ao longo de mais de cinco edições nacionais e várias regionais à frente da Campus Party, Tonico Novaes presenciou como poucos o impacto da tecnologia em diversos setores, como educação, mercado de trabalho, negócios, relações entre as comunidades e os governos, infraestrutura das cidades, entre outros aspectos. no bate-papo, falamos sobre a Pandemia e como ele enxerga as mudanças que estavam esboçadas antes, o impacto que elas tiveram no mercado e ainda como ele vê o papel da tecnologia na reconstrução das relações entre pessoas e empresas, pessoas e governos e marcas e sociedade.

  • sócio licenciado (a partir de 2020) e CEO da Campus Party Brasil desde 2015;
  • sócio licenciado da Campus Party Portugal desde 2020;
  • sócio em ambas operações da Gouvêa Ecosystem;
  • CEO da Gouvêa Experience (Campus Party, Latam Retail Show e Comunidade Gouvêa na NRF).
LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Flavia Ceccato
  • Angelo Leuzzi
  • Luiz Eurico Klotz
  • Celio Fernandes
  • Bazinho Ferraz
  • Tito Passos
  • Rey Castro
  • Juliano Lissoni
  • Paco Ragageles
  • Francesco Farruggia
  • Marcos Gouvêa de Souza
  • Mara Gabrilli
  • Tutinha
  • Byung-Chul Han
  • Travis Scott
  • Dado Schneider
  • Mick Jagger
  • Pabllo Vittar
  • Anitta
  • Ivan Martinho
  • Napoleon Hill
  • Andrew Carnegie
  • Henry Ford
  • Jorge Paulo Lemann
  • Marcel Herrmann Telles
  • Carlos Alberto Sicupira
  • Mariana Ribeiro
  • Claudio da Rocha Miranda 
  • J. Hawilla
  • Wanessa Camargo
  • Erick Morillo

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Henrique de Moraes – Fala pessoal, sejam muito bem-vindos a mais um episódio do calma!, estou aqui feliz demais com um convidado super especial que acabou de sair do olho do furacão mas como ele falou aqui antes da gente começar a gravar, quem é CEO tá sempre no olho do furacão e é verdade, eu tô aqui para confirmar e olha que minha empresa é pequena, o que ele tem que comandar é gigante e ainda é um evento cara, que eu não faço ideia de como comandar um negócio desse, tô aqui com Tonico Novaes, seja bem vindo Tonico

Tonico Novaes – Obrigado Henrique, obrigado pelo carinho e pelo convite aqui e com muita calma vou explicar aí a trajetória de vida aí e como que eu cheguei até aqui, sempre ou quase sempre tentando manter a calma

Henrique de Moraes – Boa, importante né embora às vezes ela fuja, não tem jeito. Bom vamos lá, você acabou de participar aí né, foi semana passada a última edição?

Tonico Novaes – 11 à 15 de Novembro

Henrique de Moraes – 11 à 15 de Novembro, então assim, semana passada pra hoje que a gente está gravando 18 de novembro tá, quando for ao ar vai ter passado algumas semanas mas tudo bem. E como que foi assim, como que foram os números, o que deu certo, o que não deu, vamos começar trazendo um pouco da experiência que tá fresquinha aí na sua cabeça.

Tonico Novaes – Henrique, eu trabalhei durante quase cinco anos como executivo de uma empresa que representava a Campus Party no Brasil né e fui praticamente o CEO né, o diretor-geral da empresa. Agora eu tô voltando também como CEO né pra empresa e como sócio também da marca no Brasil né e pela primeira vez me bateu uma coisa muito diferente, mas muito diferente mesmo sabe, não foi como, parecia que tinha sido o primeiro evento. Para começar o time começou a montar no sábado anterior né no pavilhão e eu fui passar lá na terça para ver como é que tava né até porque o time de produção né, alguns, o meu time de escritório só tenho três pessoas que eram do meu time antigo, o resto é tudo novo né então eu fui passar lá na terça-feira para ver como estava e quando eu encontrei o pessoal da Internet, o pessoal da limpeza, pessoal da segurança, a gente começou a se abraçar porque a gente não se via há dois anos, cara eu caí no choro, caí assim em lágrimas e foi uma emoção que até agora assim de te contar eu tô arrepiado de lembrar sabe. E aí quando eu subi no palco de novo para abrir o evento e chamar os nossos convidados, que teriam momentos de fala também foi o momento que travou minha voz né e aí cara eu não conseguia falar direito, eu tinha que respirar, manter a calma de fato porque pô foi um momento mágico assim e muito resiliente, muita gente era contra essa edição e eu lembro que fui para uma reunião no Palácio do Governo há uns 90 dias atrás praticamente e que tava tendo, na verdade não era uma reunião era quase uma assembleia de condomínio, que sai faísca para tudo quanto é lado, e aí tinham vários produtores, não vou citar nomes aqui por uma questão óbvia mas produtores de outros eventos falando “Ah não, eu só quero voltar se eu puder fazer para 200 mil pessoas e o governo têm que liberar”, eu falei “Pessoal, esqueçam o evento da forma como vocês conhecem pelo menos em 2021, esqueçam, a gente vai ter que repensar como que a gente volta para o presencial e como a gente faz algo diferente” e de fato a gente fez um evento agora para 3.000 pessoas divididas em três dias, sem uma área open onde a gente recebe mais de 100 mil pessoas normalmente onde você olhava dava a impressão de que o evento tava vazio né porque você tinha que incentivar o distanciamento social, você tinha que incentivar que as pessoas né, obviamente que chegou Novembro né e daí algumas autoridades falaram pra gente “Agora já liberou, vocês podem trazer mais quantas pessoas vocês quiserem”, eu falei “Gente eu trabalhei até agora para planejar para esse formato de evento, não dá agora para eu dar uma assoviada e aí ‘Ei pessoal, outras dez mil pessoas, pode vir também’ não é assim em 10 dias que funciona” então a gente se preparou para esse evento e de fato foi diferente, foi estranho porque dava em alguns momentos, às vezes o palco ficava cheio mas as bancadas vazias, o pessoal bem espalhado, a gente se preocupou muito nessa questão de distanciamento social mas a gente teve no evento 700 pessoas acampando, normalmente a gente tem 7.000 né então assim, foi diferente mas foi um diferente que a gente não queria fazer algo igual a gente sempre, o que a gente queria era primeiro, ser vanguardista no retorno, mostrar que é possível fazer um retorno consciente, seguro, sem expor ninguém ao risco, terceiro, já fazer uma chamada com nossa comunidade e trazê-los pra perto, “Olha pessoal, vamos lançar o nosso calendário 2022 juntos?” e aí sim lançar nosso calendário 2022 que a gente lançou, então agora a gente tem Campus Party Brasil em fevereiro em São Paulo, Campus Party Brasília em março, Campus Party Goiânia em junho e Campus Party Pernambuco em Recife em setembro. Pô são quatro edições, estamos com o calendário super recheado e felizes que agora a gente vai poder trabalhar porque evento digital é chato pra cacete, é muito chato cara, eu fiz 3 durante a pandemia e posso dizer que é chato entendeu, no final o evento digital ele é quase que uma oferta abundante de streaming em que você não tem engajamento, experiência, embora digam que experiência é única para cada um mas é muito difícil.

