após ter sido Campeão Mundial de Vôlei de Praia aos 15 anos, e ter vivido 12 anos trabalhando no mundo corporativo para multinacionais no Brasil, França e Estados-Unidos, nas áreas de Treinamento e Desenvolvimento, Marketing, Comunicação, Inovação e Transformação Digital, sendo seu último cargo Diretor de Marketing Digital e Comunicação na L’Oréal, Ian decidiu se aventurar como empreendedor e viver uma vida com mais propósito e impacto.

desde então, viaja o mundo como nômade digital junto da sua companheira de vida, a Taíssa Souza, trabalhando remotamente com projetos que ele ama, valorizando o essencial e vivendo experiências inesquecíveis!

Ian já visitou mais de 500 cidades em 63 países ao longo dos últimos 15 anos. com todas essas milhas rodadas, ele acumulou uma série de conhecimentos para te ajudar nessa jornada.

hoje ele é Especialista em Reinvenções, Empreendedor e Nômade Digital, e ajuda profissionais infelizes no trabalho a reinventarem suas carreiras com mais qualidade de vida!

pra isso ele disponibiliza cursos online, processos individuais de coaching, grupos de mentoria, palestras, livros e muito conteúdo online.

além disso, ao lado de Ricardo Semler (empreendedor brasileiro mundialmente famoso pelo seu estilo de gestão), Ian também é sócio da Semco Style Institute, um instituto com o objetivo de “MAKE WORK AWESOME”, ou seja, “FAZER O TRABALHO SER INCRÍVEL”. eles ajudam líderes a criarem organizações mais humanas, positivas, colaborativas e eficazes, através de práticas de gestão mais horizontais e participativas.

o bate-papo foi sensacional! eu queria ter ficado mais algumas horas com o Ian. mas prometo tentar marcar um segundo round com ele.

pra quem quiser saber mais sobre o Ian, aqui estão os links:

https://www.instagram.com/ianpborges

https://www.linkedin.com/in/ianpborges

https://medium.com/lifestylehacking

https://www.facebook.com/ianpborges

LIVROS CITADOS
PESSOAS CITADAS
  • Tim Ferriss
  • Bruno Schmidt
  • Pedro Solberg
  • Joseph Jaworski
  • Gustav Jung
  • Ricardo Semler
  • S. N. Goenka
  • Clóvis de Barros Filho
  • familia Grael
  • John Paul DeJoria
  • Rafael Lima
  • Julia Cameron
  • Osho
  • Sidarta Ribeiro
  • Sergio Bertoluci
  • Gabriel Goffi
  • Bronnie Ware
  • Clarice Lispector
  • Machado de Assis
  • Phil Knight
  • Andre Agassi

se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.

Henrique de Moraes – Fala Ian! Cara é um prazerzaço ter você por aqui, eu tô empolgadaço para esse bate-papo porque quando eu tava fazendo a pesquisa pro podcast eu percebi que a jornada que você passou e tá passando né, eu acho porque no final das contas a gente tem que se apaixonar pela jornada né, e eu percebi que ela bate muito com a minha própria jornada né, com as coisas que eu tô buscando, os questionamentos, essa busca por novos modelos de sucesso, novas maneiras de viver a vida, enfim tudo isso tá muito alinhado com o que eu tô passando agora também, então a gente tem muita coisa para abordar e eu juro que eu vou tomar cuidado pro episódio não durar umas 5 horas.

Ian Borges – Pô, o prazer é meu Henrique, obrigado pelo convite e vamos tentar gerar o máximo de valor aí pra sua galera

Henrique de Moraes – Maravilha, eu queria começar perguntando onde você tá agora né, onde você tá passando a quarentena, na verdade?

Ian Borges – Eu tô no Rio, a gente deu sorte de estar nesse momento aqui próximo da família, próximo do que a gente já conhece né, porque acho que é um momento bem desafiador mas a gente está aqui no Rio de Janeiro e pelo incrível que pareça tá passando muito bem, eu não tenho reclamado de muita coisa não porque a gente nunca trabalhou tanto, a gente nunca teve tanto foco nos nossos projetos, então a gente tá tentando olhar para isso tudo que tá acontecendo com um ângulo mais positivo, um ângulo de oportunidade porque sem dúvida dá para tirar muita coisa boa desse momento, óbvio, tem muitas tragédias acontecendo mas eu prefiro tentar olhar as coisas com o ângulo da oportunidade.

Henrique de Moraes –  E você tá há quanto tempo já aqui? 3 meses, 4 meses mais ou menos?

Ian Borges – Isso, desde final de fevereiro.

Henrique de Moraes – Quantos anos você não passa tanto tempo no Brasil?

Ian Borges – É então, eu acho que já batemos o nosso recorde nos últimos quatro anos talvez, porque a gente tem essa pegada de sempre voltar para o Brasil mas a gente fica 1, 2 meses no máximo e bota o pé na estrada de novo uns 3 meses em média assim, a gente consegue fazendo esses ciclos de viagem, mais ciclo de família, amigos, churrasco, praia, carioquices né, então acho que dessa vez tem sido um recordezinho nesses últimos 4 anos.

Henrique de Moraes – Você, só pra contextualizar a galera, que você é nômade digital né, e já viajou aí por 63 países, fazendo o que ama ainda por cima né, então queria aproveitar esse gancho e pedir para você falar um pouquinho sobre como que é a vida de nômade digital na prática, você pode explicar mais ou menos como é a rotina de vocês ao longo do ano, por exemplo, você já explicou quanto tempo vocês viajam, quanto tempo ficam no Brasil e quanto tempo ficam fora, mas se puder detalhar um pouquinho melhor.

Ian Borges – Claro, sem dúvida. Nomadismo digital eu gosto muito de falar que nós somos digital homeless também, então a gente não tem casa, a gente fica rodando muito de Airbnb pra Airbnb, e na prática é um estilo de vida com muita liberdade, com muita flexibilidade, um estilo de vida mais minimalista também porque a gente não acumula muitas coisas né, praticamente o nosso essencial cabe numa mala, e eu faço isso com a minha esposa Taíssa e a gente toca nossos projetos de maneira remota, online e a gente acabou escolhendo esse estilo de vida porque era muito distante da nossa realidade anterior onde a gente trabalhava na CLT ambos, com aquela prisão ali geográfica né, de ter que estar no escritório, ter que estar cumprindo tabela de horários e tal, e chegou um momento que nos sufocou demais, a gente queria seguir caminhos mais alinhados com os nossos valores e daquilo que a gente tinha como sonho, e aí o nomadismo foi um movimento natural onde a gente começou com os nossos projetos, em seguida a gente começou a traçar locais, experiências que a gente queria viver, então a gente começou uma temporada na Austrália, que a gente sempre teve um puta tesão de explorar, ficamos uns 3 meses por lá rodando com motorhome, rodando ambas as costas e aí fomos para a Nova Zelândia, daí depois a gente acabou rodando muito a Europa também mas sempre com essa essa volta para o Brasil porque sempre foi importante para a gente não perder esse contato, porque na prática no nomadismo um dos maiores desafios é dessa distância da família, são momentos importantes que você acaba perdendo seja reunião de família, aniversários, casamentos, então voltando sempre também pelo limite que a gente tinha para ficar em algumas regiões do mundo causa do visto e tal, acabou que a gente criou esse estilo de vida nesses últimos 4 anos e tem sido uma aventura constante, demanda muita adaptação, não é um feed do Instagram só com coisas maravilhosas como muita gente acaba desenhando, mas sem dúvida no final do dia na balança ainda é muito positiva e a gente quer continuar, então tá rezando aí para esse período acalmar no mundo para gente voltar a botar o pé na estrada.

