calma! #47 com Tobias Chanan
Tobias Chanan fundou, em 1997, a Empório Body Store, uma loja de cosméticos muito à frente de seu tempo que ganhou o Brasil. nela, Tobias pôde testar os limites de sua criatividade e desenvolver suas habilidades como empreendedor e líder. resultado? a empresa foi vendida para a L’Óreal Brasil em 2013, se tornando The Body Shop Brazil, onde Tobias – fã de longa data da marca e, especialmente, de sua fundadora, Anita Roddick – atuou como CEO e membro do board. ou seja, foi a realização de um sonho! [a gente fala mais sobre isso no bate-papo]
hoje, ele é cofundador e co-CEO da Urban Farmcy, foodtech brasileira que tem como missão salvar a saúde do planeta por meio do alimento e incluir mais plantas saudáveis e saborosas na vida das pessoas.
LIVROS CITADOS
- A marca da vitória – Phil Knight
- Meu Jeito De Fazer Negócios – Anita Roddick
- O Dilema do Onívoro – Michael Pollan
- Ideias para adiar o fim do mundo – Ailton Krenak
- Sapiens – Uma Breve História da Humanidade – Yuval Harari
- Em Busca de Sentido – Viktor Frankl
PESSOAS CITADAS
- Alana Rox
- Lourenço Bustani
- Nara Iachan
- John Frieda
- Elvis Presley
- Marilyn Monroe
- Janis Joplin
- Jim Morrison
- Phil Knight
- Jack Ma
- Bernardo Spilari Santos
- Thiago Blank Loth
- Francisco Martini La Rosa
- Gustavo Lima
- Anita Roddick
- Matthew Kenney
- Pedro Paulo Diniz
- Michael Pollan
- Ailton Krenak
- Lúcia Helena Galvão
- Viktor Frankl
FRASES E CITAÇÕES
- “Nós tomamos a decisão do melhor combustível pros nossos carros, mas não pensamos no combustível que colocamos pra dentro do nosso corpo” – Tobias Chanan
- “A coragem que a ignorância propicia” – Tobias Chanan
- “Se você se acha muito pequeno para mudar o mundo tente dormir com mosquito” – frase Anita Roddick
se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.
Henrique de Moraes – Fala pessoal, sejam bem-vindos a mais um episódio do calma!, esse episódio está especial, eu tô muito bem acompanhado aqui porque além de um super convidado que eu vou apresentar já já eu tô aqui também com a queridíssima Bibi, que trabalha com a gente na agência e ela é super fã do convidado de hoje então assim, ela que inclusive fez essa ponte, não podia deixar de participar desse bate-papo, então a conversa é um pouquinho diferente hoje. E para apresentar o convidado de hoje, aliás antes, bem vinda Bibi, como é que você está, tudo bem hoje?
Bibiana Travassos – Muito obrigada Henrique
Henrique de Moraes – Você tá bem?
Bibiana Travassos – Eu tô muito, muito feliz, muito orgulhosa de fazer parte.
Henrique de Moraes – Que bom, então vamos lá. Trazendo aqui pro nosso convidado de hoje, eu vou começar com uma frase que quando eu tava fazendo a pesquisa pro podcast eu ouvi e achei sensacional, que é “Nós tomamos a decisão do melhor combustível pros nossos carros, mas não pensamos no combustível que colocamos pra dentro do nosso corpo”, e essa frase é do Tobias Chanan, fundador da Urban Farmcy, um cara que quer redefinir o futuro da alimentação, então sejam muito bem vindo, Tobias
Tobias Chanan – Legal Henrique, muito obrigado, prazer estar aqui com vocês, Bibi super querida, vai ser muito legal esse bate papo, estava ansioso pelo o nosso encontro, que legal que rolou.
Henrique de Moraes – Show, maravilha. Bom vamos começar cara falando lá de 97, início da Empório Body Store, eu queria entender assim né tipo de onde veio a ideia, a vontade de criar uma empresa de cosméticos, porque né, de onde surgiu isso tudo?
Tobias Chanan – Cara na verdade assim, as coisas na minha vida com exceção da Urban Farmcy, elas aconteceram muitas vezes de uma maneira muito intuitiva, na verdade assim, o que aconteceu é que eu saí do colégio ali com 17 anos e nunca, meu segundo grau foi uma vergonha assim né, eu nunca fui uma pessoa muito boa assim, eu decidi no segundo grau que eu não queria mais estudar, terminei com muita dificuldade assim, passei por vários colégios, foi um fiasco, não tenho orgulho mas é a realidade. Então quando eu terminei o colégio eu decidi que queria trabalhar, com 17 anos e não fazer faculdade né. Na verdade antes da Body Store eu comecei a vender bazar, pra chegar na Body Store, só pra contar essa trajetória, eu fui a primeira pessoa aqui que vendia a chaleira da vaca aqui na cidade, tinha chaleira da vaquinha, do porquinho, da galinha, basicamente cara eu abri uma empresa de importação, importação que era eu que ia até o Paraguai e trazia na mala e revendia, aquela importação chamada sacoleiro, muambeiro. E aí eu fiquei uns 6, 8 meses, 1 ano com essa lojinha, não foi pra frente obviamente né porque aí entrou, na época entrou a Brickell no mercado e aí encerrou com a minha atividade profissional, e aí nesse processo todo eu acabei montando uma loja de esporte fitness cara, tudo antes da Body Store, com 18, 19 anos eu montei a esporte fitness e foi quando eu comecei também a vender esteira, bicicleta ergométrica numa loja de 30 metros quadrados, suplemento e tal e achei genial assim a ideia num primeiro momento porque era uma loja de shopping, só para voltar um pouco para não ficar confuso, na verdade assim eu venho de uma família de árabes e italianos, os meus pais eles tiveram comércio de confecção feminina, roupa, por muitos anos em Porto Alegre, tinha uma indústria e tal e eles tiveram algumas lojas de shopping, e uma dessas lojas ela não tava performando e tal e eles iam entregar para o shopping e foi aí que eu entrei com a ideia de assumir essa loja e comecei a vender esse bazar. Só que aí o bazar também não rolou né e aí eu digo “Vamos fazer o seguinte, como eu não tem nenhuma loja de esporte fitness aqui no shopping, taí uma baita sacada, vou botar uma loja de esporte fitness no shopping aqui, em 30 metros quadrados”, coloquei esteira, bicicleta ergométrica, só que eu não sabia que não tinha nenhuma loja de esportes fitness porque não fechava a conta, fui descobrir isso depois quando já não tava mais fechando a conta, quando eu já tava com dificuldade de pagar o aluguel e aí é aquela luta né cara, aquela teimosia de não ouvir muito né e aí quando eu tava na berlinda assim já, quase quebrando pela segunda vez porque a primeira vez ali eu troquei rápido né, consegui ali aquela coisa e tal, uma fornecedora minha de uns aparelhos de abdominal na época, que eram uns que você fazia deitado
Henrique de Moraes – Clássico
Tobias Chanan – E eu pensando o que eu ia fazer tendo que pagar o aluguel, tinha eu e uma vendedora na loja né e eu sempre fui vendedor e fazia toda a parte de abrir a loja, “O que eu vou fazer agora?”, não conseguia, tinha que pagar o aluguel já tinha aluguel atrasado e ela um dia falou pra mim “Tobias, já pensou em vender cosméticos?”, eu falei “Cosméticos?”, ela “É”, aí eu “Não”, ela disse “Pois é, cosmético é um segmento que está crescendo muito no Brasil”, eu disse “É mesmo?”, ela disse “É”, aí “Vou vender cosméticos”. E aí eu fui para uma feira, tinha uns 19 anos e fui pra uma feira para Cosmoprof em São Paulo e cara fiquei encantado, “Ah que demais”, e lá eu conheci um shampoo que era pra cavalo, pra crina de cavalo e aí eu resolvi transformar esse shampoo pra vender pras pessoas porque se era bom pra crina do cavalo porque não seria bom também para o cabelo?” e realmente era muito bom né, era um shampoo com bastante silicone e tal. E aí fui nessa feira e teve a coincidência na época de um primo que também ao invés de ir para faculdade ele passava o dia inteiro, nem ira pra faculdade, pro cursinho, ele passava o dia inteiro comigo na loja, aí olhei pra ele e disse “Pô Gabriel, tu passa o dia inteiro aqui e não vai estudar”, nessa loja de esporte fitness, eu disse “Cara, quem sabe ao invés de tu ficar aqui matando aula, tu vira o meu sócio, entra como sócio investidor, eu fico como sócio que tem o knowhow do negócio e a gente faz uma sociedade.” E a gente fez uma sociedade e aí então inauguramos na época a Body Store Cosmetics. A Body Store ela começou em 1997, novembro de 97, outubro de 97, vendendo 100% cabelo, linha capilar e linha corporal também, mas praticamente cabelo e o interessante foi o seguinte, que a Body Store ela começou, a gente criou na época uma coisa muito legal que foi assim, quando a gente começou a Body Store, igual a Body Store no mercado tinham mais 10 lojas que vendiam exatamente o mesmo mix produto porque o que a gente era? A gente era uma multimarca de cosméticos, a gente vendia cabelo e corpo e os produtos que nós vendíamos eram os mesmos que tinham em outras 10 lojas iguais em Porto Alegre, inclusive dentro do shopping ou seja, tinha pouca diferenciação né. Aí eu lembro que não época eu disse “Pô cara como que a gente faz para se diferenciar e tal” e o que acontecia né, quando tu olhava para o mercado tu tinha três categorias de produtos, tinha categoria de supermercado, pra cabelo e corpo, que era na época Colorama, isso foi nos anos 90 cara, final dos anos 90, produtinhos bem básicos no mercado, que não tinha como vender numa loja de shopping produtos de mercado, aí tinha essa categoria intermediária que era permitida vender nessas lojas, nessas boutiques de cosméticos como a Body Store, que era John Frieda, zero frizz, a Bibi deve lembrar, que era a categoria que tinha nessas boutiques e tinha a categoria de cosméticos profissionais, capilares profissionais, Kérastase, L’Anza, Paul Mitchell, Sebastian, Joico, que eram as marcas profissionais que eram vendidas apenas em salões de beleza porque essas multinacionais, essas empresas entendiam que para vender essas linhas tu tinha que ter um profissional que era formador de opinião ou cabeleireiro para vender, aí eu disse “Cara, a gente precisa vender as linhas profissionais porque afinal de contas como é que a gente vai se diferenciar das outras 10 lojas que tem em Porto Alegre né?”, comecei pelo mix, a multimarca por via de regra quando a gente olha para o varejo multimarca é muito difícil gerar diferenciação, então vai muito para o preço, para promoção e pro serviço, a gente era uma loja pequena de 30m2 então eu queria realmente ter um mix diferenciado. Cara e aí eu tô contando tudo isso porque numa dessas feiras que eu fui lá eu descobri um tal de um diagnóstico capilar, que nada mais era, na verdade nem era diagnóstico capilar, eu fui numa feira de estética e vi lá uma telinha com microscópio que era usado para fazer análises clínicas, análises de cabelo, de pele, unha e tal. Eu olhei para aquilo e falei “Pô cara, taí uma forma da gente criar um serviço diferente”, aí tu entrava na Body Store, a gente levou pra Body Store, coloquei do lado do caixa porque tinha trinta metros quadrados a loja, lá do lado do caixa, botei uma vendedora paramentada com jaleco, tudo sério né não era picaretagem, era uma coisa realmente séria, com jaleco, máscara, criamos uma tabela para identificar o estado do cabelo, se o bulbo capilar tava fraco, pontas duplas, se estava opaco, escamas abertas e tal e aí o que acontecia, tu entrava na loja, tiravam um fio do seu cabelo, colocavam, analisavam porque esse microscópio multiplicava por não sei quantas mil vezes a imagem, tu olhava naquela telinha, naqueles negócios super simples, e a gente dizia “Olha Bibi, seu cabelo ele tá com o bulbo enfraquecido, tá com as pontas duplas, tá com escamas abertas. A linha capilar mais indicada pra você é essa”, e indicava a linha. E realmente a gente conseguia fazer de forma muito mais assertiva a venda e marcava uma reavaliação em 30 dias. A questão é a seguinte, isso foi tão legal, virou um sucesso tão grande, a gente saiu no Jornal do Almoço porque era um serviço completamente diferente que a gente teve a licença, nós fomos a única loja no Brasil a ter a licença para vender todas as linhas profissionais sem ter um cabeleireiro dentro e realmente, aí foi estouro assim porque aí a gente era a única loja, virou um case na época assim pelo menos a região porque você chegava lá e eu tinha toda a linha profissional, todas as linhas profissionais e fazia o serviço e tal, e aí com isso as pessoas tinham uma venda muito mais direcionada do que uma opinião, que também tem todo valor obviamente, opinião de um profissional de beleza que conhece e trabalha com cabelo o tempo todo mas era um serviço que até então não existia. Mas acabei fugindo da pergunta, eu contei tudo isso porque eu lembrei no meio da resposta mas era para dizer que eu acabei caindo no cosmético por necessidade mesmo cara porque comecei com o bazar e depois fui pro esporte fitness e aí para não fechar e ter que entregar a loja eu resolvi mudar para cosméticos, nunca tinha imaginado que fosse trabalhar com cosméticos.
