calma! #45 com Luísa Fedrizzi e Edwin Junior
olá, pessoal. temos uma edição especial do podcast hoje!
neste episódio, trouxe dois super convidades pra falar sobre publicidade e criatividade! dá uma olhada nesse lineup:
- Luísa Fedrizzi [aka Luli], estrategista especializada em planejamento criativo e líder da operação brasileira da Contagious, empresa híbrida de consultoria e plataforma de inteligência focada em excelência criativa e estratégica para marcas e agências.
- Edwin Junior, ex diretor de marketing da Domino’s no Brasil e atual Partner & Managing Director na Adventures, Inc.
ah, e em vez de ter as tradicionais entrevistas sobre trajetória pessoal, pedi pra que eles escolhessem suas 3 campanhas publicitárias favoritas de todos os tempos e dissessem por que essas campanhas impactaram tanto suas vidas [e carreiras] para que discutíssemos ao longo do bate-papo.
a conversa fluiu, viu? e tá BOA DEMAIS!
inclusive, esse episódio tá imperdível pra quem trabalha com comunicação, marketing, propaganda, ou qualquer coisa nessa linha! hahaha
eu aprendi demais com essa dupla, pode ter certeza, e acho que você vai aprender também. 😉 aproveite!
CAMPANHAS
Luli:
Edwin:
- Noblex – All-In Promo
- Burger King – Stevenage Challenge
- Dominos Pizza – Turnaround (Parte 1 & Parte 2)
Henrique:
episódios de podcast citados:
PESSOAS CITADAS
- Ricardo Dias
- Peter Diamandis
- Steven Pressfield
- Anselmo Ramos
- Lionel Messi
- William Bonner
- Fernando Machado
- Bruno Brux
- Gaston Bigio
- Karol Conká
- Neymar
- Cristiano Ronaldo
- Ariel Grunkraut
- João Branco
- Patrick Doyle
se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.
Henrique de Moraes – Fala pessoal, sejam muito bem-vindos a mais um episódio do calma!, um episódio um pouquinho diferente hoje que eu tenho aqui dois super convidados num formato um pouquinho diferente que eu já explico. Eu trouxe aqui a Luísa Fedrizzi, não errei eu acho, acho que fiz direitinho, que é Country Manager da Contagious, uma empresa que eu adoro e já vou pedir para você falar um pouquinho mais de você Luísa, mas seja muito bem-vinda
Luísa Fedrizzi – Obrigada
Henrique de Moraes – E Edwin Junior, segunda vez aqui, acho que é o primeiro convidado que volta no podcast
Edwin Junior – Pô que honra
Henrique de Moraes – Tá vendo? E que é meu concorrente favorito, um quase ex-BBB, um cara cheio de coisas, o currículo dele é longo, ex-CMO da Domino’s e atual partner na Adventures que é um grupo aí que não para de crescer né gente, os cara tão dominando o mercado enfim, seja bem-vindo mais uma vez Edwin
Edwin Junior – Valeu Henrique, obrigado aí pelo convite novamente e que bom que, quer dizer que você gostou do primeiro né, pra me chamar para outra vez é porque foi bom
Henrique de Moraes – Sim foi bom, foi bom cara eu gostei. Vou convidar mais vezes, inclusive tá rolando uma história que vai rolar um terceiro podcast mas eu já falei que talvez isso seja demais para nossa amizade.
Edwin Junior – Concorrência, passar todas as informações de concorrente
Henrique de Moraes – Vamos lá gente, só para explicar rapidinho aqui para quem está acostumado a ouvir o podcast, o formato hoje vai ser um pouquinho diferente, não vai ser entrevista, a gente não vai falar de trajetória, a gente vai falar sobre publicidade e propaganda porque todo mundo sabe aqui que eu sou apaixonado por isso e por isso eu tenho uma agência e eu chamei duas pessoas que também são muito apaixonadas e cada um aqui vai escolher, cada um escolheu três campanhas publicitárias, as campanhas favoritas de todos os tempos e tão trazendo os porquês né e a gente vai discutir aqui num formato de mesa de bar todo mundo vai falar sobre porque aquela campanha ali impactou, enfim o que tem de importante e a gente vai discutir e eu quis trazer convidados que tivessem perspectivas um pouquinho diferentes então a Luísa para quem não sabe depois em seguida aqui você pode falar um pouco sobre a Contagious mas ela vai trazer um olhar mais técnico embora eu tenha pedido para ser baseado na emoção e no coração a escolha mas eu acho que não tem como ela separar muito bem uma coisa da outra, acho difícil então ela tem esse olhar mais técnico e o Edwin que embora hoje esteja aí do outro lado da mesa, virou a casaca mas pode trazer esse olhar de cliente né e o Edwin para quem não sabe, para quem ainda não ouviu um podcast com ele, ele é o cara que fala que campanha tem que dar frio na barriga e tem que consultar o advogado para valer a pena então eu tô empolgado para ver aqui né como é que vai se desdobrar, as campanhas que vão sair aqui. Então vou pedir pra vocês rapidamente falarem um pouco sobre o background de vocês e enfim, até a Luísa poder explicar um pouco da Contagious e o Edwin da Adventures, tá bom? Pode começar Luísa
Luísa Fedrizzi – Primeiro as Damas, bom primeiro fiquem à vontade para me chamar de Luli tá porque eu até fico meio assim, parece que alguém tá bravo comigo quando falam Luísa porque todo mundo me chama de Luli então o primeiro disclaimer é esse. Bom, eu de formação sou jornalista, trabalhei um pouco com isso há muito tempo e aí fui nos primórdios da produção de conteúdo, comecei a trabalhar com produção de conteúdo em agência, eu até tava brincando com uma pessoa que eu tava dando uma mentoria que eu contratava influenciador para fazer tweet quando as pessoas não sabiam nem que elas podiam vender isso assim, a gente ligava para ator da Globo e falava “Olha só a gente quer comprar um tweet seu” e a pessoa “Como assim comprar um tweet?” então era muito né esse começo do que que era para produzir conteúdo, do que que era ter influência na internet e tal e isso me levou para estratégia e aí comecei a trabalhar com planejamento e estratégia, principalmente em agências digitais, com algumas passagens por outros tipos de empresa, em produto digital em veículo e tal e aí a três anos e meio então tô à frente da Contagious aqui no Brasil, no meio disso eu fui estudar planejamento, fui estudar outras coisas e aí esse convite da Contagious enfim, essa oportunidade surgiu no momento em que a gente tava fazendo então uma virada da presença do negócio aqui, explicando muito rapidamente a Contagious é uma empresa inglesa com escritórios em outras partes do mundo, tem quase 20 anos de mercado lá fora e quase 7 aqui no Brasil e aí três anos e meio atrás então, começo de 2018 a gente deu uma virada de chave, mudou o jeito que a operação funcionava aqui para trazer, para adaptar mais para a realidade brasileira, para o mercado brasileiro e tal então a gente trabalha com dois grandes pilares, um é a gente representar e vender e dar suporte, alimentar aqui também produtos de inteligência da Contagious, uma revista impressa que é uma plataforma por assinatura para referência, para pesquisa de referência em excelência criativa e estratégica pra marcas e agências e um pilar de consultoria em que a gente de fato entra junto com os nossos clientes que também podem ser tanto marcas quanto agências, empresas de tecnologia cada vez mais também pra gente olhar pra desafios de comunicação e de marketing então a gente tem esse time que transita entre falar sobre o tema e prestar consultoria até certo ponto do processo né, a gente não entra tanto na execução mas enfim, a gente se dedicar mesmo em solucionar essas questões aqui, acho que esse é o jeito mais objetivo de contar.
Henrique de Moraes – Boa, e pra quem é da área acho que vale a pena assinar a news de vocês porque eu recebo vários reports sensacionais assim, inclusive em compartilhei um com o Edwin esses dias
Luísa Fedrizzi – Obrigado
Edwin Junior – Verdade
Henrique de Moraes – Então vale a pena. Edwin, vai lá
Edwin Junior – Bom eu não consigo contar minha história demorando menos de uma hora, então quem quiser conhecer um pouco
Henrique de Moraes – Ouçam o podcast, tá aqui.
Edwin Junior – Eu gosto de misturar coisa pessoal com profissional, com pensamentos que eu tive ao longo da minha vida, com música que a gente conversou bastante aquele dia então quem quiser conhecer um pouco de mim dá um scroll down aí nos episódios que tem um episódio super bacana que eu gravei com Henrique mas contando aqui em um tweet aqui um pouco de mim, nos últimos 14 anos eu sempre fui cliente minha vida inteira então eu liderei algumas marcas de alimentação, meu ramo sempre foi food service, então liderei o Spoleto, morei no México, morei em Portugal, tive uma passagem por Costa Rica, o Koni também uma marca de culinária japonesa e os últimos oito anos da minha vida eu fiquei à frente da Domino’s Pizza no Brasil então quando eu entrei lá em 2012 tinham 43 lojas, faturava 50 milhões de reais por ano e em 2014 me tornei diretor-geral da marca e fui crescendo o negócio, a gente vendeu a Domino’s em 2018 pra um fundo de investimento e eu fui junto com esse fundo então vendi minha sociedade onde eu tava ali no antigo grupo, vim pra história nova como CMO do negócio e fiquei lá dois anos e pouco e minha história começou a se encontrar onde eu estou hoje que é na Adventures então saí da Domino’s tem menos de um ano, tem 6 meses, sou sócio da Domino’s até hoje então não parem de comprar pizza porque eu tô esperando o IPO do negócio, não parem de comer pizza galera e aí minha história se cruzou aqui com essa parte de agência né então eu sempre contratei agências minha vida inteira e eu sempre busquei coisas fora da caixa e aqui nossa mentalidade né, os sócios aqui da Adventures são formados por não publicitários, não que esteja certo ou errado mas acho que maneira que a gente pensa é um pouco diferente, a gente sabe fazer conta que é uma coisa que publicitário não sabe fazer
Luísa Fedrizzi – Bem importante
Edwin Junior – Muito importante, e uma coisa interessante que a gente fala aqui é que como eu, o Ricardo Dias da Ambev, ele ficou 20 anos como COM da Ambev e a gente quer ser aqui a agência que a gente nunca teve quando a gente era cliente então pô aonde a gente esperava que as agências apoiassem a gente ou estariam presentes ali, mais próximos quando a gente tinha as marcas e a gente aqui tenta fazer um pouco disso e a Adventures como um todo ela nasceu há cinco, seis meses também junto com a minha entrada e a gente hoje basicamente tem 4 negócios aqui dentro, tem uma agência full service, tem uma agência que atende grandes marcas então a Stone é cliente nossa, TikTok, Tinder, Disney, Domino’s e por vai então ter uma agência full service aqui, tem a Cria que é o nosso de educação, um ensino à distância com o que há de mais moderno em termos de tendências do marketing e outros dois negócios que aí eu tô à frente diretamente desses negócios, um que é o Lab, nossa agência focada em pequenos e médios negócios, então nosso hub de inovação onde a gente testa tudo aqui dentro, a gente erra, a gente acerta, uma vez que a gente acertou e viu que esse negócio é escalável a gente envelopa isso em produto de serviço e vende isso pra uma outra empresa que eu toco aqui que se chama Partners, que são agências parceiras nossas então agências pequenas e médias podem se tornar sócios ou parceiros nossos aqui e chuparem da gente aqui tudo que a gente apanhou para tentar acelerar o negócio deles. É um negócio que hoje a gente está programando né faturar esse ano algo em torno de 100 milhões de reais no grupo Adventures e ano passado a gente faturou 12 milhões, então um crescimento aí de quase 10 vezes em um ano, tem fundo investimento por trás, tem muita coisa aqui legal acontecendo e é um pouco disso.