Henrique de Moraes – Boa, e eu fiquei com uma dúvida cara, vocês tem ponto fixo aqui no Rio de vocês, ou vocês voltam para casa da família, como é que funciona isso? Como você falou, vocês vivem com muito pouco, enfim, como é que fica quando vocês vem para o Brasil?

Ian Borges – A gente tem um ponto fixo aqui que é a casa dos pais da Taíssa, é aonde a gente está agora, que é uma casa grande então tem um quarto para gente então acaba sendo nosso “ponto fixo” aqui no Rio, e pela facilidade de estar próximo da família também e a gente tem um cachorrinho que de vez em quando também bota o pé na estrada com a gente mas dependendo da burocracia do país a gente prefere deixá-lo aqui, é um bulldog francês, o Haole, ele também fica aqui com os pais da Taíssa, e dessa forma a gente sempre volta aqui para Barra e a nossa família em geral tá dividida entre Rio e Niterói, então faz muito sentido a gente ficar por aqui mas tem vezes que a gente volta para o Rio fica com tempinho aqui algumas semanas mas já parte para região de montanha, região de praia, a gente também gosta de viajar aqui mais próximo quando a gente precisa dar uma desconectada ou dar uma facada num projeto mas esse é o nosso ponto fixo, onde a gente tem um armário onde a gente guarda um pouquinho mais de coisas e é o nosso “porto seguro”.

Henrique de Moraes – E como é que vocês fazem, tem esse armário aí mas vocês tem pouca coisa mesmo né no final das contas, não tem como vocês acumularem muita coisa, como é que é viver assim cara?

Ian Borges –  Sim, eu admito que eu sou um pouquinho mais minimalistas que a Taíssa nesse sentido, mas ela é bem tranquila e eu acho que cada vez mais a gente percebe que a gente precisa de menos coisas, bens materiais principalmente falando de roupa ou objetos. Eu lembro de uma época que eu tinha minha casa, eu adorava colecionar lembrancinhas e cacarecos de viagem, então tinha uma estante, era meu orgulho né de toda viagem trazer uma lembrancinha, mas aos poucos eu fui vendo que não fazia tanto sentido né, as memórias elas ficam nas experiências, nas vivências, nos contatos, a gente acaba colecionando hoje ímã de geladeira, que tá tudo na gaveta porque a gente não tem geladeira mas quando a gente tiver uma geladeira ou a gente talvez siga um rumo um pouquinho diferente principalmente em relação a filhos né, a gente quer dar uma pausa durante um período, aí a gente tem só essa coleçãozinha né mas o que eu entendi, que me fez entender muito bem nossa real necessidade foram os momentos onde a gente viveu em motorhome, nos camps né, nos trailers, que lá é impressionante como eu ficava o dia inteiro de bermuda ou sunga sem camisa, descalço, e aí passava uma semana e eu usava duas bermudas e duas camisetas, então no final, agora na quarentena estou vivendo muito isso também porque são duas bermudas que eu uso o dia inteiro e quando eu, de manhã costumo pegar um sol e tal porque aqui tem um lugar aberto, então eu fico muito de sunga também e é esse meu uniforme de trabalho, claro que quando eu entro numa videoconferência eu boto roupas apropriadas para a ocasião, mas em geral

Henrique de Moraes – Só a camisa social por cima ou bota a roupa inteira?

Ian Borges – Exato, camisa social eu não uso há alguns anos né, mas uma camisa eu sempre coloco sem dúvida e às vezes admito que tô de sunga por baixo e ninguém vê, mas então a gente foi percebendo que precisa de muito pouco de verdade sabe, não é papinho minimalista mundo cor-de-rosa, e aí sempre quando a gente voltava das viagens acabava que a gente comprava uma coisinha ou outra né, em termos de peça mas aí a gente criou uma regrinha de a cada compra a gente tira no mínimo uma coisa e aí sempre na volta a gente meio que reorganizava o armário né, eliminava um monte de coisa que a gente não usava alguns meses e aí eu sempre organizava o bazar da alegria que eu brincava, que era sempre que a gente voltava dava um churrasco, tinha um encontro com os amigos e familiares e aí eu levava o pacotão né, as sacolas foram ficando cada vez menores porque eu não tinha tanta coisa mas até hoje ainda rola e esse é uma forma de eu sempre estar renovando e trazendo, gerando valor para outras pessoas também com coisas que elas precisam e objetos, ou a gente sempre doa pra igreja aqui perto, tem uma igreja e eu já doei algumas vezes, então dessa forma a gente vai percebendo que não precisa de muita coisa, você vai aprendendo também a ter algumas peças mais coringas, umas camisas mais brancas, cinzas, pretas, eu era muito colorido antes e hoje to ficando um pouco mais monocolor porque assim facilita tudo.

Henrique de Moraes – É, acho que depois de muito tempo viajando, vocês já estão há 4 anos você falou, né? Acho que você depois que aprende a lidar com mala, com poucas malas durante 4 anos não tem nem como você não mudar, né, é igual a quarentena, realmente tem feito a gente repensar muito o guarda roupa, eu olho pro meu armário e falou “Cara, o que que isso tudo tá fazendo aí?”, eu uso é isso, duas bermudas e duas camisas para fazer call e acabou

Ian Borges – Exato, é muito louco a gente às vezes precisa viver um momento de extremo né para gente se dar conta da nossa real necessidade, então acho que a gente tá falando né de oportunidades nesse momento, essa é uma oportunidade para gente se tornar um pouco mais consciente em relação ao monte de desperdício que antes a gente fazia sem perguntar né e agora a gente começa a valorizar mais as coisas que importam, por exemplo a distância de amigos, o abraço, o contato, o beijo, isso apesar da gente começar a substituir um pouco pelas videoconferências, pelos aniversários no Zoom, um monte de coisa que a gente não fazia muito, vinho no Zoom na sexta-feira à noite, a gente sente muita falta desse contato humano, então isso acho que está sendo um chamado interessante para todo mundo assim que a gente liberar um pouco mais essa quarentena a gente voltar e valorizar, revalorizar, ressignificar né coisas tão banais que antes a gente tinha à disposição que a gente foi privado por causa desse contexto.

Henrique de Moraes – Eu queria te perguntar, você falou que vocês têm esse plano de dar uma pausa quando tiverem um filho né, mas eu queria entender assim quando vocês começaram a pesquisar sobre isso ou a se interessar, enfim, vocês estavam planejando, vocês pensaram muito, você falou que fizeram uma lista de lugares e experiências né, então assim vocês planejaram para muitos anos ou vocês fizeram só os lugares mais urgentes e depois foram fazendo aos poucos e se vocês também deram espaço ao acaso ou se foi tudo muito planejado, como é que funciona isso na vida de vocês?

