentre outras coisas, o mais importante: milhões de vidas impactadas pela sua filosofia, o que com certeza gera um impacto super positivo no planeta.

e pra fechar com chave de ouro, Alana é embaixadora da ONG Mercy For Animals Brasil e também da marca BAIMS Brasil.

LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Nara Iachan
  • Thiago Brandão
  • Gui Boratto
  • Marcelo Sussekind
  • Uli Burtin
  • Rick Bonadio
  • Jesus Cristo
  • Hipócrates
  • Arthur Schopenhauer
  • São Francisco de Assis
  • Buda
  • Mike Tyson
  • Michael Greger
  • Epiteto
  • Brené Brown

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Henrique de Moraes – Olá Alana, seja muito bem-vinda ao calma!

Alana Rox – Muito obrigada, estou muito calma já hoje em falar com você

Henrique de Moraes – Muito bom, é um prazer ter você por aqui, eu ouvi bastante coisa, li bastante coisa sobre sua história, tô com muita anotação, muita pergunta então não vou nem perder tempo aqui e vou pular direto para as perguntas, pode ser?

Alana Rox – Manda, pode

Henrique de Moraes – Show, fechado. Bom, eu queria começar falando de música né, como você pode ver aqui atrás, eu tenho uma pseudo história também com música embora essa bateria fique muito parada aí tadinha mas eu vi você dizer acho que em alguma entrevista, que você foi para São Paulo por causa da música então queria que você falasse um pouquinho sobre isso porque eu ouvi pouco você falar sobre essa história

Alana Rox – O universo é muito lindo né, ele vai levando a gente por caminhos que a gente nem imagina onde a gente vai chegar mas sim, eu vim para São Paulo por causa da música, eu sou cantora e compositora, fui né por muitos anos compositora da Sony e vim porque tinha assinado com um empresário, uma gravadora pequena mas eu já tocava lá no Sul né, eu tocava e já tinha músicas tocando nas rádios, entrou uma música num filme da Hang Loose, enfim. E aí o empresário me trouxe para São Paulo, na época foi uma roubada né, quem nunca, eu acho que faz parte do processo do artista entrar numa roubada mas foi muito bom porque me trouxe para cá e me gerou muitas oportunidades, gravei o primeiro disco, já tinha gravado 2 independentes no Sul né e tinha 2 músicas tocando nas rádios, fazia muitos shows, shows em campeonatos de surf porque as músicas eram bem rock pop assim, e aí gravei com o Gui Boratto, um produtor maravilhoso, DJ maravilhoso, muito talentoso, gravei com ele mas era independente, tinha uma banda aqui e tocava e tal mas depois eu gravei com, isso foi em 2005 né quando eu vim pra São Paulo e em 2009 eu gravei com uma gravadora independente, uma produtora que chamava Cinderellas, gravei com Marcelo Sussekind, um dos maiores produtores do Brasil, gravei com grandes músicos no Rio de Janeiro na Casa Do Mato e a gente lançou um clipe maravilhoso com o Uli Burtin que é um diretor de fotografia maravilhoso, ficou um clipe lindo, e aí em de 2011 pra 2012 eu assinei com o  Rick Bonadio, gravei com ele e lancei um clipe na MTV, isso tocando por aí né, abrindo pra algumas bandas, compondo pra algumas bandas, cantores e aí eu senti um chamado, senti um chamado muito forte para fazer uma coisa que eu não sabia o que que era e isso me gerava muita angústia, muita ansiedade e eu sabia que tinha que fazer alguma coisa mas que não era mais a música, e a música que para mim eu acho que realizei todos os meus sonhos, eu toquei com quem eu queria, toquei nos lugares que eu queria, só não toquei no Rock in Rio mas eu realizei todos os meus sonhos como compositora porque a música eu usava pra me expressar né e levar uma mensagem de amor para as pessoas através da música, eu achava que até então essa era a minha missão, meu propósito mas tá tudo certinho, acho que o mundo artístico ele me preparou tão bem para o que eu faço hoje ou que talvez ainda vá fazer porque eu vim numa construção do ego e vaidade né no mundo artístico, na verdade ele fica te construindo seu ego, você tem que tá na capa da revista, você tem que estar na TV, você tem que isso, você tem que aquilo, você tem que aparecer e isso mexe com você né, só que o exercício é bom porque uma hora você tá na capa da revista e outra hora ninguém lembra quem você é, uma hora você tá no programa de TV e outra hora ninguém lembra quem você é, então esses exercícios de vaidade, de vai e volta foi muito bom para mim então acho que quando eu desconstruí tudo isso, eu falei “Não quero mais isso para mim” e a vida da música também não é simples né, você tocar, estrada não simples e eu sendo super natureba, suco verde e aquela coisa, não dormia direito, não comia direito, nada direito e aquilo não me fazia bem e aí comecei a sentir esse chamado e em 2012 eu falei “Não quero mais, não quero mais porque não tá me fazendo feliz” e sem falar que fica gerando uma ansiedade absurda né porque você fica “Não porque semana que vem você vai conhecer fulano, você vai tocar na rádio” e aí fica aquela expectativa e aquilo me gerava, tirava a minha paz demais assim, não me trazia paz era isso, não me trazia paz e eu falei “Não, não quero mais isso pra mim, eu não sei o que eu tenho que fazer, sei que eu posso fazer qualquer coisa, sou capaz de fazer qualquer coisa que eu queria fazer, mas o que eu preciso fazer que tô sentindo esse chamado dentro de mim?”, e me gerava angústia e na época eu tava passando por um relacionamento muito ruim assim, eu resetei minha vida, falei “Não quero mais isso, não quero mais meu relacionamento, não sei o que fazer agora, para onde eu vou” mas enfim, resetei minha vida e eu lembro que eu tava sentado no chão com meu cachorrinho e falei “O que é que eu tenho que fazer?” Eu rezava muito, rezava muito, pedia orientação e falava “Gente eu não tô entendendo, vocês precisam colocar uma placa de neon piscando porque eu não tô enxergando o que é”, e aí eu lembro que eu sentei, eu fazia na época muitas receitinhas, eu já era, sempre fui, nasci vegetariana então eu já fazia fórmulas para o meu cabelo naturais, fazia os sucos verdes, os pãezinhos e as coisas e meus amigos queriam saber “Tá mas como você faz mesmo?” e ficavam me pedindo no WhatsApp as receitas do que eu fazia e eu falava “Gente de novo? É a 15ª vez que eu tô passando essa receita. Já sei, eu vou montar um lugarzinho, um blog, alguma coisa e vou colocar as receitas lá”, isso em 2013 e em 2013 eu não sabia que existia esse boom coletivo dessa busca né por alimentação saudável porque como era assim pra minha vida eu nem sabia que existia outro vegano, nem sabia que existia, sou vegetariana desde que nasci e fui conhecer um vegetariano na Austrália quando eu tinha 18 anos, não conhecia outros vegetarianos porque sou do Sul, de Santa Catarina, o estado mais carnista do Brasil, 66% da produção de carne é de lá, nada é por acaso eu tenho certeza porque eu nasci lá, só pra ficar mais difícil né Deus, mas tá tudo certo e aí que eu montei um Instagram que chamava “The Veggie Voice”, que era um trocadilho por causa da música, eu nunca contei isso para ninguém porque eu tenho vergonha, não é vergonha mas tipo na época tinha uma série bem bobinha que era Gossip Girl, e eu assistia bem bobinha assim mas era o que me distraía porque eu gosto de coisa assim bem leves às vezes, e terminava a série falando assim “xoxo, Gossip Girl”, e eu falava “xoxo, The Veggie Voice”, foi aí o nome. E aí eu comecei, coloquei umas receitas lá no Instagram e mandei pros meus amigos né porque eu tinha lá meu outro perfil @alana_rox e o The Veggie Voice que eu montei pra isso. E aí mandei pros meus amigos e falei “Gente tá aqui a receita, o porque de cada coisa, todas as formas”, e aí quando eu entrei de novo um mês depois pra colocar mais receitas tinham 6 mil seguidores, eu falei “Nossa, de um bug no Instagram?”, só que as pessoas começavam a falar comigo, e pediam pra eu dar curso disso, e eu “Gente nem sei se eu sei dar curso disso porque essa é a minha vida, eu faço pra mim” mas eu tinha estudado muito pra fazer isso porque como eu nasci vegetariana numa família gaúcha, carnista, comedora de carne e desde neném nunca consegui comer bicho, só que como a cilada do ovolactovegetariano, eu era ovolactovegetariano, você comia muito inflamatórios né muito leite, muito queijo, muito ovo, muito pão né, massa, bolo, amidos, às vezes por falta de informação, por falta de opção, às vezes porque é gostoso então você come, “Aí já sou tão legal não comendo bicho então eu mereço essa massa 4 queijos né, eu mereço esse brownie com sorvete né”, autoindulgência né e eu tinha muitos problemas de saúde por causa disso, problemas de saúde todo mundo tem né, enxaqueca, muitas alergias, rinite, faringite, laringite, aí eu comecei a ter, toda vez que eu tinha enxaqueca era um gatilho pras minhas crises de pânico e transtorno de ansiedade que eu tive por muitos anos, por 10 anos e é horrível, só quem tem de verdade sabe o horror que é, é pior que dor física, é uma prisão, é um negócio horroroso e eu tive isso e aí a minha mãe quando eu tinha 14 anos, porque a minha mãe era comedora de carne, uma carnista que tinha uma alimentação saudável comum assim né, não bebia, não fumava, evitava fritura, alimentação saudável considerada comum, e aí minha mãe tinha enxaquecas também e minha mãe quando eu tinha 14 anos tinha 42, super nova né, minha mãe teve 3 AVCs isquêmicos gravíssimos, com muitas sequelas, não faleceu mas teve muitas sequelas e tem até hoje e eu no auge das minhas crises de ansiedade, no hospital, o neurologista que já era amigo porque eu ia tanto em médico, tava sempre doente, eu falei “Alexandre não tá mais dando para viver do jeito que eu tô vivendo, eu não tô vivendo, eu tô sobrevivendo assim, porque eu não quero também viver à base de remédios, ansiolíticos, antidepressivos porque essa não sou eu”, eu falava “Não sou eu essa pessoa, eu não tenho motivo para ter isso tudo, sou uma pessoa feliz, eu não tenho motivo, sou extremamente positiva, porque vem essas crises do nada né, não é que tenha um motivo, um gatilho, elas vêm do nada”, e aí ele assim “Alana será que de repente, porque essa enxaqueca que você tem”, foi ele que fez a pergunta que mudou a minha vida, “Será que essa enxaqueca que você tem não é alguma coisa que você come?”, aí eu assim “Alguma coisa que eu como? Não, imagina eu sou vegetariana, saudável”, aí ele “Ah não sei, começa a prestar atenção nisso”, porque eu tinha enxaqueca e era gatilho pras crises então quando vinha aquela hora da enxaqueca começava a me dar um desespero já porque eu sabia que ia ficar semanas mal. E aí fui pra casa, fui tomar meu ansiolítico, meu remedinho antes de jantar porque eu tava no auge da minha crise assim, minha mãe na UTI e tal e aí eu fiquei torcendo para aquele remédio entrar em todas as minhas células assim, fiquei imaginando ele entrando em todas as minhas células para fazer efeito rápido e depois eu fui jantar, quando eu jantei eu falei “Não pera, então tudo que eu tô comendo vai passar pelo mesmo lugar né, pelas mesmas células”, eu falei “Não pera, será?”, no dia seguinte eu falei “Alexandre olha só você não tem um livro para me dar para eu entender” porque na verdade né a gente não conhece o próprio corpo, a gente não sabe como a gente funciona, a gente não sabe como os alimentos funcionam, a gente não sabe nada da gente, os animais têm essa inteligência instintiva né que eles sabem o que eles precisam comer, quando comer, quanto comer, quando dormir, quando acordar, quando se afastar, quando restaurar, eles sabem, a gente não, tudo o que a gente sabe a gente aprendeu com alguém que aprendeu com alguém que aprendeu errado com alguém, e resumindo a história, eu comecei a me aprofundar num assunto que não era simples porque não tinha uma Bíblia falando assim “Olha tá aqui todo o segredo do universo”, não tinha então eu ia pedindo livros para ele, estudando, um processo de anos, comecei com 14 anos até eu vir pra São Paulo, quando eu vim pra São Paulo eu falei “Não, vou morar sozinha, eu vim por causa da música”, não tinha grana e falei “Não posso me dar ao luxo de ficar doente, eu não posso me dar ao luxo de ficar mal, não posso”, e falei “Eu vou fazer na prática tudo o que sei na teoria que eu estudei tanto tempo”, porque quando eu comecei a estudar a fisiologia do meu corpo eu comecei a estudar a nutrologia, a química natural dos alimentos e quando você vê você tá estudando física quântica, antroposofia e tudo faz sentido, tudo conecta, você fala “Ah meu Deus, caraca como é que ninguém fala disso?”, a gente aqui 99,99% energia e 0,01% matéria e a gente ainda só acredita nas coisas que a gente toca, nas coisas que a gente vê, eu falava “Meu Deus”, e aí comecei a fazer na prática tudo o que eu sabia na teoria e a minha vida mudou 100%, completamente, renasci. Vou parar de falar porque sei que você vai começar a fazer pergunta e eu falo muito, já viu né?