Henrique de Moraes – E by the way, outra coisa que eu tô puxando o band aid essa semana, que eu tô entrando pro Partners também
Edwin Junior – Não quis pressionar, não quis pressionar aqui ao vivo
Henrique de Moraes – Entendi, eu fingi que não, mas foi antes gente. Então a gente vai cada um falar de uma campanha, a gente vai rodar, eu vou começar só pra fazer as honras e vocês se sentirem mais à vontade e a gente vai seguindo a partir daí mas a primeira coisa que é importante falar e que eu imagino que tenha sido uma dor para vocês é que cara, escolher 3 campanhas né, puta que pariu, desculpa meu francês mas é que foi muito difícil porque eu pra vocês terem noção tenho um doc aqui que eu vou salvando todas as campanhas que eu mais gosto e coloco algumas observações inclusive, faço um report, vou trabalhar pra Contagious
Luísa Fedrizzi – Olha, vamos falar sobre isso
Henrique de Moraes – Inclusive tem aqui no meu doc, eu não tô zuando, tenho no meu doc desde que eu conversei com a Jéssica né que é comercial de vocês e ela me passou quais são os critérios de avaliação, tenho anotado isso nesse documento inclusive, que eu sempre levo em consideração então foi muito difícil assim eu olhei lá e fiquei rodando, rodando nas campanhas e eu tive que estabelecer critérios né então eu peguei aqui três critérios importantes para mim e eu escolhi assim e aí ficou claro o que escolher, qual caminho seguir e a primeira campanha que eu vou trazer ela tem um uma coisa assim, é muito sentimental, embora a campanha não tenha nada sentimental, que foi na verdade a primeira campanha que eu vi que me fez querer trabalhar com essa área, da parte de agência de publicidade porque para quem não sabe né a minha história eu na verdade não tenho nada a ver, também não sou publicitário e falei “Posso ir pra Adventures ou pra Contagious, eu tô aqui só abrindo portas” eu na verdade caí de paraquedas numa agência, sócio de uma agência que na verdade não era nem agência porque a gente só criava conteúdo pra rede social, era uma oportunidade que surgiu assim e acabou que eu tava envolvido sem querer, conheci uma pessoa e me vi sócio da agência e eu fui me apaixonando, quem já acompanha aqui sabe que eu sou músico e eu era músico muito pela parte da criatividade então eu me encontrei, eu substituí, foi logo quando eu parei de tocar assim, eu substituí a parte criativa pela parte de criação de conteúdo e aí um dia eu tava lá sócio dessa agência e cara me surge essa campanha, que é uma campanha da Volvo chamada Live Review, ah importante gente todos os links com as campanhas vão estar na descrição do episódio, vocês podem procurar depois e assistir as campanhas, assistir os vídeo cases enfim, e essa campanha basicamente é pessoas que estavam fazendo o test drive dos carros, a galera estava ao vivo lá filmando, pegando as reações né das pessoas e elas foram criando anúncios ao vivo e jogando em Lugar Urbano, rede social e quando eu vi esse video case minha cabeça explodiu assim, eu falei “Caralho, dá para fazer isso?” e eu lembro que virei pro meu sócio na época, era uma outra agência e não a agência que eu tenho hoje e eu falei “Cara porque a gente não tá fazendo isso? Porque a gente não tá levando a agência pra lá?”, e ele tinha uma visão muito diferente da minha porque eu sou assim cara, para mim é “Se alguém fez eu consigo fazer também” e ele ficava assim “Não, para fazer isso aí tem que ter muito capital e tem que ter não sei o que”, começou a limitar, e foi o início do fim inclusive do nosso relacionamento ali porque eu não consegui mais voltar atrás, eu olhei aquilo e falei “Cara eu quero fazer isso da minha vida sabe, não sei como e não sei quando que eu vou chegar lá mas eu preciso fazer isso”, e aí eu comecei a conversar com meu ex-sócio aqui na agência, na Wee!, o Pedro e o Pedro tinha vontade de fazer também, ele tava em outra empresa, não era agência, estava em outro cliente no final das contas e a gente sentou e resolveu montar a Wee! então assim, lógico que eu tô resumindo, não foi tão rápido assim, não foi do tipo assisti e no outro dia já estava em outra agência, não foi assim mas essa campanha tem essa coisa nela, ela acabou me motivando a fazer assim, cada passo que eu dou hoje na verdade foi iniciado quando eu assisti essa campanha pela primeira vez, parecia sei lá uma série favorita do Netflix, eu ficava assistindo, mostrava pras pessoas e falava “Cara assiste isso aqui, é genial” então foi assim tipo, foi de fato um marco para mim sabe e aí assim, eu nem trouxe aqui dados da campanha como eu trouxe das outras, parte da história que eu sempre tenho mais informação até porque hoje eu nem acho que ela é a campanha mais legal do mundo para mim, eu acho que ela é uma dessas campanhas que o video case é mais legal do que a campanha em si sabe então assim gente, desculpa aí Grey mas é só uma observação, eu ainda acho muito boa a campanha mas não é a minha favorita nesse sentido, de termos criativos enfim e de impacto, tem outras que eu gosto mais mas ela tem essa coisa desse sentimento que eu tenho guardado mas de qualquer jeito é um excelente uso da tecnologia que eu sei que é um dos critérios da Contagious aí pra avaliação.
Luísa Fedrizzi – Verdade, depois eu conto mais sobre isso
Henrique de Moraes – Boa. Mas é isso, vocês chegaram a assistir a campanha? O que vocês acharam?
Edwin Junior – Com certeza. Vai lá Luli, manda brasa.
Luísa Fedrizzi – Sim. Eu acho muito legal trazer esse aspecto pessoal porque enfim, meu primeiro exemplo ele é 100% pessoal também né, eu resgatei uma coisa lá dos anos 90 depois vamos falar sobre isso mas eu acho que ela traz um, o que eu acho mais legal ali é a perspectiva que eles tiveram sobre o fato de que a opinião de pessoas reais é muito chave assim para qualquer coisa, a gente tem dados de pesquisas na Contagious e tal de que isso impacta de 4 a 5 vezes a decisão de compra das pessoas né, se isso vem de uma recomendação, principalmente se é de alguém que a gente conhece, nesse claro não é alguém que a gente conhece mas o fato de eles darem uma cara né, colocarem a pessoa ali e tu ver que aquilo ali não é um review, porque às vezes a gente entra na internet assim sei lá, tô num site de beleza, qualquer produto que seja, de qualquer coisa né, no Mercado Livre, qualquer coisa e a gente vê uns reviews ali embaixo que a gente não sabe se é de verdade ou se não é porque tem assim, “Maria da Silva” sei lá, aí eles botarem a carinha da pessoa traz esse elemento né, essa sensação de que é uma pessoa real mesmo e eles estão de fato acreditando na informação de que isso é mais influente na decisão de compra das pessoas do que a propaganda pura e simples, a publicidade num sentido mais tradicional assim então isso que eu acho muito legal e claro não é só essa campanha que usa esse recurso mas olhar para isso quando a gente tá falando de carro, quando a gente tá falando de carro de luxo porque eu acho que também nesse segmento existem alguns estigmas também nesse sentido né de que só o desejo gerado pela publicidade ele seria suficiente, me lembrou uma campanha mais recente que agora não me lembro qual é a montadora mas que percebeu no México essa campanha, que percebeu que os vizinhos tinham um puta impacto na decisão de compra de carro das pessoas, porque tu ver o carro perto de ti e tu querer ter na garagem né, é aquela coisa tanto da ostentação quanto da referência próxima mesmo, tinha uma super influência e eles desenharam uma campanha toda em cima disso, então é realmente acreditar que humanos tocam humanos mais do que uma propaganda né, uma imagem linda do carro na montanha e dá uma quebrada também nesses códigos da categoria, é uma categoria que costuma ficar no mesmo lugar assim né visualmente e tal então isso que me bateu.
Henrique de Moraes – Tem um report, um vídeo enfim da Contagious que falava que toda campanha do Corona era a mesma campanha e eu tenho a mesma sensação com carro
Luísa Fedrizzi – Todas são a mesma campanha
Edwin Junior – Essa daí, essa campanha eu gostei muito porque, vocês falaram bastante coisa aqui mas eu acho que tem uma questão aqui de transparência, alguém poder falar “Esse carro é uma merda”, e estava ao vivo o negócio né então eu acho que é acreditar no teu produto, é ser transparente porque possivelmente alguém tenha falado uma coisa ruim do negócio ali ao vivo mas eu acho que acima de tudo é você acreditar naquele seu produto, acho que isso aí ele rompe barreiras, certamente deu frio na barriga e certamente consultaram advogado, são as duas coisas que eu preciso para lançar uma campanha.
Luísa Fedrizzi – É muito legal o Edwin falando isso porque é uma coisa que a gente fala bastante na Contagious assim também e a gente tem exemplos de outras marcas que também falam dessa coisa da presença do jurídico né nessas tomadas de decisão assim e a gente é muito defensor em tudo que a Contagious faz desse lugar da coragem criativa né que em inglês soou um pouquinho mais bonito do que a gente fala, brand bravery, essa bravura de marcas, em português fica meio estranho e a gente prefere chamar de coragem mas que isso é realmente chave não só pra gente fazer coisas mais interessantes, mais relevantes num mundo que tá totalmente saturado assim mas também pra gente realmente explorar o que é o lugar da criatividade que é, voltando ao que a gente acabou de falar, que é não seguir o código do que tá acontecendo porque quando a gente faz coisas que são seguras a gente muito provavelmente tá fazendo coisas próximas do que já existe porque daí a gente consegue comprovar “Que bom, alguém já fez e aí eu não vou me estrebuchar fazendo aqui, não vou quebrar, não vou tomar um processo” então esse é um aspecto que a gente fala muito mesmo na Contagious e é muito legal de ouvir de cliente ou de quem sempre foi cliente essa perspectiva porque ela é rara
Edwin Junior – E por um tempo eu achava que o advogado que dava o Ok mas não, eu aprendi que o advogado fala “Cara temos esses riscos, você quer correr esses riscos?” e aí a decisão é do diretor de marketing, do presidente, de quem for e aí depois eu posso contar uma história que eu neguei uma campanha na Domino’s porque tinha risco de prisão então eu cheguei em casa, falei pra Adriana minha esposa “Vale a pena o risco de prisão? Você vai levar marmita para mim lá na cadeia?”, “Ah não”, “Então beleza, não vou fazer” mas a decisão foi minha então assim eu fico brincando que advogado é bundão, cagão mas na verdade eu fui cagão porque não quis correr o risco.
Luísa Fedrizzi – Boa
Henrique de Moraes – Tem um conceito do Peter Diamandis, da Singularity University né que ele fala da diferença entre 10% melhor e 10 vezes né então você pode aplicar isso pro risco também né, você tá só tomando 10% de risco que você tá fazendo a mesma coisa um pouquinho melhor agora se você vai 10 vezes é tipo onde tá de fato o risco ali né, tipo você vai, pode dar merda mas tem coragem? Porque os resultados também vão ser 10 vezes melhores né
Edwin Junior – É exatamente isso
Henrique de Moraes – Enfim vamos lá então Luli, vai
Luísa Fedrizzi – Tá eu também trouxe algo assim que nossa gente é legal de falar na sequência do Henrique porque para mim tem esse mesmo aspecto assim, é uma campanha de 1997 tá, então assim inclusive peço desculpas para vocês porque a qualidade do vídeo é péssima, os vídeos que a gente encontra inclusive no YouTube da agência que fez na época então é uma campanha de um cursinho pré-vestibular de Porto Alegre, eu sou gaúcha vocês já devem ter percebido e se chama Universitário esse cursinho pré-vestibular, depois eu fui aluna e tal mas em 97 eu ainda não tinha idade para ser aluna do cursinho mas junto com a agência Dez que depois virou Sistema Dez e depois foi comprada pela Brivia que é uma agência onde eu trabalhei, que virou Brivia Dez, eles fizeram uma campanha que teve muito impacto para mim eu era realmente assim pré-adolescente e a minha família, tem muitas pessoas da minha família que trabalham com publicidade e comunicação, eu sempre teve um certo vínculo com esse universo assim mas acho que eu nunca tinha olhado pra uma propaganda e ter pensado também tipo “Nossa isso é um negócio muito foda né, isso aqui é um jeito muito legal de contar história”, por mais que eu tenha decidido estudar jornalismo não publicidade essa campanha me impactou muito e eu acho que até porque ela tem um aspecto “jornalístico” mas ela tem um humor muito maravilhoso assim então os vídeos estão em muito baixa qualidade, é de 97 e qual era o grande, para mim começa pela grande sacada que eles tiveram né, a grande tagline que eles criaram para dar suporte para essa campanha que era “Difícil mesmo é a vida, vestibular a gente dá um jeito” então assim isso para mim já era um negócio muito certeiro assim, eles foram num lugar muito certeiro de falar do produto mas colocar o produto em relação ao dilema do jovem né porque a gente tipo fica ali achando que o vestibular é um horror e tipo assim cara difícil é a vida, o vestibular é só o começo dessa história, tu vai passar, vai dar tudo certo e aí essa campanha é toda baseada então nesses pequenos momentos dramáticos da vida então são 10 filmes, um é a menina contando para o cara que tá grávida, o outro é a galera fechada dentro de um carro e tem fumaça dentro, aí a polícia bate e pergunta “O que vocês estão fazendo?”, outra é o menino no banheiro e uma pessoa abre a porta do banheiro e ele tá com uma revista pornô e tal, então são essas situações da vida do adolescente e ela é toda baseada nisso e o que eu acho legal também é que ela é um pequeno curta quase, é uma mini história, a gente consegue colocar aquilo ali muito em contexto assim em segundos então tá ali o menino dentro do banheiro, alguém abre a porta e aí vem um quiz na tela né, de tipo “O que você faria nessa situação?” e as respostas, as opções são muito boas, o humor é muito bom, as sacadas de frases são muito boas assim, me marcou muito eu acho realmente até hoje uma campanha que eu olho, uma série de filmes que eu olho e eu dou risada da inteligência que eles tiveram em formular frases, em colocar as situações, as situações sendo muito verdadeiras mesmo com coisas que a gente se depara na vida e um outro aspecto legal que eu não sabia e descobri que eu era muito novinha para saber isso e tal mas que eu descobri agora nessa pesquisa para o episódio é que isso acabou rendendo, deu tão certo, teve tanto impacto, essa campanha foi tão falada no Rio Grande do Sul que acabou transformando cada filme em uma série de palestras que eles foram fazer nas escolas, em várias escolas no ensino médio para conversar sobre aqueles temas então cada um dos episódios digamos ele era uma conversa sendo feita com os jovens sobre gravidez na adolescência, sobre droga, sobre masturbação, sobre uma série de outras coisas então é muito legal porque teve também um aspecto mais de impacto numa época em que a gente não falava sobre isso né, não falava sobre funções sociais da propaganda ou da comunicação dessa maneira que a gente fala hoje então eu acho muito incrível mesmo assim, sempre penso na Dez e falo “Vocês foram muito gênios nesse momento assim, obrigado por terem fundado esse lugar da propaganda no Rio Grande do Sul” porque foi muito incrível e me marcou muito.