Ian Borges – Legal, essa pergunta é muito boa porque acho que não tem certo e errado, e no nosso caso a gente sempre tentou planejar o que era planejável né, então a gente criou um hábito de anualmente ter um momento para gente pensar realmente o planejamento da vida do casal, então a gente olha para vários aspectos da nossa vida desde, como se fosse uma roda da vida mesmo né, a gente vai olhando para finanças, família, viagens, diversão, amigos, estudos, aprendizados, enfim, a gente vai alinhando ao máximo e vai comunicando, vai discutindo, vai conversando sobre uma série de pilares importantes na nossa vida e aí a gente traça alguns objetivos macros, algumas metas mas o mais tangível sempre foi em 3 meses, a gente nunca planejou mais coisas concretas depois de 3 meses porque tudo muda muito rápido né, então a gente não gastava tanto energia, a gente tinha visão de coisas importantes por exemplo, a gente fez o planejamento desse ano nesse mês né, tem algumas semanas, e aí a gente tava falando sobre os nossos projetos que são um ano de consolidação dos nossos projetos das nossas bases dos projetos então a gente tá olhando por esse momento agora como um momento de investimento no trabalho onde a gente tá abrindo mão de outras coisas em detrimento do tempo de trabalho, então nossa carga de horário tá maior pro trabalho, isso pra conquistar algo, consolidar algo pra ano que vem a gente voltar a realizar várias outras coisas que são importantes para gente. Então a gente já tem um plano de lugares, locais, tipos de viagem que a gente quer fazer ano que vem. Então por exemplo, a gente tá querendo ir no final do ano se as coisas estiverem mais tranquilas pra Austrália passar uma temporada lá, a gente também tem uma viagem pra Disney que a gente gostaria de fazer com nosso afilhado e a família toda aqui, ele tá com 8 anos então é um momento legal, é um sonho dele então a gente tá querendo fazer isso, e uma outra viagem que é um motorhome no Canadá que a gente já tava planejando fazer esse ano mas passou pro ano que vem. Agora quando que vai ser cada coisa, aí é muito volátil, então a gente não se prende muito tanto é que a gente nunca, apesar da gente ter todas as técnicas pra comprar comprar passagens mais baratas, pra gente minimizar os nossos custos de viagem, tem até um curso sobre isso, não foi algo que a gente dava tanta importância porque acabava que a gente não conseguia antecipar muito os locais ou as cidades ou os roteiros, a gente deixava muita coisa para o acaso e muita coisa pra decidir um pouco mais próximo porque é muitas dessas viagens mudavam no meio, a gente conhecia um local novo, conhecia um casal diferente e resolvia mudar completamente o destino ou as paradas da viagem, então a gente sempre tentou encontrar um equilíbrio entre planejamento com uma visão de médio e longo prazo, sendo longo prazo um ano, e o acaso dentro das viagens pra gente também brincar com as sincronicidades e com um monte de coisa que deixa a viagem ainda mais única.

Henrique de Moraes – Legal, essa era uma dúvida que eu tinha, então vocês acabam deixando né, vocês estão lá no meio da viagem e se acontecer alguma coisa vocês deixam rolar e vão seguindo o que o coração mandar

Ian Borges – Sim, a gente tenta sempre deixar um espaço pra isso, mas em princípio a gente tem a ida e a volta para o Brasil já meio que compradas, pode ter vezes que a gente posterga isso, muda mas em geral a ida e a volta a gente já tem uma boa visão, e aí no meio disso a gente brinca um pouquinho.

Henrique de Moraes – Legal. Eu vou te pedir pra contar um pouquinho da sua história, que eu acho que é muito bacana pra contextualizar as pessoas que tão ouvindo e que depois eu tenho alguns ganchos assim que eu quero puxar e acho que vão ser legais, então se puder contar um pouco de como foi a sua jornada aí de passar pelo esporte né, jogando vôlei, depois você indo pra L’Oréal, todo o caminho que você fez até chegar aonde você tá agora.

Ian Borges – Legal, beleza. Então eu acho assim, se eu puder resumir eu tive três grandes ciclos na minha carreira, um primeiro ciclo muito influenciado pelo meu pai, foi um ciclo de uma carreira esportista onde era jogador de vôlei de praia, comecei bem cedinho né, 9 anos e foram 10 anos aí de vôlei de praia onde eu conquistei muita coisa legal, fui campeão mundial com 15 anos, jogava com a galera que foi para Olimpíada agora, o Bruno Schmidt, o Pedro Solberg, eram pessoas que eu convivi nessa geração, o Pedro era meu parceiro e tal, e foi muito legal, muito aprendizado, muita viagem, meu escritório era literalmente na praia então foi uma delícia só que eu sempre mantive os estudos né, aqui no Brasil é muito difícil você seguir uma carreira nos esportes se você não fizer parte lá do 0.1% do topo do futebol, muito difícil você viver disso então eu nunca abandonei os estudos ou deixei de lado, eu sempre gostei muito de estudar também e aí chegou naquele momento ali em que você tem que decidir, ou você bota a cara mesmo no esporte e mantém o ritmo de treino duas vezes por dia, academia, viagem para caramba ou você desiste, chega uma hora na alta performance que não dá para você levar em paralelo, como um hobby e tal. Aí chegou esse momento pra mim ali por volta dos 20, 19, na verdade um pouquinho antes, ali nos 18, e aí eu resolvi abrir mão do vôlei, já tinha conquistado um monte de coisa legal, não tinha frustrações, e resolvi seguir outros sonhos porque eu olhava a galera com 35, 40 e eu não me espelhava, não via tanto sentido, não queria ser técnico ou ter uma escolinha né, que era o que acabava que muita gente tinha como próximo passo né, e aí eu resolvi seguir a carreira corporativa que era outro sonho que eu tinha também, eu vivi vamos dizer 10 anos dessa carreira corporativa também, onde grande parte dela foi na L’Oréal, então eu estudei comunicação, entrei lá na L’Oréal estagiando, tive a oportunidade de ir pra França 1 ano e pouco depois de entrar aqui no Rio, na sede, aí fui lá pra Paris, foi ótimo, fiz um mestrado em recursos humanos pela L’Oréal, foi uma experiência incrível fiquei 4 anos lá aprendendo muito também, lá sendo a sede tinha cultura e nacionalidade de mais de 70 países lá em Clichy, então foi algo muito novo para mim, eu sempre tive um sonho, sempre fui muito encantado pelo internacional, então o vôlei me proporcionou muito através das viagens representando o Brasil, a L’Oréal acabou me proporcionando isso também quando eu fui para Europa e lá as facilidades são muito grandes, você pode todo mês estar num país novo mesmo estagiário ou trainee com salário lá, com