Henrique de Moraes – Não, pode falar

Alana Rox – A gente começou lá na música mas assim, você sabe que eu fico vendo assim, toda a linha da minha vida, que eu olho pra trás porque assim, eu comecei, com 14 anos eu comecei a dar aula de inglês, porque eu já fazia aula de inglês há muito tempo, já falava inglês muito bem e minha mãe me obrigou a dar aula de inglês porque ela falou “Eu não vou mais ficar pagando curso para você porque você já fala inglês então para você não perder o seu inglês, começa a dar aula”, eu saía do colégio e ia lá dar aula de inglês, saía com a roupa do colégio, usava aparelho no dente e ia lá dar aula de inglês para executivo e tal e só que isso, eu era muito tímida e isso me fez ter uma desenvoltura e perder a timidez e falar na frente de pessoas, eu atraía as pessoas para olhar para mim porque eu tinha que dar aula e elas tinham que entender, uma didática muito grande me fez ter e aí veio a música né que me fez trabalhar muito a vaidade que eu te falei, o desconstruir meu ego e também aprender a falar em públicos muito grandes né, ter essa desenvoltura para falar em públicos muito grandes e aí quando o universo falou “Pronto agora você já entendeu que não é a vaidade, que não é o ego e você já aprendeu tudo isso, taí as ferramentas para você fazer o que você faz hoje”, então é tudo tão lindo né, você começa a falar “Meu Deus do céu”, até o errado é certo.

Henrique de Moraes – Sim verdade, eu me identifico muito com isso na parte de vendas porque minha primeira empresa que eu montei então não tinha ninguém trabalhando comigo, eu era o único trabalhador então eu tinha que vender e era isso eu tinha que sair e chegava num lugar onde as pessoas não me conheciam, eu era novo também, tinha 17 anos falando que eu tinha montado uma empresa que ia ajudar a empresa deles a crescer e eu tinha que fazer isso na cara de pau e foi uma coisa que mudou minha vida assim, você se liberta das vergonhas enfim, é muito bom.

Alana Rox – Cara a necessidade te faz ter oportunidades maravilhosas né e quando eu cheguei que eu não tinha grana em São Paulo, eu tinha R$ 30 para passar a semana de comida e eu falava “Não, isso vai ter que render” então eu fazia aquilo durar uma semana comendo saudável, eu e meu cachorrinho né então eu e ela a gente comia saudável então me fez usar minha criatividade, eu tenho um lado criativo muito forte então comecei a usar minha criatividade, não tava mais compondo, aliás tava compondo, pra isso e depois que eu parei de compor porque eu não quis mais em 2013, aí que eu usei minha criatividade e fui a fundo nisso mesmo né, aí lancei um livro, escrevi outro livro e comecei a usar as ferramentas que eu tinha como dons para fazer outra coisa que era o meu chamado para ir fazer o que eu tinha nessa vida. Eu me perco às vezes na cronologia tá, às vezes eu paro para pensar porque eu sou muito ruim assim em cronologia, então eu paro

Henrique de Moraes – Somos dois, deve ser mal de ex-músicos.

Alana Rox – E olha que músico é bom com matemática

Henrique de Moraes – E tem que gravar arranjo, tem que grava um monte de coisa também né, acho que a memória ficou agarrada naquilo ali e depois a gente esquece o resto mas tudo bem. Eu fiquei com algumas perguntas aqui, algumas questões em relação à essa parte da música, na verdade não tem nada a ver com a música em si, mas o nome Rox, vem daí?

Alana Rox – Vem, é artístico Rox mas é uma abreviação de um nome de uma avó assim, só que era diferente, se fala “Rox” e ficou Rox pra facilitar, “Alana on the rocks”.

Henrique de Moraes – Muito bom. Você falou, foi contando ali sua narrativa né, e você falou dessa questão

Alana Rox – Só um instante, desculpa se eu te corto, pra voltar no nome, e eu hoje vejo assim como uma proteção porque eu lembro que uma vez o meu pai foi num centro espírita quando eu era muito nova ainda e falaram assim “Sua filha mais nova vai precisar de um outro nome, por proteção” e meu pai nunca entendeu isso né e hoje eu vejo que esse nome, como não é meu sobrenome oficial, como eu sou ativista e dou minha cara para isso muitas vezes e sou ameaçada muitas vezes, as pessoas não tem noção, quem trabalha com ativismo o quanto a gente é ameaçado né de forma muito, então como isso me protege né até, então de alguma forma o meu sobrenome real eu evito expor por proteção mesmo, até porque na Mercy For Animals que eu sou embaixadora, muitos não sabem, a gente não sabe o nome da maioria das pessoas, muitos são investigadores das indústrias então a gente nem sabe o nome real deles, eles tem outro nome então isso de alguma forma acabou me protegendo.

Henrique de Moraes – Sim e assim, segredo bem guardado porque eu catei, tentei encontrar, falei “Não vou perguntar sobre isso né” e tentei achar mas falei “Não, vou ter que perguntar, não tem jeito”

Alana Rox – Óbvio que não existe problema nenhum, imagina qual é o problema né mas aí nessa questão de proteção como ativista eu pensei que não custa ter um cuidado a mais e não é por mim, é pela minha família né.

Henrique de Moraes – Você falou dessa questão das pessoas não conhecerem o próprio corpo, não entenderem como funciona, me lembrou que uma vez eu tava ouvindo, nem sei o quanto isso é verdade mas eu achei muito interessante o ponto de vista, que era uma médico falando sobre como as pessoas reagem quando elas estão doentes, especialmente com febre, esse tipo de coisa que você acaba ficando sem fome né e os pais o que que eles fazem, a reação natural? “Come” e aí ele falou “Não, você não tá ouvindo seu próprio corpo, se você não tá com fome significa que o corpo precisa gastar aquela energia para te curar de outra maneira, se você bota comida ele vai começar a dividir energia né”

Alana Rox – É, isso é restaurar né, Jesus ensinou o jejum há muito tempo né, Hipócrates já falava sobre o jejum há muito tempo então é ouvir o teu corpo né, ele fala só que a gente tá tão acostumado com os hábitos adquiridos que a gente herda e isso é muito mais determinante do que qualquer genética né, os hábitos adquiridos de uma família e de uma sociedade então a gente acaba nem ouvindo o corpo e assim, às vezes presta atenção quando tu volta, restaura teu corpo de uma doença, de um mal instalado, você vê o que você tá com vontade de comer, “Ah tô com vontade de comer feijão”, porque feijão? Vai ver é o ferro que você precisa então assim, ouvir o próprio corpo né e não “Tô com vontade de comer doce porque você tá viciada em açúcar” não isso é outra coisa.