Henrique de Moraes – Sim, acho que também vem de dois anos aí quase em que as pessoas também estão saturadas né do digital como um todo, trabalhando remotamente, se vendo assim o tempo inteiro né e esse acúmulo de energia talvez esteja precisando extravazar de alguma forma eu o evento presencial ajuda nisso, sempre ajudou, agora eu acho que principalmente deve fazer uma diferença enorme, eu tô com muita vontade, teve agora o Web Summit aqui e eu não fui porque enfim, por causa de grana, muito caro e foi meio em cima também para organizar mas assim, só de ver as pessoas na cidade andando, parando nos lugares, a cidade cheia, os eventos acontecendo já dá uma vida, já dá uma energia assim diferente para a gente, eu nem tava participando e senti isso acontecendo então imagino pra quem tá participando do evento, é de fato único né. Bom vamos lá, eu queria trazer aqui um pouco, voltar um pouco então na sua trajetória porque fazendo a pesquisa aqui para o episódio eu peguei alguns fragmentos de algumas coisas que você fez aí e eu fiquei bem curioso a respeito de especificamente algumas experiências que você teve enfim, os aprendizados que você tirou e eu queria pedir para quem ainda não conhece sua trajetória, para você contar um pouco, de repente fazer uma timeline resumida aí do início da sua carreira até agora e aí depois a gente vai pegando os detalhes de algumas coisas específicas e vai destrinchar um pouco melhor, pode ser?