Ryanair, com EasyJet, trens, você consegue literalmente ir Paris-Roma por 16 euros na época, eu lembro que eu comprei uma passagem, então qualquer um pode né e aí fiz uma época que eu também vivenciei muitas coisas diferentes, eu trabalhei em várias áreas lá na L’Oréal, comecei na área de RH depois fui pra área de marketing, fiz trade marketing, me especializei em marketing digital e aí eu voltei pro Brasil, passei uma temporada rápida nos Estados Unidos também quando eu voltei para o Brasil eu fui assumindo algumas áreas aí virei diretor de comunicação e marketing digital lá pras marcas de grande público, L’Oréal Paris, Garnier, Maybelline, então com 28 anos eu tava ali naquela vida perfeita aos olhos da sociedade né, em termos de sucesso, em termos de apartamento num bairro legal, carro corporativo, celular, engravatado, cartão de visita com letras de ouro, aquela palhaçada toda e foi muito bom durante um tempo quando eu tava buscando isso né, durante 10 anos eu queria jogar esse jogo né, o jogo político ali do corporativo e tal e fez sentido para mim até que bateu uma hora que eu olhei para trás, melhor, eu olhei pra dentro e vi que eu não tava feliz, não tava satisfeito, não tava realizado, carga horária insana de trabalho né, trabalhando 12, 14 horas por dia, num projeto que não era meu, remuneração boa mas não achava que era justa em função de tudo que eu abria mão e do esforço que eu botava ali no trabalho, que realmente era insano, eu sempre fui atleta, bem saúde e tal e tava começando a ver uma barriga de chopp estranha ali que eu falei “Pô, o que tá acontecendo?”, então fui vendo que era trabalho trabalho trabalho em primeiro lugar, e o resto, saúde, família, prazeres vinha tudo em segundo plano, e aí foi uma pergunta e naquela época nem falavam muito sobre esse tema e tal, mas uma coach lá num treinamento da L’Oréal me fez uma pergunta que mudou bastante a minha vida, na verdade ali, todo mundo me pergunta né, “Qual foi o momento onde tudo mudou?”, então eu lembro muito dessa pergunta porque foi a partir dali que eu comecei uma série de estudos e uma jornada de autoconhecimento mais profunda, ela me perguntou qual era o meu propósito, aí eu falei “Porra, que merda é essa de propósito? Como assim?” eu sabia resposta pra tudo né pô, 28 anos, diretor, qualquer pergunta que me fizessem ali na empresa eu respondia na hora, talento digital, todas as empresas focando em transformação digital e eu na vibe ali, e aí eu travei, eu falei “Caramba, nem sei o que é isso muito menos sei qual é o meu propósito”, e a partir daí começou o pacotão completo da transformação né, aí você lê um monte de coisa, faz um monte de curso, vai em um monte de imersão, faz processo de coaching, e começa a meditar, e faz retiro, e vai pra Ayahuasca, e aí começa, não tem fim, a cada porta que você abre são 300 outras que você vê que não fazia ideia, e aí foi um despertar mesmo,que durou ali 18 meses mais ou menos de bastante questionamento, estudo, e a dor foi aumentando ali no corporativo, na CLT, até que eu fui pra Playa del Carmen visitar um primo, irmão, sócio, mentor, que você conhece bem, o Rafa, que ele tava morando lá a 3 meses com a Renatinha esposa dele, e ele tinha esse estilo de vida meio estranho aí né, viagem, trabalho, tá lá na praia com computador e trabalha meia noite, e não tem horário, fui lá visitá-lo, a gente amava viajar então eu e a Taíssa a gente pegou uns dias e foi pra lá. E aí lá pô, eu sempre amei o Rafa, ele sempre foi um irmão para mim, sempre admirei muito, ele era praticamente o único empreendedor da família né, sempre foi empreendedor, sempre muito visionário, questionador, e eu sempre aprendendo muito com ele, e aí num jantar lá à base de muitas Margaritas, Coronas, todo universo de Baco inspirando, ele perguntou “Pô Ian, tu sabe de, conhece alguém que entenda de marketing e tal que tá afim de entrar numa aventura de startup?”, aí eu falei “Porra”, o primeiro livro que eu tinha lido aí nessa jornada foi o Sincronicidade do Joseph Jaworski, e aí eu tava ligado nessa parada aí de coincidências significativas, que nem Jung fala, não existe isso, tá tudo acontecendo ali só que você não tem capacidade ainda para enxergar bem essas coincidências, elas tão acontecendo o tempo todo. E aí eu falei “Opa, olha a tal da sincronicidade aqui pintando, o cara tá perguntando se eu conheço alguém de marketing??”, e ninguém sabia que eu tava bolado, tava mal na empresa porque a máscara da felicidade perante a sociedade estava lá linda né, “Pô o Ian é um sucesso, orgulho, vida incrível e tal”, então ele não fazia ideia, aí eu falei “Porra Rafa, conheço alguém bem próximo de você que talvez te interesse aí pra trocar uma ideia”, aí ele falou “Porra, jura? Não conheço ninguém da L’Oréal, quem?”, aí eu falei “Eu, caralho”, aí ele “O que? Como assim? Você tá super bem lá cara, é diretor”, aí eu falei “Calma aí, vamos conversar aqui, mais uma Corona, por favor”, aí a gente começou, aí acabou a viagem, nadar com tartaruguinha, visitar cenotes, ir pra pirâmide, porra era tudo com cara blasé e eu só pensando na parada, então toda hora puxava ele de um lado, a gente conversava, fazia planos, e era um projeto pra começar uma empresa voltada pro assunto de futuro do trabalho, com o Ricardo Semler que é um puta visionário dentro do assunto, uma referência mundial, e aí eu fui me encantando, fui vendo “Caramba, isso faz muito mais sentido”, não fazia ideia ainda do meu propósito ainda, mas as coisas foram fazendo meus olhos brilharem né, eu falei “Porra, tem alguma coisa aí”, aí nesse momento ali de muita dor, muito medo, muita incerteza, “Caralho, vou abrir mão de tudo que eu conquistei, o que as pessoas vão pensar? Meu Deus”, todos aqueles medos que a gente sente que é normal né, medo do fracasso, medo do julgamento, o ego cantando alto, aí a gente foi conversando e eu saí dali decidido de que ia demitir meu chefe, falei “Porra, tô novo”, conversei com a Taíssa, ela me apoiou, a gent tá num momento que a gente tinha reservas, então fiz um plano financeiro legal, pensando, eu era cagão, nunca tinha empreendido de verdade, então me dei 18 meses pra falar “Cara, se tudo der errado, vou me dar 18 meses aí onde eu não dependo de 1 real desse novo projeto entrando na conta, pra gente meio que sobreviver”, então a gente reduziu assim lá no cálculo né, pelo menos metade ou 1/3 do que a gente gastava, a gente pensou “Vamos pegar esse valor aqui e multiplicar por 18, dá? Temos essa economia? Temos, então beleza menos um problema”, e eu com a minha cabeça corporativa pensando “Pô, vou investir, isso daí vai ser um MBA em empreendedorismo pra mim” tendo que me justificar né o tempo todo e encontrando argumentos que comunicassem com a cabeça corporativa, aí eu pensei “Porra, não vou aprender a empreender na FGV ou na ESPM, é palhaçada esse