Henrique de Moraes – É diferente, mas muito bom assim e eu queria trazer esse assunto então da família né porque você nasceu vegetariana né, vamos colocar assim e sempre teve problema, o que é uma coisa que é muito louca, eu fico pensando como que é assim tipo você passar por isso numa família onde se consome muita carne né, eu sei que você teve muitos problemas enfim, até apanhou para poder comer então como é que foi assim na infância passar por tudo isso assim, você lembra o sentimento que você tinha, como era assim tentar se adequar, como é que funcionava isso?

Alana Rox – Tu sabe que é uma coisa, só de você falar já me emociona assim porque me toca num lugar, é coisa de criança né então são aquelas lembranças assim que, desde neném assim a minha mãe me fala que ela nunca entendeu porque desde neném tipo assim, eu sabia intuitivamente, instintivamente se ela chegava com a papinha que tivesse frango por exemplo eu já começava a chorar antes de eu botar na minha boca, eu cuspia, eu chorava, vomitava, não tinha jeito, se ela chegasse com uma papinha que tivesse legumes eu comia, então não é que dá para entender porque, é intuitivo, não é que eu sabia, eu não sabia era um neném, como vou saber? Mas instintivamente eu já não comia e óbvio que fui crescendo e tentavam me dar, me forçavam, apanhei muito assim, tinha uma varinha em cima da geladeira, apanhei de chinelo, apanhei de tudo, óbvio que não foi por mal, meus pais eram uma preocupação óbvio mas sempre fui uma criança maior que a maioria das crianças, eu nunca tive nenhum problema de aprendizagem, eu era a melhor atleta, a melhor aluna, tirava as melhores notas então nunca faltou mas eu ficava sempre doente, só que a doença, asma, bronquite que eu tinha desde neném não era porque eu era vegetariana, é porque eu tomava leite, é porque eu comia queijo, porque a minha mãe nasceu alérgica a leite e os médicos falavam o que para a mãe dela? “Ah vai colocando leite”, falam isso até hoje tá, 2021 ainda falam “Vai colocando um pouquinho de leite, uma gotinha até o corpo da sua criança, do seu filho começar a tolerar”, se o teu corpo começa a tolerar, chega um dia que ele não tolera mais e aí “Ah descobri que eu sou intolerante”, você sempre foi meu amor, você não é um bezerro, você acabou de descobrir que você não é um bezerro mas você sempre foi intolerante, então o que que acontece? E eu tinha intolerância, talvez fosse alérgica mas não tão grave mas tinha uma intolerância muito grave e tinha bronquite, problemas respiratórios, a asma, bronquite e rinite enfim, e na verdade eu tava envenenada, eu nunca tive doente, a minha vida inteira eu nunca estive doente, eu sempre estive envenenada, assim como as pessoas estão, envenenadas. E aí foi assim a vida inteira então eu passava a noite no hospital fazendo inalação, nebulização, tomando remédio e chegava em casa tomava mamadeira, leite, então era assim a minha vida né, veneno, remédio, veneno, remédio assim como é na vida das pessoas. Mas assim, na questão tipo meus pais né comerem animais isso para mim sempre foi muito louco, quando eu comecei a ter consciência que aquilo que eles comiam eram os animaizinhos foi um horror porque a minha vó tinha um sítio lá no interior do Rio Grande do Sul, a gente sempre ia pra lá passar as férias e aí eu via minha avó, eu ia brincar com as galinhas durante o dia e de repente minha avó degolava uma galinha, eu ficava horrorizada com aquilo, falava “Como é que pode?”, saindo sangue, para mim foi muito traumático porque eu lembro exatamente todas as cenas assim né, lembro que era de noite e um pouco gritava, gritava muito durante a noite assim porque ele já sentia que ele ia morrer na madrugada então, e meu avô perguntava se eu queria ver e falava “Como assim se eu quero ver o porquinho ser morto?”, fiquei desesperada né então como é que pra uma criança que entende que isso é completamente errado na minha cabeça, você ver os seus pais, as pessoas que você mais confia né fazendo isso, na minha cabeça de criança eu falava “Meu Deus eu vou ser a próxima”,com 3 anos passa tudo na sua cabeça assim e às vezes eu entrava no armário e fala assim, me escondia e falava assim “Deus me leva porque eu tô no planeta errado”, eu lembro muito claro disso assim, “Deus me leva de volta porque me esqueceram no planeta errado”, eu tinha muito claro isso quando eu tinha 3 anos, eu lembrei disso faz pouco tempo tá, lembrei disso na terapia faz pouco tempo.

Henrique de Moraes – E assim, duas perguntas relacionadas à isso, na escola como era assim, se as pessoas sabiam ou você tentava se encaixar?

Alana Rox – É porque quando você é criança ou adolescente você não quer ser diferente né, você quer ser igual e eu tinha vergonha, tinha muita vergonha porque eu não queria ser diferente, não que eu achasse que tava errada mas não queria ser diferente e eu era tímida então eu tinha vergonha de falar, se eu ia almoçar na casa de uma amiguinha eu não queria ir, não queria e aí a minha mãe insistia, ela ia lá, falava com a mãe da amiguinha “Olha ela não come carne” e aparecia um frango no meu prato, e eu lembro que um dia eu fui, eu competia na ginástica rítmica pela minha cidade, tinha 9, 10 anos e já competia e aí eu era a mais nova assim do grupo de Joinville e aí a gente foi pra Concórdia, eram uns jogos abertos em Concórdia e eu lembro que a Sadia chamou a gente pra almoçar lá dentro da fábrica, eu nunca vou esquecer do cheiro, nunca, pra mim assim eu penso em Concórdia eu lembro do cheiro porque era um cheiro de cadáver, um cheiro de corpo morto, um negócio horroroso e eu lembro que não tinha coragem de falar que eu não comia então eu lembro que eu passei uns dois dias sem comer porque eu escondia, eu disfarçava as coisas que vinham pro meu prato, eu disfarçava, comia pão mas assim eu não comi nada decente por dias porque eu tinha muita vergonha de falar. Louco né? O engraçado é que hoje o que eu faço é justamente falar muito sobre isso, o que eu tinha vergonha de falar lá atrás hoje é algo que me fez conhecida por isso né então isso é muito curioso.

Henrique de Moraes – E os seus pais assim, como que, quando que eles começam a aceitar isso como sendo você e como que é a relação deles hoje porque assim não só eles tiveram que se acostumar como tiveram que acostumar com você figura pública, fala um pouco sobre isso.

Alana Rox – Então, até os 12 anos eu sofri por causa disso, tipo assim a hora do almoço era um inferno pra mim, era um inferno porque ou eu me obrigava a comer ou eles tentavam esconder na comida, ah tinha feijão então não comia o feijão porque sabia que ia ter carne escondida, então comia arroz, comia arroz com farofa, arroz com ovo, queijo com banana então assim, eu me virava mas óbvio que aí tive deficiência nutricional, claro né, não porque eu era vegetariana mas porque fazia errado, eu não comia feijão e arroz bonitinho então sempre tentavam me enganar, era um saco e isso pode parecer bobo mas quando você tá criança/adolescente você perde a confiança nos seus pais porque eles estão te enganando, aí fere uma coisa muito profunda do que você é, do que você acredita. Óbvio que hoje eu já lido com isso, eles já estão perdoados, já tá sublimado, já tá tudo certo mas na construção de um emocional aí de uma criança isso é muito delicado, eu falo gente não forcem seus filhos, não enganem seus filhos e falem para eles o que eles estão comendo, se o hambúrguer que ele tá comendo é uma vaquinha que ele ama fala que ele tá comendo uma vaquinha que ele ama porque um dia ele vai se sentir traído por você e as crianças jamais comeriam carne se elas soubessem que aquilo é um bicho, elas amam bicho e a gente não é carnívoro, se a gente fosse carnívoro, eu não vou nem falar nas questões fisiológicas que a gente tem 98% de similaridade aos herbívoros e não aos carnívoros, eu vou falar de instinto, se a gente fosse carnívoro como os animais carnívoros são a gente teria instinto de predador, a gente olharia um coelhinho quando a gente é criança e a gente morderia o coelhinho, a gente não brincaria com o coelhinho, a gente come a banana mas a gente brinca com o coelho então a gente não é carnívoro, então pais parem de forçar seus filhos até porque as crianças da nova era não estão comendo, hoje quase 60% das crianças que estão nascendo já nascem intolerantes graves ou alérgicas à proteína animal, essa transição planetária que a gente tá vivendo e acontecendo nesse momento, esses espíritos mais evoluídos tão chegando aí para uma nova fase do planeta, esses corpinhos puros, esses espíritos evoluídos não estão aguentando tanto veneno nesses copinhos puros, então estão alérgicas, não conseguem comer e as crianças muito mais conscientes, as crianças arco-íris, as crianças amor que tão nascendo são muito mais conscientes, “Não não quero comer bicho”, então acho que eu vim índigo, rebelde né pra fazer diferente, sempre fui rebelde mas rebelde do bem assim, rebelde sempre de fazer diferente, eu fiz Direito né meu pai queria que eu fosse juíza, advogada e eu fui ser cantora e aí vegetariana desde que nasci e hoje sou ativista, vegana entçao meu pai deve falar assim “Meu Deus”. E a pergunta que você fez, de como é que meus pais lidam com isso? Eu lembro que claramente assim eu tava na mesa, de novo chorando, não aguentava mais e a minha irmã falou assim “Cara eu não aguento mais, deixem ela comer o que ela quiser pelo amor de Deus, parem de fazer isso com ela cara” e aí acho que a partir daí eles meio que desencanaram de mim assim, lógico que me levavam em endocrinologista para saber se tá tudo bem e eu lembro que um médico ele falou assim, graças a Deus naquela época eu já tava informada, atualizada e ele falou assim “Que ótimo, deixa ela assim, ela não precisa de carne, mas ela precisa comer castanhas, comer feijão, ela precisa comer isso” então assim, minha vida melhorou muito desde então. Só que eu me tornei vegana quando eu vim para São Paulo né em 2004/2005 então eles não conviveram comigo vegana, eles conviveram comigo vegetariana e claro minha mãe teve os AVCs, as sequelas, ela não acompanha a internet, não consegue mexer mas meu pai me segue na internet então ele foi mudando muito as coisas depois dos meus livros, hoje meus pais reduziram vou te falar uns 90% do consumo de animais e derivados, acho que só não reduzem mais porque ainda não é tão acessível, “Ah eu quero comer um queijo vegano, onde que tem, quanto que é, mas o outro é bem mais barato”, ele ainda não é tão acessível, principalmente lá no sul e a minha irmã não, minha irmã é vegana hoje já faz dois anos, minha irmã mais velha, hoje a minha sobrinha que era super junk food, minha sobrinha adolescente tem 20 anos já, hoje ela também tá vegetariana/vegana e eu não consigo imaginar isso acontecer, o meu cunhado que é aquele cara extremamente carnista, que só faz piada, aquele cara super gente boa mas que adora cozinhar e tal, ele reduziu muito quando ele assistiu “Dieta de Gladiadores”, ele reduziu muito, coisa que eu jamais imaginei também, eu tenho uma prima que ela se tornou vegana por minha causa e hoje a família dela inteira é, as filhas dela são então na minha família é isso assim.