Edwin Junior – eu particularmente não conhecia essa campanha e depois que eu vi também fiquei fascinado assim, achei muito legal porque ela mexe muito com a emoção e dá um tapa na cara dos jovem que às vezes acha que tudo é o fim do mundo, que aquele ali é o momento, cara é mais um momento mas tem coisas piores na vida, acorda para vida cara, estuda aí que tu vai passar mas tem coisas muito mais sérias na vida do que um vestibular e eu acho que todos nós aqui a gente fez vestibular né e é realmente isso, você sente “Caramba minha vida aqui”, é um peso que eu acho que o jovem não precisa ter e é muito cedo né você com 17, 18 anos definir o que vai querer fazer na vida mas eu acho que a maneira que eles fizeram é uma maneira muito bacana porque mexe com o emocional e é um tapa na cara, eu adoro coisas assim mais revolucionárias
Luísa Fedrizzi – E tem um aspecto de coragem que eu acho que deve ter sido super importante, só para fechar isso assim com isso que tu trouxe Edwin porque eu esqueci de comentar assim que a gente tava falando de coragem, imagina naquela época para um cursinho pré-vestibular colocar esses temas na pauta e desse jeito tipo, falar da galera fumando maconha dentro do carro sabe e normalizar isso né, dizer “Essas são as situações que acontecem na vida dos adolescentes” então também teve uma super dose de coragem e na própria marca em fazer isso porque sendo uma instituição de educação ainda por cima né a gente sempre coloca as instituições de ensino num lugar que vão ser muito sérias, muito quadradinhas, tem uma responsabilidade ali e eles simplesmente assim chutaram o balde tipo “cara é aqui é a real assim, eu vou falar sobre o que é de verdade senão a gente não vai se conectar com essa galera né então acho que tem esse aspecto da coragem muito forte também.
Henrique de Moraes – É totalmente, era o que eu ia falar porque cara, não só é uma instituição de ensino como é 97, cara é surreal e a estética assim me lembra um pouco os videoclipes assim né da época, uma coisa muito muito sensacional cara, de fato assim meio que quase revolucionário né assim o que eles conseguiram fazer porque palmas, muito bom.
Luísa Fedrizzi – Eu tô bem feliz de estar levando essa campanha aqui pro resto do Brasil porque assim ela foi muito forte lá, é uma frase que a gente fala, os gaúchos falam até hoje assim e eu acho impressionante que ela não tenha explodindo tanto, então gente conheçam essa campanha.
Henrique de Moraes – E tem uma coisa que você falou no início que é bem legal também né, o poder de encolher até a informação ficar o suficiente para caber né num comercial de sei lá 30 segundos mas ao mesmo tempo contar a história inteira né que é o poder né da publicidade, da redação que você fala assim, eu tava ouvindo outro dia não lembro quem mas fala sobre isso, um escritor que eu adoro é o Steven Pressfield, ele fala que ele foi publicitário antes e ele fala exatamente isso que o maior desafio pra ele que era escritor, sempre teve o sonho de ser escritor, era como diminuir sempre sabe tipo não era aumentar, era encolher, encolher e encolher e ele fala que ele chegava pro chefe dele e falava assim “Pronto tá aqui”, “Muito grande, isso não cabe em 30 segundos de comercial, diminui”, e ele diminuía sei lá 12 palavras e falava assim “Cara eu consegui dizer a mesma coisa, não perdi a essência”, então foi um exercício, que é sensacional.
Edwin Junior – Brilhante
Luísa Fedrizzi – Muito bom.
Henrique de Moraes – Vai lá Edwin, sua vez
Edwin Junior – Legal vamos lá, falando de coragem né e de coisas fora da caixa, a primeira que eu vou trazer aqui hoje é de uma empresa que acho que ninguém conhece tá chamada Noblex, é uma marca de televisão na Argentina, como se fosse a CCE aqui no Brasil e coisas desse tipo e lá na Copa de 2018, deixa eu ir antes aqui, porque eu escolhi essa campanha né? Primeiro, foi a campanha que quando eu era cliente eu tava fazendo uma rodada com agências para ver quem seria a agência que iria tomar conta da Domino’s e quando eu vi essa ação eu falei “Cara eu preciso de uma agência assim para mim” porque eu tinha pouca grana ali né, quando você compara com a concorrência e eu precisava de gente que pensasse sempre em como gerar buzz através de uma ideia que a gente levasse, frio na barriga e consultar o advogado, essa daqui é prato cheio. A Noblex é uma marca de televisão na Argentina, quem fez essa campanha foi a GUT, agência que é a da Domino’s até hoje
Henrique de Moraes – Que aliás vamos falar muito sobre Anselmo Ramos hoje né
Edwin Junior – Adoro, fãzaço máximo do Anselmo. E essa ação então vamos lá, vamos fazer um contexto aqui, ela foi muito boa porque ela gerou resultado na ponta né, diferente talvez de algumas campanhas que é para ganhar prêmio, essa aqui ela gerou resultado para o cliente então foi uma das coisas que me brilhou os olhos então a Noblex era a quinta marca na Argentina então atrás de Samsung, Panasonic, LG e tudo mais, era uma marca nacional lá encostada mas só que ela tinha uma coisa, era uma das únicas marcas que podia bater no peito e puxar o patriotismo para ela porque é uma marca nacional né, diferente de outras marcas que eram estrangeiras, fora da Argentina. Então beleza não tinha grana e era época de Copa do Mundo, paixão na Argentina que nem no Brasil é futebol e a Argentina começou as eliminatórias da Copa 2018 da Rússia tropeçando, então era ali um tropeço, começou aquela dúvida, vai ser difícil se classificar, não vai e aí a Noblex falou “A gente é argentina, a gente acredita na Argentina e a gente vai abrir uma campanha que se a Argentina não se classificar para a Copa você vai ganhar uma televisão de graça” então como é que era o negócio, você tinha que comprar televisão no e-commerce da Noblex, se a Argentina não fosse classificada pra Copa você recebia a grana de volta, era esse o negócio. Aí começou como uma brincadeira, pouca gente ali comprou porque a Argentina não se classificar pra copa era um negócio fora de série, o Brasil sempre vai pra todas as Copas, a Argentina também então começou ali só que quando lançaram essa campanha a Argentina não tava tão mal nas eliminatórias e aí acontece que a seleção começa a empatar um monte de jogo né, empata com a Bolívia, empata com o Equador, perde para o Brasil e por aí vai e aí começa a galera a comprar, “Vou comprar televisão, sou patriota mas foda-se quero uma televisão de graça”, era basicamente a pegada do argentino e aí chegou no último jogo, último jogo da eliminatória era Argentina e Equador e se a Argentina empatasse ou perdesse tava fora da Copa e aí a galera, a Noblec começou a virar notícia espontânea na Argentina, todo mundo “Caraca vou comprar televisão porque a Argentina não vai passar”. Começa o jogo e aos 40 segundos do primeiro tempo a Argentina leva um gol, então o Equador faz 1×0 nos 40 segundos do primeiro tempo, 26 mil pessoas entraram no site ao mesmo tempo e compraram a televisão em menos de 1 minuto, então 26 mil pessoas compraram a televisão da Noblex e aí começou um buzz na internet, meme para cacete sacaneando os caras, 20 minutos do primeiro tempo o Messi empata, 1×1, continuou ali a galera comprando porque se empatasse tava fora e aí aos 40 minutos o Messi fez 2, depois fez 3 e no final do dia virou o jogo e gerou um um buzz do cacete, a marca hoje ela passou de quinto de conhecimento de marca para segunda no país e ganhou dinheiro para cacete porque a Argentina se classificou pra Copa então assim para mim teve muita coragem nessa campanha, teve frio na barriga obviamente pô os caras estavam meio ali torcendo contra a Argentina no final do dia e teve que consultar muito advogado então para mim foi uma campanha onde eles investiram muita pouca grana, se você pegar depois o videocase que tá no link vocês vão ver a quantidade de programas de esportes, de fofocas que eles apareceram, tudo espontâneo porque realmente o país parou querendo ganhar televisão de graça e no final do dia a marca que cresceu e ganhou bastante dinheiro com essa ação então achei fenomenal.
Luísa Fedrizzi – Essa campanha é muito incrível mesmo
Henrique de Moraes – Cara é surreal mesmo né. Tem um termo para quem aposta contra a ação pra ação cair, como é que é o nome? Esqueci, tem um termo específico pra investidores né tipo assim no mercado financeiro que é quem aposta contra então tipo assim, se a empresa falir você ganha dinheiro, se der merda, se a ação cair você ganha dinheiro, esqueci o nome mas basicamente o que eles fizeram foi criar um monte de gente fazendo isso né, muito louco, muito bom cara
Luísa Fedrizzi – Eu acho muito bom, muito massa porque tem uma coisa que a gente também vem falando há um tempo na Contagious e todo ano a gente depois do festival de Cannes a gente faz um estudo que chama “Cannes deconstructed” em que a gente desconstrói o que rolou no festival para muito além de ganhadores e perdedores enfim, resultado de prêmio mas quais foram os debates que mais aconteceram né, que temas emergiram daquilo e tal e é um material super rico e superprofundo assim, uma outra maneira da gente olhar para o Festival e até para a nossa indústria mesmo como debates mais amplos e como sinais de futuro assim. Só que no ano passado como o festival não teve premiação, a gente fez um material diferente que chamava “Cannes Reconstructed”, então a gente aproveitou os nossos estudos dos últimos 10 anos para montar um estudão sobre todos os estudos e uma das coisas que a gente falava ali era desse elemento fama que é muito isso que o Edwin falou assim de todo mundo falar sobre um determinado assunto, que é óbvio que a gente tem visto né todo esse movimento ao redor de earned media enfim né, todo esse boom da publicidade não-publicidade ou publicidade não paga nos últimos tempos mas tem um dado que é legal de ver mesmo na premiação que é, a maior parte de quem ganhou Grand Prix nos últimos anos em Cannes ganhou também prêmios na categoria PR ou seja, ser um grande case de PR, gerar esse elemento que a gente chamou de fama ali que é esse elemento de talkability, das pessoas falando sobre, de virar, ser replicado organicamente, ser replicado porque as pessoas se interessaram, de virar expressão, virar conversa e tal isso gera outro outro nível de crescimento da ação, outro resultado, outro nível de visibilidade enfim que acaba alimentando outras categorias digamos né ali dentro do festival então têm uma relação direta entre essas duas coisas e que a gente só vê crescendo e aí a gente vê isso como um grande recurso para marcas menores como neste exemplo assim em que tem um monte de marca menor às vezes despontando numas categorias dessas porque a gente descobre que não é sobre grana né, não é sobre investimento em mídia e ponto, é sobre outra coisa muito maior do que isso então isso que eu acho muito massa, que é um belo exemplo dessa estratégia.