discurso de empreendedorismo onde você tá na sala de aula, tem que botar a cara então vou botar a cara, vou dar esse salto de fé, vou estar próximo de alguém que eu respeito e que tem experiência e que eu confio, tem pessoas de renome envolvidos no projeto, não é uma coisinha assim à la Bangu”, e aí saí de lá com um plano, começamos a tocar o projeto em paralelo, uns dois meses depois, um mês depois eu anunciei e fiz um mês de aviso prévio e tal, aí demissão, começamos o projeto com força total. Aí nesse projeto surgiu a LeadWise, que era uma startup de educação online onde a gente ajudava líderes nessa mudança de mentalidade, criar um ambiente de trabalho mais positivo, com práticas de gestão mais horizontais, participativas, pra mudar esse paradigma das empresas piramidais e hierárquicas pra organizações muito mais horizontais e colaborativas, e futuro do trabalho, foi ótimo mas não deu certo né, foi 1 ano aí que a gente tentou, não ganhou tração, o primeiro fracasso, soco na cara mas beleza, já tava um pouquinho mais escorado ali, vendo, aprendendo, não tinha mexido muito nas economias, mas porra era um tesão, estilo de vida tava lindo, viajando pelo mundo, tocando os projetos remotamente, tava irado, tudo novidade, aventura, aí o Rafa saiu, ele seguiu com outros projetos, a outra sócia também, o Ricardo ficou a gente tinha um sócio na Holanda e eu me tornei sócio do instituto de consultoria que a gente tinha em paralelo né ali, era o braço mais online e o instituto o braço mais tradicional, e aí eu levei todo o conhecimento online pra instituto e fiquei responsável para levar o insituto para outros países, para internacionalizar, e aí eu comecei, como eu era o único que tinha essa flexibilidade de poder ficar 1, 2 meses em cada, desenvolver as equipes locais, encontrar com clientes, organizar eventos e fazer um monte de coisa, e eu também tinha passado meses dentro da Semco coletando todas as práticas e todos os, o coração mesmo né da nossa metodologia, eu era o cara perfeito para fazer isso, e aí a gente levou para oito países, foi pra China, Japão, África do Sul, Índia, Alemanha, e foi uma puta experiência porque a gente acabava indo para países incríveis, não necessariamente os destinos da maior parte dos nômades digitais que acabam indo mais  pra sudeste asiático, países bem mais “baratos”, então a gente conseguia viver experiências bem diferenciadas e foi incrivel, então isso durou alguns anos até que eu comecei a olhar novamente para minha vida e ver que tava legal, eu tava ajudando várias empresas a criar um ambiente de trabalho mais feliz, alcançar resultados, mas eu não tava tão feliz ainda porque o tal no propósito eu sempre fui questionando, sempre fui buscando e ainda não tava lá 100%, e aí eu tive a ideia de “Pô, tenho uma puta experiência como empregado de CLT, de gerente, líder de CLT, tô ajudando uma caralhada em empresa aqui com as melhores técnicas e práticas de desenvolvimento organizacional do mundo, Spotify, Netflix, Google, várias dessas práticas inspiradas até na própria Semco, se eu pegar tudo isso, misturar e começar a customizar e organizar isso na minha própria vida, com desenho de vida?”, aí eu comecei a fazer isso numa pegada de olhar pra minha vida como se fosse uma empresa, foi daí que surgiu o conceito do “CEO da própria vida” onde eu fui otimizando, reprogramando e organizando melhor cada uma das áreas importantes da minha vida mesmo para ter mais sentido, ter mais liberdade, mais resultado e a parada foi dando certo comigo, fui testando um monte de coisa, lifehack, biohack, e estudava pra tudo que é lado, e aí eu sempre que sentava na mesa com amigo, com um familiar ou com conhecido eu falava um pouco do que eu fazia nego se encantava, nego falava “Mas como é que você faz isso?” Como assim você não tem casa, trabalha online, trabalha com o que gosta?” era uma coisa muito distante da realidade da maioria, e as pessoas iam se encantando, e eu ia mostrando que não era esse bicho de sete cabeças, eu falava de coisas simples mas que demandavam um pouco de coragem, um pouco de se tacar no escuro e tal, e fui falando de relacionamentos, falando de saúde, de hábitos, de produtividade, e nego pirava, nego se conectava e eu sentia um tesão fudido de falar disso e tal, e eu ajudava pessoas, só que eu comecei a perceber que faltava um pouco de estrutura, era tudo muito empírico, muito prático do que eu tinha vivido na minha vida né, e aí eu comecei a estudar mais desenvolvimento pessoal, transformação do indivíduo, e aí caí nesse mundo aí do coaching cor de rosa, aí já tava falando de propósito em cada esquina, aí eu falei “Pô, fudeu, não quero isso, isso aí é brabo, não dá”, mas mesmo assim eu precisava ler metodologia, então eu estudei, fiz curso, webcoach e tal aí eu vi que várias dessas ferramentas eu já fazia, já utilizava, já conhecia, fui hackeando, fui customizando, e aí comecei a criar métodos que funcionavam pra mim, comecei a falar sobre isso e falei “Pô, como é que eu ajudo mais gente?”, e aí comecei a criar conteúdo, YouTube, e artigo, e podcast, comecei a entrevistar outras pessoas que tinham uma pegada diferente né, aí surgiu meu podcast Lifehacker Talks, e aí eu me encontrei total, senti um tesão absurdo de ajudar a galera nas suas reinvenções de vida e aí comecei a entender que tinha uma causa e que me movimentava, que era essa pegada de ajudar galera se libertar dessa grande Matrix que a gente tá preso né, a maior parte das pessoas ainda. E aí a coisa foi se refinando, hoje tá muito voltada para ajudar CLTs a demitirem seus chefes com mais segurança e criarem negócios online, porque esse é o caminho que eu escolhi, que é o caminho que eu domino melhor que eu acho que o caminho mais efetivo, mas óbvio que há vários outros caminhos, então comecei a criar, comecei a ver que eu tava na verdade entrando em outra Matrix, do marketing digital, que é outras história, mas aí eu percebi que “Porra, chega dessa caralhada de guru, de fórmula de sucesso e tal, vou criar uma que funciona para mim e vou começar a compartilhar isso com uma galera pra ver se funciona”, e começou a funcionar, então hoje eu sou zero dogmático, se falar “Esse é o único caminho”, de jeito nenhum, esse é o caminho que eu tive, que eu fiz, há vários caminhos possíveis, mas se você quiser um mapa aqui de como funcionou pra mim e como que vem funcionando pra uma galera que eu ajudo de uma maneira bem prática, objetiva e sem blá blá blá, tá aqui, e aí vamos pra dentro, e aí hoje esse é meu projeto, a Taíssa tem um outro projeto que ajuda brasileiros a morarem fora do Brasil, hoje tem um foco muito grande em Portugal, e a gente tem essas duas frentes aí com cursos, mentorias, vários formatos de transformação pra ajudar a galera a seguir em frente aí com o que mais importa, então não foi tão resumido, acabei de ver