Henrique de Moraes – Eu vi esse documentário também assim e foi também, eu fiquei bem impactado porque eles trouxeram um ponto de vista bem interessante de mostrar os atletas, e agora tem uma coisa que me incomoda no documentário que eu acho que não precisavam daquilo que é mostrar as pessoas comendo pizza e não sei o que e no final falar assim “Tá vendo, se você for vegano você pode comer qualquer coisa”, como se fosse normal, não né, continua sendo junk food, não vem com essa sabe

Alana Rox – Essa é uma coisa que desde o começo, eu falo muito inclusive pra pessoas que são da minha ONG, pra ativistas, eu falo “Gente olha só, se vocês não forem saudáveis, primeiro vocês tem que ser o cartão de visitas do que você tá pregando, que você acredita, se você acha que isso que vai salvar o mundo você precisa ser o cartão de visitas para isso então você tem que se mostrar o exemplo do que você quer”, não adianta se eu não estiver bem de saúde, se eu estiver cinza, verde, raquítica, com o meu cabelo caindo, quem que vai querer olhar pra mim e falar assim “Não, quero isso aí pra mim”, não, acho que você, e hoje todos eles mudaram a alimentação assim, hoje estão extremamente saudáveis, claro que você pode comer um junk food de vez em quando, mas que essa não seja a base da sua alimentação, assim como se você comer carne não seja a base da sua alimentação mas o que eu ensino, quando eu me tornei vegana eu queria comer as mesmas coisas que eu comia antes só que eu queria que cada receita, por exemplo queria comer um doce de leite porque eu amo doce de leite, queria comer brigadeiro porque eu amo brigadeiro, queria comer pãozinho de queijo porque eu amo pão de queijo, adoro queijo nunca deixei de gostar então eu falei “Quero comer isso só que sem crueldade, sem nada de origem animal mas eu quero que além de ser gostoso tem que ser gostoso na minha boca e gostoso no meu corpo inteiro, meu corpo não pode sofrer por 5 segundos de prazer, então eu comecei a criar receitas onde cada ingrediente combinado com o outro fosse como a bula de um remédio, queria comer um doce de leite, queria que fosse gostoso ou mais gostoso que o tradicional mas que me curasse, que fosse anti-inflamatório e que me deixasse melhor e não pior, e aí mudou minha vida. Claro que não existia livro pra isso, ninguém fazia isso tanto que eu dou curso no mundo inteiro, dava palestra sobre isso em todos os lugares porque eu precisava que as pessoas entendessem que isso era possível de fazer, o Purana meu restaurante é um exemplo disso, eu queria um lugar que as pessoas vissem na prática que é muito possível viver dessa forma né, sem crueldade só com impactos positivos no meio ambiente em relação aos animais, em relação à própria saúde e que sem sofrer né, que você pode ter muito prazer, eu quero que as pessoas comam uma torta de chocolate falando “Não pera, isso aqui é vegano e é saudável? Não é possível”, sempre foi esse o meu desafio. Sim é muito possível, o que falta é informação né, é muito fácil você pegar um chef e ele ser bom usando manteiga, queijo, creme de leite, agora tira isso tudo de um chef e faz ele ser melhor né. Tem um crítico de gastronomia aqui em São Paulo que ele é amigo de um amigo meu vegano e ele entendeu isso então hoje quando ele vai num restaurante fazer a crítica daquele restaurante ele pede um prato vegano porque ele sabe que se for bom, incrível, o chef é bom, porque às veze você tira tudo isso e perde o chef né, vamos combinar que você fazer uma massinha, pegar lá e botar um quilo de manteiga, botar queijo, como é que vai ficar ruim o negócio? Não tem mas agora faz a mesma coisa sem nada disso, aí eu tiro o chapéu.

Henrique de Moraes – Verdade é um bom desafio, excelente.

Alana Rox – Faz um brigadeiro mais gostoso que o tradicional sem leite condensado.

Henrique de Moraes – Verdade. Cara engraçado que eu ouvindo você falar, você contando a história dos seus pais enfim, de como você tinha intolerância e as pessoas tem essa coisa até hoje de tentar “Dá um pouquinho, dá um pouquinho”, eu fiquei tentando comprar isso com outras situações na vida que as pessoas nunca fariam então imagina sei lá seu filho sofrendo bullying na escola, sei lá alguém tá batendo nele e você fala assim “Deixa porque se ele bater de pouquinho em pouquinho seu corpo vai acostumar”, é como se fosse isso se você parar pra pensar, eu nunca tinha parado pra pensar, eu já fiz isso com a minha filha pra falar a verdade de forçar ela a comer porque sei lá a criação que a gente teve, enfim isso acaba reproduzindo muita coisa sem se questionar mas me trouxe essa reflexão de que se fosse qualquer outra situação da vida ninguém faria isso né e porque a gente faz, faz total sentido assim

Alana Rox – E você ser agredido, eu nunca fui assim, bullying, eu nunca tive, acho que eu tenho tanta certeza dentro de mim, tanta verdade que nunca alguém fez piada comigo, nem família, acho que as pessoas ficam até constrangidas assim perto de mim e eu nunca falo nada, a pessoa pode comer um bife na minha frente que eu vou chorar por dentro mas não vou falar nada, se ela me perguntar eu vou falar “Se tá me perguntando eu vou responder” mas eu não fico falando nada, acho que eu sou vegana há tanto tempo e sou vegetariana há tanto tempo que, não tanto tempo assim mas que eu acho que me adaptei, é uma sociedade diferente de mim sabe então eu sei se a pessoa me perguntar eu sei também os caminhos que eu posso tocar o coração dela, às vezes é pela saúde, às vezes é pelo meio ambiente, às vezes pelos animais então se ela me pergunta eu vou falar, agora eu não vou impor nada a ela até porque você não força a pessoa a ir pelo caminho né, você pode mostrar um caminho, acho que quando você desperta não só em relação a isso mas quando você desperta você vira um farolzinho assim, como se uma luzinha iluminasse aí você vira um farol e o farol só fica ali cara iluminando quem tá no escuro, a pessoa vem atraída pela luz ou não, você não tem que ir lá buscar a pessoa né, então é isso que eu faço na minha vida, fico acendendo um farol “Gente tô aqui, olha esse caminho que lindo”

Henrique de Moraes – Vou aproveitar então essa analogia do farol porque uma coisa que eu queria muito te perguntar é sobre a sua relação com a parte pública né assim, especialmente de rede social porque a gente sabe que embora seja muito, seja ótimo né você ser a pessoa referência e tudo mais, toda essa questão que até volta a questão do ego às vezes, tem toda essa disputa mas que tudo isso vem com uma conta né e especialmente nas redes sociais assim que eu andei tentando começar a gerar conteúdo também para tentar de certa forma também fazer isso que você falou, iluminar as pessoas para uma coisa que eu acho que muita gente tá vivendo de maneira assim, tudo no piloto automático sabe da vida e desejando coisas sem saber porque, sem se perguntar o porquê e sem saber se de fato elas querem aquilo sabe, só porque o universo, o mundo, a sociedade fala “Você tem que ser bem sucedido, tem que trabalhar muito e virar a noite e tudo mais” e as pessoas, ninguém para, vai todo mundo no automático e eu comecei a gerar um conteúdo em relação à isso só que eu comecei a me pegar um várias situações, em pegadinhas e armadilhas que eu tava tentando evitar então tava ficando assim extremamente viciado em ver o resultado de tudo que eu fazia, eu postava e já entrava querendo saber quantas pessoas tinham curtindo, quantas pessoas tinham compartilhado, foi tão intenso pra você ter uma noção, que eu nunca tinha feito isso na vida eu tinha um Instagram mas assim, eu postava de vez em quando e isso ficou tão intenso que eu saí do Instagram e resolvi “Cara não, preciso parar e entender o que eu quero fazer de fato, me perguntar e me questionar até onde eu tô disposto a ir e depois voltar mais consciente, do jeito que tava eu vou ter um Burnout e eu queria entender assim, você que tem 200 mil seguidores só no Instagram, programa, livro e tudo mais, como que isso vem assim, como que chega essa conta para você né?