Tonico Novaes – Claro, claro. Bom, tudo começou num ano que foi um ano muito difícil para toda minha família né, um ano onde no mesmo ano faleceu meu avô e a minha tia irmã do meu pai, ambos vítimas de câncer e foi até um ano que eu decidi parar de fumar né porque os dois, um câncer na laringe e outro câncer no pulmão eu falei “Opa tem alguma coisa de errado com a minha família que eu preciso parar porque o DNA aqui não aceita isso” mas aí nós tínhamos na época um sítio em Cotia que é um antigo convento e o sítio né, paredes de taipa grossa, 8 quartos né, a maioria dos quartos tudo sem banheiro né porque no passado os banheiros eram fora do quarto né mas era um sítio que tem de fato uma energia muito legal, e aí meu pai na época falou assim “A família inteira não quer ir pro sítio” e eu lá com meus 18 anos, 19 anos meu pai falou “Pô pega o sítio e tenta alugar para eventos, tenta tirar uma grana para você e você também cobra uma grana para administrar essa locação e você paga um dinheiro para sua família” e poxa eu achei super interessante a ideia, tentei alugar para algumas pessoas que faziam na época festas rave né e o pessoal não me fez propostas muito justas sobre o valor e aí eu tinha um amigo na época que frequentava as festas comigo e ele falou para mim “Tonico, vamos criar a nossa? Eu tenho uma ideia de fazer uma coisa tipo space, que remeta à extraterrestres, outros planetas” e eu falei “Pô tudo a ver, vamos fazer” e aí a gente criou a Space Entretendomentes que era a nossa rave e fizemos raves ali de 97, 98 até 2001, 2002. Nesse meio tempo eu era o cara que eles chamavam na época de RP né então eu era o cara da promoção, eu era o cara que trazia o patrocínio e eu era o cara que tinha um sítio né então a gente fazia as festas e as festas ficaram muito conhecidas na época porque a gente fez uma estratégia que eram as festas privates, então a gente distribuia nas baladas um flyer impresso né e era impresso na impressora de casa, era bem mambembe mesmo né, eu tenho esses flyers até hoje, é muito engraçado porque tem lá “homem 10, mulher 5 reais” né, super legal só que a gente distribuia isso na balada e as pessoas só podiam entrar quem tinha o flyer de fato, então só podia pagar se tivesse o flyer então criava-se um frisson, uma questão de a galera querer ir, um desejo, e aí a gente conseguiu ter a melhor ou a marca mais desejada de private raves de São Paulo na época, todo mundo queria ir porque o lugar de fato era mágico, tinha uma energia diferente, uma alameda de pinheiros com uma cruz no final que a gente colocava um raio laser batendo nos pinheiros e na cruz, eram umas coisas assim bem interessantes e malucas. E aí nesse meio tempo fui conhecendo, fui trabalhar, fui promover uma noite no Lov.e clube em São Paulo que era o clube da Flavia Ceccato e do meu amigo já falecido Angelo Leuzzi, depois fui trabalhar na U-Turn com o Luiz Eurico. E quando eu tava lá com ele fazendo uma noite por semana, um dia eu pedi demissão e falei que queria ir embora, “Ah Luiz não quero ficar trabalhando uma noite toda semana, é muito desgastante isso” e ele falou “Pô fica aí, aguenta mais uns dois meses que eu tô fechando um festival de música eletrônica e você vai vir comigo para você fazer a promoção, você vai cuidar da promoção desse festival de música eletrônica e a gente vai tocar junto”. E aí um dia ele me chamou e falou assim “Cara, vendi a marca do festival de música eletrônica e você vai tocar comigo, esse festival vai se chamar “Skol Beats” e é junto com a Ambev e eu falei “Poxa que demais, vambora” e aí eu fiz o Skol Beats 1, 2 e 3 com ele de fato né, acho que eu fui até o quarto, não lembro agora direito mas assim, o primeiro ele fez parceria com a Joker que era do Célio Fernandes e aí no segundo ele já fez a parceria com o Bazinho Ferraz e aí o Bazinho da BFerraz que começou a promover os Skol Beats e eu fazia a parte de promoção para ele e aí eu comecei a ser muito procurado, quando eu decidi abrir uma empresa de marketing promocional para atender essas baladas né, que depois eu comecei a atender baladas para fazer esse marketing promocional, depois eu me juntei com dois amigos né, um saindo da Lew’Lara na época e o outro voltando dos Estados Unidos depois de ter trabalhado 2 anos no mercado financeiro em Nova York, voltando para o Brasil querendo fazer algo diferente e a gente abriu a nossa agência de marketing promocional que se chamava MP4. Ficamos com essa agência durante dois anos e depois de dois anos e tendo idade suficiente para achar que sabia de tudo na vida quebramos, quebrei pela primeira vez. Foi aí a minha primeira boa faculdade da vida, quando eu quebrei pela primeira vez né. Acho que não foi a primeira vez que eu quebrei, foi quase a segunda né porque a primeira festa rave que eu fiz deu um prejuízo gigante mas eu continuei fazendo festas para bancar esse prejuízo e aí eu recuperei, então quando eu quebrei, com dor no coração um dos meus sócios resolveu se separar, a gente se separou e cada um pagou uma parte da dívida e a gente se separou e aí eu fui seguir um pouco de carreira executiva, trabalhei um tempo na Fispal, que era uma feira de alimentos né que um amigo meu era o dono na época, ele me deu um cargo lá, depois eu saí da Fispal e fui trabalhar numa empresa que fazia projetos em 3D, fiquei um ano lá e depois eu fui pro Q!Bazar, o Q!Bazar que eu tive um dos chefes que eu mais aprendi na vida, o também já falecido Tito Passos que era um cara sensacional, um cara muito bom, empreendedor comercial e eu aprendi muito com ele. Lá no Q!Bazar eu fiquei dois anos e depois disso eu fui chamado para ir para uma agência né e era meu sonho ir para uma agência, uma grande agência de marketing promocional, era uma agência que tinha sei lá 150 funcionários, isso em 2006, 2007 e era meu grande sonho, eu fiquei lá um ano e pouco mas quando eu já bati três meses eu já caí em arrependimento profundo e falei “O que que eu faço aqui?” e eu tava assim, sem tesão nenhum de trabalhar e decidido que essa seria minha última experiência em agência, mas eu não queria sair com pouco tempo de agência, por ter ficado três meses mesmo estando desgosto, eu falei “Eu vou aguentar um pouco aqui, pelo menos um ano só pra que no meu currículo não fique uma coisa tão pequena né” e também eu não desisto em tão pouco tempo. Então fiquei um ano, um ano e pouco quando de repente veio uma proposta para eu voltar para o mundo da música eletrônica, veio uma proposta do Grupo Sirena para eu ser 0 gerente comercial lá e aí eu pô, não pensei duas vezes e me mandei, fui para o Grupo Sirena. O Grupo Sirena na época tinha a Casa Sirena em Maresias, tinha as casas Pacha em São Paulo e Florianópolis, tinha a Casa Pizza em São Paulo, tinha um club em Maresias também chamado Morocco e tava abrindo uma Pacha em Búzios, e aí eles tinham uma inHouse lá dentro que chamava Indústria de Entretenimento, e aí eu fiquei nessa inHouse, no primeiro ano eu performei que nem louco, pô eu vendi pra cacete lá porque naquela época pouco existia a mídia social, era o Orkut ali crescendo mas assim, não tinha muito essa cultura da divulgação em mídia social, então as empresas colocavam muito dinheiro no presencial e aí eu tendo Pacha, Sirena, Casa Pizza, Morocco, tirando os jogos universitários, as empresas que quisessem falar com o jovem de 18 anos de alto poder aquisitivo tinha que falar comigo né então assim, eu vendi para caramba, eu vendi tanto que em um ano e meio de empresa os cara me chamaram para ser sócio lá e aí me colocaram como o head dessa inHouse que eles tinham que era em busca de entretenimento. Foi um período interessante e importante para mim, eu aceitei né ser sócio mas quando passou seis meses que eu já tava de sócio, e eram vários sócios, cada casa tinha uma combinação diferente de sócios, putz os sócios se pegaram roubando lá entre eles e assim, e aí se separou e tá um acusando o outro ali, separou geral e aí a Indústria de Entretenimento fez um spinoff, ela foi para o mercado né e quando ela foi para o mercado tinham algumas possibilidades, entre elas tinha pegar a representação da marca Creamfields que era um festival de música eletrônica em Londres e tinha pegar a representação da marca Pacha como master franquia no Brasil. E aí a gente quando fez esse spinoff, eles de fato me chamaram pra ter uma participação maior dentro da indústria entretenimento, dois sócios que estavam saindo e iam ficar com a Indústria de Entretenimento me chamaram para curtir com eles essa jornada e falei assim “Olha eu topo mas assim, hoje vocês não tem nada”, “Ah não mas a gente tá indo para Londres para conversar com o pessoal do Creamfields e depois a gente vai para a Espanha para conversar com a Pacha”, eu falei “Bom, legal deixa eu ver o business plan” e eles falaram “Que business plan? A gente não tem business plan” e aí eu falei “Bom deixa eu ajudar vocês a montar o business plan e eu vou com vocês”, aí eu ajudei eles a montar o business plan, fomos para Londres, tivemos uma ótima reunião com o Creamfields, fomos para a Espanha e tivemos uma ótima reunião com a Pacha e a nossa ideia era dar duas tacadas para pegar uma né e aí Deus foi muito bom com a gente e a gente acabou pegando as duas né, os dois aceitaram fechar com a gente e a gente abriu a Indústria de Entretenimento spinoff né, desconectada das casa, a única exigência que a Espanha fez pra gente na época é que nós saíssemos da operação dos clubes Pacha para que a gente pudesse ser o franqueador no Brasil, representante da marca no Brasil. E aí a gente começou também a explorar sociedade em bares, então eles já tinham alguns bares, eu fui entrando através da Indústria de Entretenimento na sociedade então era o Rey Castro, o The Sailor na Faria Lima, o Jet Lag e tal, e aí foi que eu tive minha primeira, uma das primeiras lições de vida sobre bares que aprendi que bar são duas felicidades né, uma quando inaugura e outra quando você vende a sua participação, é problema para cacete e principalmente trabalhista, é pouco dinheiro e muita diversão, então gera negócios, gera negócios também com um bar, você convidando clientes de tudo, gera negócio mas aí a gente ficou na indústria praticamente de 2009, 2010 até 2015/16 né, em 2013 nós quebramos de novo tá, foi a minha segunda ou terceira grande faculdade da vida quando nós quebramos pela terceira vez mas aí o legal dessa parte é que eu fiquei na empresa né, a gente reestruturou a empresa e aí na hora que voltou a respirar e andar com as próprias pernas eu chamei meus sócios e falei “Agora que a gente deu uma recuperada eu quero sair” e aí os caras falaram assim “Como assim quer sair, você tá louco?” e aí eu falei “Bom quero sair, não quero mais ser sócio de vocês”, eles até na época falaram “Você vai para a concorrência”, eu falei “Cara eu nesse momento vou ver Sessão da Tarde em casa, não vou pra concorrência nenhuma, eu quero fazer nada, não pensar em nada, vou para minha casa, vou repensar o que eu vou fazer no futuro”. E aí eu saí né, fui fazer um pouco de carreira solo, entrei em eventos pequenos como sócio né mas tocando um modelo de vida muito parecido com que a gente tá tocando hoje na pandemia, home office, em casa fazendo home office, tocando três eventos que eu peguei para tocar, um era o The Look of The Year, que era um concurso de modelos onde eu fiz uma sociedade com a JOY que é uma agência de modelos e ela tinha o concurso parado, engavetado então a gente combinou que eu teria 50% do concurso, do resultado operacional que pudesse dar nos primeiros três anos sem ser sócio da marca e eu topei, o outro tinha um evento que era o Rio Music Conference, que era uma conferência de música eletrônica no Rio, trazer a edição de São Paulo e movimentar a edição de São Paulo e eu topei, e o terceiro evento que acabou não saindo do papel que era um evento mundial de poker para trazer pro Brasil. Mas quando eu tava no meio dessa jornada né, e aí eu tocando com home office, eu tenho uns amigos, eu fui fazer uma viagem para a Europa de 60 dias né com uns amigos, a gente foi para jogar bola e foi com 30 casais mais 20 solteiros então imagina a bagunça, a gente passou em vários países da Europa por algum tempo, a gente jogou bola na Holanda, na Itália e na Alemanha e aí a gente foi para outros países também, fui pra Bélgica, fui pra Portugal, fui pra Espanha, foram 60 dias e quando eu tava  lá na Europa, o Juliano Lissoni que na época era, antes quando eu conheci ele ele era o presidente da RBS né, ou o diretor de eventos da RBS e na época que a gente estava com o Creamfields na Indústria de Entretenimento, a RBS lançou uma agência de eventos chamada GEO em parceria com a Globo, que depois não deu certo e eles fecharam essa empresa mas a GEO tava comprando no mercado várias empresas e eles negociaram com a gente né para comprar a Indústria de Entretenimento, acabou não dando certo né e acabou não dando certo muito por conta dos meus sócios mas o Juliano pegou uma amizade comigo e a gente manteve contato e falou “Não deu certo dessa vez mas vamos pensar o que poderia ser diferente”, e o Juliano era o presidente do MCI no Brasil e aí o Juliano me falou “Pô Tonico, o diretor-geral da Campus Party aqui no Brasil pediu demissão, o cara tá com uns problemas pessoais aí, deu um Burnout nele e eu preciso que você assuma”, eu falei “Pô Juliano, tô na Europa e volto daqui a 30 dias, não tem como agora, não dá”, ele falou “Cara, 30 dias eu seguro a onda, quando você voltar você me liga? Que dia você volta?”, falei “Volto dia tal”, “Tá bom, vamos falar quando você voltar”, e eu desencanei, continuei minha viagem na Europa, quando eu pisei no Brasil, eu lembro até hoje, tava no aeroporto ele me ligou “Chegou?”, eu falei “Caraca você tá contando os dias mesmo né” daí ele falou “Cara chegou?”, eu falei “Tô no aeroporto”, ele falou “Pega um táxi e vem pra cá, vamos conversar”, daí eu falei “Cara deixa eu ir pra casa”, “Não, vem pra cá!”. Bom o cara me ligou, eu falei pra minha esposa “Olha vai você pra casa, vou lá ver o que esse maluco quer né” e aí eu fui no escritório dele, eu lembro que ele falou assim “Cara o negócio é o seguinte, tô com uma bucha, preciso que alguém assuma a Campus Party e eu preciso de alguém que tenha um espírito como o seu que é resiliente, empreendedor e eu preciso que você assuma” e eu falei “Tá eu assumo, desde que você me responda uma pergunta”, daí ele falou “O que?”, eu falei “Que porra é Campus Party?”, daí ele cagou de rir também, falou assim “Tonico como assim você não conhece?”, ele começou a me explicar e eu falei “Ah, eu fui na primeira edição, foi lá na Bienal, no Ibirapuera eu lembro disso,que legal, nem sabia como tava o evento e tal” e aí ele me contou um pouco e tal, eu falei “Tá bom, deixa eu ir para casa pensar um pouco e te volto com algumas perguntas”. Aí a gente teve umas duas ou três semanas de negociação né porque eu voltar, o Juliano é negociante também, eu cheguei para ele, lembro que cheguei e falei “Juliano eu tenho aqui várias perguntas para você”, ele falou “Cara preciso que você vá rápido porque eu só tenho 15 minutos”, falei “Sério?”, fechei minhas coisas e falei “Então eu volto quando você tiver pelo menos 1 hora para mim, 15 minutos não vai resolver”, ele falou “Não, pera aí, fica aí que vou desmarcar meus compromissos”, aí desmarcou, eu tinha três páginas de perguntas e tal e aí a gente foi se alinhando e aí eu entrei na Campus Party. Eu entrei na Campus Party e pouco conhecia do projeto, aí o projeto tinha uma deficiência muito grande porque o Paco que é o criador do Campus Party, ele sempre teve uma ligação muito grande com a comunidade e aí quando ele pivotou o modelo de negócio dele, ele decidiu franquear o negócio dele e aí ele saiu, ele deixou de vir para o Brasil, deixou de atender as comunidades como ele atendia antes e aí ficou uma lacuna precisando de alguém para assumir essa questão com a comunidade e aí eu comecei a me fantasiar para as aberturas da Campus Party, me fantasiava de alguns personagens geek como Harry Potter, Anakin, Bumblebee, R2-D2 e aí a comunidade foi pegando uma identificação comigo e por ser da organização eu comecei a responder todo mundo nas redes sociais né e aí foi pegando uma relação bacana e eu construí de fato uma ligação muito legal com a comunidade. Bom, chegou a pandemia e a empresa que eu trabalhava e representava me mandou embora, todo meu time embora e cancelou o contrato com a Campus Party né, o que a Campus Party de fora ficou muito puta, eles me ligaram “Porra, os caras…”, ao invés de me ligar e falar “Pô pintou pandemia e tudo mais, vamos renegociar o contrato” não, os caras simplesmente mandaram um advogado mandar uma notificação dizendo que tava tudo suspenso, e a relação que já não vinha lá muito boa desandou de vez né. E aí o Paco me fez um convite que era para ajudá-lo né na Campus Party Digital que ele faria em 2020, como uma espécie de um COO global né para colocar isso de pé e eu falei “Paco vamos fazer o seguinte, eu te ajudo no que você precisar porque eu tenho um carinho pela marca, eu gosto da marca mas eu não quero hoje assumir um compromisso de ser o COO global da marca, eu quero voltar a empreender, mas nós estamos em abril/maio de 2020, início de uma pandemia que eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer e eu quero pensar no que vai acontecer nos próximos meses”, foi aí que ele fez a sugestão e falou “Porque você não compra a marca em Portugal?”, Portugal tá livre e eu fale “Opa Portugal, interessante” e eu comprei a marca em Portugal, juntei com um sócio local também e fizemos a Campus Party digital em 2020, eu fiz por Portugal e o Instituto Campus Party fez aqui no Brasil, e o Instituto que detém a marca no Brasil, que detém os conteúdos né e aí em Portugal foi muito bem, foi super legal e aí entre 32 países, Portugal ficou com a quinta maior audiência em 2020. Aí o Paco me ligou…