Henrique de Moraes – Maravilha cara. Bom, se você quiser desviar de todas as perguntas dessa maneira fica à vontade porque foi a melhor resposta, a mais detalhada que eu pude querer, e que bom que você escolheu a Bibi pro teste porque assim, teria errado feio comigo, pra quem não tá vendo né, tá ouvindo.
Tobias Chanan – Mas nos anos 90 você era nascido, tu tinha cabelo.
Henrique de Moraes – É verdade, na época eu tinha cabelo.
Bibiana Travassos – Eu preciso falar que olha, a Empório naquela época era muito legal porque realmente tu entrava e eles analisavam teu cabelo, eu lembro na escola quando eu tava, quando meu melhor amigo chegou “Bibi, tu já foi na nova loja?”, porque ele achava que era nova, aí “Minha irmã foi lá ontem, arrancaram um fio de cabelo dela e ela saiu de lá com um monte de shampoo, um mais maravilhoso do que o outro” e óbvio que eu tinha que ir, com essa propaganda, e era a única loja na época que também vendia Dead Head, que era uma linha
Tobias Chanan – Isso, Dead Head, exatamente
Bibiana Travassos – Nossa, era muito legal
Tobias Chanan – A gente conseguiu todas as licenças e aí depois deu uma confusão porque vários salões de Porto Alegre se posicionaram contra porque aquilo não era o certo, mas enfim tá tudo certo, a gente realmente criou um serviço que não existia e aí eles queriam até franquear esse serviço pra outras lojas, mas foi muito legal assim, foi uma experiência e aí tem até assim continuando né, não sei se continuo falando Henrique?
Henrique de Moraes – Pode continuar porque assim, só para ver se eu conheço um pouquinho da história mas depois vocês criaram uma marca de vocês, a marca de vocês de cosméticos né, produziam, e como é que vocês pularam daí pra essa segunda etapa então e quais foram os desafios, porque você tinha quantos anos?
Tobias Chanan – Na época eu tinha 19.
Henrique de Moraes – 19, muito novo imagina, entrando num mundo que você não conhecia
Tobias Chanan – Terceiro negócio
Henrique de Moraes – Exatamente, tendo que sei lá, provavelmente contratar labortório enfim, cientistas, não sei como é que foi pra você criar as fórmulas e essas coisas, conta um pouquinho depois desse passo a passo.
Tobias Chanan – Claro. Aí o que aconteceu foi o seguinte, aí a Body Store realmente conseguiu se diferenciar muito no mercado, a gente aí tava num momento muito bom porque como era 100% importado, o dólar na época era R$ 1,10, R$ 1,20 imagina, peguei essa época então eu conseguia vender um produto de alto valor agregado a R$ 24, R$ 25, eu lembro até hoje de um shampoo de R$ 19. E com isso a gente abriu uma segunda loja na galeria Independência aqui em Porto Alegre e abriu uma terceira loja com a inauguração do Moinhos Shopping. E cara tava indo tudo bem com esse serviço de diagnóstico capilar, nós éramos a única loja no Brasil, e matéria e não sei o quê, e aí lá pelas tantas eu cheguei à conclusão que eu queria ter um restaurante, com 20 anos de idade eu falei “Cara eu queria mesmo era ter um restaurante”, comecei a ficar muito frustrado, “Ah mas eu queria um restaurante”, já tava me apaixonando pelas panelas já fazia uns 2, 3 anos, “Caralho quero um restaurante, como é que eu vou fazer?”, eu falava pro meu pai e ele “Como é que você vai ter um restaurante, tem loja, tem que pagar o aluguel, tem funcionário”, e aí já meio frustrado. E aí eu viajei, fiz uma viagem pra Califórnia de uma semana e foi muita coincidência porque foi exatamente ali por Janeiro, Fevereiro, eu tava na Califórnia, minha segunda vez que fui pra Califórnia, a primeira vez não lembro agora, o dólar que era R$ 1,10, R$ 1,20 foi pra R$ 3,60, foi a primeira disparada cambial que teve no Brasil, imagina hoje seria maravilhoso né mas naquela época foi um absurdo, R$ 3,60 e aí foi clássico, momento clássico assim, histórico que a gente viveu. Eu era uma marca de produtos multimarcas importado, o que aconteceu? Os preços foram lá para cima né, um shampoo que eu vendia por R$ 24 a gente começou a vender por R$ 60, a margem sumiu do negócio, o consumo reduzido porque sempre nessas épocas de crise as pessoas retraem o consumo e eu comecei a dizer “Cara o que eu vou fazer?” só que aí eu tava na Califórnia e com essa ideia no restaurante e tal, e bem na época tinha estourado o dólar, na verdade o dólar estourou quando eu estava em viagem e até meu cartão deu caríssimo e tal e quando eu tava lá, eu tava andando numa avenida, Melrose lá em Los Angeles e eu vi um hippie na rua vendendo sabonetes uma banquinha, como se fosse um feirante, vendendo sabonete. Aí eu cheguei assim, olhei, na verdade eu nem tinha identificado que eram sabonetes, “O que é isso que tá vendendo e tal?”, aí eu olhei e tinham oito barras em cima da mesa com rosto de artistas, Elvis Presley, Marilyn Monroe, Janis Joplin, Jim Morrison, e cada sabonete tinha uma luz negra, tinham umas flores e tinha um visual merchandising, o que foi depois conhecido como visual merchandising. Eu achei genial aquilo e disse “O que são?”, “Ah são sabonetes”, era um hippie mesmo, não era um cara fantasiado, e esses sabonetes ele fazia porque era a paixão dele, na verdade ele tinha uma paixão pela música e ele refletia isso através dos sabonetes, e eu comprei uma fatia de cada, trouxe pro Brasil, voltei pro Brasil e aquela situação do dólar né, comecei a pensar “O que eu vou fazer?”, a gente teve que fechar as duas lojas que recém tínhamos aberto, questão de 90 dias porque o negócio foi à bancarrota, voltamos pra loja do Iguatemi e começamos “O que a gente vai fazer?” e começou a não ver perspectivas de continuar com aquele negócio, lembro que até tinha uma franquia de biquínis que tava nos assediando pra gente virar uma franquia de biquínis, na época era a Salinas, cara aí eu tava em casa e pensei “Puta quer saber? Já que a gente tá fudido mesmo…”, sempre fui dessa teoria de que se é pra ser abatido que seja em vôo, “Eu vou começar a cozinhar sabonete” porque cara eu não ia conseguir montar restaurante, saí com dívida do negócio, e daí disse “cara vou começar a cozinhar”, e aí minha mãe, meus pais estavam num momento mais difícil da empresa deles, eles estavam desativando o pavilhãozinho pequeno que eles tinham, eu comprei um fogão 4 bocas, um fogão industrial daqueles de ferro, virou até museu na Urban depois, comprei um fogão, comprei uma panela esmaltada e fui fazer um curso de saponificação no Senac. Aí fiz mas cara não era isso, aí comecei a comprar literatura inglesa sobre sabonete, sobre o sistema que era o cold process porque assim, o que eu queria fazer era cozinhar sabonete, eu não queria fazer um sabonete, queria fazer o alimento, queria dizer “Cara eu vou construir uma marca”, na verdade nem uma marca, eu precisava fazer, “Eu vou cozinhar sabonete, eu vou cozinhar cosmético, ao invés de cozinhar comida eu vou cozinhar cosmético”. Só que eu pensava no sabonete como comida, nos cosméticos então eu usava manteiga, leite de cabra, óleo essencial, usava as melhores matérias-primas porque era comida, eu queria entregar comida pra pele e aí comecei a fazer e tal, aí descobri uma senhora no interior de São Paulo que fazia sabonete no sistema antigo em inglês e fui lá fazer com ela um curso e aí comecei a ir pra tudo quanto é lugar, estudar e tal, 6 meses eu tive o primeiro sabonete, que foi o sabonete de leite de cabra que eu pensava “Quero botar um sabonete mas não quero fazer um sabonete, quero um sabonete grande, em bacias e que possa ser fatiado”, eu já pensava que eu queria que fosse um sabonete tipo um queijo e tal, aí peguei e comecei levar pra loja mas os primeiros sabonetes as pessoas diziam que tinha cheiro de chulé
Henrique de Moraes – De fato parecia queijo
Tobias Chanan – De fato parecia queijo, literalmente. Cara aí foi o seguinte, aí o negócio tem uma situação emblemática da Body Store que perdurou pela vida inteira dela, tu imagina, tu entrava numa loja de 30 metros quadrados que era uma boutique de cosméticos, tinha só linha capilar profissional, era um piso azul, era uma loja incrível assim pequenininha mas toda ela laqueada, ela era toda bonitinha aí tu entrava lá no meio dessa loja num belo dia, tu chega numa segunda-feira de manhã e tem uma mesa de churrasco que eu comprei lá tipo assim como se fosse R$ 1.200 de um cara, um carpinteiro que faz produtos para mim lá e botei essa mesa no meio da loja e em cima dessa mesa coloquei três sabonetes, leite de cabra, arruda com sal grosso e o sabonete de carvão vegetal pra face, e uma balança. Quanto você entrava na loja eu falava, tinha duas vendedoras, “Gurias vocês tentem direcionar a venda pros sabonetes porque a gente tem margem no sabonete, o cosmético capilar já não tem mais margem”, cara e eu sei que assim, as pessoas começaram a entrar, não entendiam né, “Ah mas o que que é isso e tal” e chegavam no caixa e aí quando iam comprar o sabonete eu orientava a cortar uma fatia maior de sabonete né, aí eu vendia o sabonete a R$ 0,12 o grama, então 100 g de sabonete dava R$ 12, o sabonete mais caro que tinha no mercado era o Dove a R$ 0,80, que era vendido no supermercado que tinha dentro do Shopping Iguatemi que era onde tinha a loja. Cara, as pessoas chegavam na hora e eu orientava a equipe, entravam na loja, chegava e “Ah vou querer levar um shampoo”, “Ah, a senhora não quer conhecer o nosso sabonete?”, “Sabonete? Isso é sabonete”, “É sabonete”, “Tá vou querer então”, aí cortava uma fatia lá de 100g, 150g, 200g, pesava na hora, embalava, e aí chegava na hora de pagar, “Quanto deu”, “98”, “O que? Mas quanto é esse shampoo?”, “R$60”, “E esse sabonete?”, “Ah deu R$ 32”, cara eu quase apanhava, as pessoas, “O que, sabonete?” porque imagina, sabonete um produto vulgar, o mais caro era o Dove R$ 0,80, uma puta comunicação, o Dove foi o primeiro sabonete que entrou com uma pegada de hidratação e tal só que aquilo era mais que um sabonete, eu ficava 3 semanas curando um sabonete com uma capa térmica, eu fazia um processo de queijo mesmo, meu processo de saponificação era de cura, era de curar o produto e tirar toda soda. Cara eu sei que o negócio começou ir à bancarrota, as pessoas não iam mais, começaram a falar mal, as minhas vendedoras começaram a ficar apavoradas, eu vendia sei la R$ 80 mil e passei a vender R$ 30 mil, e começaram a falar mal, que a gente tava roubando e que não sei o que, que isso era um roubo e aí chegou num domingo assim, chegou no final de semana e eu disse “Cara mas não é possível, as pessoas não estão vendo o valor que esse sabonete tem, não estão vendo o valor de um sabonete super incrível e tal, como é que eu vou fazer para elas perceberem que isso não é só um sabonete, é um produto incrível?”, aí eu tinha feito já mais uns dois, três sabonetes, nem lembro quais, aí cheguei cara, chamei o carpinteiro que me vendeu a mesa de churrasco, ele era carpinteiro, DJ, cabeleireiro e nos grenal ele fazia churrasquinho, ele era um artista assim, um lutador, e disse “Carlos vamos fazer o seguinte, vamos tirar todas essas prateleiras aí desses móveis que tem e vamos colocar ripas de madeira porque eu vou encher essa loja de sabonetes”, mas aí eu só tinha 5 né, então tu entrava na loja e eram os mesmos 5 multiplicados