Alana Rox – A partir de 2013 quando eu entendi, eu recebi uma mensagem espiritual, isso eu falo muito pouco assim que mudou minha vida assim de entender realmente o que eu tinha vindo fazer aqui e aí eu falei “Quer saber, a minha vida eu vou usar para fazer a diferença aqui, ninguém precisa lembrar meu nome depois, ninguém precisa nem lembrar da minha cara mas eu quero deixar um legado de transformação nesse planeta porque a gente não tem mais 30 anos pela frente, a gente não tem Henrique, não tem, eu trabalho com ambientalistas, cientistas e a gente não tem, se a gente não mudar agora tá ferrado, sua filha não vai ter netos porque não tem como então assim vou usar minha vida para fazer isso e é claro que assim, tem o ônus e tem o bônus né mas assim, na internet que é terra de ninguém, às vezes você tá lá fazendo uma coisa boa e você leva um tapa, é que nem você dar um beijo e levar um tapa entendeu, só que eu acho que como eu falo de uma forma muito amorosa eu até acho que veganismo é amor e não tem como você falar de amor com violência, com agressão então assim veganismo é você se colocar no lugar do outro ser, é você ter empatia seja por um animal, seja por um ser humano que pensa diferente de mim, claro que ele pensar de uma forma egóica, pensar só nele “Ah vou comer o que eu quiser e dane-se o mundo, dane-se o planeta” isso me incomoda então às vezes ele vem de uma forma agressiva mas é muito raro tá, eu posso contar nos dedos as vezes que sofri esse tipo de agressão de seguidor, porque de indústria, de ameaça já recebi muito mas de seguidor e normalmente são seguidores assim que geralmente não tem foto, são seguidores que não tem seguidor, perfil fake mas que tá ali pra te agredir, não tá ali pra te questionar, ter uma conversa saudável, querendo saber com curiosidade, alguma coisa mesmo que não concorde com você, agora eu não tenho problema nenhum com a pessoa que não concorda comigo porque me faz crescer muito, faz ver de outro ponto de vista né, agora a pessoa que chega pra te agredir ela não tá querendo, não é saudável então assim, o Schopenhauer já diz né, os 3 estágios da verdade, o primeiro estágio é a ridicularização, ela vai te ridicularizar, fazer piadinha com você porque ela tá incomodada, às vezes ela não sabe porque mas ela tá incomodada então ela vai fazer bullying com você, ela vai te ridicularizar, segundo estágio é o ataque, ela tá muito incomodada, é que nem um animal ferido, ele vai atacar para se defender, então ele tá muito incomodado e aí começa a ter consciência só que aí ele vai ter que admitir que ele tá errado e vai ter que sair da zona de conforto, o que gera muito incômodo então ele te ataca e aí vem o terceiro estágio que é a aceitação da verdade, o arrependimento e o sofrimento e você tem que estar pronto para receber eles. E grandes ativistas hoje no mundo já foram esse mais chatos que atacaram ativista grandes porque eles estavam no segundo estágio da verdade né então toda vez que eu recebo um ataque assim eu falo “Oh Deus, vamos lá São Francisco de Assis, Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”, meu mantra de vida porque não sou Buda, santa, nada disso mas é o exercício diário de você se colocar no lugar do outro né, porque que ele tá fazendo isso e tá descontando em mim, não é fácil, eu largo o celular e vou dar uma volta, às vezes eu vou escrever na mesma intensidade que ele e falo “Não, isso não vai gerar nada de bom”, eu largo o celular e vou dar uma volta, vou tomar um banho e aí se eu responder, se eu ver que dá pra responder senão eu já bloqueio de uma vez porque eu vejo que ele não quer conversar, ele quer me atacar e me agredir, eu bloqueio mas senão porque eu não posso desistir sabe, esse tipo de coisa não pode me ferir de forma que eu desista porque acho que tem muita coisa pra ser feita ainda e eu uso todas as mídias, vou ter agora um programa de rádio, acho que eu uso todas as mídias pra poder amplificar a informação, pra ampliar conscientização, o despertar de uma forma muito humilde mesmo porque não sou dona da verdade, pelo contrário mas eu mostro um caminho de saúde, um caminho de amor que é muito transformador, que para mim é a forma que vai salvar esse planeta assim porque quando você se coloca no lugar de outro ser, quando você é vegano, você não é vegano por você, você é vegano pelo outro, eu posso até ser vegetariana por saúde mas vegano não, você é vegano pelo outro né. E quando você consegue se colocar no lugar de uma abelha, um ser completamente muito mais frágil que você é, você consegue se colocar no lugar de um ser que é semelhante a você então onde não existe especismo não existe racismo, não existe machismo, não existe nenhum tipo de pré conceito e assim começa a existir um respeito absoluto e assim a gente estaria pronto para uma nova fase nesse planeta e esse dia vai chegar, existem previsões aí que em 26 anos o último abatedouro fecha porque não tem mais como, a gente em 1926 eram dois bilhões de pessoas, hoje menos de 100 anos depois a gente é oito bilhões de pessoas e vai para 10 rapidinho porque vai numa progressão exponencial então não tem mais como né, a pecuária é responsável por 90% da destruição do planeta, os últimos 50 anos e a gente faz parte dos 50 anos depois da Revolução Industrial, os últimos 50 desapareceram com 60% dos animais do planeta terra, não os animais de produção grande, considerados de consumo, os animais silvestres e selvagens. Em 30 anos a previsão é que não tenha mais peixe no mar, vai ter plástico e lixo mas peixe não então é um colapso do ecossistema de uma forma tamanha que a gente vai fazer o que? E isso tudo passa pela alimentação, “Ah mas é uma escolha pessoal”, não é uma escolha pessoal quando a tua escolha tá ferindo a minha escolha de viver nesse planeta, não é uma escolha pessoal quando a tua escolha fere a do outro que não escolheu morrer, um ser que tem os mesmos direitos que você nesse planeta né, tem o mesmo direito à liberdade e viver nesse planeta, porque você tem mais direito, porque você é o mais forte? Então que direito a gente tem de usar animais, seres, como propriedade e produto? Eles são cientes, eles sentem exatamente que nem a gente eles sentem medo, amor, saudade, frio, horror, fome, eles sentem exatamente a mesma coisa né só que eles não conseguem se expressar da mesma forma que a gente consegue e são frágeis, não conseguem lutar então, a gente é 8 bilhões de pessoas, eles são 300 bilhões de animais que morrem todo ano, todo ano, precisa? Não, não precisa. Se as pessoas reduzissem pelo menos 50% o consumo de animais e derivados, e bilhões de pessoas teriam o que comer porque quase 90% da produção de comida do mundo é destinada aos animais, a ração dos animais, as terras que são devastadas para a produção de comida para os animais então daqui a 20 anos a gente vai precisar de território equivalente a 4 Europas para plantar comida, para alimentar os animais, alimentar as pessoas e não tem mais como, é por isso que a Tyson, a maior produtora de carne de animais dos Estados Unidos é a que mais investe nisso porque ela sabe que não tem futuro, o Brasil vai ser o primeiro maior exportador de carne de porco vegetal para a China em menos de dois anos, o Brasil tá muito à frente nisso né então as grandes indústrias todas investindo nisso. Existe um estudo que foi feito no Reino Unido que 75% das pessoas estariam dispostas a reduzir ou parar de comer animais, seja pelo meio ambiente, seja pela saúde, seja pelos animais, as pessoas estão muito mais conscientes, muito mais despertas e tem que estar porque as pessoas falam “Ah mas não adianta só eu fazer porque uma atitude individual…” cara olha o vírus né que começou com uma pessoa e olha o que a gente tá vivendo né, então você tem a chance todos os dias, quando as pequenas escolhas que você faz, dos seus hábitos de consumo, todos os dias você tem a chance de fazer diferente né, é naquela hora que você vai no posto de gasolina, abrir a geladeira para pegar um sanduíche numa loja de conveniência, é nessa hora que você faz a diferença se você quer matar ou salvar, é nessa hora que você escolhe devastar milhares de árvores ou não, é nessa hora que você escolhe gastar milhares e milhares de litros de água num sanduichinho ou não né porque um filézinho são seis meses de banho então, 1 kg de manteiga são os dois mil litros de água tipo assim, não é mais uma escolha pessoal quando a tua escolha tá ferindo o todo, sua escolha pessoal é se você vai pintar o cabelo ou não, isso se não prejudicar também as águas, tua escolha é o carro que você vai comprar, ou se vai ter carro, isso é uma escolha pessoal, não quando a tua escolha fera a do outro então tá na hora da gente chamar a responsabilidade para si sim, de que tudo que a gente faz impacta no outro, nas pequenas escolhas do dia a dia, não precisa ter um programa de tv, lançar dois livros, é na pequena escolha do dia a dia, o quanto você impacta e inspira as pessoas que estão ao seu redor né

Henrique de Moraes – É, até porque como eu trabalho com agência né a gente tem dados que falam, a gente até falou sobre isso hoje que na verdade as pessoas que estão ao seu redor são as pessoas que mais te influenciam, muito mais do que a propaganda então de fato se você começa a fazer um movimento ali com as pessoas próximas de você é muito mais fácil de você impactar essas pessoas e é isso porque você fala uma vez e depois fala outra e ela acaba vendo essa informação em outro lugar e acaba mudan., Só pra deixar claro eu não sou vegano tá, minha esposa é vegetariana não sou vegano mas enfim, é uma coisa que eu tenho cogitado, conversado, tenho tentado aprender um pouco mais.