Henrique de Moraes – Cara, tem muita coisa que eu quero falar sobre a sua história, achei muito foda toda essa trajetória que você passou e vem passando, como eu falei, e eu vou só brevemente falar sobre dois pontos rápidos e te fazer uma pergunta. Um é como é curioso a gente perceber que, se você voltar lá na época que você tava se demitindo da L’Oréal, o medo que você tinha do que as pessoas iam pensar, porque eu acho que o medo é muito mais do que os outros vão pensar do que o nosso próprio medo né, e como hoje na verdade as pessoas invejam a vida que você tem, a vida que você criou pra você depois daquilo tudo, é muito engraçado porque as pessoas provavelmente invejavam também o seu cargo ali né, onde você tava, enfim, queriam ter aquilo e hoje em dia você conseguiu virar o jogo totalmente, ter um estilo de vida completamente diferente e ainda assim as pessoas falarem “Nossa, como eu queria ter isso”, e pouca gente corre atrás de um ou de outro, isso que é o pior.

Ian Borges – Exato, e isso é muito engraçado porque a gente sempre inveja, a gente sempre quer aquilo que não tem, essa é infelizmente uma característica do ser humano, dessa insatisfação constante, que a gente tá sempre depositando nossa felicidade no futuro quando a gente tiver, quando a gente for, e aí a gente está sempre vivendo no futuro, ansioso, que é a grande doença da atualidade, a ansiedade, ou senão vivendo no passado arrependido de todas as decisões que deveriam ter sido diferentes que é a outra grande doença que é a depressão, a gente esquece de viver o presente e aí é muito fácil desejar né, achar grama do vizinho mais verde né, aquela história toda, então sem dúvida é uma coisa que se você não tiver consciência você fica preso nesse ciclo de desejar, no desejo de desejar o tempo todo, que pro budismo é o grande motivo do sofrimento né, a questão do desejo e do apego, então eu fiz uma experiência muito legal nessas minhas experiências loucas aí todas que foi o Vipassana, retiro de 10 dias de silêncio e meditação, meditando umas 12 horas por dia, e lá é um curso né você aprende essa técnica e uma das coisas legais é que você medita na prática 12 horas e tem no final do dia sempre uma aula, que é um áudio do Goenka, o fundador, e aí o interessante é que ele reforça várias vezes e você vai sentindo e vivenciando de maneira prática essa questão do desejo e do apego, então você fica desejando parar de sentir dor o tempo todo, porque tá doendo o joelho, as costas, e você deseja situações boas e quando você tem a situação boa você fica apegado, só que como tudo passa e permanece a única verdade que existe, então você tá sempre infeliz, porque quando você deseja algo bom você só vai ficar feliz quando conquistar aquilo, mas aí quando você conquista aquilo sabe que vai passar então você quer manter aquilo, você fica apegado, e aí a coisa passa e você fica triste de novo, então é muito importante ter essa consciência e tentar se desvincular do apego e do desejo constante, principalmente do desejo daquilo que você não tem.

Henrique de Moraes – Perfeito. Eu falo, sempre indico pra galera ver um vídeo no YouTube, do professor Clóvis de Barros, que é um filósofo, professor de filosofia na verdade, em que ele fala exatamente sobre isso, que o desejo na verdade ele é a falta, e gente sempre quer o que a gente não tem, como você falou, só que a partir do momento que a gente tem, acaba o desejo, acaba a falta, e aí acaba o amor também, então a gente vive nesse ciclo da gente amar o que a gente não tem e ter o que a gente não deseja

Ian Borges – Eu vi essa palestra, é muito boa mesmo.

Henrique de Moraes – Cara, outro detalhe aqui engraçado é que eu sempre achei que o Rafa tinha aprendido essa coisa do nomadismo com você, na verdade você aprendeu com ele então?

Ian Borges – É, eu aprendi com ele, na verdade ele foi o pioneiro, ele é um dos caras mais pioneiros assim que eu conheço, ele tá sempre testando coisas novas, então essa pegada do nomadismo eu aprendi com ele, ele era nômade lá na época que a gente foi visitá-lo no México, só que ele não seguiu com o estilo de vida durante muito tempo, ele ainda tem uma puta flexibilidade e tal, mas hoje ele junto da Renatinha com o alinhamento e desejos do casal eles hoje estão mais sossegados lá em Niterói, a Renatinha é professora da UFF e tal, então hoje eles estão mais estáveis nesse sentido, mas eu aprendi com ele.

Henrique de Moraes – Muito bom. Cara, eu vou contar uma história rápida aqui do Rafa porque é muito boa, eu quando fui criar o podcast, quanto tava em vias de fato concretizado, porque eu sonho em ter o podcast há muitos anos mas nunca coloquei em prática, enfim, era um sonho que ficava em paralelo para um dia, e aí quando eu falei “Não, vou parar agora e vou fazer, vou botar em prática isso”, eu mandei mensagem pro Rafa e falei “Pô Rafa, eu te admiro pra caralho, você é foda, me ajuda demais, é um mentor pra mim, eu queria que você fosse o primeiro convidado, você topa?”, só que na época ele tava fazendo uma espécie de mentoria também pra minha empresa em que o objetivo era a gente aumentar o faturamento, aí ele virou pra mim e falou assim, a resposta foi sensacional, a resposta dele foi “Podcast dá dinheiro?”, e aí eu comecei a argumentar com ele, a gente ficou numa discussão super saudável né porque é engraçado mas veio de um lugar completamente de amor, ele sabia a situação que eu tava passando e ele queria saber se aquilo tava alinhado com os desejos que eu tava falando pra ele que eu tinha né, de melhorar, de ter uma estabilidade financeira, enfim, passa um tempo, eu resolvi de qualquer jeito fazer o podcast, não levei em consideração o comentário dele e esses dias a gente se falou pra ver como estavam as coisas e tal, e ele falou assim “Cara, tenho uma notícia pra te dar”, eu falei “Fala aí”, e aí ele falou “Cara, ouvi um capítulo pela primeira vez do seu podcast”, eu já fiquei nervoso, falei “Caralho, o que será que ele achou?”, e aí ele virou e falou assim “Cara eu curti muito, inclusive a entrevista que eu ouvi me ajudou muito no momento que eu tô passando, então queria falar que por mais que eu tenha sido teoricamente contra você ter começado o podcast hoje em dia eu me sinto feliz por você ter começado”, e cara, foi um dos melhores depoimentos que eu recebi, porque primeiro que é uma validação do Rafa que é uma pessoa que admiro, e segundo que ele foi praticamente contra eu começar, e eu repito, foi uma coisa muito do amor na verdade, uma preocupação que provavelmente a sua família teve quando você falou que ia largar a L’Oréal pra viver uma vida que ninguém sabia se ia funcionar, se ia dar certo ou se não ia.

Ian Borges – Sem dúvida, e o Rafa é uma pessoa que fala muito de amor no trabalho, de amor nas relações no trabalho, que é uma palavra um pouco tabu né hoje em dia, e acho que é justamente isso, a gente ter real intenção de gerar o bem ou de ajudar o outro que tá ali do nosso lado, quando isso vem de uma intenção de amor né, por mais difícil que seja ouvir ou que seja contrário do que a gente pensa, que a gente quer fazer, sempre agrega, então é muito boa a história.

Henrique de Moraes – É, e é uma virtude, porque a maioria das pessoas finge concordar pra tentar te agradar né, e eu acho que essa é uma das maiores virtudes que eu enxergo no Rafa, que ele sempre fala a verdade, independente de ser dura, eu até falo isso pra ele de vez em quando, eu falo “Rafa, tô falando com você isso aqui porque eu preciso de alguém que não vá mascarar nada, vá falar a real, sem filtro”, e eu sempre tenho isso dele, fora todo o resto né, só a vida dele, só as coisas que ele faz pra mim são lições, mas enfim, cara vamos voltar aqui pra sua história, uma das características que pra mim se destacam muito na sua trajetória é a disciplina que você tem, e pensando no início, na primeira parte da sua carreira que você contou que foi no esporte, e esporte é uma coisa que exige disciplina e eu fiquei me perguntando se você desenvolveu disciplina por causa do esporte ou se você se deu bem no esporte porque você já tinha disciplina, e como é que você desenvolveu ela, se teve alguma coisa que ajudou você a desenvolver essa disciplina?