em várias vezes dentro da loja, enchi de sabonete, foi questão de um final de semana, fotografei toda a loja, peguei uma máquina fotográfica e fotografei toda a loja, fotografei os sabonetes, fui no Salgado Filho, no aeroporto. Na verdade eu liguei para o internacional de Guarulhos, o aeroporto e pedi que enviassem 10 jornais estrangeiros, New York Times, Le Monde, jornal japonês, coreano, El País, tudo que era jornal do mundo inteiro, 10 jornais que nem tinham aqui, me enviaram, peguei esses 10 jornais, revelei as fotos da loja, dos sabonetes, fui numa gráfica expressa lá na Protásio Alves, lá em cima, sentei do lado do designer e disse “Cara você tá vendo a capa do New York Times?”, “Tô”, “Você vai botar essa foto dessa loja na capa e escreva assim ‘Empório Body Store, the best shop in Brazil’, se fosse ler a notícia era uma bomba que tinha estourado no metrô de Nova York, tinha nada a ver, no Le Monde botei lá, e fui colocando e fiz essa montagem, aí no domingo a gente foi lá, eu, o Carlos e minha vitrinista e a gente revestiu toda a loja com esses jornais e passou selador. Cara eu tô contando tudo isso porque foi mais uma vez o all-in né, na segunda-feira as pessoas entravam na loja olhando pras paredes, se perguntavam “Essa loja não é daqui?”, e a orientação pra equipe de vendas não era para mentir mas também não podia falar a verdade né porque o varejo tem aquela coisa do teatro né, “Ah a senhora conhece nossos sabonetes, nós somos um Empório e papapa”. Cara eu sei que o seguinte, foi um fato histórico porque esta virada de chave determinou a experiência do Empório Body Store até o fim da vida dela, que era a experiência da descoberta e durante todo o tempo a gente foi evoluindo obviamente, o jornal virou outra coisa, virou um aquário de bolhas, depois foi virando outras coisas mas era sempre essa experiência, as pessoas entravam na Body Store e as pessoas relatavam que quando elas entravam na Body Store era como se elas tivessem entrado em outro universo, em outra atmosfera e aí tudo olhando e tal então cara foi uma virada de chave e a partir dessa virada assim dos sabonetes e tal o negócio começou a acontecer e aí o sabonete eu comecei fazer a primeira linha corporal, aí do fogão e da panela eu fiz a primeira fabriqueta, e a segunda fabriqueta, terceira fabriqueta, daí a gente expandiu também de uma maneira completamente sem grana, vendi carro, vendi apartamento, cara pra você ter uma ideia quando a gente vendeu pela segunda vez, a gente vendeu duas vezes a Body Store, primeiro uma captação e depois a gente fez um due com o grupo L’Oréal, que também é um negócio muito incrível assim porque foi uma marca com que eu catequizava o time da The Body Shop, da Anita. Quando eles entraram e fizeram a due diligence, diligência na companhia para ver o negócio eles chegaram à conclusão que eu tava quebrado há 10 anos. “Cara contabilmente tu já quebrou há 10 anos atrás”, eu já tinha virado PL da empresa e não sei quantas vezes, 40 vezes há 10 anos atrás. Eu tive um sogro que dizia “É Tobias, tu me lembra muito aquela frase “A coragem que a ignorância propicia”, porque eu não sabia, nem imaginava que tava quebrado, só acelerava, vendi carro, apartamento e não sei o que, penhorava casa de não sei quem, cara foi muita loucura assim mas no fim deu, funcionou.
Henrique de Moraes – Vocês ficaram, até vocês pegarem esse primeiro round de investimento aí que você falou, vocês ficaram até então era só com dinheiro próprio mesmo?
Tobias Chanan – É, dinheiro de linha de crédito em banco né
Henrique de Moraes – Caraca loucura, quantos anos?
Tobias Chanan – Cara, quantos anos durou isso? Foi de 1997 à 2011. Cara eu tinha 30 anos e devia 20 milhões. Não é que eu devesse assim, a gente nunca teve um abalo de crédito, nunca teve um problema de inadimplência, nada mas a gente tinha tomado em dívida 20 paus com 30 anos. Aí já tinha ido todo o patrimônio, penhorado terreno, a gente tinha uma casinha na praia, meus pais já tinham hipotecado
Henrique de Moraes – Por acaso você já leu o livro do Phil Knight, da Nike?
Tobias Chanan – Não
Henrique de Moraes – Cara vale a pena, é muito bom, é um livro que logo no início assim já tem um trechinho que vale o livro inteiro para mim, que ele compara correr com empreender né porque ele fala que assim, a corrida de fato se for parar para analisar ela não faz sentido porque você não tem objetivo, você corre, saio e corre, você define, não tem uma regra, um jogo, não é igual jogar futebol né que tem ali 45 minutos para cada tempo e depois alguém sai vencedor, não, é você com você mesmo e empreender é também um pouco assim né tipo, é uma coisa meio maluca, você que define até quando você vai, o quanto você vai e a história dele parece muito cara com a sua história assim, ouvindo agora você falar, que foi isso você ficou anos pegando ali linha de crédito, linha de crédito, aumentando a linha de crédito e não sei o que e tudo mais, uma loucura assim, uma pira dele que ele achava que ia dar certo, ninguém achava, lógico que tinha o time ali, pessoas que ele foi trazendo pra perto e tudo mais que compraram uma ideia também mas durante muitos anos os bancos ficavam assim “Você é maluco cara, porque você tá pedindo aumento de crédito? Seu negócio não dá dinheiro, como você tá me pedindo aumento?”
Tobias Chanan – Cara quando eu comecei com cosmético artesanal eu ouvia muito assim cara, gerente em shopping dizer que eu tinha que vender aquilo ali na Voluntários da Pátria, em lugares assim, não era produto pra estar dentro de um shopping porque não tinha, nós somos a primeira loja e única loja do Brasil de cosméticos de qualquer segmento que teve um toldo, a gente tinha um todo dentro do shopping
Bibiana Travassos – Era muito legal
Tobias Chanan – O dono do shopping foi lá aprovar, não existia e esse lance da dívida foi muito louco assim né, foi um negócio que realmente assim a gente, aí depois meu primo saiu, eu comprei a parte dele em 2005 e aí chamei meu outro primo de Brasília, o Francisco que tá comigo até hoje nesse negócio que cara, foi meu porto seguro também assim, que ele era o financeiro, chegou com 21 anos, nunca tinha trabalhado com nada, nem fazia conta direito e eu disse pra ele “Taí cara, tudo contigo” e esse cara foi genial porque ele realmente conseguiu, ele foi um grande, ele empreendeu as dívidas cara, a gente cara não tinha nem patrimônio né assim, eu tinha um carrinho e vendi, tinha um apartamentinho de um dormitório e vendi, meus pais tinham uma casa na praia e hipotequei a casa deles, eu não tinha dinheiro assim, não era uma coisa, o Francisco hipotecou o apartamento dele que tava no nome da mãe dele e hipotecou não sei o que lá, foi um negócio e realmente a gente pensava, sempre falava assim “Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega”, daí a gente dizia “Vamos correr, vamos correr porque tem chance dele não pegar, se ficar ele come e se correr ele pega, vamos correr” e eu lembro que o gerente do banco falava “O rolo compressor vai passar por cima, o rolo compressor vai passar por cima” e realmente cara é muito louco porque a gente, e assim de novo né, mas como é que isso foi possível, porque a Body Store foi em 2010/2011 a rede de franquias que mais cresceu no Brasil de todo sistema de franquias, a gente abria 65 lojas por ano né, um negócio tomador de caixa porque não é um negócio assim que financiava com a venda, tu tomava caixa, era indústria, tinha que produzir 6 meses antes, só que tudo isso eu não sabia, eu fui conhecer um organograma em 2010, 2009 conheci um organograma, cheguei na casa do meu primo Francisco e falei “Cara olha isso aqui”, e na época acho que eu já tinha 180 funcionários, quando eu saí tinha 500 funcionários, eu tinha 180 colaboradores mas assim era um negócio muito, muito, por isso eu digo assim tive muita sorte também e tinha uma cultura muito empreendedora, as pessoas assim, cara eu fazia muita coisa, eu tocava fábrica, toquei muita fábrica e ficava, a gente dizia muito assim que burro de carga tinha que começar numa garagem, levava as pessoas da fábrica, pegava e fretava um ônibus num final de semana para o time da fábrica ir lá na loja do shopping ver os produtos que eles faziam dentro da nossa fábrica as pessoas comprando, então as pessoas tinham muita gana de fazer acontecer, de realmente fazer o negócio acontecer. O produto era muito bom e tu tinha uma experiência de varejo diferente das outras e a gente teve muita sorte, muita sorte, realmente assim muita sorte.
Henrique de Moraes – Eu acho que essa coisa que você falou né dá coragem, que a ignorância proporciona né e acho que isso de fato ajuda muito porque o Jack Ma, do Alibaba ele fala isso, que o que ajudou eles a chegar onde eles chegaram e que eles não tinham dinheiro, não tinham experiência, não tinham porra nenhuma então eles testavam qualquer coisa, eles não estavam se importando né e eu acho que é um pouco disso, essa ingenuidade que é diferente daquela pessoa que tem um playbook e que vai seguir o playbook, você foi completamente fora do playbook ali tipo, “Vamos botar um toldo, vamos fazer esse negócio do jornal” assim testando coisas o tempo inteiro e se não deu certo beleza, descarta e vamos pra próxima, vamos testar, só não desiste, continua testando.
Tobias Chanan – Exato, e era tão louco e isso é muito verdadeiro o que você está falando, é tão louco que a gente não olhava o mercado cara, eu não sabia o tamanho do mercado. Quando a gente fez a primeira captação a gente estava com 65 lojas, quando o Hélio entrou, foi um baita sócio, deu um upgrade absurdo assim, eu nunca tinha olhado o tamanho no mercado de cosméticos no Brasil, não olhava a concorrência. Cara a gente trabalhava 18 horas por dia, trabalhava de segunda a segunda, eu abria a fábrica 6 da manhã e saía 9 da noite, 10 da noite, todo dia eu e as pessoas todas. O que a gente pensava sempre era em fazer um produto melhor e realmente, a Body Store, os produtos da Body Store, quando a gente fez o negócio com a L’Oréal eles ficaram impressionados com as nossas formulações, eram muito realmente elaboradas, o tipo de matéria prima que a gente utilizava, a qualidade, nosso sabonete era impressionante, era incrível, e a experiência de ponto de venda, é muito isso que tu falou, era teste, cara eu trazia lama da Jordânia, fazia muita coisa, vendia lama a granel em potinhos
Bibiana Travassos – Eu lembro
Tobias Chanan – Tu lembra? Eram uns potinhos de teste de urina, com rosca e os caras da L’Oréal enlouqueceram porque vendia a grama e a lama a granel era tipo assim R$ 0,20 o grama nem lembro mas era tipo assim, o potinho dava 100 e poucos reais, e a lama era boa, não era que eu cobrava muito, a lama realmente era muito boa
Henrique de Moraes – “A lama era boa” é ótimo, melhor frase que já ouvi nessa podcast
Tobias Chanan – Mas é verdade cara e aí o que acontecia, era um teatro, tu entrava e tinha um freezer que não tinha motor, tipo de buffet, tudo eu me inspirava na alimentação e aí a gente botava o gelo seco em cima e os potinhos, aí tem uma balancinha também, pesava a lama a granel e tinha lama da Jordânia, tem essas fotos e tudo.