Alana Rox – Eu acho que muito mais do que você dizer, ficar dizendo,você ser diz muito mais do que ficar dizendo sabe, é o exemplo, você inspira muito mais não falando nada, e no meu restaurante Purana, em Pinheiros/SP, eu queria que a pessoa entendesse porque a gente nunca foi em restaurante, nunca foi então primeiro eu queria mostrar que era possível se alimentar dessa forma e eu queria também ser um ponto de conexão de pessoas transformadoras né porque onde estão essas pessoas que estão aí fazendo essas coisas incríveis porque a gente, quando a gente lida com uma causa, a gente vive por uma causa às vezes a gente se sente muito só né porque você tá indo contra toda uma sociedade, tá fazendo diferente da sua família então às vezes a gente se sente mesmo só no propósito, e lógico que se eu tô fazendo aqui eu sei que existem milhares de outras pessoas fazendo alguma coisa também em outra ponta, em outra área mas onde estão essas pessoas transformadores que estão fazendo coisas incríveis? E eu queria que fosse lá um ponto de conexão dessas pessoas, e foi, lá é um portal onde as pessoas se encontram, se potencializam, lá tem espaço para cursos né porque o Purana fica dentro de um espaço pra cursos e eventos então as pessoas dão curso lá, em cima fica a Mercy for Animal, minha ONG, lá em cima ficam as empresas do Sistema B então é uma galera que tem essa energia de mudança e de transformação e eu queria que quando a pessoa fosse comer lá, o Purana graças a Deus é um sucesso, mesmo com a pandemia a gente conseguiu aí segurar a onda e a gente abriu delivery então a gente tá indo muito bem mas eu queria que a pessoa que chegasse no restaurante, eu nem chamava de restaurante, chamava de outra coisa, eu queria que ela entendesse o impacto positivo que ela tava gerando só de estar comendo lá aquele dia, então eu criei uma nota de impacto positivo, quando vem a conta, vem junto a nota de impacto junto com a nota fiscal assim “Hoje comendo aqui nesse restaurante você economizou x mil litros de água, deixou de emitir X de CO2, deixou de matar X animais e deixou de devastar x árvores. Parabéns, você foi um herói” que aí a pessoa fala “Uou, só porque eu comi aqui hoje eu tô gerando tudo isso de positivo?” eu prefiro falar do positivo do que o que ela tá fazendo negativo então ela fala “Então tá eu quero ser um herói, quero ser legal, quero fazer uma coisa boa da minha vida, se eu tô comendo isso aqui que é super gostoso, tá me fazendo bem e ainda tô gerando tudo isso de bom então eu posso comer outras vezes dessa forma também em outros restaurantes enfim mas eu posso fazer isso algumas vezes da minha vida, não dá todos os dias, não consigo, durante a semana eu consigo, fim de semana não” tá lindo, é fazer o melhor possível sabe, se não dá para ser 100%, faz o melhor que dá mas o negócio é que não dá para não fazer nada entende, alguma coisa você tem que mudar, seja por saúde, seja por você, muitas vezes você começa por você, “Ai é por mim, não é pelos animais, eu não conheço essa vaca, não conheço esse porco, eu passo lá na estrada e ele tá no matinho, bonitinho, não conheço a vaca”, “Minha casa não falta água, eu ligo e tá lá, tem água”, agora “Ah mas eu posso ficar mais gato né”, se eu falar assim pra você “Olha se você parar de comer carne hoje você vai viver 20 anos a mais, seu cabelo vai crescer lindamente, ficar forte assim que nem o meu”

Henrique de Moraes – O meu eu acho difícil

Alana Rox – O seu raciocínio, sua mente vai trabalhar que nem uma máquina, sua memória que era fraca vai ficar boa, sua libido vai aumentar muito, sua potência sexual vai aumentar 70%, aí “Jura? Então eu posso tentar fazer um diazinho sem carne segunda feira” e tudo bem, não importa o motivo que você começou porque eu também comecei por saúde, eu não sabia o que acontecia então acho que não importa a portinha que você entra desde que você entre e faça o melhor possível.

Henrique de Moraes – Quand eu ouvi você falando sobre a nota né eu achei sensacional e me lembrou um documentário que eu não sei o nome mas é do mesmo cara que fez aquele “Super Size Me” em que ele comia McDonald’s direto, ele fez um segundo, não sei se você chegou a ver, em que ele monta um restaurante fake e é tão sensacional aquilo, eu não vou nem contar assim porque vai acabar com a graça

Alana Rox – Eu já ouvi falar mas eu não assisti, preciso assistir

Henrique de Moraes – Cara é sensacional porque ele vai quebrando todos os paradigmas da indústria assim sabe, um por um, ele vai e compra um lugar lá para criar as galinhas e aí ele começa a descobrir todos os furos que tem, então lá nos Estados Unidos se você tiver um espaço de 1m2 aberto, onde as galinhas possam ir, você pode colocar como free range e cara não é, elas estão tipo todas presas lá e tem uma varandinha sabe e tipo

Alana Rox – Ela tá numa gaiola de bateria, tá num espaço um pouquinho maior

Henrique de Moraes – E aí ele vai mostrando assim todos esses furos que existem e como que as pessoas burlam né com o marketing, com a publicidade, comunicação, como é que eles fazem pra fingir que na verdade o produto deles é muito melhor do que de fato é, e até ele chegar no final ali onde tem a viradinha que eu não posso falar porque é muito legal, vale a pena assistir, eu vou ver se eu lembro o nome e coloco o link na descrição aqui do episódio.

Alana Rox – Tem documentários maravilhosos né, o “Cowspiracy”, o “What the Health”, o “Dieta de Gladiadores” que a gente falou mas em relação à essa indústria tem o “Cowspiracy”, o “Seaspiracy” agora que é o irmão do “Cowspiracy” e  o “What the Health”, maravilhosos, tá tudo no Netflix, Youtube.

Henrique de Moraes – Verdade. Deixa eu te fazer uma pergunta, eu lembro que você até falou um pouco sobre isso agora em uma entrevista que eu ouvi, tem até uma frase que eu separei aqui e anotei que é “Quando se coloca nesse lugar de forte as pessoas acreditam que você é forte e não acreditam que você possa não estar bem e nem sempre você está bem, você muitas vezes chora, se sente impotente e se sente sozinho”. Nesses momentos assim quando isso acontece, quando acontece isso né, quais ferramentas você usa pra voltar assim pros eixos sabe, quais perguntas que você se faz ou se tem algum exercício, como é que você dá a volta por cima?

Alana Rox – Exatamente isso, eu me apego muito na oração de São Francisco de Assis assim porque ele para mim é um exemplo de um cara que nasceu playboy né, era riquinho e largou tudo para viver a missão dele que é linda, ele é muito inspirador para mim então eu faço muito a oração de São Francisco, choro muito e coloco uma música, tenho meu altarzinho e eu tenho uma coisa que eu faço, que me forço a fazer que é colocar uma música e começar a dançar porque a dança me traz uma coisa muito boa assim, eu não sei dançar mas eu fico fazendo movimentos de dança às vezes na sala e coloco mas a oração de São Francisco sim até incorporar dentro de mim né tipo “Senhor perdoa ele não sabe o que diz, não sabem o que fazem” e para não perder a fé na humanidade assim, graças a Deus assim como ativista a gente perde a fé todos os dias né, a gente vê coisas horrorosas mas ao mesmo tempo o trabalho que eu faço e o universo me colocou de encontro com pessoas tão maravilhosas, tão maravilhosas e o meu público ele é tão carinhoso comigo que às vezes eu não sei nem lidar com tanto amor assim, eu recebo umas mensagens que eu falo “Eu não sei lidar porque é muito amor, muito carinho” então eu tento não me apegar naquilo de ruim e falo assim “O que mais eu posso fazer?” porque quanto pior tá, em vez de desistir eu falo “Aí que eu tenho que fazer mais” mas tudo é um processo, exercícios diários, meditar muito, as vezes nem duas horas de meditação salva, vou tomar banho, tomar banho, tomar banho e dormir vou te falar que é uma cura absurda. Tá mal? Vai tomar banho porque a água é um passe de energia, parece que ela leva e fica mentalizando que tudo de ruim tá saindo e indo por água abaixo, é uma coisa que faço muito, banho, nossa é outra vida.

Henrique de Moraes – Sensacional. Hoje em dia assim o que te causa ansiedade?

Alana Rox – Eu já fui uma pessoa muito ansiosa tá, tive transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, hoje assim eu trabalho isso dentro de mim o tempo inteiro porque é como se tivesse sempre assim, o probleminha da ansiedade dentro de mim. Eu cuido muito da minha alimentação pra gerar muita serotonina pro meu intestino funcionar bem, gerar serotonina, dormir bem, produzir melatonina, acordar então assim, eu cuido muito do meu corpo pra ansiedade não voltar, faço terapia, todo tipo de terapia que você imagina, ThetaHealing, terapia ocupacional, eu não fazia porque eu sou escorpiana e escorpiano já tem a tendência de se aprofundar demais, se autoanalisar demais. Minha astróloga fala “Alana, todo mundo tem que fazer terapia, você não porque você já é sol e lua em escorpião”, eu falo “Preciso sim” então acho que a gente tem mas assim, coisas que me geram ansiedade eu não sei hoje mais porque hoje eu lido tanto com o estar presente, acho que eu foco muito no presente porque o que é a ansiedade? É você antecipar o sofrimento né então, eu tava em Florianópolis agora vendo sol nascer, agora segunda-feira antes de voltar pra São Paulo e eu tava tendo, foi assim uma sensação tão boa de estar presente olhando o sol nascer, sentindo aquele sol no meu rosto, eu não tava pensando que eu ia pegar o vôo, que ia até São Paulo, o que eu tenho que fazer, a minha agenda, eu vivo, são exercícios tá, não fui sempre assim então eu tô aqui conversando com você, eu tô aqui conversando com você, não tô olhando se tem uma mensagem no meu celular, se eu tô tomando banho eu tô sentindo a água no meu corpo, se eu tô olhando um livro é no livro que eu tô focando, se eu tô comendo eu tô prestando atenção na forma da comida, no gosto da comida, eu não tô comendo olhando o celular, é a forma que eu lido para a ansiedade não chegar assim porque é estar presente vivendo cada minuto da minha vida assim.

Henrique de Moraes – Perfeito.

Alana Rox – Porque senão,se você tá comendo café da manhã, duas horas depois você “O que eu comi mesmo no café da manhã?”, você não lembra porque você não tava ali. Tipo assim, “Passei desodorante? Cara não lembro se passei desodorante porque eu tava pensando na reunião que eu tenho depois”, não, faz tudo, cada gesto, cada coisa do seu dia estando muito presente.