Henrique de Moraes – Muito foda, e tem até um report que acho que foi o report que eu mandei pro Edwin da Contagious, acho que é exatamente sobre small budgets, que tem vários assim que são sensacionais
Edwin Junior – É porque às vezes a gente fala, às vezes vem de grandes marcas “Mas era fácil fazer com dinheiro” e na verdade não é o dinheiro, já gastei muito dinheiro e não deu resultado nenhum, fiz muita merda já então assim, eu acho que é a ideia, se ela é expandida para mídia espontânea, o que ela pode causar, a gente brincava lá na Domino’s que “Essa ideia ela pode aparecer espontaneamente com o William Bonner no Jornal Nacional?”, “Ah não”, “Porra então não vamos para frente” então era mais ou menos assim, brincando com isso né da espontaneidade de earned media que a gente buscava então é um pouco dessas duas posições aí que a gente tava.
Luísa Fedrizzi – Esse é um exercício legal até né que é imaginar manchetes de notícias sobre as campanha dos projetos que a gente tá fazendo né, tem agências que colocam como método mesmo mas quando tu vai apresentar a ideia, ao invés de apresentar a ideia de um jeito mais tradicional é apresentar a ideia com uma manchete de jornal, como uma chamada do William Bonner porque daí é isso, “Bom aqui a gente tem uma pauta né, a gente tem um assunto aqui para ter falado” e não tipo “Fulano quer vender tal coisa”, “Fulano tá tentando me vender uma TV, isso não é pauta, isso não é um assunto, então essa é uma boa perspectiva assim na prática mesmo pra quem tá ouvindo de repente fazer esse exercício com algumas ideia assim, é legal.
Henrique de Moraes – Bom, só lembrando para galera quem tá ouvindo ou vendo isso no YouTube que os links para todas as campanhas e os cases estão na descrição do episódio tá. Vamos lá então, segunda rodada, passamos pela primeira rodada, tudo certo, todo mundo são e salvo, maravilha vamos para a segunda então. Pra segunda campanha aqui eu trouxe a “Dove Real Beauty Sketches” e eu trouxe muito pela história por trás também apesar de eu ter visto essa campanha lá atrás e ter assim escorrido aquele suor pelos olhos, eu acho muito foda mas tem uma história por trás que achei muito legal, tava ouvindo o Anselmo falando sobre como surgiu né essa campanha e ele conta que ele tava lá em Cannes né, tinha acabado de ganhar vários prêmios, aquela coisa básica, tava meio bêbado e suado dançando na pista de dança lá, comemorando e chega alguém e fala assim “Cara queria te apresentar um cliente” e ele fala “Não cara, tô aqui acabado, 2 da manhã pelo amor de Deus”, “Não não, a pessoa é importante e quero que você conheça” e traz o Fernando Machado, que eu não sei o que que ele era na Dove mas enfim, depois se tornou diretor de marketing do Burger Kinkg, e virou uma parceria eterna ali entre os dois né, um bromance
Edwin Junior – Ele hoje acabou de mudar né, o Fernando
Henrique de Moraes – Sim acabou de mudar, foi pra uma parada de videogame, não foi?
Edwin Junior – Isso, pra Activision
Henrique de Moraes – E aí chegou o Fernando e falou “Ah pô, vi suas campanhas, tô acompanhando seu trabalho e queria trabalhar contigo”, aí ele “Ah beleza, tá aqui meu e-mail” e aí parece que o Fernando mandou e-mail pra ele e falou “Cara você não quer vir aqui falar pra galera e tal o que você acha do que a gente tá fazendo” e ele fala que foi lá e falou a verdade, falou “Cara, vocês tão fazendo merda, tudo tá ruim, não tá legal só que vocês já fizeram muita coisa boa mas dá para melhorar bastante” e a galera ficou puta e aí ele saiu de lá odiado basicamente e acaba que depois de um tempo o Fernando liga pra ele e fala “Cara olha só, você vem aqui, fala um monte de merda pra gente, desafia todo mundo mas e aí, você consegue entregar o que você tá prometendo?” e ele falou “O que você quer?”, e ele “Cara quero ganhar o Grand Prix”, ele falou assim “Tá beleza, consigo” e aí aceitou o desafio, tô aqui resumindo né gente
Edwin Junior – Dá um pause aí olha só, até uma aspas sobre o Anselmo e essa postura dele, quando eu tava buscando a agência que ia ser parceira da Domino’s eu olhei a GUT né, o Anselmo pelo trabalho brilhante que ele vinha fazendo na David e tudo mais, cara ele chegou para mim num café da manhã aqui no Rio, ele voou de Miami, ele mora em Miami né, voou de Miami até aqui no Rio só pra ter uma reunião comigo, não tinha nem escritório da GUT no Brasil ainda, só tinha na Argentina e Miami e ele falou “Cara eu quero que você seja o primeiro cliente e tudo mais” e eu tinha escutado muito já, fazendo aquela rodada de pitch com agências e as agências falando “Ah você, sua marca vai ser muito importante aqui dentro, a gente adora a Domino’s, a gente adora pizza, pô vai ser tudo maravilhoso e tal” e eu tava naquela pegada ali né e aí o Anselmo chegou pra mim no café da manhã e falou “Porra Edwin, eu vou transformar sua vida num inferno, você não vai ter dinheiro pra fazer as coisas que eu vou te dar ideias, você vai ter que contratar um advogado, meu irmão se você quiser a GUT legal a gente vai tocar a Domino’s mas a tua vida vai ser um inferno, saiba disso. E foi isso que me despertou porque é uma pegada completamente diferente e cara a quantidade de ideias que eles trouxeram, a quantidade de ideias que eu não fiz por falta de grana foi enorme então vai lá, foi mal aí te cortar.
Henrique de Moraes – Nada pô sensacional, inclusive eu ouvi ele falando também que quando ele fecha com cliente ele manda um formulário enorme pra galera preencher que é para mostrar já de cara assim no que eles estão se metendo, “Não é você que vai me mandar não, eu não vou preencher porra nenhuma, você que tem que preencher pra mim, vamos lá”
Edwin Junior – Já tive brigas homéricas com o Bruno Brux que é o ECD deles, um dos caras mais criativos que eu conheço no mundo, “Meu irmão, Brux eu acho que não tem que ser assim”, “Meu irmão tem que ser, aqui na GUT é assim, vai ter que fazer assim, se você topou fazer essa porra vai ser assim”, é briga a parada, é um cara que eu adoro, amigo meu mas é legal que tem um mindset completamente diferente.
Henrique de Moraes – Sim sensacional e enfim, voltando pra história rapidinho, acaba que ele vai, aceita o desafio e aí a parte mais legal dessa história toda, que eu acho pelo menos é que quando chega o briefing pra agência e o briefing era uma frase que é sensacional, “Let’s make women feel more beautiful” e eu já vi ele contar essa, botar esse briefing um pouquinho diferente, “Let’s make women feel more beautiful again” enfim mas tá ali, tá próximo, a gente tem que fazer um filtro né porque o Anselmo Ramos é o rei do storytelling então ele tá contando essa história sei lá 10 anos depois, com certeza já tem muito toque pessoal dele ali mas de qualquer jeito eu acho sensacional e eu falo isso porque assim que o briefing tinha que ganhar um prêmio também porque cara a gente que trabalha, você agora também vai se reconhecer nessa dor, que às vezes a gente recebe primeiro que assim, briefings que são controversos, ele mesmo assim, o cara de um lado que uma coisa e o do outro quer outra, às vezes muito longos sabe tipo assim, claramente a pessoa não tem uma visão, a empresa não tem a visão de pra onde quer ir, o que ela quer, o que ela quer atingir e assim, é lógico que a agência pode te ajudar a chegar nesse lugar mas assim, eu tenho para mim assim que para ser uma parceria muito foda você tem que saber bem para onde você quer ir e você tem que chamar a pessoa certa né porque tem agências pra cada prceria né, situações diferentes e você tem que encontrar a pessoa para resolver aquele seu problema específico né e eu acho sensacional assim quando ele fala que o briefing era uma frase e que cara despertou em todo mundo lá e eles tinham alguns dados assim que falavam que as mulheres estavam, não se sentiam bem, que tinha um percentual enorme de mulheres que eram super elogiadas mas se achavam feias, tinham uma visão de si completamente diferente da visão que os outros tinham enfim e a campanha cara é assim, pra mim como eles resolveram o briefing também que é outra questão, resolver é uma palavra que eu acho importante, cara agências resolvem problemas né então assim a maneira como eles resolveram, cara eu acho de uma sutileza, uma coisa assim, é tanto detalhe ali que eu não consigo nem começar sabe tipo assim, todos os detalhezinhos da campanha, como eles filmaram sabe, de ser o cara do FBI ali fazendo e aí de ter a pessoa que tava na sala de espera junto com a outra descrevendo, cara eu acho muito sensacional e assim, toda vez que eu vejo me emociona assim, é surreal, toda vez, teve um dia que eu tava assistindo porque eu ouvi o Anselmo falar e aí eu botei para ver, aí dei aquela choradinha de leve como se estivesse vendo um filme e eu fui mostrar para minha esposa, falei “Pô Gabi olha isso que sensacional e tal” aí eu chorei e falei “Não é possível, tem alguma coisa acontecendo” enfim cara, eu acho muito sensacional e eu acho que assim, quando eu for adulto se me perguntarem o que eu quero ser quando crescer, eu quero ser isso aí, eu quero ter esse tipo de case na bagagem, então muito bom acho sensacional.
Edwin Junior – Eu acho que esse case ele mexeu muito com o emocional né assim, a gente aqui né eu e Henrique, falando de homem e mulher a gente não sabe como é que é esse universo né, o que é estar dentro de uma mulher pra gente se sentir daquela maneira e se a gente já se sentiu tocado ali por aquilo tudo ali, aquele envolvimento, certamente para mulher aí tem um algo a mais né do que pra gente mas foi fenomenal também cara e a maneira que eles fazem né, que você falou ali de uma frase, o briefing de uma frase é a maneira de pensar do Anselmo e do Gaston que são os dois sócios do negócio né e na época assim, a mensagem deles é ser o mais direto possível no briefing com uma frase, se uma frase consegue resumir, pô deixa a gente criar em cima disso porque se você começa a criar muito texto você começa a ser pouco objetivo e você acaba navegando para um universo ali que dá margem para bateção de cabeça, então se você conseguir seu objetivo em uma frase, é o que eles buscavam realmente e agora é engraçado que nos briefings que eu fazia pra GUT era uma frase, tinha que ter uma frase, briefing de uma frase e tinha que ter um emoji, “Cara como é que você quer que o cliente ou o público perceba, que tipo de emoção? aí você botava um foguinho, ou era o rock and roll, ou era uma cara chorando de emoção, era assim, era muito legal.
Henrique de Moraes – Sensacional.