Bibiana Travassos – Era um paraíso pra qualquer taurino porque tudo remetia à comida e tudo dava vontade de comer, era sensacional.
Tobias Chanan – A gente desenvolveu uma linha erótica, que eram umas barras de massagem, umas geleias
Bibiana Travassos – Comestíveis
Tobias Chanan – Comestíveis e lambíveis, e aí era muito legal, umas senhoras super distintas entravam na Body Store, compravam sabonete, compravam o sal de banho, comprava a linha corporal, e chegava no caixa “Vou querer aquela geleiazinha de cereja também”
Henrique de Moraes – Disfarçadamente, elas compravam as outras coisas só pra disfarçar, “tão bonitinho, vou dar pra minha sobrinha, minha neta”
Tobias Chanan – Exatamente cara, muito legal velho, então é como tu disse, não tinha muito limite e pra tu ter uma ideia eu fui conhecer a vigilância sanitária eu já tinha 9 lojas, parou na frente da fábrica lá uma Kombi branca, pensei que era ambulância, qualquer coisa menos a vigilância sanitária, mas eles foram muito bacanas também cara e por isso que eu digo, eu acho assim como a gente sempre fez algo muito íntegro do ponto de vista ético assim, muito ético, o produto era muito ético, os valores da companhia, a gente nunca foi uma empresa convencional, nunca foram quatro valores, eu tinha pavor disso, valor, disciplina, cara a gente botava “Nunca diga não”, “Venda com paixão”, a gente só botava valores que, eram 10, que a gente acreditava, era tudo uma cultura muito densa e um produto muito forte e uma experiência assim muito incrível então pô até mesmo a vigilância sanitária chegou lá e disse “Olha vocês não podem fazer isso”, eu tava produzindo lá num carpete, aí eles deram tempo pra se regularizar, depois a Body Store virou outro nível né imagina, a gente foi fazer negócios com a L’Oréal mas eu quero dizer assim que foi no início cara, foi isso aí mesmo que você tá dizendo, não tinha muita, não ficava “Ah isso pode, isso não pode”, não fazia essa equação assim, não tinha essa lógica.
Bibiana Travassos – Mas o bacana assim é que até para quem não é de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, não conhece, não teve oportunidade de conhecer todos esses ambientes e passar por todas essas experiências de consumo que o Tobias sempre proporcionou, assim isso é comum em todos os negócios pelos quais ele passou porque assim na Urban Farmcy, era aquilo quando tu entrava tu tá assim num lugar especial, num lugar diferente, num lugar que é aconchegante
Tobias Chanan – Lúdico
Bibiana Travassos – Sim, e ele tinham também, era muito legal, eles tinham livros que as pessoas podiam pegar emprestado, aí elas só iam na frente de um iPad, tirava uma foto segurando o livro, era impressa a foto daí tu colocava aquela foto no lugar da onde tu tinha tirado o livro, e as pessoas levavam o livro embora
Tobias Chanan – Tirava foto com o livro, era “we love you to share” então você tirava foto com o livro, imprimia a foto, deixava a foto no lugar do livro então tu olhava pra Urban e era um monte de fotos no lugar dos livros, muito legal.
Henrique de Moraes – Deixa eu te fazer uma pergunta cara, vou fazer várias mas vamos começar com uma agora, pelo que eu pude entender um pouco de você, você tem essa veia muito criativa e o que que, depois que a loja foi crescendo o quanto você conseguia ainda participar ou o quanto você tentava participar da criação dos produtos, o quanto você se envolvia ainda e também toda essa parte de experiência, você tava envolvido em tudo que acontecia, como é que funcionava isso?
Tobias Chana – Legal, boa pergunta. Foi muito legal a experiência da Body Store também porque eu aprendi na Body Store que eu não sou um presidente de empresa, eu tive que ser por mais de 20 anos né mas eu não sou um executivo que traz serenidade para o ambiente, eu não sou um executivo que planeja, muito impulsivo claro que hoje eu já tô bem mais maduro e hoje seria menos ainda presidente mas na época eu realmente tive que, a minha entrega em que eu mais me envolvia era desenvolvimento e direcionamento de produtos, muito na parte de pessoas também e desenvolvimento de ponto de venda. A gente fazia tudo dentro da Body Store como a gente faz na Urban, a Urban a gente fez dentro de casa, a Body Store a gente fazia dentro de casa, toda a parte de criação dentro de casa. Mas eu dedicava 70% ou 60% da minha rotina cumprindo aquele papel de presidente que tem que ter, que é olhar os números né, toda a parte mais operacional do negócio, então cara o que eu acabava tendo que fazer era trabalhar 16 horas por dia então eu fazia, eu sempre começava meu dia até ali às 17h me dedicando para operação e aí depois eu ia para pesquisa e tudo mais pra produto né. Hoje é completamente diferente, hoje o meu sócio Bernardo que ele era o meu head de expansão, entrou com 13 lojas, implantou 137 lojas na Body Store, tinha 22 anos e está comigo há 15, 16 anos, ele é o presidente da turma e eu sempre dizia pra ele na Body Store “Cara você vai me suceder” porque ele é um presidente de empresa, em executivo com qualificação para ser um executivo, com uma liderança mais cadenciada, é outra lógica cara. Eu sou um empreendedor realmente, e um empreendedor pode não ser um bom presidente, via de regra até então assim, presidente de empresa é outra forma cara, é outra veia assim então realmente, respondendo objetivamente eu acabava dedicando menos tempo, botando menos energia do que eu deveria na parte onde eu realmente tinha mais entrega, mais qualidade né mas acabava conseguindo compor porque eu entregava mais horas de trabalho.
Henrique de Moraes – Eu me identifico totalmente assim ainda mais porque a nossa área também é uma indústria criativa e a parte que, o que me fez querer escolher ter uma agência foi a criatividade, foi eu poder tirar um pouco aqui da bateria por exemplo, da música que é uma coisa que eu sou apaixonado até hoje e transpor isso pro trabalho né porque eu não queria viver de música então eu encontrei ali na agência uma forma de me manter criativo e assim, no dia a dia eu vejo isso muito, minha energia sendo drenada para coisas que eu não quero fazer no final das contas né, que é a parte burocrática e eu tô fazendo agora até um exercício para fazer isso, tentar entender quantas horas por dia eu dedico pra coisas que drenam minha energia versus coisas que me dão energia né, pra conseguir equilibrar um pouco melhor e até delegar mais as coisas que de repente uma outra pessoa vai fazer feliz. A gente tem na agência a Bibi sabe, o Igor que adora a parte burocrática, adora processos, adora tudo e ele entrou muito com essa proposta de me liberar um pouco pra fazer mais a parte criativa porque por exemplo, isso aqui é uma coisa que eu adoro, que renova minhas energias, esses bate papos aqui com pessoas que eu admiro, que eu gosto sabe e que eu consigo aprender muito, para mim renova e acaba que assim, é trabalho mas nem parece pra mim no final das contas
Tobias Chanan – E é bem como tu falou cara, é que não tem como né, não tem como e nisso o cara faz tudo e é o contador, o vendedor, entregador, bem isso que você tá falando por isso que assim, a Urban eu comecei diferente, a Urban eu fui atrás, convidei alguns executivos que trabalharam comigo para serem sócios e aí eu fiz um time muito complementar, eu acredito muito, cara tenho sócios desde os meus 17 anos então acredito muito em sociedade e acho que a sociedade ela pode resolver essa questão da gente ser uma sociedade complementar, é desafiadora mas é bastante, eu acredito né, sempre funcionou assim mas é a cara, para ter uma ideia quando tinha esporte fitness eu fazia também entrega, montava bicicleta ergométrica na casa das pessoas.
Henrique de Moraes – No final das contas assim, a gente tá tentando chegar no ponto onde a gente vai fazer o que a gente quer fazer né e como o sonho é nosso a gente tem que construir ele também, não tem jeito, é tipo assim “Eu quero ter um barco” mas eu não tenho porra nenhuma, você constrói aqui e uma hora voce vai ter um barco.
Tobias Chanan – Exatamente, é isso aí
Henrique de Moraes – Mas deixa eu te fazer uma pergunta cara, você contou aí um pouco dessa loucura que era sua jornada de trabalho na época, enfim a correria danada, infinitas horas de trabalho e eu tenho a sensação né pelo menos vendo um pouco da sua rotina hoje em dia, que você conseguiu equilibrar um pouco melhor as coisas ou é só impressão minha, como é que está hoje essa sua relação com o trabalho hoje, o que que mudou assim, o que que você mudou intencionalmente inclusive né com a experiência de trabalhar tanto?
Tobias Chanan – Cara mudou bastante, eu hoje realmente tenho uma entrega de muita qualidade assim, com muito mais qualidade do que eu tinha, é que assim a Body Store era uma patrola, por isso que eu digo assim, eu era meio daquela teoria e que não boa, sinceramente hoje eu vejo, era daquela teoria que jogava todos os ovos na parede e via qual que não quebrava e esse ficava no time, então era uma coisa muito assim, era muito pesada, hoje eu consigo equilibrar muito. Você falou da música, eu sou apaixonado por música, toco cavaquinho então eu toco meu samba, remo todo dia de manhã cedo e não deixo nenhuma entrega a desejar, hoje na Urban eu me dedico no desenvolvimento de produto, toda parte de direcionamento e a parte de produto sou eu que faço, toda a discussão mais estratégica e conceitual the braining eu participo, das reuniões que tem uma pauta que precisa que eu participe, eu participo, tô muito dentro da companhia, respiro a companhia o tempo todo, tenho essa paixão, sonho da minha vida inteira empreender na alimentação e nós criamos um modelo, eu e Bernardo cara que é de co-CEO, então eu faço uma dupla de CEO com o Bernardo, ele pega mais toda parte de liderança, time, também estratégia mas ele faz mais o dia a dia da companhia, ele faz um milhão de vezes melhor do que eu fiz em qualquer época da minha vida e eu complemento ele mais em produto, construção de marca e cara a gente tem uma sociedade incrível aí e tem outro sócio que é o Francisco que é meu primo, o gênio lá do financeiro que toca toda a parte da indústria, ele tocou a indústria da Body Store, implantou várias indústrias né porque ele era do financeiro, e depois virou diretor industrial e eu tenho o Loth que está comigo desde os 19 anos cara, o cara tá comigo há 20 anos, foi o cara que fez toda parte visual, que faz ponto de venda, é um gênio assim, tudo que vocês veem de design da Urban, tudo e que era da Body Store, a embalagem, é feita por esse cara então por isso que eu digo eu acabei, tem o Gustavo que é um cara muito de pessoas que é nosso sócio também que foi meu estagiário lá na Body Store e que toca toda a parte de pessoas e eu acredito muito nisso cara então eu acho que a gente precisa, eu acredito muito no modelo de encontrar pessoas para realmente compartilhar a companhia e não é fácil, é um desafio né mas cara é possível e com isso tu saber qual é a cadeira onde tu realmente vai entregar mais valor para o negócio porque no fim do dia velho é isso que vai fazer o negócio andar num ritmo melhor e tu vai trabalhar feliz né. É claro, não é sempre assim, o negócio quando é pequeno o cara faz tudo
Henrique de Moraes – E no final das contas assim, é trabalho também né, tem essa romantização das pessoas falarem “Não quando eu encontrar meu sonho e tudo mais”, não cara é trabalho duro, mas você tá fazendo uma coisa que você gosta, eu tô aqui são meia-noite aqui em Lisboa, eu tô gravando podcast feliz da vida cara porque é uma coisa que eu gosto de fazer mas é cansativo, amanhã eu trabalho cedo enfim, é trabalho ainda.