Ian Borges – Cara, engraçado que eu nunca me perguntei o que veio antes mesmo, mas sem dúvida o esporte foi um catalisador de algo que eu já tinha ou foi uma grande escola, o esporte te traz muito essa questão da disciplina por vários aspectos, por questão dos treinos, do comprometimento que você tem em se superar sempre, comprometimento com equipe, respeito à figura do treinador, as competições, respeito ao adversário, então sem dúvida foi uma escola, não foi um hobbyzinho né, foram 10 anos, aquelas famosas 10.000 horas de maestria sem dúvida eu botei aí nesse momento, então isso me ajudou a desenvolver uma série de características, habilidades, competências, que hoje pra conquistar coisas eu aplico com muito mais facilidade talvez do que uma pessoa que não teve essa oportunidade de desenvolver no esporte ou em outras frentes quando mais jovem, então outra coisa que eu acho que me ajudou nesse sentido foi que eu não tinha uma família rica ou que tinha muitas facilidades, minha família sempre classe média, classe média baixa, não sei como organizar isso hoje em dia mas a gente era meu pai, minha mãe, três filhos, minha irmã, meu irmão e eu, e a gente vivia com 5.000 reais por mês de renda, pra todo mundo em escola particular, nunca faltou nada só que eu tive que muito rápido, com 15 anos, meio que me virar, e esse me virar foi pra fazer um monte de coisas que meus pais não tinham condições de bancar, como a maior parte dos meus amigos, então brincavam que meu short do vôlei parecia da fórmula 1 de tanta logo que tinha, não era patrocínio de verdade, era mais apoio, então tudo que eu queria fazer eu buscava patrocínio, então eu tinha patrocinador de auto-escola, de curso de espanhol, de curso de francês, de curso de inglês, de corte de cabelo, de xerox, porque eu tinha que imprimir todos os meus currículos coloridos e era uma fortuna, então tinha patrocínio de xerox, eu tinha a escola, eu fiz a escola lá o Abel de graça porque tinha bolsa, eu fiz minha universidade de graça, a ESPM, porque eu tinha patrocínio de 100%, tinha academia, restaurante, roupa, eu tinha patrocínio da Osklen, eu tinha patrocínio de óculos da Oakley, então assim, tudo que eu poderia gastar dinheiro, suplemento alimentar, eu arranjava apoio então eu parecia, era ridículo, todo mundo não tinha nada nas competições e eu aparecia lá cheio de logo na camisa, e eu que colava na camisa, era engraçado mas isso me ajudou a desenvolver um monte de características até empreendedoras mesmo, de negociação, de perder a vergonha e botar a cara, tinha até algumas coisas que eu não me orgulhava muito não que eu fiz mas isso mostrava minha capacidade de me virar, porque eu não tinha grana para comprar coco depois do treino, que pô sei lá, 5 pratas todo dia era brabo então tinha vezes que eu saía da escola, aí era época da galera passando trote, de você ficar sem camisa todo pintado pedindo dinheiro na rua, passou pra medicina na UFF e tal, cara eu comprava tinta guache, tirava a camisa saindo do Abel, botava UFF no peito, MED na barriga e meu irmão, ia pedindo dinheiro, aí quando eu conseguia meus 5 reais, saía com água, e ria, ia pro treino e treinava, isso daí foi me ajudando a desenvolver um monte de coisa, isso daí eu não tenho muito orgulho mas enfim

Henrique de Moraes – Cara, orgulhe-se porque que história sensacional, maravilhoso

Ian Borges – Eu era muito cara de pau, brother, mas isso tudo, acho que nesse bolo todo veio a disciplina também de porra, eu tinha que, eu morava em Pendotiba nem morava em Niterói, pra quem conhece, Pendojungle como é conhecida também, então é no meio da floresta, um mato lá no alto e eu tinha que treinar em Ipanema, começava o treino 7:30h da manhã, então porra era pelo menos uma hora e meia, duas horas de ônibus, então eu tinha que acordar muito cedo, não era porque eu fazia parte do clube 5 AM, era porque tinha que acordar, não tinha jeito tinha que acordar cedo então eu saía de lá, comia miojo de manhã com ovo, minha mãe fazia também uma vitamina lá de aveia, era muita comida logo de manhã, e aí era muita coisa assim, se parar pra pensar na minha vida fico até cansado, 5 horas da manhã começa o treino 7:30h, sai do treino e vai pra faculdade, sai da faculdade e vai pra academia, da academia ia pro estágio na L’Oréal, saía da L’Oréal e estudava à noite, aí às vezes tinha academia depois do treino também, então era assim, de 5h às 23h, 00h que eu voltava pra casa, eu dormindo em tudo que era lugar que eu podia parar e não ser assaltado, então era muito louco, isso daí criou uma resiliência que quando você me fala que eu vou ter que ficar num bangalozinho sem luz e sem ar condicionado no meio do sei lá o que eu dou risada, falo “Pô, tá de boa”, eu já vivi muita merda, então tem muita gente que confunde, acham que porque hoje eu tenho uma condição legal e vivo em lugares legais e tenho viagens que parecem coisas de milionário mas não é, porque você pode ir para aqueles bangalôs que eu sempre tive um sonho né, de Bora Bora, aquela coisa no meio da água, tubarão passando embaixo e tal, aí você vai ver Bora Bora é 50 mil reais pra você ficar três dias numa palhaçada daquela, mas se você vai para o Panamá, você vai para um lugar que se chama Bocas del Toro, você paga 120 dólares para ficar num bangalô desse, só que é em outro oceano, é a mesma merda, então dá pra você fazer, e aí até uma época meu projeto eu tava chamando de “Milionário sem Milhão”, porque eu tava vivendo vida de milionário mas muito melhor do que milionário porque não tinha as preocupações e pressões e responsabilidades da maior parte que os milionários tem, grandes milionário e tal, então dá pra você fazer muita coisa, dá pra viver uma vida de milionário, com muitas experiências milionárias, eu passei um réveillon com mais dois casais de amigos lá no Saco do Mamanguá, que é tipo o único fiorde brasileiro, ali perto de Paraty e tal, lugar incrível, a gente alugou um veleiro menorzinho, tudo bem que eu tava dormindo na sala mas de boa, era um veleiro, a gente comprava camarão do pescador todo dia, tipo assim, patronagem total, essa minha amiga, amiga da minha mulher, ela já foi velejadora, ela é prima da campeã olímpica, tava lá a família Grael toda e tal, e meu irmão, saiu esse réveillon 5 dias num veleiro com comida, bebida, gim, saiu 1.500 reais por pessoa, e tipo você vai pra Búzios, vai em uma festa de otário você gasta isso daí 400 reais seco na Privilège e aí fica empolgado, desce o combo, e acabou, em uma noite, então assim, dá pra você viver coisas incríveis, só precisa hackear um pouquinho o sistema, então eu já vivi de tudo.