Henrique de Moraes – Curioso, porque é pequeno né

Tonico Novaes – Pequeno mas assim, era eu que tava lá né e assim, eu acho que hoje no mundo tirando os dois sócios que ainda estão na operação da marca Global, Paco e Francesco, eu sou o que detém mais conhecimento sobre o histórico de Campus Party né, então isso me ajudou muito né em como fazer o trabalho em Portugal, eu tentei primeiro fazer as conexões com as universidades e isso nos ajudou a trazer conteúdo, divulgar o evento então eu trouxe alguns embaixadores, eu elegi 30 embaixadores em Portugal, pessoas que poderiam nos ajudar além de ser palestrantes, ajudar a divulgar, trazer outros palestrantes e você mora aí Henrique e sabe que português é um pouco desconfiado né, é um país um pouco, com todo respeito que eu tenho por Portugal, um pouco provinciano né então precisava ter essas pessoas locais e foi super legal, a estratégia deu super certo e a nossa edição foi sensacional. E aí o Paco me convidou e falou “Tonico, porque você não assume o Brasi?”, eu falei “Cara porque no Brasil buraco é mais embaixo e eu não tenho esse caixa todo para me comprometer e tal” e ele falou “Pô, tá de fato azedando com a MCI, a gente já tá negociando um distrato social, você não quer achar um parceiro local para isso?” e eu “Pô legal, vamos lá”. E aí assim, juntou um pouco da fome com a vontade de comer porque o Gouvêa me ligou, o Marcos Gouvêa e falou “Tonico fiquei sabendo que você saiu da MCI, tá fazendo alguns eventos digitais, a Gouvêa, sempre foi Gouvêa de Souza marketing distribution, se transformou na Gouvêa Ecosystem”, ecossistema de negócio, onde eles tinham 17 empresas, ou 16 empresas na época, hoje já são 19, na época quase 1 ano e pouco atrás, hoje já são 19, “E a gente tá rejuvenescendo a marca e gostaria muito de te trazer pro ecossistema, não não sei ainda em que modelo mas gostaríamos de te trazer para nos ajudar a rejuvenescer a marca”. E aí eu falei “Olha, não tenho interesse de trabalhar como executivo propriamente mas tenho interesse de ser seu sócio e já que você quer rejuvenescer a marca eu tenho uma grande ideia que é a Campus Party, a MCI tá rompendo o contrato com a holding e eu posso trazer para a Gouvêa”, e o Marcos falou “Tenho total interesse”. Eu desenvolvi um business plan, apresentei para eles, apresentei para o global, o global gostou, marcamos uma reunião entre o global e o Marcos, todos gostaram de todos e cá estamos nós nesse novo momento onde o Marcos falou “Tonico eu topo assumir desde que você fique como CEO e sócio” né e aí a gente entrou nessa jornada e aí tinha dentro de eventos da Gouvêa tinha isso e tinha a Gouvêa Experience, e aí o CEO da Gouvêa Experience saiu da Gouvêa, foi trabalhar em outra empresa e aí ficou sem um CEO que o Marcos, como presidente da holding assumiu interinamente como CEO da Gouveia e aí a gente depois de um tempo começou a conversar quando surgiu a oportunidade que ele me colocou para assumir esse conglomerado de eventos todos da Gouvêa, além da Campus Party tem uma sinergia de times, de equipe para que o mesmo time cuidasse de Campus Party e de Latam Retail Show, viagens para NRF em Nova York, as missões internacionais para China, Israel, Dubai e etc, e eventuais outros eventos proprietários que a gente pudesse trazer pra dentro do ecossistema. E aí eu aceitei, estamos ainda nesse período de transição do Marcos para mim, que vai até janeiro por conta da NRF mas hoje já trabalhando com equipe muito mais sincronizada para todos esses eventos. Eu não sei se eu resumi muito tá Henrique, acho que fui até bem longo aí em toda essa carreira, desculpa se eu me alonguei demais.

Henrique de Moraes – Que nada, tranquilo, a trajetória é sensacional, eu anotei aqui várias coisas pra gente voltar, parabéns inclusive né pelas conquistas porque estão bem recentes e eu acho que ainda tem muita coisa por vir mas vamos lá, deixa eu te fazer umas perguntas aqui que eu fiquei curioso. A primeira é em relação ao Tito Passos né, eu marquei aqui que você falou sobre ele, falou do tanto que ele te ensinou né e eu queria entender assim porque você aprendeu tanto com ele, o que ele teve de especial em relação, em comparação com outros chefes que você teve, relacionamentos de trabalho que você teve.