Bibiana Travassos – Eu queria só perguntar uma coisa porque eu lembro que Tobias falou que ele rema, Tobias eu queria te perguntar como é que, porque isso não é algo tão comum, não é um esporte tão comum assim, o que tu leva do remo pra sua realidade de trabalho, pro teu dia a dia, de disciplina de repente
Tobias Chanan – O remo é um esporte impressionante, incrível assim, é um esporte que não é, eu remo todos os dias porque o remo é um esporte para fazer todos os dias mesmo porque é um esporte que ele acaba te exigindo muita, te exige tanta resistência que se tu não faz todos os dias você está sempre devendo então tá sempre sendo difícil, e quando você faz todos os dias ele entra num fluxo né, acaba virando um flow assim. O que eu vejo no remo, e esses dias até falei sobre isso, o remo ele tem assim, primeiro ele te exige a ter uma tranquilidade em lidar com uma certa diversidade porque imagina tu sai pra remar, não tem assim “Cansei, agora vou chamar um Uber eu vou voltar caminhando” ou sei lá “Vou parar e desligar e amanhã eu continuo”, tu tem que voltar, vc tá no meio do mar ou tu tá no meio do rio e tu tem que voltar, tem que estar sempre atento às questões que não estão sob seu controle, vento o vento muda, canso de remar e o vento me virou pra sul, tá em norte, tá em leste, entrou uma rajada, tem redemoinho, vai vir uma tempestade, então essa questão de lidar com imprevisibilidade, com essa questão de tu realmente ter que manter a calma, quantas vezes eu tô remando e digo “Cara não aguento mais, falta ainda 7 km”, faltam ainda 6 km, 3 km e você tem que lidar com aquela sensação e não adianta diminuir o ritmo porque se diminuir o ritmo vai levar mais tempo para chegar e também não adianta acelerar o ritmo porque daí tu vai morrer no meio. Tem uma coisa de equilíbrio muito importante, tem que manter o equilíbrio não só psíquico mas o equilíbrio físico também para conseguir te manter naquele barco e não virar, lidar às vezes com situações de risco assim, de perder um remo numa remada, quebrar um pedaço do barco, se perder, já me aconteceu de sair para remar na neblina e me perdi, aconteceu numa travessia que eu fiz, eu quis dar uma de machão tipo assim “Não vou aí seguir todo mundo, vou pegar esse atalho” que eu nem conhecia a travessia, atalho que nunca tinha feito e fui parar no meio da Lagoa dos Patos, não sabia nem onde é que eu tava né então assim, é muito comum assim, então acho que o remo é um esporte que traz muitas, traz muitos aprendizados assim pra vida, é incrível assim.
Bibiana Travassos – Resiliência também né
Tobias Chanan – Muita resiliência, equilíbrio, muita coragem, exige também porque querendo ou não tu tá sempre tendo que, força né, você tá sempre ali remando, é que nem aquele termo “Tô remando”, é aquela sensação de que você tá remando “Tô remando pra terminar não sei o que”, então é isso aí, o remo é isso, tu conseguiu te conectar, e o que eu acho mais legal é que conecta com a natureza né. Isso é incrível né, é um esporte em que você tá em conexão total com a natureza, é muito legal isso.
Bibiana Travassos – É uma energia né, deve ser muito legal
Tobias Chanan – É muita energia. Remar no mar é um negócio impressionante, a energia do mar assim, eu entro 5km, 7km, você está no alto mar, é outro mar sabe, aquela energia, é impressionante, apaixonante.
Bibiana Travassos – E tu rema sozinho ou com outra pessoa dentro?
Tobias Chanan – Eu remo sozinho, que é a canoa havaiana né mas a gente tem daí, a gente treina a canoa havaiana, eu treino sozinho e aí tem uma modalidade que a gente compete, duas pessoas que é a C2 e agora está competindo com uma canoa de 3 também que é o C3.
Henrique de Moraes – Maneiro, eu vi você falar assim, me lembra até um pouco assim, lições de vida como você falou, porque me lembra muito a filosofia estóica, especialmente Epicteto que falava que tem partes da vida que você pode controlar e partes que não né, e tipo assim, a parte que você pode controlar pelo menos assume, não deixa a vida te levar né então assim você tá falando que você tá no mar cara, aí bate um vento e você vai falar “Não, deixa, vamos ver até onde vai me levar”, pega e rema, assume a parte que você pode e deixa o resto que são as intempéries né, que faz parte da vida sabe, dá pra de fato fazer outra ação paralela pra tudo na vida né, qualquer coisa, empreender tem isso, viver tem isso, enfim, relacionamentos
Tobias Chanan – Planejar né, eu que nunca fui muito assim de planejamento, o remo exige assim que tu olhe a previsão, que veja se o vento vai virar, se não vai entrar uma tempestade, porque o maior problema da remada é raio né, isso é perigoso né por causa do carbono dos barcos, os equipamentos né e também se vai soprar um vento muito forte e pega um terral ali, um vento de frente no mar é difícil, então todas essas questões ele acaba te exigindo assim, de planejamento, mas é incrível, é um esporte impressionante
Henrique de Moraes – Vamos entrar agora um pouquinho na Urban né que eu acho que tem bastante coisa pra falar, você pode de repente até contar um pouco de como surgiu, porque você já falou que sempre foi apaixonado pela culinária mas de onde veio assim depois, como resolveu de fato empreender nessa área e assim eu queria muito perguntar cara, se puder falar um pouco sobre as fazendas urbanas, que eu achei assim muito sensacional e eu queria entender melhor como funciona e até pra falar um pouco, passar esse conceito adiante porque eu acho bem interessante.
Tobias Chanan – Cara, a Urban ela na verdade assim, só pra fazer um fechamento, quando eu saí da Body Store ali, que nós fizemos aquele negócio com a L’Oréal pra lançar a The Body Shop no mercado, que aliás foi uma coisa incrível porque eu conhecia a The Body Shop desde 2001, eu andava com o livro da Anita Roddick, que é um livro que eu vou indicar, “Meu Jeito De Fazer Negócios” que pra mim foi a maior empreendedora que já existiu porque ela foia primeira empreendedora na The Body Shop que usava o negócio para financiar causas que ela acreditava, causas socioambientais, cara foi na década de 70. Essa pra tu ter uma ideia, ela pegava as principais linhas de produtos e colocava rosto de pessoas desaparecidas ao redor do mundo quando ela tinha mil e poucas lojas, era a marca mais querida por todos os artistas, foi a marca mais valiosa do mundo por muitos anos por causa disso, ela transformava a Body Shop, a loja, a rede, a marca para financiar causas, de empoderamento da mulher, desenvolvimento de community fair trade, Natura tem um altar da Anita lá dentro né que eles se inspiraram e foi muito legal porque tu imagina, conheci ela lá em 2001, eu já tinha a Body Store, eu andava com o livro dela embaixo do braço, parecia um pastor, eu ia treinar, treinava equipe de venda no Brasil inteiro cara, das lojas né e viajei muito assim todo Brasil treinando equipe de vendas e eu entrava com Anita, e sempre começava com um slide da Anita dizendo que “Se você se acha muito pequeno para mudar o mundo tente dormir com mosquito”, ela dizia né e aí cara tu imagina 10, 12 anos depois os caras batem na porta e querem fazer uma sociedade com a The Body Shop, a Anita tinha falecido, a L’Oréal comprou a companhia, a The Body Shop tinha envelhecido do ponto de vista que precisava se renovar, tava faltando uma alma e eles entenderam que a Body Store tinha essa alma e tinha essa renovação. Cara tu imagina uma marca que eu me inspirei a vida toda né, então foi um negócio muito incrível assim, foi muito especial, foi realmente impressionante, é a mesma coisa que você pegar um jogador da várzea não sei da onde e o cara tá olhando lá sei lá o Maradona né e se inspira e daqui a pouco o Maradona, “Pô cara vamos jogar comigo, a gente faz um dupla de ataque”, e foi muito legal. E aí surgiu a oportunidade, nesse negócio que a gente fez surgiu a oportunidade, eu tive uma missão ali como CEO da companhia de entregar parte do roll-out da rede, fidelizar o ponto de venda e surgiu a oportunidade de eu deixar de ser executivo, seguir como acionista da empresa no Brasil e empreender esse sonho antigo. E na verdade o que eu queria, meu sonho era empreender primeiro uma marca que gerasse impacto realmente assim, eu sou fã de algumas marcas, a Patagônia, Toms, The Body Shop, então cara meu sonho era usar o empreendedorismo pela paixão mesmo de gerar valor, e eu tinha uma paixão pelo alimento e disse “Cara como é que a gente transforma o alimento num vetor de transformação?”, e a primeira coisa que nós fizemos quando eu chamei essa turma para ser sócios e a gente empreender juntos foi fazer uma imersão na atual matriz de cultivo, produção e oferta de alimentos e aí a gente foi, fiquei 2 anos entre Europa e Estados Unidos, primeiro fazendo uma formação em cozinha clássica lá em Milão, para conhecer a cozinha clássica, entender a cozinha clássica, se ela estava alinhada aos valores da vida moderna, se realmente ela tinha preocupação ambiental, se realmente ela entregava saúde, e depois eu fui fazer uma imersão na vanguarda do plant-based, passei pela Alemanha, fiquei um tempo em Berlim, um tempo em Amsterdã e depois fiquei um bom tempo na Califórnia fazendo uma formação com o Matthew Kenney o que é o principal chef plant-based no mundo e tal, e fiquei dois anos fazendo essa formação com ele lá na escola dele, Plantlab e cara o que ficou claro foi o seguinte nesse processo todo de imersão é que existia um gap entre a cozinha clássica e a cozinha da alta nutrição e impacto ambiental, então de um lado eu tinha um cozinha clássica, com sabor e prazer e do outro lado eu tinha cozinha de alto valor nutricional, alimento como protagonista do meio ambiente mas faltava sabor e prazer, então eu tinha de um lado uma cozinha plant based incrível, isso tudo em 2015, 2016 mas faltava o sabor, o prazer da cozinha clássica, faltava o calor e toda aquela coisa cultural da cozinha clássica e do outro lado eu tinha tudo isso mas faltava o alimento como protagonista, e a Urban nasceu disso, desse gap de unir saúde, unir sabor e prazer com saúde e impacto ambiental, e aí a gente criou as três premissas que direcionam a Urban até hoje, todo nosso negócio, a narrativa, o produto, tudo que a gente fizesse teria que entregar saúde, sabor e gerar impacto ou seja, engajar uma cadeia produtiva do alimento. E o conceito da Urban Farmcy nasce disso, Urban Farmcy nada mais é do que fazenda farmácia urbana, se fosse fazer um trocadilho. O “farm” ele representa a origem, o sabor e o prazer que é a fazenda, que é a cozinha clássica e o “farmcy” representa a tecnologia, representa o alimento como protagonista da saúde, como protagonista do meio ambiente e “urban” porque é onde a transformação ter que acontecer, que é na cidade. E como eu sou um fã de marcas de impacto, cara eu sou fã de branding, apaixonado por isso e eu sou fã de marcas que conseguem ter no conceito, todo conceito, todo branding no nome, na filosofia e no produto, e a gente realmente conseguiu alinhar isso na Urban assim, então cara o produto ele é o gerador de escala, de escala de impacto porque ele gera, a gente é estruturado em cinco valores, que são métricas de impacto, agricultura familiar, alimento limpo, nunca ultraprocessados, compromisso com o planeta em tudo que a gente faz e uma cozinha 100% à base de plantas né e a nossa missão é salvar a saúde do planeta através do alimento dando protagonismo para ele. Então o que eu quero dizer é que a gente, a Urban ela surge do entendimento que faltava uma oferta de alimentos ou que, não é nem que faltava, porque tem algumas assim, ela nasce na verdade com o objetivo de gerar tração, pra uma cadeia positiva da saúde, daí a gente fala do plantio ao consumo, entregando mais saúde e sabor pras pessoas com menor impacto pro meio ambiente.
Bibiana Travassos – E é muito legal isso porque vocês, qualquer pessoa que já entrou, já passou pelas portas da Urban, fica muito claro toda essa questão da responsabilidade de vocês porque eles tinham dentro do restaurante quase como se fosse uma prestação de contas pra todo mundo, que era uma foto do impacto gerado, quem eram os produtores rurais sabe, e daí tinha o nome deles, então é toda aquela questão do respeito, da valorização, com a origem daquilo que tu tá consumindo
Tobias Chanan – É porque o que acontece né, eu sempre fui muito crítico do restaurante, da praça de alimentação que diz “Orgânico sempre que possível”, “Alimento de agricultura familiar” sendo que cara a gente sempre definiu meta, “A gente tem que gerar tanto de tonelada de consumo esse ano de alimento limpo”, “Tantas toneladas de alimento”, então sempre foram métricas de impacto e métricas de performance pra nós mas é isso assim, realmente a gente construiu muita coisa, a Urban construiu coisas incríveis assim, de movimentos e continua construindo.