Luísa Fedrizzi – Boa. Eu não conheço o Anselmo e não conheço pra ser bem sincera até a Jéssica que trabalha comigo já fez reunião com a GUT mas eu nunca trabalhei com eles, nunca tive nenhum contato, tô achando divertido esse backstage mas eu olho pra essa campanha totalmente de fora assim né justamente porque não tenho nenhuma outra relação assim e eu acho que a palavra que tu usou Henrique é muito boa assim a maneira como eles resolveram porque de novo eu acho que eles resolveram aquilo que poderia ser um briefing muito óbvio, muito batido ou uma necessidade muito óbvia, de uma maneira muito diferente, muito sensível, muito elegante, muito profunda, enfim acho que tem uma solução aí que que é muito foda mesmo assim de levar para outro lugar uma conversa que não é nova, uma conversa né tipo assim uma conversa que é batida e que ao mesmo tempo ela nunca termina porque a gente nunca para de estar sujeito a toda essa perspectiva de padrões o tempo inteiro né a gente nunca para de precisar trabalhar nossa autoestima e a nossa auto imagem como mulheres porque o tempo inteiro tudo segue nos dizendo que a gente não é adequada assim então claro que a gente já vê né um movimento de comunicação do universo da moda, das revistas e tal nos últimos anos mudando isso e ainda bem mas ainda tá muito presente assim então tem uma coisa que poderia ser “Mais uma vez a gente tentando falar sobre isso e tal” e vira uma outra coisa nessa solução, nessa conversa, uma coisa que a gente meio não espera quando começa a ver o filme “Pra onde é que vai isso, não tô entendendo”, eu acho que esse elemento é muito legal e tem uma outra coisa que eu acho muito foda de Dove no geral assim é que eu acho que talvez a outra marca que eu vejo fazendo um paralelo com isso é a Snickers, que são essas marcas que trabalham o mesmo conceito há muito tempo de muitas maneiras diferentes. Eu admiro muito isso, também é uma coisa que a gente fala um tanto assim na Contagious e que a gente gosta de observar assim que é esse lugar em que bom, eu encontrei um eixo criativo e um eixo de mensagem de marca porque não é só de posicionamento mas é de mensagem de marca mesmo que é muito chave e existem determinadas coisas como essas que são tão fodas que não porque a gente ficar descartando o tempo inteiro, eu acho que a nossa indústria ela também sofre um pouco disso meio que como a indústria da moda assim, parece que a cada temporada a gente tem que ter uma coisa nova então assim cada campanha é um novo conceito mas se a gente chegou numa coisa que é brilhante porque que a gente vai descartar aquilo se aquilo faz muito sentido pra marca, se aquilo é muito profundo, tem muito a ver com o nosso propósito, tem muito a ver com a nossa promessa de valor e com o que o produto entrega mesmo enfim, porque não trabalhar nossa consistência criativa então e a nossa capacidade de criar em cima do que a gente já tem né, de mudar o que a gente já tem e dar novas versões para uma mesma mensagem, eu acho que esse muito incrível então assim a Dove vem trabalhando a real beleza há sei lá, 15 anos talvez quase isso, mais de 10 anos assim como Snickers vem trabalhando o “você não é você quando está com fome” há muitos anos também e isso já virou um monte de coisa diferente e cada vez é uma solução nova então eu acho isso também muito admirável assim né a gente sempre espera o que Dove vai fazer com essa situação, acho que o que eles fizeram esse ano também na pandemia, esse ano não, ano passado mas na pandemia também foi uma solução brilhante para isso né, para falar de beleza real no meio de uma tragédia então a gente começou essa conversa até falando que a gente tinha falado na Contagious que todas as campanhas de pandemia eram a mesma campanha, essa é uma campanha diferente com certeza assim, e que ela tem muito a cara de Dove e ela é muito simples mas ela mostra essa consistência, eles estão passando a mesma mensagem de um jeito novo assim então isso eu acho muito admirável no arco da marca como um todo né para além dessa campanha específica.
Henrique de Moraes – Me lembra uma frase que diz que “Se você fala três coisa, você não fala nada” então assim foca, a mensagem tem que ser uma só, não fica mudando o tempo inteiro. Muito bom, vamos lá Luli, você.
Luísa Fedrizzi – Vamos, vou aproveitar o gancho, eu tenho duas opções ainda mas eu vou aproveitar que a gente tá falando de universo feminino e aí vou puxar então a minha outra seleção que é a campanha da Bodyform que se chama “Womb Stories” ou “Histórias do Útero”, a Bodyform é uma marca de absorvente feminino e que já vem há algum tempo, alguns anos já fazendo uma série de coisas questionadoras então eles foram a primeira marca a usar um líquido vermelho para imitar sangue nos seus comerciais, o que é uma coisa, há uns anos atrás numa campanha deles que se chama “Blood Normal”, uma marca que tem esse nome na Europa, eu agora vocês vão me desculpar mas eu não me lembro qual é a equivalente dela no Brasil tá porque é a mesma empresa com nomes diferentes assim mas esse case específico do Womb Stories é um case da Europa e o Blood Normal também e na época se não me engano faz uns 5 anos eu acho que eles fizeram isso, foi um negócio assim muito louco, ninguém nunca tinha usado um líquido vermelho para imitar sangue, era sempre um líquido azul e que assim pra mim é a coisa mais maluca da história da publicidade é isso tá, não tem nenhuma explicação para isso a não ser preconceito mesmo assim né, a não ser nojinho, sei lá que palavra usar assim e perspectivas, vocês me desculpem mas assim, perspectivas masculinas sobre o universo feminino né, tipo “Eu não quero entrar nisso aqui porque sei lá, não sei, é estranho” e aí né tendo muito homem criando para produto de mulher e e aí primeiro eles começaram então a trabalhar essa ideia de normalizar o sangue, é sangue e sangue é vermelho, vamos lá seguimos o baile. E aí eles já vem fazendo algumas coisas, outras coisas de lá para cá mas essa campanha ela tem acho que um pouquinho mais de um ano talvez e eu acho ela muito incrível primeiro porque assim o filme da campanha é um filme longo, ele se propõe a ser uma história maior, se propõe a contar histórias do nosso útero, a partir da perspectiva do nosso útero, é uma coisa muito louca assim e até difícil de explicar sem ver inclusive, essa é uma campanha que só tem uma trilha sonora, ela é uma animação, ela não tem voiceover, não tem ninguém falando, ninguém narrando, não tem texto na tela, ela é um pequeno curta para ser assistido mesmo e ela surgiu a partir de depoimentos reais de mulheres então que contaram uma série de histórias relacionadas então é esse universo e aí quando a gente tá falando de útero a gente tá falando de parto, do nosso próprio parto e de ter filhos, a gente tá falando sobre menstruação, a gente tá falando sobre aborto, a gente tá falando sobre doenças, a gente tá falando sobre câncer, a gente tá falando sobre uma série de coisas distintas que vem misturadas com isso porque enfim é o centro da vida assim né e ela consegue traduzir isso de uma maneira muito linda, então pegar trechos dessas histórias e materializar numa animação que é incrível, que é muito rica, que também foi uma maneira de eles de fato darem uma vida e uma forma para isso né para o que é o nosso útero e quais são as histórias que eles contam e isso é intercalado com trechos, imagens mesmo de mulheres a partir de histórias reais e mulheres de diversos recortes ali também, diversos recortes de idade, de relação, de problema e fala sobre menopausa, fala sobre uma série de assuntos assim e essa é uma campanha que me emociona assim, eu sempre lá pelas tantas ali do filme eu tô tipo, ontem eu tava vendo de novo e eu “Ai gente isso é tão lindo” é porque é muito sensível e é muito profundo e toda, toda mulher com certeza tem alguma história relacionada a isso para contar e também foi uma campanha que ela nasceu de histórias reais e ela abriu espaço para conversas reais então eles criaram uma plataforma também pras pessoas continuarem mandando as suas histórias do útero ou as histórias dos seus úteros e de novo, ela é a partir de um ponto de vista feminino, contando histórias de mulheres de um jeito que não tem pudores, falando de uma série de coisas que ainda são tabus na sociedade então ela coloca isso ali muito abertamente mas ao mesmo tempo de uma maneira muito sensível, muito delicada e tal, eu acho acho brilhante assim e admiro tudo que a marca vem fazendo também, assim como a gente estava falando de Dove tem uma construção aí do que eles estão fazendo, para onde eles querem ir, tem uma aposta também das coisas não serem tão imediatas né, não serem marcas estão orientadas para o curto prazo ou para mexer o ponteiro rápido, óbvio que tem outras ações com certeza de suporte no ponto de vista de ativação comercial assim mas eles estão trabalhando uma construção de marca mesmo e um lugar onde eles querem chegar, uma conversa que a marca é patrocinadora dessa conversa na sociedade de certa forma então isso eu também acho muito rico assim, a gente tem visto muito esse lugar do médio e longo prazo se perder né, do trabalho de construção de marca se perder, isso é um paraefeito do digital assim, do que a gente chama de marketing digital, que aí tudo virou tipo agora, é o clique, é o clique, é o impulsiona, é o anúncio e a gente parou de contar história né, de criar narrativas maiores, de entender o que a gente tá construindo ali como marca e tal e acho que todas essas conversas mais recentes sobre o propósito de marca, sobre diversidade, sobre inclusão, representatividade e etc elas estão começando a trazer a galera do marketing de volta para esse lugar assim, impacto social, engajamento com causas sociais, a pandemia também então estão começando a trazer a conversa para esse lugar que é “Tá bom, o que que a gente acredita, o que a gente quer construir, que conversas a gente quer fomentar, onde é que a gente quer se posicionar e tal” e para mim esse é um belíssimo exemplo assim, vale olhar também tudo que a Bodyform vem fazendo.
Edwin Junior – De novo a Luli trouxe assuntos polêmicos né, então desde a primeira lá da masturbação, da maconha lá do estudante, a esse universo um pouco mais cheio de tabus né
Luísa Fedrizzi – Só pra causar
Edwin Junior – E é super legal a gente ver marcas se posicionando e aí ela falou uma coisa agora que eu falo muito aqui dentro, é que quando a gente olha esse meio digital e cara, marketing é marketing né, independência digital ou o que for, marketing atual é dessa maneira, amanhã não sei como é que vai ser e as marcas e os clientes querem tudo muito imediato, isso é uma coisa muito importante de ser colocado né porque eu tenho clientes aqui né pequenos e médios que os caras “Ah não, quero que minha marca seja famosa”, não, calma aí cara, essas marcas que você conhece que são famosas, elas demoraram anos para serem construídas né, anos e anos para serem construídas e aí o que a gente tenta fazer, e aí eu como o diretor de marketing eu fazia muito isso, tem uma estratégia muito clara de awareness, de conhecimento de marca, de construção de marca pro longo prazo, eu sei exatamente onde eu quero chegar, não sei quando mas eu vou chegar mas ter muitas ações de curto prazo para chegar nessa de longo prazo e não ter medo de errar né porque por mais que você faça uma coisa que cruze alguma linha ali né de advogado que eu gostava muito, cara se fosse muito bem ou muito mal no dia seguinte ninguém vai estar falando da sua marca mais cara, a Karol Conká vai sair do Big Brother e vão estar xingando ela, vão esquecer da Domino’s então assim, calma galera, é calma, estamos no calma! aqui, aprendi um pouco com o Henrique isso, calma porque ninguém vai estar falando da sua marca por mais que você queira, a sua marca não vai ficar sendo falada durante 2, 3 dias seguidos por uma pessoa, vai ser momentaneamente porque é tanta informação que tem hoje no mundo que tá permitindo as marcas a serem mais audaciosas, a serem mais corajosas em relação a se exporem mais, porque no final do dia é muita coisa acontecendo e para você ganhar um trending topics, para você ser falado numa mesa de bar perante tanta informação que tem no mundo hoje tem que ter sido um negócio muito foda ou muito ruim mas isso só vai durar 10 minutos de papo, acabou então não tenha medo de errar né, eu sou muito assim então é um pouco do meu pensamento.
Henrique de Moraes – Sensacional.
Luísa Fedrizzi – E complementando isso que o Edwin disse, desculpa só te interromper Henrique mas é só pra não perder o gancho e desculpa que os cachorros resolveram latir no fundo tá mas isso é muito louco porque assim, é muito interessante a gente falar sobre isso porque esse desenho do eu sei onde eu quero chegar e o que eu vou fazendo não só para construir o lugar, mas para suportar outros resultados que eu preciso ter né, tipo eu preciso vender produtos, o que quer que seja que eu venda ou preciso alcançar um determinado milestones que a gente tá construindo na marca e tal é uma coisa também que na Contagious a gente usa uma metodologia nossa chamada “Agile Long-termism”, é uma visão de longo prazo ágil, fica meio esquisito assim mas que a gente tenha então isso que é esse lugar em que a gente sabe qual é, o que a gente chama na Contagious de princípio organizador, poderia ser a visão, o propósito ou northstore da marca e que a gente tem um time que é o guardião daquilo, daquela estratégia, daquela mensagem e aí tem outras coisas que a gente entra dentro disso com esse lugar ágil em que sempre conectado à essa visão eu vou trabalhando em cima disso e vou criando coisas que me ajudem a chegar lá e também a chegar no que eu preciso fazer para que meu business seja sustentável também né porque também a gente precisa, todo mundo precisa pagar as contas e todo mundo precisa manter sei lá os empregos de todo mundo porque tem uma série de coisas né que uma empresa faz parte a partir de seus resultados assim então essa estrutura de a gente conseguir olhar para as duas coisas ao mesmo tempo ela é muito importante e talvez seja esse o grande pulo do gato das marcas maiores, com mais estrutura né e seja o que é mais difícil talvez para negócios menores segurarem a onda mesmo assim e conseguirem se dedicar para essas duas coisas porque isso requer mais equipe, requer tempo, requer uma certa estrutura e acho que aprender a fazer isso com menos ou encontrar formas de fazer isso com menos talvez seja um caminho a se trabalhar agora mas acho que esse é como a gente tava falando antes, o grande lance das marcas não é terem muito dinheiro, talvez a vantagem das marcas grandes, talvez a vantagem das marcas grandes nesse caso as que tem visão seja poderem desenhar estruturas desse tipo e fazerem esse trabalho que o Edwin falou que é que elas estão sendo construídas há muito tempo, gente a gente tá falando de tipo assim, marcas que tem quase 100 anos, estão dentro de empresas gigantescas, é uma outra coisa assim.