Tonico Novaes – Olha, se eu falar que teve uma coisa em si, era o dia a dia sabe, era o dia a dia. O Tito era um cara que ele tinha uma empresa pequena, o Q!Bazar era em empresa pequena, éramos em 12 pessoas, 10 pessoas dentro da empresa. Bem familiar né, o filho trabalhava, a filha trabalhava, a esposa trabalhava mas assim como era familiar ele tratava todo mundo como família, ele tratava, a forma de relação era bem família. Eu lembro que a gente fazia os eventos e a gente foi no Q!Bazar e acho que o primeiro grande ensinamento a gente teve junto, tanto eu quanto ele né que era a questão da acessibilidade né, a Mara Gabrilli foi no evento e fechou o nosso evento né porque a gente não tinha rampa de deficientes, e aí a gente teve que colocar em todas as lojas e o evento que ficava 40 dias abertos no Jóquei ficou três dias fechado mas assim, eu trabalhando para ele ali no Q!Bazar eu fechei muito patrocínio ali pro Q!Bazar porque eu via ali uma possibilidade, o Q!Bazar era a antiga Miami né, quando o Q!Bazar acontecia e quando eu estive lá trabalhando em 2006/2007 as pessoas não viajavam com tanta frequência pra fora do Brasil né, então o Q!Bazar era a oportunidade de comprar roupas de marca né por um baixo custo, e aí eu lembro que no Natal o Tito me chamou na casa dele, falou “Ah passa aqui, vamos fazer um brinde” e aí ele me deu, é que no podcast as pessoas não vão ver mas você tá vendo aqui essa escultura que tá aqui atrás né que é um guerreiro chinês esculpido em carvão né e ele falou “Olha eu mandei importar isso para você, eu queria te dar porque você é meu guerreiro aqui” e isso cara teve um simbolismo muito forte para mim. Só que assim, era uma estrutura pequena, a gente trabalhava para eventos, eram dois eventos por ano né e a gente trabalhava com muito prazo então assim, era uma metodologia de trabalho muito gostosa né então eu lembro de diversas vezes assim o Tito vinha me perguntar “O que você tá fazendo aí?”, “Tô fazendo a proposta pra marca X”, “Quando você tem que entregar isso?”, “Tenho que entregar para eles hoje”, “Tonico entrega amanhã vai cara, não vai mudar nada entregar hoje ou amanhã, vamos descer e tomar uma cerveja, tá calor para cacete e eu quero tomar gelada, vamos bater papo vai” e a gente descia e ficava conversando de diversas coisas do evento, em como melhorar e tal e tomando cerveja. Assim, eram pequenas coisas que ele fazia no dia a dia que de fato o credenciaram como um grande chefe. Ele tinha um sítio e ele me convidava, convidava todo mundo que trabalhava no escritório para ir para o sítio dele e quando chegava lá no sítio dele ele falava assim “Olha de segunda a sexta vocês me servem pra caralho, agora quem vai servir vocês sou eu” e ele não deixava a gente levantar, ele ficava trazendo cerveja, enchendo o copo de cerveja, fazendo churrasco, servindo todo mundo, e ele convidava todo mundo, desde a faxineira do escritório até o CFO então assim, foi um ensinamento, um cara único que eu conheci sabe e o Tutinha da Jovem Pan ele era sócio do projeto né e o Tutinha, não sei se você sabe, o Tutinha tem uma fama de louco né, de malucão né, de mandar embora nego no corredor sem motivo né e uma vez até o Tutinha falou assim “O que você tá fazendo aqui?” eu falei “Eu tô chegando de um cliente”, “Não mas então já deveria estar em outro cliente, tá demitido, fora” e eu “Porra que loucura” e fui falar com o Tito, “Tito o Tutinha me mandou embora”, “Ah manda o Tutinha se foder, quem manda aqui sou eu, você não vai embora porra nenhuma, você vai ficar aqui”, daí no dia seguinte o Tutinha “O que você tá fazendo aqui ainda?”, “O Tito mandou você se foder e falou que quem manda aqui é ele”, ele olhou pra mim e falou “O Tito é foda né? Beleza, fica aí”. Então assim, eram umas situações assim que cara, foi um aprendizado até para eu ter uma inteligência emocional mais equilibrada então assim o Tito, foram várias coisas do dia a dia que ele foi me ensinando, a negociação e tudo mais que é um cara que vai deixar saudades não só em mim mas em muita gente né.

Henrique de Moraes – Bom, não conheci mas já considero pacas porque assim, que histórias né, acho que hoje a gente tem esse momento né de vida onde tá todo mundo meio saturado, ansioso, enfim, com trabalho o tempo inteiro e aí a gente entra no que o Byung-Chul Han, o filósofo sul-coreano fala desse momento da performance né onde a gente tem que performar, a gente tem essa cobrança aí com a gente mesmo de performar o tempo inteiro você vê uma pessoa que está ali, que pega uma pessoa que trabalha para ele, que tá trabalhando, tá fazendo o trabalho e fala assim “Para, você não vai morrer se enviar isso amanhã, não vai fazer diferença nenhuma” e te tirar ali daquele momento para curtir com ele assim, é impensável né quase se você para pensar hoje em dia assim mas em compensação é isso que você falou né, a conexão que cria e que tira um pouco também até desse peso que tem de você ser chefe, de você ser a pessoa que tá acima e tudo mais e coloca vocês no mesmo patamar né e tira também um pouco do peso de tipo “Não, tem que botar isso aqui toda hora, tem que botar para frente, botar para frente, para frente” e deixa aquilo, o trabalho mais leve né e quando o trabalho é mais leve acho que é bem mais fácil de trabalhar né, me parece pelo menos.

Tonico Novaes – Tem que ter algum momento que fale “Calma!”

Henrique de Moraes – Exatamente. Boa, e sensacional também a história dele servindo a galera no sítio porque, eu fiquei quase emocionado aqui porque é uma, as pessoas hoje tem uma pretensão de tipo, um ego tão grande e se acham tanta coisa e no final das contas o meu trabalho, seu trabalho é quase que esse né a gente tem que servir as pessoas, a gente tá pra desencalacrar as coisas que estão acontecendo, tem que fazer as coisas andarem e a gente faz pelos outros, por quem tá trabalhando então assim, entender isso desde cedo imagino que tenha sido um diferencial para você né porque é isso, as pessoas, a gente tava falando um pouco antes de começar a gravar né, as pessoas acham que o CEO é o cargo mais legal, mais divertido e é o mais assim, não sei se o mais difícil, não vou falar que é o mais difícil porque enfim, muitos empregos são complexos, são difíceis mas a visão que as pessoas tem é completamente errada né, elas acham que é um cargo onde você é o dono, onde você manda, onde você faz mas no final das contas o que eu mais faço aqui é servir a galera. Sensacional.

Tonico Novaes – Sim, total.

Henrique de Moraes – Boa, e aí você falou, você contou também na sua trajetórias esses momentos em que você quebrou né, eu queria que você falasse um pouco mais, talvez como que foi a sensação, talvez da vez que você quebrou que foi a mais difícil, vamos pensar assim nesse sentido.