Henrique de Moraes – Muito legal, me lembrou até a conversa que eu tive há pouco tempo, a gente lançou essa semana inclusive, com a Alana Rox, e ela tem um restaurante lá em São Paulo chamado Purana e no restaurante dela, eu nunca fui né porque quando conheci a Alana eu já tava aqui em Lisboa mas pretendo ir em breve, ela fala que na nota vem também os impactos positivos que aquela pessoa causou quando ela come lá né então tipo assim, de toda parte de agropecuária, ela coloca isso tudo na nota, ela fala que é um pedaço de papel que a gente precisa porque não tem como a gente se livrar disso mas pelo menos a gente colocou ali e mostrou pra pessoa que tento essa alimentação ela tá ajudando a impactar positivamente o planeta né. E aí me fala um pouco então dessas fazendas urbanas, de como que funciona, como é que uma pessoa pode instalar uma dessas em casa, como é a instalação.
Tobias Chanan – Legal. Esse projeto, das fazendas urbanas, ele nasceu de uma imersão que a gente fez em Nova York nessa jornada toda onde a gente entendeu que a gente precisava desenvolver uma tecnologia de produção de alimentos mais próxima de onde iam ser consumidos, e aí ali a gente desenvolveu as próprias fazendas urbanas através da hidroponia, módulos de produção verticais e a gente escolheu como espécie a ser cultivada os micro greens, que são os microverdes, que nada mais é o microverde, o microgreen nada mais é do que o vegetal colhido com 10, 12, 20 dias de vida, é onde o vegetal tem o maior potencial genético e onde ele tá com a maior concentração de nutrientes, tem vários estudos que certificam isso. A gente desenvolveu, a gente criou um modelo de fazendeiros urbanos onde a gente colocou na casa de algumas pessoas e até alguns lugares, coworkings e tal e esse produtor ele teria uma renda gerada a partir da venda e a gente chegou a vender para 42 estabelecimentos, chegou a ter se não me engano 18 ou 20 fazendas girando na cidade mas em 2020 a gente descontinuou o modelo porque entendemos que era uma questão de foco, o que que acontece para entender assim ó, a agricultura urbana ela, o que a gente aprendeu, minha opinião sobre tudo que aprendeu, a gente ficou 4 anos aprendendo isso, foi pouco tempo mas deu para ter bastante aprofundamento. Primeiro, a tecnologia de agricultura urbana no Brasil ela ainda é muito incipiente quando comparado a outros lugares do mundo, então cara a gente tinha que importar vários insumos e várias peças para equipamento porque não tinha nem da iluminação então assim, não dá pra comparar com a velocidade que a agricultura urbana tem no Japão, tá tendo na Califórnia, no Brasil não tem então assim, primeiro o acesso à tecnologia é muito restrito, “Ah mas isso é uma oportunidade, não poderia ser uma oportunidade?”, cara depende, o Brasil é uma região onde tem muito campo, uma vez eu ouvi isso numa reunião que eu tive lá com o Pedro Paulo Diniz e ele falou uma coisa que é uma grande verdade, “Cara o Brasil é um país que tem muita área pra plantar”, a agricultura urbana ela vai pra cidades ontem tem pouca área, então quer dizer Nova York, lugares onde são cidades muito adensadas, que tem grandes rooftops, que precisam realmente de espaço pra produzir alimentos, aqui no Brasil tu tem muita area para plantar, tem muito pra desenvolver, aí sempre nos incomodava um pouco isso, pô a gente fazia o nosso vegetal, os microgreens, mas poderia comprar de um produtor orgânico. Então a gente tava deixando também de gerar receita pra cadeia né, na medida que, e o impacto ele é menor porque tu reduz a distância, tudo isso é verdade mas por outro lado também tu tá deixando de fomentar uma cadeia de produção né que existe, familiar e tudo mais. Tem uma outra questão também que é a questão da viabilidade do negócio, o que acontece cara, a tecnologia importada e investimento na tecnologia é bastante elevado e o produto que tu vende é de baixo valor agregado então imagina, tu bota de pé uma produção de agricultura urbana, para fazer algo realmente relevante, são alguns milhões ou centenas de milhões e tu vai vender alface, rúcula, espinafre e tal, então baixo valor agregado, tanto que eu conheci as principais marcas de agricultura urbana e cara eles todos tinham preço acima do mercado, não conseguiam manter o preço baixo porque eles estavam numa zona urbana, por mais que eles verticalizassem ou otimizassem esse espaço eles estavam vendendo um vegetal que era produzido por um valor muito menor, um custo muito menor né então fica a dificuldade de ser competitivo por baixo valor agregado. Então eu acho que a agricultura urbana ela é uma realidade mas eu acho que ela é uma realidade para determinados centros, que realmente tem a demanda e a necessidade da agricultura urbana, eu acho que no Brasil tem dificuldade de ver esse business no Brasil com viabilidade, e a gente teve em algumas rodadas assim com potenciais investidores cara e aí a gente viu que efetivamente o negócio era bem difícil que ele tracionasse sabe. Pode ser que uma ou outra consiga mas eu vejo com bastante dificuldade assim. Esse modelo que a gente criou, que era um modelo de agricultura urbana com micro fazendeiros, que eram os urban farmers, esse cara parecia ser o modelo mais interessante porque eu colocava dentro da casa do cara ou seja, ao invés de tu botar uma cristaleira tu botava um produto e ali tu tinha uma renda, a gente chegou a ter um que tinha 3, 4 fazendas dentro de casa e o cara faturava R$ 1.500, R$ 2.000 por mês, mais do que faturaria num Uber muitas vezes. Mas ainda assim entram aí outras questões, conseguir realmente ter controle sobre aquele ambiente, que não pegue fungo, cara é bastante complexo, é um tipo de modelo de negócios que aí a gente chegou à conclusão no ano passado que tinham dois caminhos, ou a gente investe porque a gente sabe fazer, que é a produção de alimentos, que é realmente a Urban Farmcy ou a gente para tudo e foca 100% nas fazendas e aí a gente decidiu ir para o caminho de desenvolver produtos, que nasceu agora o e-commerce e descontinuou a fazenda urbana.
Henrique de Moraes – Boa, entendi. E vocês, quais são os planos para o futuro assim, qual o grande sonho da Urban no sentido de expansão, onde vocês querem chegar com a marca, vocês querem abrir também restaurantes em outros lugares ou só vai ser um modelo pra ficar mais locais aí e expandir com produtos, o que vocês estão pensando em relação à isso?
Tobias Chanan – Então, a Urban hoje ela não é mais um restaurante, a gente agora virou e-commerce
Henrique de Moraes – Ah não tem mais?
Tobias Chanan – Não, a gente virou uma loja online, o restaurante foi uma plataforma incrível para testar produtos, criar o astral da marca mas a gente transformou a Urban numa loja online de produtos e a gente tem 3 grandes categorias que a gente está ressignificando, uma delas é a carne de plantas, outra delas são os embutidos, a gente vai lançar nossa salsicha agora e outra delas é categoria de comida pronta né, as marmitas que estão incríveis inclusive
Bibiana Travassos – Momentinho apenas pra divulgar, que temos aqui, tô comendo.
Tobias Chanan – Boa Bibi! Legal e cara, o nosso sonho como marca é assim, a gente quer realmente construir a Patagônia do plant-based, quer ser uma marca de conteúdo, produto e toda ela voltada para o que a gente se propôs atrás que é a geração de impacto, e que ter o produto como viabilizador disso tudo mas a gente não quer ser uma marca que vai fazer só produtos plant based, mas que vai gerar conteúdo, uma marca que vai construir uma relação com pessoas e quando a gente olha para o mercado né, o Brasil hoje é o maior, se não é o maior ele tende a ser o maior consumidor de wellness pelo comportamento e wellness hoje quando a gente pensa, a porta de entrada para o wellness é alimentação e alimentação plant-based e não tem nenhuma marca no Brasil estruturada de uma maneira, com qualidade, com branding, com impacto, com portifólio,com evergadura para atender esse cliente então a gente quer ser essa marca, a gente quer ser a Patagônia do plant-based realmente assim, gerar impacto, ter envergadura de marca, portfólio, conteúdo, produto realmente, ser uma marca que consiga criar vínculo com as pessoas e não simplesmente, que não é simplesmente porque também tem muito valor mas não apenas focar em substituir a proteína animal.
Henrique de Moraes – Sensacional. Inclusive fica a dica aí para quem estiver ouvindo aí conhecer, procurar o conteúdo de vocês que é muito sensacional, super bem produzidos, informação muito relevante então fica a recomendação, a gente pode colocar os links na descrição do episódios também para ficar mais fácil pra vocês encontrarem então assim, recomendo bastante. Bibi, como você tá aí de perguntas? Tem alguma pergunta ou posso continuar aqui?
Bibiana Travassos – Eu queria só
Henrique de Moraes – Uma? Você tá me deixando fazer uma pergunta?
Bibiana Travassos – Eu queria só fazer uma colocação na verdade porque assim, essa questão do impacto que a Urban é capaz de gerar já gerou e ainda vai gerar na vida das pessoas que é muito lindo de se ver porque na época, há um tempo atrás, acho que era uma vez por mês, a Urban promovia as Urban Talks aonde eles traziam profissionais que são muito incríveis do mercado que assim, teve todas as informações que eles compartilharam lá sempre era algo assim que tu pode aplicar na tua vida agora, tu pode contar para tua família, tu pode contar pros seus amigos e isso realmente impacta a vida das pessoas sabe. Teve uma informação que eles passaram lá que acabava impactando na vida de recém-nascidos que nasceram por cesárea e daí essa essa informação foi compartilhada num grupo do Estado do Rio Grande do Sul de parto humanizado e as pessoas replicaram essa informação para suas redes e veio o retorno de que o índice de complicações no parto cesárea diminuíram drasticamente sabe então cara isso é muito legal, tu vê assim, tu saber que uma coisa que tu tá criando, que está proporcionando para as pessoas reverberam dessa forma sabe então eu queria dar os parabéns
Tobias Chanan – É muito legal, obrigado Bibi. A gente produziu um documentário né chamado “O que você vai comer amanhã?”, a gente produziu um documentário gratuito, “Da escassez ao excesso”, a gente entrevistou mais 80 especialistas ao redor do mundo, só cara fera, não foram influenciadores, foram caras feras, não que influenciadores tenha problema, quer dizer cientistas, professora, médico e tal e a gente produziu um documentário gratuito sobre o futuro da alimentação. Realmente a Urban ela sempre foi muito engajada em entregar realmente essa, o que ela se propôs e agora com o e-commerce isso se torna ainda mais factível porque a gente consegue chegar em outros lugares engajando toda essa cadeia de uma maneira mais rápida e numa perspectiva de escala maior.
Henrique de Moraes – Sensacional. Bom, deixa eu te fazer, passando aqui pro final do episódio com as perguntas que a galera, se eu não fizer tem gente que me mata depois, recebo as mensagens furiosas mas vamos começar por livros já que você já mencionou aí um que você vai trazer aqui, tem de 1 a 3 livros aí que mais impactaram na sua vida, sua trajetória?
Tobias Chanan – Legal. Cara tem pra mim a bíblia do empreendedorismo que é o “Meu Jeito De Fazer Negócios”, da Anita Roddick, tem um que eu gosto muito de alimentação que é “O Dilema do Onívoro”, do Michael Pollan
Henrique de Moraes – É gigante
Tobias Chanan – É muito bom, esse cara é um gênio também da alimentação. E tem um que eu acho incrível, que fez muito sentido para mim recentemente que é do Krenak, que é “Ideias para adiar o fim do mundo”, que é muito legal
Henrique de Moraes – Eu li
Tobias Chanan – É né cara, é um livro pequeno, curtinho mas cara eu achei muito sábio, uma maneira muito sábia a forma como ele refletiu a falta de compreensão que a gente tem, de unidade que a gente tem né, ele compara e diz assim “Se a gente olhasse pras pedras e visse que elas são as nossas ancestrais, a gente talvez tivesse uma relação com a natureza mais próxima do que a gente tem”, uma pedra né que para nós ela é uma pedra e achei ele muito inteligente porque ele é muito, de uma maneira muito simples, muito simplória ele é muito, ele trouxe uma reflexão para mim muito importante.