Henrique de Moraes – E eu acho que tem um ponto assim que eu acho que o problema não é nem o marketing digital ou esse lugar onde a gente tá hoje né, é muito da cultura nossa mesmo, pessoal de cada um que tá viciado em gratificação instantânea né, acha que tudo é para ontem assim, você vê as histórias assim, a mídia bota lá que não sei quem ficou milionário do dia pra noite, a marca que não sei o que e tudo mais, você vai consumindo essa dieta e se cara se sua marcar tá demorando dois anos que cara, é muito curto prazo pra tipo dar certo, a pessoa fica desesperada, desesperada mesmo porque o Edwin provavelmente percebe, sente muito isso, eu sinto isso demais e aí acaba que acontece isso que a gente falou, que as pessoas ficam mudando o discurso toda hora porque elas acham que não pegou e não, não deu tempo de pegar sabe e calma, gente não tô querendo fazer um merchan
Edwin Junior – Olha o jabá
Henrique de Moraes – Mas eu acho que é isso assim e tá ficando cada vez pior né nesse sentido se a gente parar para pensar na parte do comodismo que a gente tem, você apertar um botão e a comida chega, a pessoa quer isso, ela quer apertar o botão da agência e o sucesso chegar pra marca dela sabe, no final das contas é isso, a gente é o iFood do sucesso sabe, é assim que eles encaram e é difícil cara para gente assim, eu tô falando assim, chorando aqui minhas dores mas acontece muito isso mesmo da pessoa chegar e ficar às vezes 3 meses com a agência cara que isso, “Ah mas não deu certo”, como que não deu certo? Tá dando certo, olha aqui os números sabe, você não tá vendo os números que eu tô te mostrando? Tá melhor que seu concorrente, aí a pessoa “Ah não mas é que eu precisava…” precisava estar milionário, basicamente o que a pessoa foca é isso, “Não eu precisava estar milionário e estar na Forbes hoje e eu não tô, desculpa você não fez o seu trabalho”, tipo cara é quase isso
Edwin Junior – Você tá falando uma coisa que agora que eu tô sentado aqui nessa cadeira de agência, eu sinto exatamente isso olha só, a gente tá numa pegada aqui de trazer muito cliente para dentro, um volume grande mas o balde está meio furado justamente por isso, porque a gente bota aqui para dentro um cliente e tem cliente saindo com menos de um mês, menos de um mês o cara saiu “Não o resultado não veio”, calma caralho, meu irmão um mês né, uma marca nova que existe há três meses né, eu acho que tem talvez um discurso aqui também quando a gente olha pro pequeno e médio, eles muitas vezes contratam a agência e ele acha que tá contratando uma área de marketing para tocar e não uma agência de construção de marca enfim, ele vai entrar num assunto aqui que vai criar um outro podcast mas cara eu tô vivendo exatamente isso.
Henrique de Moraes – Sim cara,sim, é difícil
Luísa Fedrizzi – Exato. Eu acho que isso é também uma simplificação, até também pra me desculpar aqui com o povo de marketing digital, não tenho nenhum problema com marketing digital, é porque a gente transformou o significado dessa entrega em uma fórmula de sucesso, então é isso a marca vai entrar, a gente vai fazer A, B, C, D e é tipo uma esteira, uma linha de produção e isso significa que você vai ter um milhão de leads amanhã e dois milhões de reais depois de amanhã, gente não existe isso assim e a gente acabou transformando um troço que era muito legal que é o marketing na era do digital e que tinha né, que tem todo um campo aí de coisas pra gente imaginar e construir, a gente reduziu ele a uma coisa desse tamanho que é uma promessa falsa de um sintoma de imediatismo assim, total.
Henrique de Moraes – Totalmente. Enfim, vou segurar, a gente vai gravar um outro podcast gente porque enfim, não vou nem começar, vamos lá eu já comecei na verdade né, não vou continuar desculpa mas só um ponto em relação à campanha que a gente acabou desvirtuando é que eu acho muito, além da mensagem né ser maravilhosa, eu me emocionei também vendo mas a primeira vez que eu vi inclusive foi pela Contagious, que eu vi essa campanha, não sei se foi num report ou na época que a gente tava com mês gratuito que a gente ganhou, que a gente participou de alguma coisa enfim, a quantidade de formas diferentes que eles colocam né então tem tipo sei lá bonequinho de massinha, ilustração, eles vão misturando vários tipos de arte conforme a música vai tocando e a música fica na cabeça cara porque tem uma cadência assim cara, a construção de toda a narrativa com a mistura de imagens de pessoas, com tudo cara é muito sensacional e como entra no útero assim tipo e vai contando as histórias, vai mostrando e volta pra fora, entra de novo, cara realmente muito, muito maneiro e assim cara é o pedacinho de arte, de fato assim, é sensacional, então só pra pontuar que eu não queria deixar de falar isso. Edwin, vai lá
Edwin Junior – Vamos lá. Cara nesse próximo, você falou lá no início que deve ter sido difícil escolher três campanhas, para mim foi difícil escolher três campanhas que não estavam linkadas à alimentação, food service porque eu sou apaixonado por food service né então assim, mas trouxe uma aqui do Burger King, sou fanzaço do Burger King, do Fernando Machado, do Anselmo que ele fez lá com a galera da David, então trouxe essa agora que junta três paixões minhas, uma delas é a alimentação que é o ramo de food service, o outro é esporte, adoro esporte e o outro são jogos eletrônicos, o videogame né, apaixonado desde pequeno, desde a época do Atari até agora o Playstation 5. E aí essa campanha do Burger King ela é legal porque ela junta, ela foi corajosa por apostar e investir em uma atenção do público onde estava subvalorizada, então é difícil você achar onde está a atenção subvalorizada hoje para você investir pesado ali e ter um retorno alto em cima daquilo e apostou também em coisas que não são mainstream, o e-sports vai se tornar mainstream daqui a sei lá 1 anos, 2 anos, 3 anos vai se tornar mais ainda não é e aí essa campanha se chamou “Stevenage Challenge”, Stevenage é um time de futebol inglês da quarta divisão do Campeonato Inglês, ninguém conhece o Stevenage e aí o Burger King o que eles fizeram? Quem joga videogame sabe que nos jogos de futebol né, no FIFA que eu adoro, ali tem os jogadores reais então os patrocinadores reais dos times da vida real e aí o Burger King olhou aquilo e falou “Cara, vou patrocinar um time da quarta divisão do Campeonato Inglês que ninguém conhece chamado Stevenage, vou botar meu logo gigantão aqui na camisa deles, Burger King na vida real e automaticamente quando for lançado o FIFA 2020, o meu logo vai estar lá, na quarta divisão mas vai tá lá, ninguém vai jogar com esse time mas vai estar lá e aí que se engana né, quando você olha os times do FIFA tem uns times que cara, duvido que alguém jogou porque eu tinha é uma merda né, 0 estrelas, são 5 estrelas de força, de qualidade, tem times que é 0, Stevenage era 0 só que o que o Burger King fez? Patrocinou os caras na vida real, com isso todos os patrocinadores apareceram na camisa e ele era o único acho, daquele time que tava ali e aí ele fez o seguinte, o challenge é porque eles jogaram na internet e aí de novo né, atenção onde estava o público, o público espera o lançamento de um FIFA novo, eu vivo isso desde 90 e pouco que eu jogo FIFA, eu espero todo ano lançar um FIFA novo para você jogar. E aí eles fizeram o seguinte, galera olha só, Burger King patrocina o Stevenage, é uma merda o time mas o legal do FIFA é você começar com time e começar a ganhar, comprar jogador, botar jogador famoso em time que ninguém conhece, é um pouco essa a pegada do FIFA e aí fizeram o seguinte, quem jogasse com o Stevenage e fizer um gol e marcar o Burger King nessa comemoração do gol vai ganhar desconto, vai ganhar whooper, vai ganhar batata frita, ganhar milkshake, vai ganhar o que for. E aí cara isso gerou um buzz assim bizarro no mundo de e-sports então todo mundo queria jogar com o Stevenage, todo mundo queria construir um time melhor com o Stevenage então hoje se você entrar no FIFA para jogar online que eu adoro jogar, às vezes eu jogo com uma galera que joga com o Stevenage, eu jogo lá com o Barcelona, não sou tão como a garotada, eu jogo lá com o Barcelona e às vezes alguém com o Stevenage me ganha porque o cara compôs o time dele com jogadores reais então pô tem o Neymar, tem o Messi, Cristiano Ronaldo jogando no Stevenage então o cara criou o Stevenage pra fazer gol com o Stevenage pra ganhar produto de graça do Burger King, então cara se você para pra pensar nessa ação, ele investiu lá atrás num time que a atenção, ninguém tava olhando pro Stevenage só que porra, o pior time, e o slogan da campanha é “Como que a gente tornou o pior time do mundo no melhor time online, melhor time virtual” e isso aí cara para mim é baixo investimento do patrocinador, atenção onde o público tava naquele momento do lançamento do FIFA e gerou mídia espontânea para eles, por mais que o Burger King, de novo, é uma empresa que tem muito dinheiro investindo pouco dinheiro nessa campanha porque basicamente investiram em um clube, que eles tem dinheiro para isso só que não é um clube de primeira linha e jogaram um desafio aí nesse challenges, #challenges que tem na internet e o negócio bombou, então cara foi brilhante aí a ação da David, Fernando Machado que fez essa ação e para mim abraçou três universos e quem gosta desse três universos pô foi um prato cheio, eu sou fã.
Henrique de Moraes – Sensacional. Eu não tenho nem o que falar
Edwin Junior – Vocês estão meio que dando highlight e eu não, tô falando o negócio inteiro, eu quero explicar em detalhes as coisas
Henrique de Moraes – Depois dessa você pode fazer um mic drop, sacou?
Luísa Fedrizzi – Eu acho muito legal que o Burger King consegue tipo ir fazendo pequenas grandes coisas né e se conectando com pequenos assuntos ou universos ou nichos então claro que tem ações ultra mainstream que eles fazem e principalmente trollando o McDonald’s, que são para explodir mesmo e tal mas eles têm outras iniciativas menores às vezes locais ou às vezes para um determinado grupo que eles também investem muita criatividade nisso, não é uma coisa meio tipo sabe “Ah vamos fazer um puta filme e ali aquela campanha local de Reino Unido, que é só pro Reino Unido, a gente nem é tão grande lá” sei lá se são ou não, to dizendo qualquer coisa, tipo “Ah vamos fazer qualquer coisa, vamos fazer uma ação promocional” não e tipo assim, “Vamos fazer o mesmo investimento criativo porque nós temos que inventar um negócio que seja tão legal quanto”, acho que quando eles fizeram o “Burn that Ad” aqui no Brasil também né, de queimar em realidade virtual os anúncios do McDonald’s aqui também e tal, isso era uma coisa que começou para cá mas ela não precisava ser tipo menor porque ela era local e aí tem uma grande campanha global, é o mesmo investimento intelectual, criativo, de energia para fazer coisas foda em vários lugares e conectadas com vários grupos distintos assim, em nichos distintos assim, isso é uma coisa que eu admiro assim, eu acho uma capacidade de energia gigantesca assim, realmente acho que acima de qualquer coisa é isso
Edwin Junior – Cara eu adoro as campanhas do Burger King justamente pela coragem, advogado, eu conheço o Ariel né que é o CMO do Burger King e aí Henrique uma dica, você tem que chamar aqui no teu podcast o João Branco que é o CMO do McDonald’s, essa cara é o mais calmo do mundo porque meu irmão, o Burger King vai, vai, vai e ele finge que nada aconteceu do lado dele. Eu não teria cara, no primeiro beliscão eu já ia com tudo para cima e vamos embora, mas acho que ele é um cara perfeito pra você trazer pro calma!