Henrique de Moraes – Outro dia eu publiquei um negócio que falava o seguinte, porque como eu trabalho muito com publicidade, criatividade aí eu falei “Se as suas melhores ideias surgem só quando você tá no banho é porque o banho é o único lugar que o mundo ainda não encontrou para te interromper” porque é isso, a gente tá o tempo inteiro sendo interrompido por tudo né assim, os nossos pensamentos já são uma coisa difícil de controlar mas a meditação tá aí para tentar controlar mas especialmente pra provar que é difícil demais e com tecnologia então fica muito mais difícil sabe e a gente não percebe isso e essa é uma das coisas que eu falo muito hoje em dia assim, cara tipo aprenda a ficar sozinho tipo assim abre espaço para você parar sozinho e refletir ou para não pensar em nada, para meditar, fazer esse tipo de coisa mas assim pensa, bota tempo mesmo tipo cara eu tenho a sorte ou azar da creche da minha filha ser um pouco longe daqui da casa, eu moro em Lisboa hoje e a gente usa transporte público e quando eu volto dá 1h30 a 2h andando e eu volto todo dia andando, como eu vivo no fuso do Brasil, meus clientes são todos do Brasil eu tenho esse horário da manhã assim que é quase um domingo né como diz um amigo meu, “Você tem vários domingos todos os dias”, em compensação trabalho até mais tarde mas pelo menos eu tenho esse horário da manhã onde ninguém me pentelha, ninguém me enche o saco, não tem cliente mandando mensagem, ninguém querendo resolver problema e aí eu aproveito pra isso, boto o celular na mochila e vou pensando sabe, vou colocando a cabeça no lugar, paro, faço anotações e é o meu momento mais criativo e assim, o mais tranquilo também onde eu saio com a sensação de que cara parece que eu consegui organizar minha vida sabe tipo, aí depois vem o caos do dia, entra e depois tenho de novo esse tempo para mim mesmo mas as pessoas não separam né esse tempo para refletir e eu acho que estar presente é um pouco disso, você também estar vivendo cada momento, aproveitando cada momento e tendo essas pausas né do resto né então assim, tô vivendo aqui agora, não tô pensando em todo o resto que tá tipo sei lá me cobrando aqui, acho que faz todo sentido e realmente diminui a ansiedade.

Alana Rox – O chuveiro tem essa carga energética da água, maravilhosa é um canal, é um passe, eu já escrevi músicas maravilhosas debaixo do chuveiro, discursos pra quando eu ganhasse o Grammy, fiz vários embaixo do chuveiro mas quando desliga a torneira vai tudo ralo abaixo né, eu choro com as coisas que eu falo embaixo do chuveiro, emocionada com as palestras que eu crio no chuveiro e desliguei a torneira vai tudo ralo abaixo e não lembro uma palavra olha que loucura. Eu lembro que tinha um namorado que me deu um bloco de anotação com uma ventosa e à prova d’água pra deixar no chuveiro pra escrever

Henrique de Moraes – Sensacional, um presente atencioso, tá vendo?

Alana Rox – Muito, muito fofo, mandou bem só que o pensamento é muito mais rápido do que você consegue escrever né

Henrique de Moraes – Sim completamente, esse é o caos né no final das contas

Alana Rox – Tem que dar um gravador a prova d’água, fica a dica.

Henrique de Moraes – Boa. Nos últimos 5 anos assim, tirando toda a parte que a gente já conhece, teve alguma nova crença, comportamento ou hábito que tenha melhorado muito sua vida? Você falou de terapia agora né

Alana Rox – Sim, nos últimos 5 anos terapia eu fui buscar, eu sempre tô nessa busca espiritual sempre muito forte assim, sempre buscando evolução e tal e o Purana ele trouxe, porque meus dois sócios são pessoas muito conectadas, muito holísticas assim e eu sabia que ali ia ser um portal dessas pessoas também, que frequentariam ali por causa dos cursos e das coisas que acontecem lá e eu ia ter contato com essas pessoas né, xamãs e pessoas que trabalham com isso, com despertar da consciência, espiritualidade então eu me aprofundei muito nesse sentido nos últimos 5 anos assim, desde fazer Ayahuasca, sapito, ThetaHealing, tudo que você imagina, esses tipos de cura da natureza, essa cura interna profunda, me aprofundei muito nisso assim, meditar, eu não meditava, comecei a meditar de uns 3 anos pra cá mas com disciplina assim, com disciplina

Henrique de Moraes – Dessas terapias que você falou, se você pudesse sei lá recomendar uma pra alguém, que seria de repente uma boa porta de entrada, qual você recomendaria?

Alana Rox – Olha, Ayahuasca foi muito transformador pra mim, o que é Ayahuasca? Ayahuasca tem dimetiltriptamina, que é o DMT que a gente produz na glândula pineal que é a substância de conexão com a espiritualidade né, quando a gente produz? Quando a gente nasce, quando a gente morre, em momentos de quase morte e quando a gente medita a gente consegue estimular a glândula pineal para ela produzir um pouquinho. Quando a gente morre os cientistas já provaram que demora 7 minutos para o seu, como a gente descola o espírito do corpo né? São 7 minutos de muitas cargas de dimetiltriptamina para ele conseguir sair do corpo então quando você toma Ayahuasca, que é mais ou menos 1g de dimetiltriptamina, DMT, você consegue acessar uma espiritualidade né e você faz muita limpeza, você vai acessar o que tá te incomodando no inconsciente que você não sabe, crises de ansiedade, depressão, é o teu inconsciente te dizendo coisas que você não consegue identificar e vai tratar bioquimicamente no teu cérebro também. Ayahuasca eu não tomei muitas vezes, tomei poucas mas eu conheci recentemente o Sapito, que é o Bufo Alvarius, que é a gosminha de um sapo que tem lá no México, onde tem um santuário do sapo, o sapo não morre pra isso e o Sapito tem 5g de DMT, enquanto a Ayahuasca tem 1, em 8 horas você toma 5g, não sei se são gramas ou miligramas, mas 5 de DMT em 10 minutos, é uma porrada, você realmente sai do corpo, uma construção absurda do seu ego e fica tratando no seu cérebro, na primeira sessão, a pesquisa que eu li, científica de cientistas que estão fazendo estudos para produzir sinteticamente em laboratório porque é uma cura muito forte, primeira sessão você tá curado 18%, uma semana depois que fica trabalhando no seu cérebro você tá curado mais 64%. Mike Tyson tomou, tem um vídeo do Mike Tyson falando que se ele tivesse tomado quando ele lutava ele teria parado de lutar porque ele falava que sentia tanta raiva dentro dele e isso também é uma forma de depressão, ele sentia muita dor, muita raiva e por isso ele lutava muito e quando ele lutava ele queria machucar o outro pra que o outro sentisse a dor que ele tava sentindo, até inconsciente isso, e falavam que ele era o melhor do mundo e ele acreditou, ele falou “Meu ego virou um monstro” e quando ele tomou, ele teve depressão, foi tratar isso e quando ele tomou e é uma desconstrução do ego absurda que você tem que se entregar para aquilo porque você perde a consciência ali e trata seu inconsciente, é um negócio lindo, inexplicável que a tua mente não consegue traduzir de tão sublime que é. E é uma cura muito profunda, ele fala que ele começou a entender o que era amor, ele começou a sentir amor, uma felicidade muito grande que ele jamais conseguiria lutar depois disso, parece que agora ele vai lutar de novo mas é de outro lugar né, do esporte, é outra coisa, não é pra machucar, é outra coisa só que é muito raro isso no Brasil porque primeiro vem de um sapinho então tem que ter muito cuidado com o sapinho, não é uma Ayahuasca que hoje você compra até na internet né, que vai tomar com uma galera, é um tratamento só com você, tem que ser com pessoas que você tenha muita sabedoria e conhecimento daquilo, que pra mim foi muito profundo assim, para mim foi uma cura muito grande, acho que ThetaHealing também que hoje você trabalha no Theta assim, eu acho que também é uma coisa muito profunda, eu to sempre conhecendo outros tipos de cura assim alternativas, teve agora constelação com cavalos que não fiz esse fim de semana em Floripa mas achei muito interessante essa constelação com cavalos então são tantos tipos de cura que a gente tem acesso mas Ayahuasca eu acho que seria um bom caminho assim, as pessoas tem medo de tomar Ayahuasca, eu também tinha, a gente tem medo sabe porque? A gente não quer sair do controle, e o Sapito que é o Bufo Alvarius foi uma grande lição para mim porque que a gente tem tanto medo? Qual que é a fonte do nosso sofrimento? É o controle que a gente quer ter de tudo, o ego querendo controlar tudo e é uma ilusão porque a gente não tem controle de nada né então assim, a gente pode até achar que a gente tá comprando alguma coisa mas no fim a gente não tá controlando nada então a gente tem um limite de controle ali e acho que quando eu entendi isso foi uma cura para mim, até escrevi isso agora pra Revista dos Vegetarianos, que eu encerro a revista sempre com um texto e falei sobre isso, o descontrole, o descontroladamente né, descontrole da mente né então tira o controle da sua mente porque é isso que te faz sofrer. Quando eu entendi isso vou te falar que foi 99% assim de tirar uma carga de mim absurda, “Eu vou fazer o melhor possível mas eu não tenho o controle de tudo”, aliás “Eu não tenho o controle de quase nada” ne, isso me tira a ansiedade, me tira um peso enorme, uma cobrança enorme que eu tô sempre assim me sentindo culpada por tudo de ruim que acontece no mundo, a fome na África é minha culpa então tô tentando o que eu posso fazer, isso traz um peso muito grande né então cara isso tirou de mim assim um peso enorme, uma cobrança enorme e um sofrimento né que você não precisa ter.

Henrique de Moraes – Os estóicos falavam muito sobre isso né, Epicteto acho que falava que parte você pode controlar, parte não então assim, foca no que você consegue né e tipo deixa para lá o resto, esquece porque assim só vai trazer de fato preocupação, sofrimento, uma cobrança e não faz sentido né

Alana Rox – Não tem solução, solucionado está né, vai, segue e às vezes as coisas que dão errado, eu não vejo mas nada errado, eu acho que o que são as dores que eu acho que a gente tem além de físicas, emocionais, o que são as dores? É como se tivesse que traçar, porque quando as coisas dão certo para acontecer, quando você tá no seu caminho as coisas fluem, as coisas vão fáceis né, se fica empacando, se fica te gerando seja na tua saúde te dando dor, seja no teu emocional, seja no tem campo profissional, se tá gerando algum tipo de dor é a vida te dando uns tapinhas pra falar “Filha você tá saindo do caminho, é pra cá que você tem que ir”, dá um tapa pra você vir pra cá entendeu, então se tá gerando dor, tá gerando angústia, repense porque não té isso que é pra você fazer e como é que eu sei se eu tô no caminho certo? Quando eu nem penso, nem paro para pensar, eu vou fazendo e as coisas vão fluindo, vão acontecendo então tudo na minha vida foi assim, quando eu vi tinha feito. Se me gerou ansiedade, me tirou o sono, me gerou angústia, não é aí e quando eu insisti porque a gente paga pra ver né, a gente vai lá e não deu certo mas é óbvio que se não deu certo também foi certo porque só atrasou um pouquinho porque às vezes a gente pega um atalho, dá errado e a gente volta pro que sempre deveria ter sido.