Henrique de Moraes – Sim, é um livro que eu reconheço porque ele de fato é muito pequenininho e é muito fácil de ler também porque é como se fosse uma palestra eu acho, inclusive aqui em Lisboa inclusive se eu não me engano, foi Portugal alguma coisa assim que ele fala nisso e me lembrou uma coisa, eu tava vendo um documentário, eu não vou lembrar o nome agora mas que trazia uma reflexão também interessante em relação à isso, essa questão da unidade né, que tem muitos livros que falam sobre isso, tem o Sapiens que ele fala inclusive né que na verdade o que fez a gente chegar onde a gente chegou foi a capacidade de colaborar em grandes números né, o problema é com o que a gente tá colaborando, pra que a gente tá colaborando, o objetivo disso aí mas eu tava vendo um documentário que falava sobre essa questão de muitas pessoas acabaram interpretando o Darwinismo né, toda essa parte de “o mais forte sobrevive” de uma maneira muito errada e aí era um documentário que trazia um pouco da visão de fato de Darwin sabe sobre toda parte da evolução né basicamente, de que o mais forte sobrevive e tudo mais e eles falam que na verdade assim, se você for olhar na verdade ele fala muito sobre colaboração, sobre só funcionar, a gente só é mais forte porque exatamente a gente colabora em grandes números e a gente tem esse poder, então enfim, lembrando um pouco do livro do Krenak, o assunto conectou na minha cabeça de uma forma assim que é isso, a gente precisa entender de fato e conseguir colaborar e não ficar nesse sistema onde você fica o tempo inteiro de maneira egoísta fazendo tudo de maneira egoísta né, você planeja a sua vida baseado só em você e mais ninguém basicamente, muito louco
Tobias Chanan – Muito egocentrada
Bibiana Travassos – A coisa da economia linear ao invés da circular né
Tobias Chanan – Exatamente, muito segregada né e muito distanciada assim, eu tenho me aprofundado muito nisso porque realmente cada vez eu vejo o quão relevante isso é e como a gente se distanciou, a gente é uma espécie que não tem nada de conhecimento nada de conhecimento sobre as questões primitivas de nós mesmos a gente não sabe sobre nossa respiração, coisas básicas, a gente não sabe do nosso corpo, a gente não sabe sobre nada, a gente não pensa no combustível do nosso corpo, o alimento que a gente consome, então é tudo muito para fora e pouco para dentro né, a gente se construir muito assim, eu me construí muito assim também né de buscar tudo nas coisas externas e pouco de olhar para dentro e realmente ter essa que é cara a essência da vida né. Se tu não tiver a capacidade de debruçar sobre isso em algum momento vai bater na porta.
Henrique de Moraes – Sim, às vezes eu fico, me pego refletindo muito sobre esse egocentrismo nosso e como tá em tudo cara é impressionante está muito enraizado mesmo na gente e sair do piloto automático, eu falo muito sobre isso aqui no podcast né, as pessoas que eu trago, eu tento trazer essa visão de como vai sai um pouco, quebra um pouco o que parece que a sociedade colocou para a gente como certo, o que é o caminho certo e como que você olha pra dentro e tenta descobrir o que serve para você, enfim e tenta estourar um pouco essa bolha. Mas às vezes eu fico com coisas idiotas assim, vou dar um exemplo bem bobo mas que, o WhatsApp, cara o WhatsApp é um negócio muito doido porque você não quer receber, fala a verdade, ninguém quer receber o WhatsApp mas quando você manda você quer que a pessoa te responda imediatamente sabe e isso é muito louco assim, como é que você pode exigir que a pessoa esteja 100%, às vezes até com trabalho assim, às vezes eu tento, quando eu consigo assim eu provoco a galera que trabalha comigo, especialmente o Igor que fica muito “Preciso resolver tal coisa, não sei quem não me responde” eu falo “Cara que bom que ela não tá respondendo, porque ela tá trabalhando ou então tá fazendo alguma coisa importante pra ela”
Bibiana Travassos – Sei quem sou, sei quem sou
Henrique de Moraes – É de todo mundo assim sabe porque às vezes a gente tá tão ali “Preciso resolver o meu problema, preciso fazer com que esse problema vá pra frente, que essa tarefa seja feita” e aí você depende da outra pessoas mas você quer que a outra pessoa resolva aquilo naquela hora e ela pode estar resolvendo inclusive uma outra tarefa que você deu pra ela antes, ela pode estar fazendo qualquer outra coisa e mesmo que não esteja, se ela estiver refletindo, meditando, passeando, absorvendo coisas, pro nosso trabalho, então é muito difícil a gente sair dessa coisa, parece uma afronta para gente né, a gente é tão egoísta que
Tobias Chanan – É, sair do nosso umbigo mesmo, da nossa necessidade, do nosso conforto né, tem uma pessoa que eu gosto muito, uma filósofa que tenho nos meus grupos de leitura que é a Lúcia Helena Galvão
Bibiana Travassos – Ai, da Acrópole
Tobias Chanan – É, da Acrópole e gosto muito dela, eu fiz vários, acompanhei vários grupos de leitura assim pelo YouTube e tal e ela fala uma coisa que é verdade, ela diz assim “Para pra pensar quando tu entra numa fila de supermercado e aí tu olha a filha do lado começou a andar mais rápido e daí tu vai pra que anda mais rápido” ou seja, é do ser humano né querer não perder tempo e querer, esses dias um amigo meu cara, um cara também muito assim, esse cara é um cara muito evoluído assim espiritualmente, ele diz que ele tava voltando de uma viagem e aí ele viu um caminhão fazendo uma manobra e ele podia passar mas ele resolveu parar e esperar o caminhão fazer toda a manobra e ele diz que ficou tão gratificado com ele mesmo porque ele disse assim “Cara eu me senti muito bem porque eu doei o meu tempo que é uma das coisas mais preciosas, eu doei meu tempo naquele momento” então eu acho que é isso assim a gente conseguir expandir um pouco mais o nosso olhar né e se colocar em situações em que a gente, nos tire desse olhar mais egocentrado e mais do conforto né para conseguir realmente doar um pouco de outras coisas para as pessoas né, acho que sim.
Henrique de Moraes – Uma coisa que acontece de vez em quando comigo e que eu recomendo que as pessoas de repente façam esse exercício também que é interessante, pelo menos eu acho interessante né, é que às vezes eu chego, eu não sei porque isso acontece muito comigo no ônibus, mas pode ser em qualquer lugar que tenha muita gente gente né, ainda mais aqui que eu tô pegando muito ônibus, a gente não tem carro né, mudou pra cá e não tem carro ainda e aí eu fico olhando pras pessoas, olhando mesmo sabe pras pessoas e fico pensando “Cara ela tem uma história que para ela é tão importante quanto a minha, quanto a história que eu conto pra mim mesmo” e isso dentro do ônibus, tem sei lá 50 histórias, 30 histórias sabe em que ela é a protagonista ali da vida dela e quanta coisa não pode estar passando ali sabe, quantos problemas ela não tem que às vezes são muito maiores do que eu tô reclamando, que de repente o ar condicionado não tá ligado
Bibiana Travassos – Tipo qual será que é o repertório dela, qual a história que tá por trás?
Henrique de Moraes – E você vai olhando pra todas elas e falando “Cara, cada pessoa aqui é uma história” e se você vai expandindo isso você fala “Cara” e me lembra de um video de uma criança que tá vendo as formigas e ela fala, criança evoluída, muito evoluído provavelmente porque ela vai e fala assim “Pra essas formigas o meu mundo é como se fosse as estrelas” sabe, tipo na perspectiva e ele fala “E olha só são muitas formigas e cada uma tem a sua história, sua vida e elas estão me olhando e talvez eu seja um gigante, talvez eu seja uma pessoa que tá oferecendo risco para ela”, olha que loucura, enfim
Tobias Chanan – Perspectiva né cara, cada um tem a sua perspectiva de vida e é muito louco isso porque a gente pode estar no mesmo lugar, vivendo a mesma situação mas cada um tem uma perspectiva sobre aquilo completamente diferente. Por isso que dizem né que o universo é mental quer dizer, a partir da nossa mente que a gente dá perspectiva para o universo né e faz o shape dele e é isso assim, eu acho que o que falta é realmente a gente conseguir se olhar mais com um olhar mais integrado, mais de unidades efetivamente.
Henrique de Moraes – Boa. Vou te fazer uma pergunta que não tem nada a ver com nada aqui mas pode ser que faça sentido, você conhece o Lourenço Bustani?
Tobias Chanan – Não
Henrique de Moraes – Não? Tá, você precisa conhecer, vocês precisam se conhecer inclusive, vou ver se consigo fazer essa apresentação de alguma forma. O Lourenço é um dos cara que eu mais admiro no planeta assim, um cara muito fora da curva, tive o prazer de entrevistar ele aqui no podcast e foi sensacional inclusive, foi uma realização de sonho assim quase e o Lourenço ele tem uma empresa chamada Mandalah que é uma consultoria de impacto positivo então basicamente, e ele fala isso cara desde sei lá 2005, uma coisa assim sabe quando ninguém tava falando de propósito, ninguém tava falando de você causar impacto positivo, tanto que ele falava que ele fazia reuniões e as pessoas falavam “A gente não pode só dar uma maquiada? A gente não pode só falar que a gente está fazendo isso?” e ele não, sempre foi muito fiel ao propósito da empresa que ele fala que é, as marcas tinham que conseguir encontrar interseção entre o lucro e propósito né e que ali é a Mandalah causam o impacto e assim é um cara super evoluído assim, pelo menos das conversas que eu tenho ou ouço dele é sensacional e eu acho que ele investe em empresas que estão tentando causar impacto positivo e eu acho que casa muito com o propósito de vocês, por isso que eu acho legal vocês se conhecerem de alguma forma
Tobias Chanan – Vai ser um prazer com certeza cara, faz essa ponte aí que só de poder conversar já vai ser muito legal.
Henrique de Moraes – Vou tentar, mas vamos voltar aqui pras perguntas. Você tem algum hábito estranho assim pelo menos para os outros, para quem vê de fora e que você cara não abra mão?
Tobias Chanan – Cara eu tenho, eu todo dia de manhã, eu tenho sim alguns hábitos né, desde os meus shorts aí que eu já tentei de tudo né que eu faço meus shorts e tal mas eu, faz algum tempo que eu criei um hábito de apneia então todo dia de manhã eu faço 40 minutos de apnéia, 35, 40 minutos de treino de apneia e isso é muito bom cara porque, pranayama assim e agora tô fazendo apneia junto com outro pranayama de 15 minutos mas é muito bom, eu não abro mão porque ele me bota no prumo assim, eu termino esse treino de apneia assim muito encaixado e às vezes é difícil, às vezes o cara tá ansioso e não tá afim de fazer e tal mas é muito bom.
Henrique de Moraes – Maravilha. Acho que isso parece um pouco com a coisa meditação né, tipo você tem que fazer mesmo quando tá num dia difícil porque o dia difícil talvez seja o que vai ser mais importante, o dia que você tá mais ansioso. Você tem algum fracasso ou fracasso aparente né porque assim, é muito subjetivo mas que tenha sido muito emblemático que te tenha feito dar um passo à frente?