Henrique de Moraes – Muito bom. Lembrei de uma outra campanha, foi do Burger King? Acho que é com o Anselmo, exatamente, foi onde eu ouvi, em que eles pegaram, descobriram que se você falasse “Hey Google” eu acho, que desperta, o wake up call do assistente virtual do Google, na propaganda, na TV, os negócios apitavam e começavam a falar de volta e eles fizeram uma campanha em que eles falavam isso no comercial e aí falavam “Me fale sobre o whooper” e aí o assistant começava a falar da descrição do whooper, nas casas das pessoas nos Estados Unidos e aí o Google ficou sabendo, acho que foi com o Google, não foi com a Amazon não e eles descobriram que isso estava rolando e aí mudaram o tom da voz, eles bloquearam aquele tom de voz e eles foram mudando o tom, ficaram sei lá meses mudando o tom o tempo inteiro e cada hora uma ação diferente rolando e toda vez que eles falavam na TV os celulares começavam a falar, os assistentes virtuais a falar, cara muito sensacional.
Edwin Junior – Brilhante
Henrique de Moraes – Enfim, então pra minha terceira rodada aqui eu trouxe uma campanha que eu descobri na verdade esses dias porque uma redatora aqui da agência me mandou e falou “Cara você precisa ouvir esse episódio desse podcast” que eu nem conhecia que era o Tagline e eu achei sensacional e acabei zerando os episódios mas, vou botar o link também porque acho que vale muito a pena ouvir o episódio sobre a campanha, não só assistir a campanha mas ouçam o podcast porque cara é sensacional essa história e eu achei muito genial assim tudo, assim tudo que envolve essa campanha eu achei sensacional, eu vou resumir aqui pra gente não se aprofundar muito, depois vocês podem ver tudo lá mas basicamente a campanha são, eles falam desse cara né, de um personagem que é o cara mais interessante do mundo né e que é uma pessoa que basicamente, as campanha são de três a oito frases curtas descrevendo características ou coisas que aconteceram com esse cara e cara, essas frases para mim são as frases mais geniais que eu já ouvi, eu chorava de rir assim, tinha que dar pause para continuar, parar de rir e ouvir a próxima sabe de tanto que eu achei genial e o ponto interessante é que as frases são todas surreais tipo, esse cara é quase mitológico que porra ele fez as coisas mais incríveis do mundo e isso surge de um insight da executiva de contas que tava com o namorado, vê o namorado falando, contando uma história que não era dele como se fosse dele e ela falou assim “Mas essa história não é sua”, aí o amigo dele fala assim “Mas todo mundo faz isso”, aí ela falou “Ah então os homens dessa idade, dessa faixa de idade, jovens adultos querem impressionar as outras pessoas né, então beleza” e aí ela traz, ela leva esse insight pra agência e a dupla de criação que eram dois homens, eles ficam ofendidos e falam “A gente não faz isso, você acha que a gente é inseguro desse jeito?” e eles pegam e fazem, criam um personagem como uma zueira na verdade e eles levam para reunião e a galera acha genial e aí cara a parada vai e eles começam se interessar porque a parada começou a ficar tão engraçada que eles ficavam tipo horas escrevendo do tipo frasezinhas para descrever essa pessoa e eles olhavam pras situações da vida deles onde eles eram patéticos e tentavam extrapolar sabe e cara tem umas frases que são muito boas, tem uma que ele fala que “Os mosquitos se recusam a picá-lo por puro respeito”, e aí tem “Quando a oportunidade bate à porta e ele não está, a oportunidade espera”, são umas frases muito boas assim e o que eu acho sensacional é que quando eu ouvi a primeira vez, aí falando da coisa da masculinidade né que a gente trouxe a parte do feminino, agora trazendo para o masculino assim que eu me identificava com muita coisa, de certa forma eu me identificava sim com toda a minha cultura sabe do tipo assim de ser criado para tipo ser incrível, ser foda, ser o machão e tudo mais e você identifica isso tudo e ao mesmo tempo é uma piada de você mesmo porque é tipo assim sabe aquilo tudo que você sempre quis ter? Olha como é ridículo, vamos extrapolar isso ao tosco pra você se sentir mal e ao mesmo tempo você conecta sabe com a marca e aí cara tem várias coisas nessa campanha que são sensacionais, recomendo de fato que vocês ouçam mas tem uns pontos que são legais que assim, eles trouxeram um cara super velho para ser o ator né, o cara tinha 66 anos, tava tipo fudido na carreira inclusive e todo mundo foi contra então falando aí de advogados, de coragem e tudo mais, todo mundo foi contra botar o cara porque o normal pra campanha de bebida na época, e a campanha era Dos Equis tá eu acabei não falando, a cerveja e todo mundo foi contra porque na época o normal era você coloca pessoas do seu target né, da mesma faixa etária em situações onde a pessoa se espelhasse ali né, se visse naquela situação e era tudo errado né, um cara mais velho, situações irreais que era meio ridicularizando os homens sabe tipo e a galera ficou desesperada e fora assim várias outras questões que pegaram também assim que quase vetaram, por exemplo tem dois slogans, dois taglines dos comerciais e um era tipo “Eu não bebo cerveja sempre mas quando eu bebo, eu bebo Dos Equis”, que a galera falou assim “Cara a gente não pode botar isso, é nossa propaganda como assim, a gente não pode colocar, vocês são malucos, irresponsáveis de estar pensando em colocar isso sabe” e foi um dos marcos assim da campanha sabe tipo então eu acho sensacional por essas questões da coragem e tem um ponto importante também que é pelo lado da agência aqui, da Wee! que a gente tem essa coisa do nem aí para bad vibes que é muito focado assim, eu tenho para mim, acho que não tenho pra mim, acho que isso é uma verdade que toda campanha que causa uma sensação, um sentimento né, que desperta um sentimento em você ela causa mais reconhecimento de marca, você grava mais e a gente leva isso muito a sério especialmente pro lado do bom humor, então que é tipo o nosso propósito maior é de falar que é criar um mundo onde as marcas sejam fonte de felicidade e não de ansiedade né então ao invés de excluir, como é que a gente gera um pouco de risada ali, leva um pouco de felicidade para as pessoas e com isso também a gente gera mais reconhecimento de marca de certa forma e aí eu acho que essa campanha tá super conectada com isso porque ela é muito engraçada e ela durou 10 anos, fez a Dos Equis ser a cerveja que mais cresceu nos Estados Unidos, eles cresceram 30% por ano durante a campanha, a campanha rodou 10 anos, o que é impensável hoje em dia e enfim, todo mundo que encontra com a galera, que participou da criação, inclusive com o ator falam isso, falam “Cara você me fazia rir, eu nunca mais consegui beber outra cerveja só pelas risadas que vocês me fizeram, me proporcionaram” então acho que tá muito alinhado e por isso que eu trouxe essa campanha, tá muito alinhada com o nosso propósito na agência.
Edwin Junior – Eu acho que qualquer campanha que mexe com subconsciente né, então você ali se identificou de alguma maneira com alguma situação né e aí se torna ridículo aquilo ali e você internalizada que você talvez tenha que mudar a tua maneira porque você se viu numa situação ridícula né, isso é muito legal e aí quando você para pensar assim em campanhas que duraram anos, cara quem não lembra do tio da Sukita, era mais ou menos essa pegada né, uma situação ridícula ali no elevador do tiozão que hoje tá marcado, e a parte de comédia né, virou pra comédia então eu acho que sempre quando você brinca, usa a comédia para você se auto criticar e tentar mudar um pouco a sociedade eu acho que tem grande chance, eu acho que esse é outro grande exemplo.
Luísa Fedrizzi – É verdade, acho que esse aspecto é muito bom e que eu acho que sei lá, me bateu menos né naturalmente, talvez não seja uma coisa que me provoque dessa forma assim mas o que eu mais me ative foi essa assinatura assim, eu raramente bebo cerveja mas quando eu bebo eu bebo essa, essa parte eu dei muita risada porque eu acho que esse lugar também da marca tipo, “Ai a gente não é a coisa mais foda do mundo entendeu, as pessoas não acordam pensando na gente e vão dormir pensando na gente” tipo essa é a vida real, a vida real é meio que essa assim, a gente faz determinadas escolhas que a gente nem sempre faz sempre e aí quando a gente faz a gente sabe, eu acho bem tipo ela é tão mundana que é uma grande sacada e ao mesmo tempo tem um pouco de auto-depreciação também pra entrar no tom geral da história toda assim, me lembrou um pouco uma campanha recente da Carlsberg em que eles lêem os tweets das pessoas criticando a cerveja deles dizendo que a cerveja deles é ruim e eles lêem aquelas críticas que são engraçadíssimas e tal e aí eles falam que mudou a fórmula e daí é tipo assim “Carlsberg, tá um pouco melhor”, tipo é meio que nesse lugar assim sabe, tipo “Tamo aí, tamo tentando” então acho que isso aí me pegou muito assim, eu achei um tom muito preciso mesmo, tipo a gente não é a última bolachinha do pacote mas a gente é legal, quando quiser beber uma cerveja bebe Dos Equis”
Henrique de Moraes – O mais engraçado é que o cara que criou esse tagline ele fala que assim, a galera tipo assim “Nossa melhor coisa, essa campanha me mudou por causa disso” e ele fala assim “Não cara eu só falei uma verdade”, é o que você falou, ninguém bebe cerveja sempre, só falei uma coisa normal, não tem nada demais, calhou das pessoas se conectarem. Muito bom, vai lá Luli sua vez
Luísa Fedrizzi – Bom que deu muito certo porque assim, essa campanha que vou falar agora ela também é muito bem-humorada, ela vai também para esse lado da auto depreciação em alguma medida e da ironia e do humor mesmo, é uma campanha da Tide que é um sabão em pó, que aqui no Brasil é Ariel se não me engano a mesma marca, talvez se eu estiver falando errado desculpa pessoal do marketing dessas marcas mas enfim nos Estados Unidos é Tide, é um sabão em pó e aí acho que tem duas grandes sacadas disso assim, a primeira é que é uma campanha para Super Bowl então né, o tapete vermelho da propaganda no mundo, todo mundo quer fazer alguma campanha para o Super Bowl e aí tu é um sabão em pó e tu tem um spot no Super Bowl, e aí que spot é esse já é um começo de conversa e o segundo é justamente de novo, assim como o carro essa categoria é uma categoria que vive ao redor dos mesmos códigos, todos os comerciais de sabão em pó são iguais né tipo assim, 90% deles são a mesma coisa por isso às vezes a gente até tem dificuldade de lembrar as marcas e aí eles vão para uma outra coisa, eles conseguem se diferenciar totalmente nesse contexto então o que que eles fizeram, qual é a constante de um comercial de sabão em pó? Dizer que a roupa fica mais branca, que uma roupa branca bem branca foi lavada, bem lavada com aquele produto, essa é a constante. Ao invés de falar isso do jeito óbvio, eles resolveram transformar então qualquer roupa branca que aparecesse em qualquer momento do Super Bowl inteiro ou seja, do jogo, do intervalo comercial, dos outros comerciais, dos tweets que as pessoas estavam fazendo, de tudo que tá ao redor daquelas duas, três horas que são o Super Bowl, eles resolveram transformar qualquer peça de roupa branca em uma propaganda de Tide, então também é uma propaganda que vocês precisam pegar aí nos links e assistir porque eu contando é tipo a gente contar uma piada e aí a gente tira a graça da piada mas eles tiveram uma grande sacada em que eles fizeram pequenos spots ao longo do evento justamente zuando esses clichês de comercial de roupa então chega uma hora que, também é um ator mais velho é um ator super engraçado, um ator de TV que a gente reconhece, não lembro o nome dele agora mas enfim, então ele é posto em situações óbvias de comercial de sabão em pó tipo a família reunida e ele aparece dançando na frente de uma mulher com a vassoura enquanto ela faz faxina, e aí ao mesmo tempo que tem esses spots engraçados eles hackearam por exemplo o placar do jogo então aparece ele com a camiseta dos times e aí um dos times tem uma camiseta branca e aí é tipo assim “It’s a Tide ad” então tudo que for uma roupa branca vira uma propaganda de Tide e as pessoas começaram a tweetar em cima disso também, começaram a mandar fotos suas então qualquer coisa que elas vissem virara, qualquer coisa branca né, peça de roupa branca virava um comercial de Tide assim e aí tem mil nuances então o vídeo que tá linkado aí eu acho que é até o videocase mesmo né que eu dividi com vocês, é legal que daí ele conta um pouquinho, mostra todas as peças né e conta um pouco da história assim mas ele brinca com vários clichês de propaganda e ao mesmo tempo subverte todos eles em prol da mensagem principal do produto. No fim o produto continua no centro, o benefício do produto continua no centro, é sobre isso só que de outro jeito e é engraçado mesmo assim, é de rir real assim, é isso.