Tonico Novaes – Olha, acho que a mais difícil é difícil de falar e a primeira, na época o meu sócio foi o cara que me trouxe a palavra e aí eu tava em casa meio depressivo e o Daniel veio para mim e falou assim “Sócio, a gente vai ser sócio nos momentos bons e ruins” e cara, esse é um momento ruim mas assim, ficar aí depressivo não vai mudar nada, o que ele falou foi simples e objetivo tá, não teve nenhum texto de muita sabedoria né, ele falou “Cara vamos olhar pelo lado bom, quem foi amou, tá todo mundo falando bem para cacete, a gente deve um monte de fornecedor, você tem dinheiro sobrando para pagar esses caras?”, eu falei “Eu não”, ele falou “Eu também não” ele falou “Talvez a sua família tenha mas cara, você vai pedir para sua família?”, eu falei “Nem fodendo” daí ele falou “Então cara vamos negociar com os fornecedores” e aí a gente foi negociar com os fornecedores de peito aberto, falamos assim “Olha, devemos. Tem duas opções e a primeira é ‘Não vamos trabalhar com esses filhos da puta que não me pagaram’ e a segunda é ‘Vou abrir um crédito para eles aqui e esses caras vão fazer mais eventos e vão me pagar com esses eventos’, você escolhe” e falamos isso para vários fornecedores. A maioria topou abrir mais crédito para gente e embarcar com a gente em evento para pagar o evento, teve um ou outro que falou “Não, pra mim já deu” e aí a gente conseguiu com isso ir fazendo evento e ir pagando as dividas e aí foi isso, pedalando dívida, parcelando e aí foi que eu aprendi pela primeira vez na marra que as dívidas não precisam ser pagas de uma vez, elas podem ser parceladas e você vai de fato trabalhando com rentabilidades para que você possa pagar isso e que dívidas sempre vão ter, toda empresa tem dívida né então acho que isso a faculdade pouco ensina ou se ensina é muito na teoria, quem ensina mesmo na prática é o dia a dia, por isso eu digo que todas as vezes que eu quebrei foi uma grande faculdade de administração que eu fiz entendeu, então eu diria que a primeira já trouxe esse ensinamento, a última putz, a última foi estranha porque a última eu achava que eu nasci para música eletrônica e que eu não ia ter muito sucesso em outro mercado que não fosse a música eletrônica porque eu já tava muito conhecido no mercado por isso e eu começava a ver a música eletrônica dando uma decrescida de faturamento no mercado e eu tava vendo aquilo com muita preocupação então eu acho que eu consegui recuperar e depois ainda sair no momento certo, no momento em que escolhi trabalhar com outra coisa e aí quando veio a Campus Party acho que foi muito legal porque a Campus Party hoje é uma possibilidade de trabalhar com evento com propósito né porque você trabalha incluindo pessoas de baixo poder aquisitivo dentro de um ambiente de inovação, tecnologia, empreendedorismo, então hoje eu trabalho com evento com propósito social muito grande então isso dá uma satisfação muito legal.

Henrique de Moraes – Boa, esse ensinamento apesar de simples, acho que os ensinamentos simples são os mais eficazes no final das contas, é um pouco da filosofia estóica quase né assim, é a ação no final das contas, ficar parado ali remoendo não vai adiantar nada, a única coisa que vai fazer você sair disso aqui é você fazer alguma coisa né.

Tonico Novaes – Com certeza e assim, até hoje eu tenho uma relação maravilhosa com todos os fornecedores, todos os fornecedores. Pô durante a pandemia eu atendi o pessoal da limpeza e da segurança a cada 15 dias no telefone, os caras me ligavam, no final os caras estavam me ligando pra bater papo, porque no começo eles falavam “Pô você que tá aí, você tem os contatos com o governo, com a prefeitura, você tem alguma notícia diferente do que a gente sabe aqui?” eu falei “Gente, estamos no meio de uma pandemia, não existe notícia diferente, não existe notícia de bastidor, então todo mundo fodido né e vamos ter que esperar para retomar” então assim, foi um período muito emotivo mesmo.

Henrique de Moraes – Você tá assim, somando todos esses períodos de experiência na Campus Party, você tá há quantos anos já?

Tonico Novaes – Na Campus Party? Desde setembro de 2015, então quase 6 anos, 6 anos e pouco

Henrique de Moraes – Você, imagino que tenha observado movimentos e tendências e mudanças de comportamento muito grandes né porque como a Campus Party tá sempre falando de tecnologia, falando de todas as coisas que estão para acontecer né, trazendo essas novidades enfim, eu queria que você me falasse um pouco assim das principais mudanças de comportamento que você viu talvez até fazendo uma conexão com tecnologia sabe, de como você vê essas mudanças que a gente tá passando, que a gente está sofrendo ou enfim, vivenciando vamos colocar assim, nesses últimos 6 anos que foram bem significativas, especialmente depois com a pandemia que veio aqui para acelerar muita coisa, acelerar inclusive talvez a gente para perceber que a tecnologia não é tudo que a gente tava sonhando, só ela né.

Tonico Novaes – Sim, eu acho que tem aquele termo que diz que é o zeitgeist, que é a mudança de comportamento que a gente está passando né, neste momento e assim, quando eu trabalhava com música eletrônica lá atrás, o jovem ele não se preocupava em ter um corpo todo sarado, ele não se preocupava em ficar pegando sol, não se preocupava com saúde, não se preocupava com esporte, era sexo, drogas e rock and roll de fato né e hoje o jovem ele se preocupa com uma boa alimentação, ele não quer saber de drogas, não quer saber de álcool, ele quer cuidar do corpo, ele quer cuidar da saúde, ele quer se divertir de uma maneira diferente, o geek do passado ele era aquele cara que sentava na primeira carteira da escola e sofria bullying e detinha o conhecimento. O geek de hoje, o nerd ele continua detendo conhecimento mas ele tem tatuagem, ele surfa, tem namorado ou namorada, tanto faz ele inverte, ele ou ela, ou elex inverte isso né, ele é líder de comunidade, ele é influenciador, esse é o geek, o nerd de hoje hoje em dia né, mudou muito e ele continuou detendo o conhecimento, e é uma geração muito mais inclusiva, muito mais respeitosa, livres de preconceito, é uma geração que quer incluir a todes, goste a gente ou não, disse todes, elex ou não, é a geração que vai tratar a linguagem do neutro né, que vai ser mais inclusivo, que vai ser mais sustentável, que vai trabalhar diferentemente da nossa geração né, a minha geração para ir num show eu tinha que estar presente no show do Rolling Stones pra ver, depois teve a geração que começou a ir pra show do Rolling Stones e fazer selfie né no show do Rolling Stones, só vale ir no show se eu tirar uma selfie com o palco ao fundo, e agora tá chegando numa geração que ainda tá com 12, 13 anos que assiste o Travis Scott dentro do Fortnite, e ela diz que foi no show do Travis Scott, não é que ela fala “Ah tive uma experiência de realidade virtual no show do Travis Scott” não, “Fui no show do Travis Scott”, “Ah é, aonde?”, “No Fortnite” então são mudanças de comportamento e de tecnologia que a gente já tava vivenciando e que assim “Ah mas eu não concordo”, ninguém tá perguntando se você concorda ou não, é a nova geração entendeu, “Ah mas eu não acho que é legal”. Tem um palestrante na Campus que é o Dado Schneider, que ele fez outro dia um comparativo muito legal né, desculpa se eu me estender aqui tá Henrique, ele falou assim, imaginem na década de 60, um senhor de 60 anos saindo de casa na Inglaterra de terninho todo engomadinho e passa por ele um cara com cabelo bagunçado gritando e dizendo “Eu não me satisfaço com garotos ou garotas, isso não me satisfaz”, esse cara que tá gritando isso se chamava Mick Jagger e ele cantava “I can’t get no satisfaction” e passando por esse velhinho, imagina a percepção desse velhinho. Sabe quem é esse velhinho? Esse velhinho é você que é contra o Pabllo Vittar hoje em dia, se você não gosta do Pabllo Vittar você é esse velhinho de 1960, porque essa nova juventude gosta de Pabllo Vittar goste você ou não então esteja aberto para o novo, porque o Pabllo Vittar daqui a alguns anos vai ter a mesma relevância no Brasil que o Mick Jagger teve no mundo, se abra para o novo

Henrique de Moraes – E quiçá pro mundo né porque assim, do jeito que os artistas brasileiros estão também alçando vôos aí