Henrique de Moraes – Perfeito. E você é uma pessoa popular, eu diria, deve receber muitos convites pra muitas coisas, no que que você ficou melhor em dizer não nos últimos tempos?

Alana Rox – Eu aprendi a dizer não tá, isso também não nasci, fui aprendendo, eu me cobrava demais e eu tinha dentro desta missão minha de falar “Não, onde me chamarem pra falar eu vou, onde for pra dar palestra eu vou porque quanto mais eu falo melhor né”, de novo eu vou falar, quando me gera angústias, que me geram desconforto eu sei que eu tenho que dizer não então porque às vezes aparecem assim até coisas de consultoria para restaurante, com cardápio, coisas simples eu falo “Não tá me gerando um tesão de fazer”, eu falo que é o sinal, é minha intuição dizendo “Não faz” então eu vou dizer “Nossa eu amaria fazer, acho a proposta sensacional, que bonito esse projeto, maravilhoso mas neste momento a minha agenda tá muito apertada, eu não vou conseguir me dedicar como você merece o seu projeto neste momento então prefiro não fazer e a gente pensa mais para frente em uma outra oportunidade” então é assim porque se eu sei que vai me gerar uma dor, se eu vou me cobrar demais, se vai me gerar um prejuízo emocional não tem porque eu dizer que sim, mas isso eu aprendi depois né, a gente aprende né

Henrique de Moraes – Sim, acho que é uma das lições mais difíceis né porque ainda mais no seu caso por exemplo onde você tá ali causando um impacto, impacto que você gostaria de estar causando, as pessoas estão te chamando para te ajudar a espalhar isso e cara só que se você também não escolhe muito bem onde você vai alocar seu tempo, aí você começa a viver a agenda dos outros e não a sua também né, e isso causa impacto

Alana Rox – É, e você tem que estar bem né pra fazer isso, eu entendi também que eu tenho que estar muito bem assim, eu tenho que estar com energia boa, tenho que estar com minha mente em paz, meu coração em paz porque eu também poder conectar pessoas com minha palavra, meu sentimento e com a mensagem senão não vou despertar ninguém, não que a gente desperte alguém, a gente só mostra o caminho mas então também não vou gerar o impacto bom então eu tenho que estar bem então dizer não hoje é, isso me gerava culpa, me gerava culpa “Ah tô dizendo não, tô dizendo não mas esse não é importante neste momento né”

Henrique de Moraes – Você tem assim, pode listar três livros que tenham impactado muito sua vida?

Alana Rox – “Autobiografia de um Iogue”, do Yogananda

Henrique de Moraes – Tá na fila

Alana Rox – Maravilhoso, é livro de cabeceira assim porque é um aprendizado de amor, de consciência, pra mim é disparado esse. Um livro que na questão nutricional vou dizer que me inspirou muito assim é um livro que eu li em inglês, não tinha em português, era do Michael Greger que é um médico que eu sou muito fã, ele tem um site chamado nutritionfacts.org, uma ONG e ele dá muitas palestras incríveis, tem no YouTube e ele escreveu um livro “How Not to Die”, “Como não morrer”, em português acho que se chama “Comer para não morrer”, muito bom, muito inspirador nessa questão da alimentação, nessa questão da nutrição, desconstrói vários mitos, é um livro muito bom do Michael Greger. Um livro recente que eu acabei de ler que foi muito inspirador pra mim assim, “A Coragem de Ser Imperfeito”, abrir mão do controle, desconstruir o ego que quer controlar absolutamente tudo, a Brené Brown é maravilhosa, ia falar do livro de São Francisco de Assis mas vou falar desse aqui que foi o que mais li, li recentemente, “Como Aceitar a Própria Vulnerabilidade, Vencer a Vergonha e Ousar Ser Quem Você É”, isso traz uma paz enorme, então “A Coragem de Ser Imperfeito”.

Henrique de Moraes – Boa, excelente. E pra você o que é ser bem-sucedido?

Alana Rox – Cara pra mim ser bem sucedido não tem nada a ver com dinheiro, começa aí né então não tem nada a ver com você ser bem sucedido financeiramente ou materialmente falando porque quanto mais dinheiro eu ganho e eu não ganho tanto dinheiro como as pessoas imaginam porque eu foco muito nas questões, parte do que eu ganho eu doo, nem falo muito sobre isso mas quanto mais coisas eu ganho menos coisas eu quero ter, quero minha mochila mais leve, quero minha mochila leve assim, leve, leve e acho que ser bem sucedido é você saber o porquê que você nasceu assim, pra quê que você nasceu, qual seu propósito, você saber o seu propósito nesse panela e seu propósito às vezes não é nada, às vezes seu propósito é ser feliz com sua a sua família, você ter uma família né, seu propósito não é ter uma missão e cruzar o mundo falando a palavra, não é, o que é o teu propósito, mas você saber o que é te traz uma paz tamanha, preenche o teu peito e te dá uma paz no teu coração e te dá uma garra de fazer o que você tem que fazer, acho que ser bem sucedido é isso, você saber a tua missão nesse planeta porque se você tá aqui nesse planeta, alguma coisa você veio fazer, e o que que é que você veio fazer? Seja curar alguma coisa, seja plantar alguma coisa porque o ser humano parece que tá aqui e só constrói, polui, não traz nada de bom pra cá, o que a gente tá fazendo de bom? Então assim, é fazer algo de bom pro planeta, deixar um legado positivo depois que você for embora porque é a única certeza que a gente tem é que a gente vai embora, é a impermanência a única certeza que a gente então acho que ser bem sucedida para mim, eu ser bem sucedida é eu saber muito claro meu o meu propósito.

Henrique de Moraes – Perfeito. Teve uma resposta que deram aqui uma vez que conecta muito com o que você falou e sempre quando alguém traz uma resposta parecida eu falo porque acho que acrescente pras pessoas, e foi da Nara Iachan, ela é fundadora da Cuponeria junto com o marido dela, o Thiago e ela deu uma resposta que resumiu basicamente tudo que você falou, que ser bem-sucedido é se orgulhar da sua própria história.

Alana Rox – Muito bom

Henrique de Moraes – Cara e eu acho essa frase tão forte porque é isso, não interessa em que lugar, não tem uma esfera tipo trabalho ou se não é, você pode ser bem sucedido só porque você resolveu se dedicar à sua esposa, sua filha, a qualquer coisa sabe então se você olha para trás e se orgulha das decisões que você tomou né, não vai se orgulhar de todas mas se você olha para sua trajetória no final ali e fez sentido eu acho que é muito, de fato isso e é legal, eu gosto dessa frase porque ela faz a gente se questionar as decisões né então eu o tempo inteiro agora falo assim “Cara tá, mas lá na frente eu vou me orgulhar de ter tomado essa decisão?”, lógico que nem sempre a gente vai ter resposta mas assim pelo menos é um guia né então faz total sentido.

Alana Rox – É isso, eu acho que, eu li uma frase essa semana, até postei essa frase que é “Seja grata ao seu passado” né porque foi ele que te trouxe até aqui e essa frase também faz todo sentido porque você se orgulhar do seu passado né, por pior que ele tenha sido mas foi ele que te trouxe até aqui e se você tem orgulho de quem você é hoje então se você é bem sucedido é porque você tem orgulho de quem você é hoje, é isso.

Henrique de Moraes – Perfeito, boa. E última pergunta de hoje pra você, se você pudesse falar com a Alana lá de 15 anos atrás, quando que você se mudou que você falou, pra São Paulo?

Alana Rox – Vai fazer 16 anos agora

Henrique de Moraes – Tá bom, tá no ponto certo ali, se pudesse voltar e falar com a Alana de 15 anos atrás , no que você diria pra ela ter mais calma, pra ir tipo assim mais leve?

Alana Rox – Olha eu ia falar “Confia, confia, para de controlar tudo que você quer controlar, confia, faz o melhor possível que vai ficar tudo bem”

Henrique de Moraes – Boa, maravilha. Alana onde você prefere que as pessoas te encontrem? Acho que essa é a melhor perguntar né porque assim, você tem vários lugares, onde você prefere?

Alana Rox – No Purana, vem aqui em casa. No instagram que é @alana_rox, acho que você vai botar aí provavelmente né mas eu posso ser encontrada em todas as livrarias com meus livros “Diário de uma vegana” e “Diário de uma vegana 2”, todas as livrarias e grandes lojas do Brasil, Magalu, Amazon, Submarino, Americanas, Extra, botar no Google e acha meus livros. Acho que mais no Instagram mesmo. Conheçam o Purana aqui em Pinheiros que reabriu graças a Deus agora mas tem delivery pela cidade inteira em São Paulo, é isso.

Henrique de Moraes – Show, maravilha, quando eu for em São Paulo^, porque eu tô em Lisboa, vai demorar um pouquinho por causa dessa pandemia mas assim que eu for eu te mando uma mensagem, “Tô indo hein” e depois mando avaliação no TripAdvisor

Alana Rox – Tô louca pra ir pra Lisboa, ia ano passado aí não rolou porque nada rolou ano passado e quem sabe esse ano mas acho que esse ano não vai rolar então quem sabe ano que vem

Henrique de Moraes – Tá me manda uma mensagem, eu não tenho nenhum restaurante mas te levo em outros.

Alana Rox – Tem uns maravilhosos aí em Lisboa

Henrique de Moraes – Aqui tem muitos, a gente pede muita coisa vegana em casa porque como minha esposa é vegetariana, a gente acaba indo pro extremo né e é mais fácil porque a gente pede alguma coisa e vale pros dois comerem, é muito bom mesmo. Bom, obrigadaço Alana pelo seu tempo, obrigado por todas as respostas maravilhosas, obrigado pela sua participação, obrigado por tudo que você tem feito né, pelo impacto que você tem causado Alana Rox – Obrigada também pelo convite, amei participar, um beijo querido, beijo grande.

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