Edwin Junior – Eu sou um fanático, eu não gosto de futebol americano tá, eu não me interesso, não sou público para isso mas todo Super Bowl, no dia seguinte eu vou no YouTube e escrevo “superbowl comercials”, eu fico horas vendo tudo aquilo, posto porque para mim eu acho que hoje um dos maiores investimentos, os melhores investimentos sendo feitos, é onde está a atenção do público né e Super Bowl sem dúvida nenhuma é isso e Big Brother Brasil agora porque assim, acho que o que o McDonald’s fez numa festa que eles deram aqui cara, pra mim foi surreal a parda, eu fiz um puta de um post, escrevi um artigo sobre isso assim acho que eles usaram marketing perfeito para o melhor investimento naquele momento, e quando você fala de Super Bowl, dessa campanha que você trouxe, eu acho que todo mundo, inúmeras marcas investem uma grama alta no Super Bowl mas poucas talvez aproveitem momentos como esses né de criativos e tudo mais. Você investir no Super Bowl é fácil, é só ter dinheiro e botar dinheiro lá, agora como você vai gerar um buzz, como você vai aumentar o teu ROI, como que vai otimizar aquela grana que você coloca ali e para mim cara eu gostei muito também desse teu caso e para mim eles conseguiram sair um pouco da naturalidade ali que é a mesma babaquice de sempre, o garoto que se suja na lama e aí vai a mãe e limpa o negócio, cara eles usaram todos os pequenos detalhes para posicionar a marca e para mim isso foi brilhante também, muito legal.
Henrique de Moraes – Sim cara, já entrou aqui direto para o meu documento de campanhas preferidas, foi direto e eu também adoro esse tipo de campanha que dá uma hackeada no sistema sabe tipo esse que falei do Burger King, esses exemplos pra mim cara porque é aí que tá a criatividade de verdade assim, você enxergar uma coisa que todo mundo viu sempre da mesma maneira e fazer, “calma aí vamos olhar por outro ângulo, inverter aqui as coisas” e acho que isso pra mim assim, mais uma vez é o que eu quero ser quando crescer. Enfim Edwin vai lá, sua vez cara
Edwin Junior – Cara não poderia deixar de trazer uma da Domino’s, depois de quase 9 anos por lá mas eu também deixei meu ego de lado e eu não trouxe uma minha tá, trouxe uma que rolou nos Estados Unidos e é uma também um pouco mais antiga, já tem aí 12 anos, foi em 2009 então assim, cenário da Domino’s em 2009, era a segunda pizzaria do mundo, Pizza Hut era a maior do que a Domino’s naquele momento, a marca tava muito ruim nos Estados Unidos, a ação da Domino’s na bolsa tava U$16, franqueados fechando loja, a marca não estava crescendo e fizeram uma pesquisa grande para entenderem um pouco como é que tava o produto da Domino’s frente à concorrência e aí cara, depois vejam no link, basicamente a campanha inteira foi montada em cima da opinião dos clientes sobre o produto real da Domino’s, então você chegava lá, era chamado pra um focus group nos Estados Unidos inteiro, filmado obviamente, você comia a pizza da Domino’s e falava “Cara essa pizza aqui tá uma merda, ela tem gosto de papelão, o queijo parece plástico” e começaram a expor essas frases e aí é legal que no vídeo aparece o CEO na época, o Patrick Doyle, o cara vendo aquilo ali, “Caraca meu irmão” e ele tinha acabado de entrar para a companhia, ele deve ter pensado “Aonde eu fui me meter né”, 16 dólares a ação, a galera xingando o produto e aí eu acho que o legal dessa campanha é que eles mostravam uma transparência radical, ouviram os clientes e aí muito parecido com o do Volvo que você trouxe lá atrás, aqui eles começaram a expor também tweets e coisas dessas só que na Time Square, lá na Times Square “Fulano de tal falou que a pizza da Domino’s parece plástico”, “Fulano de tal falou que tem gosto de papelão” e aí eles fizeram duas campanhas, uma campanha foi mostrar para todo mundo o resultado desse teste, então “Galera olha só tá uma merda, você falou que tá um papelão, você falou que tá um plástico, tá todo mundo insatisfeito, esperem que daqui a sei lá dois meses a gente vai voltar com um negócio novo” e aí começaram a construir, foi uma campanha que durou quase seis meses porque a primeira parte era essa muito ruim, o produto continuou ruim então a galera “Caraca então vou comer essa merda?”, até caiu venda naquele momento só que eles foram construindo a campanha junto com o produto e aí começaram a mostrar na semana seguinte os chefs que faziam as receitas, “Pô você falou que o molho tem gosto de água, então olha só o que a gente tá fazendo, tá botando mais tomate, tá botando mais especiarias, tá dando um toque de pimenta, então o nosso novo molho vai ser esse aqui”, “Pô a nossa borda que você falou que era papelão a gente refez um pouco da massa e agora toda pizza vai com um pincel de alho para ter um gosto melhor”, “A mussarela agora é queijo de verdade” porque tem um negócio de leite lá e aí no final, conclusão da campanha é a galera que falou que tava uma merda a pizza, eles foram na casa desses caras filmando, entregando a pizza e “E agora, o que você acha dessa pizza?” e aí a galera obviamente fala que foi uma pizza boa e tudo mais então assim, se chamou Domino’s Turnaround, porque a Domino’s tava indo pro buraco realmente, não estava indo pro buraco mas estava fechando loja, tava meio underground no negócio e a partir de 2009 com essa campanha de expor assim os seus defeitos e mudar o produto ouvindo o cliente, as ações da Domino’s começaram a subir, hoje depois de 12 anos a ação da Domino’s está em 433, eu vi hoje de manhã U$433, cara eu tenho amigos da Domino’s que tinham algumas cotas à 16 então assim essa galera hoje tá multimilionária, hoje a Domino’s é a maior pizzaria do mundo e grande parte disso foi devido a essa turnaround, essa coragem que eles tiveram de expor os seus defeitos e ter coragem também de mudar junto com a percepção do cliente e o legal é que não foi uma coisa que eles expuseram lá os defeitos e depois vieram com um produto pronto, não, colocaram o que era ruim e foram construindo junto até chegar ao produto final então cara eu achei fenomenal e quem fez essa campanha foi a CP+B que é a Crispin Porter, que é a agência da Domino’s nos Estados Unidos, os caras são feras e aqui no Brasil também os caras são feras, sou fãzaço.
Henrique de Moraes – Boa. Tem um podcast chamado Business Wars também que conta a disputa né da Domino’s com a Pizza Hut e fala dessa história assim é muito legal assim, vale a pena ouvir porque é um podcast super produzido assim, muito bem feito e eu lembro de ter ouvido depois depois que você mandou a campanha, eu desconectei sabe eu não tinha visto a campanha e cara é isso uma coragem de olhar assim, primeiro olhar para dentro e falar “A gente tá errado, a gente precisa melhorar” e expor isso, “dividir com a galera que a gente tá assim assumindo que está errado e dispostos a mudar”, se isso vai colar mesmo não sei mas vai tentar, sensacional.
Luísa Fedrizzi – Eu acho um grande turnaround mesmo e pensando no que a Domino’s é hoje também em termos de marketing, a gente falou aqui de algumas dessas marcas que tem feito frequentemente, regularmente muitas coisas fodas tipo o Burger King e eu colocaria com certeza a Domino’s nesse pacote também tanto no mundo quanto no Brasil e a gente tem realmente muita coisa sobre a Domino’s dentro das plataformas e tal da Contagious e eu fico pensando em outros cases recentes assim né e em outras pequenas observações que foram feitas então eu acho massa de ver que isso, eu não conhecia essa campanha e esse processo lá atrás mas de ver que isso é um ângulo de olhar pros desafios que aparecem assim, me lembra muito uma outra que eu gosto muito de Domino’s que foi uma que eu esqueci o nome agora mas enfim ela é mais recente que foi uma que eles pavimentaram buracos de rua nos Estados Unidos
Edwin Junior – Paving for Pizza
Luísa Fedrizzi – Paving for Pizza, obrigada. Quando eles descobriram que as pizzas estavam chegando toda escangalhada na casa das pessoas e que não era culpa dos entregadores então de novo foi um processo de eles olharem para as reclamações e o que gerou isso, a ação, o resultado final é super criativo mas para conectar com o argumento dessa campanha que o Edwin trouxe, de novo foi sobre olhar para as críticas que a gente recebe né, olhar para o lado ruim e aprender em cima dele e foi disso que eles conseguiram entender onde é que tava o problema para conseguir encontrar um caminho para solucionar que by the way foi um caminho de comunicação super legal e que virou um puta case também assim, fora outras iniciativas né de aplicativos que pede fica sozinho em 30 segundos, comando pra Alexa enfim, uma marca que tá entendendo que pedir pizza e comprar pizza é algo que acontece em todos os lugares assim e isso a gente até tem um pequeno estudo de caso da Domino’s dentro de um material da Contagious falando sobre esse ângulo assim então eu acho que tem muita coisa legal para ser dita mesmo sobre sobre o approach da marca para esses desafios todos assim de mudança de comportamento
Edwin Junior – E a Domino’s ela ao longo dos anos né com muita tecnologia ali ela antes era uma companhia de pizza que vendia online e hoje é uma empresa de tecnologia que vende pizza, é assim que eles se definem
Henrique de Moraes – Pô galera foi maravilhoso, eu queria fazer isso toda semana
Luísa Fedrizzi – Foi muito divertido mesmo
Edwin Junior – E o melhor do Henrique é quando ele manda um convite, “Cara vamos gravar um podcast?”, é uma hora e meia de podcast, caraca meu irmão uma hora e meia, eu não tenho uma reunião de uma hora e meia com ninguém na minha vida hoje mais, mas cara pro podcast calma! eu curto porque passa rápido e é super divertido.
Henrique de Moraes – Vamos criar um quadro né assim tipo sei lá “Review do mês” né, de pegar tudo que aconteceu e vem nós três aqui e a gente pode fazer live, parceria com Contagious, olha aí estamos abrindo portas
Luísa Fedrizzi – Hmmm gostei
Henrique de Moraes – Mas vamos lá, gente muito, muito, muito obrigado pelo tempo de vocês, eu sei que é difícil tirar uma hora e meia, mais de uma hora e meia, a gente ficou mais tempo do que isso aqui, problemas de tecnologia aconteceram enfim mas a gente conseguiu resolver então muito, muito obrigado pela disponibilidade e por terem entrado de cabeça enfim, trouxeram muito carinho, todas as campanhas foram sensacionais, já entraram aqui também pro meu top 50 que já tá crescendo esse negócio então de verdade muito, muito, muito obrigado.
Luísa Fedrizzi – Eu que te agradeço, adorei o convite realmente é legal poder falar sobre isso também mais livremente assim, essa cara de conversa de bar, é uma coisa que eu faço bastante mas sempre dentro de um contexto que tá focando mais no objetivo do cliente ou uma análise específica que a gente tá fazendo então é um outro jeito até de olhar pro meu próprio universo, adorei mesmo foi super, super rico, super divertido, passou muito rápido, estamos aí pros próximos, é só chamar, um prazer estar com vocês
Edwin Junior – Prazerzaço, não conhecia a Luli, prazerzão, tenho um podcast também e vou te chamar depois pro meu hein, aí a gente faz um tête-à-tête por lá, e Henrique a gente já se conhece há um tempinho, virou amigo, tem alguns projetos que a gente tá fazendo junto, sempre um prazer estar aqui no calma! e quando quiser me convidar pela terceira vez tô aberto aqui e cara uma coisa legal que seria também pô, a gente trouxe muita coisa legal, coisas que aconteceram bem, vamos começar a trazer algumas merdas porque eu não tenho problema nenhum em falar
Luísa Fedrizzi – Boa
Edwin Junior – Eu acho que seria legal a gente expor umas coisas, “Cara isso aqui foi para um lado totalmente torto”, “Isso aqui não deu certo” e só pra gente também não ficar só no mundo onde tudo deu certo no marketing né
Henrique de Moraes – Sensacional, já temos uma próxima pauta e aí eu duvido, olha o desafio aí, você trazer cases seus
Edwin Junior – Tenho vários
Henrique de Moraes – Eu trago também, talvez eu tenha só que não falar quem é a marca mas posso falar o que deu errado. Fechado galera, obrigadão
Luísa Fedrizzi – Boa
Edwin Junior – Valeu Henrique, tchau Luli, obrigado tchau tchau
Luísa Fedrizzi – Obrigada, tchau