Tonico Noves – Exato. Olha a Anitta, o trabalho que ela tá fazendo e que maravilhoso, “Ah mas eu não gosto de Anitta”, foda-se que você não gosta de Anitta querido, ninguém quer saber se você gosta ou não, olha o trabalho dela que lindo, olha que maravilhoso que ela tá fazendo, e é uma baita artista, aquela música Garota de Ipanema que ela refez até para ser reconhecido mundialmente, para ter esse impacto mundialmente então assim, acho que a gente tem que estar aberto ao novo e aberto às novas possibilidades, não tem que ficar “Ah eu não gosto” não, vamos entender como essa nossa juventude pensa e o que eles querem porque é a nova geração que tá chegando

Henrique de Moraes – Essa comparação que o Dado Schneider fez e que você trouxe aqui eu acho que sensacional porque é isso, as pessoas têm muita dificuldade de enxergar que elas fizeram essa revolução no tempo delas e de dar liberdade das pessoas fazerem a revolução delas né, talvez até o fato de existir resistência seja o motivo pelo qual essas coisas ganham mais força até, porque talvez se todos falassem “Beleza tá na vez deles” a gente ia falar assim “Ah, sem graça” mas é sensacional assim, eu vejo, teve duas coisas que você falou que bateram com duas experiências que eu tive que foram o seguinte, uma é minha filha, eu tenho uma filha de 13 anos e é de fato assim cara a forma como ela enxerga o mundo, inclusive para eu hoje conseguir ter meu trabalho up to date eu preciso estar olhando pra ela, eu trabalho com rede social, eu trabalho com marketing enfim, comunicação que no final das contas é cultura também e eu preciso entender o que ela tá fazendo, eu falo que eu perdi a oportunidade de ser a primeira agência a falar de TikTok porque eu não dei atenção para o que ela tava consumindo, antes de ser TikTok, era Musical.ly então assim, eu podia estar olhando isso aí, podia ser a primeira agência a falar de TikTok no Brasil ou no mundo quiçá se eu tivesse simplesmente olhado para ela, com o que ela tava se divertindo, o que ela estava consumindo né então de fato, e é uma geração completamente nova assim, ela fala muito sobre isso, sobre diversidade, sobre as pessoas serem quem elas são enfim, do que gostar enfim, minha mãe e avó ficam desesperadas porque ela também é muito aberta, ela fala tudo então a avó fica assim “Oh meu Deus do céu, ela fala essas coisas e eu fico maluca” mas também não repreende, o que eu acho ótimo, acho que minha mãe tá fazendo um trabalho excelente inclusive, parabéns mãe em não ficar também querendo reprimir nada ou tipo falar que é errado ou certo, ela simplesmente ouve e aceita, é a neta dela e enfim, acho sensacional, acho muito bonito isso inclusive, é amor de verdade eu acho né, ela aprendeu bastante. E tem outra experiência minha que foi há pouco tempo, eu tava no Brasil e eu tenho uma curiosidade que eu só fumo no Brasil, cigarro, na verdade assim eu quase não fumo mas quando eu tô no Brasil eu tenho vontade de fumar porque enfim, meus amigos fumam, na verdade as amigas da minha esposa fumam e eu acabei começando a fumar por causa delas. E aí eu tava no Brasil e tavam os amigos da minha cunhada né que é a irmã mais nova da minha esposa, e a gente tava lá numa casa de praia e tava todo mundo já tá chapado enfim, todo mundo bêbado, eles com baseado nas ideias também enfim, essas coisas e eu peguei o cigarro, acendi e um dos amigos dela que tava chapado de maconha e álcool olhou pra mim e falou assim “Tanto jeito de se estragar e você vai fazer isso?” cara e foi muito engraçado porque de fato assim, até faz sentido né a colocação dele porque o cigarro não tá me dando onda nenhuma né, então se for pra se estragar sei lá pelo menos bebe um negócio, fuma um negócio, consome alguma coisa que pelo menos vai te dar um buzz diferente né do que só o cigarro, e aí é curioso você ver de fato como essas pessoas estão mais preocupadas com saúde apesar de nesse momento as pessoas estarem enlouquecidas porque era um momento de celebração mas de fato é uma preocupação muito maior com saúde, com bem estar, com prática de esporte enfim, várias outras coisas né assim que a gente de fato não se preocupava né.

Tonico Novaes – Sem dúvida, sem dúvida. Hoje eu aos meus 44 anos faço esporte todos os dias, me tornei vegano e me preocupo muito mais com a saúde do que quando eu era jovem, mas eu vejo que a juventude hoje se preocupa com a saúde também, não é uma coisa da idade, é uma coisa dos tempos né. Eu pra me manter atualizado eu gosto muito de analisar comportamentos, tem duas indústrias que eu gosto muito, uma da qual eu vim que é a indústria da música então eu acho que quando eu frequento festivais de música eu posso analisar comportamentos e ver tendências que acho que são importantes, na própria Campus Party eu consigo ver tendências tecnológicas, mas quando eu vou num Rock in Rio, quando eu vou num Lollapalooza, vou num festival desse de fato de música, você pode ver tendências comportamentais de lifestyle e tendências mesmo de arte que esses festivais ajudam a explorar e tem um outro mercado que eu gosto muito também de explorar que é o mercado pornográfico tá, que eu acho que é um mercado que traz muita tendência né, enquanto alguns mercados aqui começaram a falar de streaming, há quanto tempo já o mercado pornográfico fala de streaming né então se a gente souber tirar o proveito sobre esses mercados também e trazer essas tendências né acho que são muito importantes, acho que a pandemia de fato acelerou, todo mundo fala isso, acelerou a revolução digital, eu costumo até dizer que em 21 meses a gente andou 21 anos e finalmente vamos entrar no século 21 né, a gente tá se desprendendo dos vícios do século 20 né, tem vários vícios do século 20 né, “Preciso ir para o escritório”, aqui na pandemia a gente descobriu porque precisamos ir pro escritório, pra ficar numa baia, pô a gente faz encontros presenciais uma vez a cada 15 dias sabe, a gente é muito mais produtivo trabalhando no home office ou “Ah preciso trabalhar 8, 12, 14, 16 horas por dia para ser alguém, se eu trabalhar 2 ou 3 horas por dia e ser rentável igual eu posso não ser considerado um vagabundo né? Eu posso não ser considerado um marginal né? Eu posso trabalhar de moletom? Ou eu preciso estar de blazer e sapatênis toda hora sabe então assim, a gente conseguiu se desvencilhar já de alguns vícios do século 20 que são muito importantes. Parecem pequenos mas são importantes.

Henrique de Moraes – Com certeza. Vou entrar aqui numa segunda fase do nosso bate papo em que tem algumas perguntas que eu costumo fazer pra todos os convidados. A primeira delas é, você costuma, tem o hábito de ler?

Tonico Novaes – Olha eu não leio livros muito, gosto muito de assistir filmes tá, gosto de podcasts, leio livros, audiobook, gosto de escutar eu baixo e quando viajo de avião vou escutando e gosto de meditar, fazer meditações guiadas né então são as minhas formas de acalmar. Tirando isso adoro correr e jogar futebol então assim quando eu corro na academia eu boto ou um punk rock ou um psytrance e aí é meu momento de extravasar mesmo, saio calminho calminho.