Tobias Chanan – Cara sim, tive vários né assim nesse processo todo mas talvez tenha tido um assim que, teve todo esse dos sabonetes, várias lições né mas teve um que foi bem legal assim que foi no início da Urban quando eu e meu primo Francisco que agora voltou pra empresa faz uns dois anos, um ano e pouco, dois anos, virou sócio de novo mas que ele era um cara muito meu porto seguro assim, a gente tava iniciando esse processo da Urban juntos e viajando e tal, e lá pelas tantas ele decidiu que não ia querer entrar, embarcar naquele projeto naquele momento porque ele achava que cara, já tinha passado 18, 20 anos ali, um perrengue desgraçado quase nos matamos, quase perdemos tudo e ele olhou pra mim e disse “Tobias, não vou de novo cara”, porque assim, eu saí dia 31 de dezembro de 2014 e dia 1° de Janeiro tava pegando avião, 1° não mas dia 10 de janeiro tava pegando avião para começar a Urban, de 2015 então assim eu não parei né e ele foi junto e tal, meio que embarcou, foi meio que refletindo, refletindo e lá pelas tantas ele chegou num dia e disse “Cara, acho que não vou mais” e aquilo para mim foi um fracasso porque eu eu disse “Porra, um cara que me acompanhou todo esse tempo e que me complementava muito né”, e ele olhou para mim e disse “Olha, acho que tu deveria também cara…”, eu sempre dizia que queria ter um restaurantezinho e tal né, pequenininho e morar, montar sei lá um spa, uma pousadinha e tal aí ele “Cara vai para aquele teu sonho e tal, pra que de novo correr e fazer toda aquela loucurada” e aí cara foi muito legal assim porque ouvir aquilo foi um baque, eu digo que foi um fracasso porque realmente foi assim naquele momento assim tipo algo que não tinha prosperado né essa parceria que a gente tava construindo juntos de novo e aí eu tava, parei para pensar, cheguei em casa e fui tomar banho, comecei a pensar “Pois é cara, o que eu vou fazer? Então se eu não botar esse negócio eu vou sei lá para comprar um apartamento” que até hoje eu não comprei, eu alugo né porque eu comecei a fazer conta assim, “Se botar essa grana vou comprar um apartamento”, “Ou então vou viajar”, “Não aguento mais viajar e comprar apartamento não quero, então vou fazer sei lá”, comecei a pensar, fiquei uns 10 minutos no banho pensando “O que eu quero fazer? Cara quero montar um negócio, então tá decidido” então assim, algo que parecia, a saída dele que foi algo marcante pra mim também foi uma forma de eu reafirmar que eu tava realmente num caminho que eu tinha escolhido assim então foi legal.
Henrique de Moraes – O que te causa ansiedade hoje?
Tobias Chanan – Cara o que me causa ansiedade, deixa eu pensar aqui. Cara o que me gera ansiedade é eu não conseguir botar minha rotina para girar, sair da minha rotina me gera ansiedade. Cara se já não acordo no horário, se eu já não consigo fazer minha apneia, se eu já não vou conseguir remar, se eu já não consigo, cara se atrapalha minha rotina velho me desestrutura. Até um desafio bem legal cara que às vezes eu penso se pô eu não tinha que praticar mais isso assim, de desestruturar a rotina por que me gera ansiedade, mas eu fico ruminando aquilo e aí fico “Puta preciso fazer isso, fazer aquilo”, cara me gera bastante ansiedade.
Henrique de Moraes – E quando você tá ansioso você tem alguma coisa que você consiga fazer para tipo dar uma melhorada, dar uma organizada?
Tobias Chanan – Cara eu geralmente assim, eu faço os respiratórios né os pranayamas, os respiratórios, me ajuda bastante ou o que mais me diminui a ansiedade é realmente fazer os respiratórios e remar assim né, sair para me desgastar fisicamente. Nem sempre é possível, às vezes não dá, ás vezes tá no meio da pauleira ali, pegando o bicho né.
Henrique de Moraes – Agora o que é ser bem sucedido pra você?
Tobias Chanan – Cara acho que ser bem sucedido é você estar feliz com suas escolhas, você estar satisfeito com as suas escolhas sabe e poder realmente contribuir assim. Eu particularmente gosto muito de transformar, para mim ser bem sucedido, pro Tobias é transformar o que eu sei fazer para gerar mais oportunidade me gera muito prazer, muita satisfação pessoal e pode ser por vaidade, seja lá o que for mas me gera uma sensação muito boa assim cara e principalmente eu tenho uma conexão com pessoas, eu até nem sou um cara muito sociável assim sabe mas eu gosto de gente cara, gosto assim de ser humano embora eu acho que muitas vezes é uma praga mas então eu acho que, eu acho que ser bem sucedido é tu estar, porque eu acho que nem todo mundo, eu tenho esse lance sobre propósito, eu acho que propósito cara às vezes é um luxo, a Maria a senhora que trabalha aqui em casa, nem todo mundo tem condições de ter um propósito né ela tem que sobreviver então o propósito às vezes é uma sofisticação da vida né então eu acho que assim, tu tá feliz pelas suas escolhas, conseguir ter uma perspectiva positiva da vida cara é ser bem sucedido, e na medida que tu vai tendo mais condições de consciência, condições de sorte na vida ou ter possibilidade de ter nascido até numa estrutura familiar melhor né ou financeiramente melhor, que tu expanda isso, expanda pra ter mais conhecimento sobre a vida, pra ter mais compreensão sobre a vida, expanda pra gerar mais valor pras pessoas. Se pegar numa linha mais básica, é tu conseguir ter uma perspectiva positiva pelas escolhas que tu faz e pela vida que tu tem.
Henrique de Moraes – Boa. Você já leu um livro chamado “Em Busca de Sentido” do Viktor Frankl?
Tobias Chanan – Já li, é demais
Henrique de Moraes – É e eu acho legal que você trouxe esse exemplo né que assim, do propósito ser um luxo, vamos colocar assim, um privilégio e eu acho legal porque ele traz um novo significado para propósito né no livro assim que não é esse significado que a gente tem hoje do coach que fala que você tem que ter um propósito na sua vida, na empresa
Tobias Chanan – “Nós temos um propósito pra você”
Henrique de Moraes – Exatamente e “Toma aqui, eu te vendo ele”
Tobias Chanan – Você tem que ter, nós temos um pra você
Henrique de Moraes – Exatamente. E ele traz essa coisa da logoterapia né enfim, que é de fato a psicologia do propósito, alguma coisa nessa linha, se eu estiver falando merda gente me desculpa mas em que ele fala exatamente do propósito dentro de um campo de concentração então assim, que é isso, não é o propósito essa coisa linda de aonde você quer chegar, às vezes é só tipo assim você ter uma coisa que te salva da rotina, do estresse, da maluquice do dia a dia
Tobias Chanan – Ver sentido naquilo né, ressignificar aquilo então acho que isso é, essa é ser bem sucedido, tu conseguir dentre as tuas condições e o que a vida te ofereceu e os convites que ela te faz tu conseguir ter uma perspectiva positiva né porque cara, a verdade é a seguinte, viver não é fácil né sempre a gente vive numa instabilidade, a gente vive numa ambivalência e sofrimento, o sofrimento é inerente ao ser humano né. Agora a gente conseguir ter uma perspectiva e dar perspectiva diferente para a vida que nós temos que nem sempre é possível mudar eu acho que é o grande forma de ser bem sucedido realmente nessa passagem aqui.
Henrique de Moraes – Sim, acho que quem ouve aqui sempre não vai aguentar mais eu falando sobre isso mas eu acho muito bom, uma vez eu tive casal, na verdade foi a primeira vez que eu tive um casal como convidados porque eles fundaram uma empresa enfim, uma história bem legal e a Nara Iachan ela trouxe uma frase, como ela respondeu isso eu achei sensacional e eu guardo para mim e tem tudo a ver com o que você falou na verdade, meio que resume né porque ela fala que ser bem-sucedido é você se orgulhar da própria história e eu acho isso assim fantástico, pra mim virou a minha definição porque tira o significado que as pessoas costumam dar né que é o significado de sucesso financeiro e de bens materiais ou qualquer coisa, o que não tem nada a ver porque você pode ser uma pessoa que cara, saiu de uma situação cara de vida ali que é difícil, que a gente sabe que as pessoas nascem com condições diferentes sabe que assim, que de fato a gente tem muitos privilégios, eu, você, todos nós aqui nessa reunião nós temos muitos privilégios. As pessoas não nascem com esses privilégios, o que elas conseguiram conquistar foi mais importante do que a gente conseguiu mesmo que a gente tenha toda essa parte sucesso financeiro, ou estar na mídia ou qualquer coisa nesse sentido sabe.
Tobias Chanan – É orgulho da sua biografia né, eu acho que é muito legal isso, eu tenho um amigo meu que fala isso cara, um guri muito bom também ele diz que ter orgulho da sua própria biografia, acho que isso é realmente ser bem sucedido, acho que é por aí.
Henrique de Moraes – Perfeito. Bom para fechar, se você pudesse falar com o Tobias de 10, 15 anos atrás, início da Body Store, o que você falaria pra ele assim ter mais calma, qual seria o “Cara aqui você não precisa ter tanta pressa, fica mais relax”, qual que seria assim, qual área da sua vida ou qual seria o seu conselho?
Tobias Chanan – Cara eu acho que se eu fosse você voltar no tempo eu falaria primeiro pro Tobias ele se desenvolver mais nos aspectos mais emocionais mesmo, de ter essa busca também, esses dias eu estava falando com um amigo meu sobre isso né assim, se qualificar mais emocionalmente, se qualificar mais espiritualmente, se qualificar mais em ter um olhar mais conectado acho que pra dentro e menos, eu sempre fui muito, sempre tive muito essa gana por empreender, meus pais passaram por uma dificuldade financeira então sempre tive muito essa coisa de querer vencer e não ser um grande empresário, nunca tive isso nunca quis ser um grande empresário, nunca quis ser um grande empreendedor, nunca tive essa referência dos grandes empresários, minha referência sempre foram as pessoas que eu admirei mesmo, a Anita e tal mas eu acho que independente disso a gente numa trajetória muito que foi, muito para fora assim, para fora que eu digo assim eu pouco me desenvolvi para dentro assim, a questão da espiritualidade, mesmo os aspectos emocionais e eu acho que isso hoje eu vejo que é o momento que eu tenho praticado muito isso né, a própria música desperta muito isso né de te conectar e te desenvolver então eu acho que cara se eu tivesse voltado no tempo eu, é que assim eu acabei sabendo empreender né então assim foi uma coisa que eu acabei aprendendo mas talvez eu teria investido na música, talvez eu teria feito outras coisas. Não me arrependo mas se fosse assim, que eu vejo com essencial é se desenvolver também nos aspectos mais de dentro mesmo assim né, mais de autoconhecimento, se conectar, essa expansão maior sobre si e sobre a vida, acho que isso é fundamental cara. Se não houver isso nada, porque a ausência ela é inerente também e quanto menos a gente olha para dentro e menos se desenvolve como pessoa, como ser humano mais essa ausência vai se desenvolver dentro da gente.
Henrique de Moraes – Sim, sensacional. Bibi você tem alguma coisa para acrescentar, algum comentário final ou alguma pergunta? Não? Bom, acho que é um bom lugar pra gente encerrar, Tobias se as pessoas quiserem falar contigo, conversar, mandar alguma mensagem, você quer que elas te encontrem? Você pode não querer também
Tobias Chanan – Claro, pode sim cara, tranquilo pode sim
Henrique de Moraes – Então quais seriam os melhores canais, qual o melhor lugar para alguém?
Tobias Chanan – Eu acho que o melhor lugar pode ser, acho que o próprio Instagram né porque ali acho que dá para, é uma forma de falar com as pessoas sem também ter, porque querendo ou não WhatsApp é uma ferramenta que tu utiliza muito para trabalho e quando vejo tem 40 mensagens, não dá, dá muita ansiedade. O Instagram acho legal, é Tobias Chanan ou @chananto e ali eu sempre vou estar receptivo para falar com quem precisar ou quiser.
Henrique de Moraes – Bom Tobias, obrigado pela sua participação cara, foi sensacional o bate-papo de verdade, adorei, adorei conhecer um pouco mais da sua história e espero que quando eu puder ir aí em POA, dar um pulinho aí para visitar a Bibi também a gente senta pra estender um pouco mais esse bate papo
Tobias Chanan – Legal Henrique muito obrigado cara foi um prazer estar aí com vocês, aprendi bastante foi bastante inspirador, Bibi muito obrigado por toda essa energia e por já ter feito a propaganda das marmitas também
Bibiana Travassos – Foi um prazer. Acessem o site, Tobias qual o site?
Tobias Chanan – urbanfarmcy.com.br
Henrique de Moraes – Perfeito, a gente bota o link aqui
Bibiana Travassos – Recomendo a marmita árabe
Henrique de Moraes – A gente vai catar um cupom de desconto pra colocar aqui, quem sabe?
Tobias Chanan – Legal, com certeza. Valeu galera