Henrique de Moraes – Você teria, normalmente eu peço três indicações de livro mas eu vou fazer o seguinte, vou dar um mix, vou pedir uma indicação de podcast, uma de um audiobook que você tem escutado e qualquer outra indicação que você queira aí na sua cabeça

Tonico Novaes – Eu tenho escutado uns podcasts Henrique de um cara que eu sou fã, além de ser fã ele é meu amigo tá e é um cara que eu me espelho muito nele né e já falei isso para ele, que meu sonho de vida é um dia eu chegar ao que ele é e ele dá risada, que é o Ivan Martinho, ele é CEO da WSL hoje, ele já foi COO e CEO da Traffic, foi CEO da Flix Media, vice-presidente de marketing da Fox no Brasil e eu gosto muito dele. Ele tem hoje um podcast sobre patrocínios, que eu acho que é uma disciplina muito marginalizada no Brasil à toa, não tem uma faculdade no Brasil que tenha disciplina de patrocínios, olha que loucura, um dos requisitos mais importantes para qualquer modelo de negócio, que é a captação de recursos não tem uma faculdade, um curso sequer que tenha uma matéria de captação de patrocínio e o Ivan é um dos maiores especialistas nesse mercado e eu gosto muito dos podcasts que ele faz sobre patrocínio

Henrique de Moraes – Eu já vou procurar, achei interessantíssimo e só um ponto aqui, é a coisa que eu sempre defendo assim né em relação à podcast, eu sou o maior defensor de podcast da história assim, eu falo de podcast já há anos, as pessoas falam “Cara”, a graça desse tipo de formato, lógico que a gente tinha YouTube e várias outras coisas mas por algum motivo no podcast as pessoas têm essa coisa de fazer conteúdo sobre tudo e assim, é um conteúdo que você pega e às vezes pega qualquer CEO e fala assim “Eu quero ouvir o CEO da Disney, eu quero entender o que ele faz quando ele acorda”, você vai encontrar um podcast onde ele fala a rotina matinal dele sabe? Então você contato com tanta coisa, tanta riqueza cara que eu acho assim, surreal quando as pessoas falam assim “Ah não gosto de podcast”, cara eu tenho a tendência a achar assim, se você conseguir ouvir um podcast bem e fazer anotações, não só ficar ouvindo por ouvir mas tirar alguma coisa dali, pode ser melhor que um livro, dependendo de como você consome porque é mais rápido,é mais resumido, no livro as pessoas tem a tendência a enrolar por causa do tamanho, tem toda essa parte institucionalizada há séculos que enfim, acaba deixando o livro uma coisa quase inacessível para as pessoas hoje em dia né mas vamos lá, voltando pras recomendações.

Tonico Novaes – Cara livros, todos do Napoleon Hill, eu gosto muito do Napoleon Hill cara e ele traz as histórias de vida de pessoas super bem sucedidas como Carnegie, Ford, mentes brilhantes né, ele tem aquele livro que não lembro como chama mas é a entrevista com o diabo ou conversa com o diabo que é sensacional, cara todos os livros do Napoleon Hill eu adoro né, e eu gosto muito de biografias, o Pense Grande também, dos três caras lá da da 3G Capital, do Lemann, Sicupira e do Telles, também acho sensacional, eu gosto muito desses livros de biografia, de história de vida das pessoas, me amarro muito porque traz muito insight né ver os problemas, como você falou né no começo antes da gente gravar, não só as histórias de sucessos. Eu fui boardmenber e presidente da MPI que é uma associação de meeting planners, planejadores de eventos corporativos. Quando eu trabalhei na MCI eu fiz um, a MPI faz um evento anual chamado Lamec que a gente traz algumas pessoas pra conversar, e talks importantes sobre o mercado de eventos, e eu criei um talk que foi muito legal, deu um puta sucesso na época, foi em 2017, 2018 eu não lembro agora onde eu trouxe o Ivan Martinho que eu já falei que sou fã, trouxe a Mari Ribeiro e o Claudinho Rocha. Qual era a ideia? Era falar só de insucessos de eventos, então pô todo mundo sabe falar de quando se deu bem, todo mundo sabe falar dos cases de sucesso mas e quando a gente deu com os burros n’água, como a gente fez com os problemas? Então eu trouxe o Ivan Martinho porque ele de COO da Traffic ele foi promovido a CEO da Traffic quando o J. Hawilla foi preso né é aí ele tava fazendo Copa América no Chile e todos os fornecedores começaram a desconfiar da Traffic que iam tomar calote, com o J. Hawilla preso em Miami e ele tendo que pagar hotel com cartão de crédito próprio no Chilep pra toda empresa, o fornecedor de LED do campo não queria entregar e ele tendo que pagar para o cara em dinheiro vivo mas onde sacar dinheiro vivo no Chile pra pagar pro cara então assim, histórias sensacionais, a Mariana Ribeiro trouxe o Milkshake Festival quando a Wanessa Camargo atrasou para entrar no palco e aí ela entrou no palco e falou que a culpa de atrasar era da organização, que a organização era uma merda e meteu o pau em todo mundo e foi ela que atrasou no final então porra como que lidou com isso, e o Claudinho Rocha Miranda porque ele era do Rio Music Conference, tinha a conferência e tinha o evento e dentro do evento teve um medição que o DJ Erick Morillo tava tocando e dois policiais federais saíram numa briga na pista, um sacou a arma e matou o outro no meio da pista de dança e acabou o evento, e no dia seguinte estava lotado e no ano seguinte também tava lotado, então como é que o cara fez para recuperar desse puta susto e até pra você arrancar informação das pessoas no palco não é fácil sabe, as pessoas meio que travam na hora de falar um pouco sobre isso porque sabem até onde pode falar e tal então assim foi um talk bem legal e divertido de fazer sobre insucessos da vida.

Henrique de Moraes – Sensacional, tem que rolar uma edição nova aí. Pra você, o que é ser bem sucedido?

Tonico Novaes – Cara é uma pergunta muito difícil né, eu acho que bem sucedido é você gostar do que faz, não simplesmente fazer o que gosta mas gostar do que faz e você conseguir com isso viver o seu presente feliz. Eu amo o que eu faço na Campus Party e eu amo trabalhar com eventos, e olha que não me faltaram convites pra abandonar esse mercado durante a pandemia e embarcar em outro mercado mas eu amo trabalhar com eventos, é a minha paixão e eu acho que é o que eu vou fazer para o resto da minha vida, eu acho, a gente nunca sabe depois mas eu gosto de trabalhar com eventos para depois eu poder tá curtindo a minha família e esquecer o meu negócio e poder estar curtindo a minha família então eu acho que ser bem-sucedido é quando você consegue de fato viver o seu presente e viver o aqui e o agora né, e não ficar na depressão do passado nem na ansiedade do futuro, acho que isso é ser bem-sucedido.

Henrique de Moraes – Boa, excelente resposta, gostei. Se você pudesse falar com seu eu de 10, 15 anos atrás, no que você diria para ele ter mais calma?

Tonico Novaes – Se eu pudesse voltar 15 anos atrás eu falaria para meu eu ser mais calmo, ser menos preconceituoso e aceitar mais o novo. Eu demorei para isso, eu já fui preconceituoso, já fui menos aberto ao novo e isso você vai com a idade melhorando né e se educando para isso então acho que esse seria a única, já fui mais machista, já fui mais preconceituoso, já fui mais intolerante né então acho que essa seria a única dica que eu daria para o meu eu de 10, 15 anos atrás, falaria “Calma, aceite mais o novo, se permita mais, tenha mais empatia pelo outro” porque é a única coisa que eu acho que talvez eu me arrependa do passado, o resto faz parte do amadurecimento e que bom que as coisas tomaram tal caminho né. Eu tinha um sócio argentino que ele brincava, ele falava “Todo mundo sabe ler o jornal de ontem né, depois que passou é fácil falar como lidar com aquela situação” então acho que seria a única coisa que eu me mudaria mais no passado e que eu hoje em dia me arrependo.

Henrique de Moraes – Perfeito então, acho que é um ótimo lugar pra gente encerrar esse bate papo, Tonico obrigado pelo seu tempo, obrigado pela disponibilidade aí, por compartilhar um pouco com a gente aí sua trajetória e aprendizados, foi um prazer, adorei toda sua trajetória, inclusive as recomendações já tô aqui abrindo o Spotify para ouvir inclusive o podcast sobre patrocínio que eu tô bem curioso, obrigado de verdade por tudo.

Tonico Novaes – Obrigado você Henrique foi demais, também adorei o bate-papo aí e prazer te conhecer cara, você é uma simpatia, obrigadão cara.

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