Henrique de Moraes – Boa. Cara, eu achei muito interessante e curioso, você usou a frase assim “O que ajudou é que eu não tinha condição”, e você vê que você já tinha de certa forma, por mais que de repente você não percebesse ou enfim, porque quando a gente é mais novo assim acho que é difícil de entender na verdade, o que é oportunidade o que não é, como hoje você tem essa noção mais clara, de aproveitar por exemplo, a coisa que a gente tá passando agora como uma oportunidade, mas na época a gente, quando você é novo você não tem essa visão, esse entendimento, mas você usou essa frase, que o que te ajudou foi que você não tinha condição então tinha que se virar, e isso é muito interessante porque muita gente vai falar que na verdade isso atrapalhou, vão falar que não ter dinheiro ou não ter condição, ou os pais não terem conseguido pagar tudo que precisava, isso atrapalhou, então acho que já é uma questão de ter perspectiva e olhar pra coisas de uma maneira positiva né, e há pouco tempo atrás eu ouvi um dos últimos episódios do Tim Ferriss Show, que eu sei que você curte o Tim Ferriss também, então acho que o penúltimo episódio dele, que foi com o John Paul DeJoria que é o cara do Paul Mitchell, acho que é esse o nome, enfim, o cara criou a Patrón, a tequila, e essa linha de produtos pra salão de beleza que explodiu no mundo inteiro, é uma empresa bilionária enfim, e ele conta que o que mais ajudou ele, uma das coisas que mais fizeram diferença na vida dele de vendedor, porque no final das contas ele era muito vendedor é que quando ele começou a vender enciclopédia de porta em porta, que não tinha nenhum piso, só era comissionado, nem pro treinamento ele era remunerado, uma pessoa falou pra ele assim “A diferença das pessoas que são bem sucedidas nesse trabalho das que não são, é que as pessoas que são bem sucedidas sabem lidar com rejeição, porque você vai tomar muitos nãos e você vai ter pouquíssimos sins, então quem conseguir superar isso, quem conseguir lidar bem com a rejeição vai conseguir tirar alguma grana, vai conseguir ser bem sucedido”, e ele fala que isso mudou a vida dele porque ele levou muito a sério isso, ele foi um dos maiores vendedores de enciclopédia na época, e ele foi passando de empresa em empresa que ele foi montando ele foi levando isso em consideração, e quando você fala que essa coisa de ter que negociar né o patrocínio te ajudou na parte de empreendedorismo eu não tenho dúvidas, porque provavelmente você foi rejeitado várias vezes e acho que esse é sem dúvidas o ponto principal de quem quer ser o CEO da própria vida, vamos colocar assim, você aprender a lidar bem com rejeição.

Ian Borges – Cara, sem duvidas, você não tem noção, eu provavelmente fui em todas a lojas existentes em Icaraí, que é o bairro aonde eu treinava, todas de verdade, todos os shoppings, todas as lojas de rua, e eu distribuí pelo menos 1.000 currículos, e foi a partir do momento onde eu fui campeão mundial, óbvio que não ia dar retorno nenhum de visibilidade, mas tinha toda uma argumentação, mas tava lá “campeão mundial aos 15 anos” no currículo, eu já tinha sido cem vezes campeão carioca, não sei quantas vezes campeão brasileiro e tal, mas é um gancho né, aí que hoje eu entendo né copywriting essas coisas, mas naquela época era tudo no talento, usava o computador do meu avô que era o melhor computador da família, ele adorava essas coisas, ele tinha uma impressora incrível, um milhão de programas, eu ia lá ficava horas mexendo e botando lá criando meus currículos e escaneando as reportagens e tal, e era uma média sei lá, pra cada 100 nãos que eu recebia eu recebia 1 sim, e isso sem dúvida me ajudou a desenvolver um monte de coisa que muita gente leitinho com pêra né, galera raspinha de maçã, recebe um não entra em depressão e a vida acabou, inteligência emocional 0 né, da galera aí, entra no mercado de trabalho achando que é mesada, é foda, não vai conseguir navegar na vida de uma maneira sólida, vai ser tudo muito frágil, muito sensível, então não quer dizer que você precisa seguir esse caminho do esporte mas sem dúvidas as dificuldades, fracassos, o obstáculo é aonde você cresce mais né, e isso daí você pode aprender de forma prática, acho que a única forma pra aprender é de forma prática, porque você pode ler todas as biografias, autobiografias, histórias, ferramentas digitais, a teoria é muito simples, taí pra qualquer um, seja um artigo no Medium, vídeo no YouTube ou livro, você vai ver que garra, disciplina, resiliência, isso tudo já tá mais que claro que é o caminho, o atalho pro sucesso, não o atalho né, porque não existe atalho, mas o caminho do sucesso só que você tem que botar a cara, tem que fazer, tem que errar tem que sentir a dor mesmo, porque é só na dor, no caos que a gente cresce, que a gente expande.

Henrique de Moraes – Perfeito. Cara eu queria então entrar um pouco nos seus hábitos, eu sei que você é uma pessoa que tem hábitos que você leva muito a sério, tem uma rotina matinal, sei que você tem agora, não sei quanto tempo tá praticando ou se ainda tá praticando as práticas da acho que Julia Cameron né, o Caminho do Artista, enfim, eu queria saber assim um pouco sobre esses hábitos e quais deles que você ainda mantém e como que eles impactaram na sua vida positivamente?

Ian Borges – Legal, então essa é a coisa que eu tenho mais orgulho hoje então não quero assustar a galera porque isso daí foi construído, então nao é “o” caminho ou “a” rotina ou ritual mas é algo que para mim é extremamente prioritário e valioso. Então hoje eu tenho uma rotina que eu tento manter uma média de 3 a 4 horas por manhã só pra mim, realmente investindo no meu desenvolvimento, cuidando das minhas três saúdes, corpo, mente e alma, e aí eu tento acordar, primeiro, antes mesmo do horário que eu acordo eu tento dormir e manter uma pegada de 7 horas de sono, que eu sei como é importante a qualidade do sono e pra mim 7 horas funcionam super bem, então dependendo da hora que eu for dormir eu programo 7 horas, isso geralmente fica entre 5 e 6 da manhã, é a hora ali que eu acordo e aí eu tenho algumas atividades para cada uma dessas saúdes, então hoje, vou pegar amanhã de hoje né, como as coisas aconteceram, eu concordo, tomo um copo d’água que fica do lado ali da escrivaninha pra dar uma hidratada, vou pro banheiro, lavo o rosto, escovo o dente, boto um óleozinho de alecrim da camisa e dou umas cafungadas pra dar uma acordada já que alecrim é bom, faço alguns polichinelos, uma flexão só para dar uma ativada no corpo pra não ficar sonâmbulo e aí preparo o meu limãozinho com própolis preparo o mei, o da Taíssa, boto lá ela ainda tá dormindo, aí vou para minha rotina de alongamentos ouvindo meu áudio de hipnoterapia que eu ouço há 4 anos toda manhã sem exceção, que é um áudio de 18 minutos que vem falando um monte de frases de afirmação, legais, que até hoje ainda são muito relevantes, é impressionante, fiz numa sessão de hipnoterapia há muito tempo atrás, e aí eu faço uns alongamentos, faço algumas asanas de yoga, eu brinco que é uma pseudo ioga que eu faço e aí eu começo a meditar, eu medito em geral 20, 30 minutos, às vezes eu medito um pouco mais mas geralmente no mínimo 20 minutos, antes mesmo da meditação faço algumas respirações na pegada Wim Hof, que são respirações profundas né, de oxigenação do corpo que são boas para uma imunidade e uma série de outros benefícios, e aí depois da meditação eu vou pra parte das minhas escritas, reflexões, visualizações, então ali eu tenho um caderninho, aquele 365 dias né que cada dia tem uma pergunta e eu vou respondendo, então tô no quinto ano dele, tá todo capenguinha mas é legal que sempre traz uma perguntinha interessante e você vai comparando com os anos anteriores, depois eu vou pro meu caderno, meu diário, é um caderninho onde eu boto ali um aprendizado que eu tive no dia anterior e aí desse aprendizado eu sempre trago uma ação que eu quero me comprometer pra botar esse aprendizado em prática, seja de livros que eu li, seja de vídeos ou conversas ou situações que teve um aprendizado, aí eu vejo três coisas pelas quais eu fui grato também no dia anterior e porque eu fui grato, então faço ali meu exercício de gratidão, aí nesse momento antes de fazer isso às vezes eu escrevo simplesmente como eu tô me sentindo, aí tem vezes que eu escrevo mais tempo, tem vezes que é só um parágrafo, aí é aqui que entra um pouco de escrita criativa, antes eu fazia mais, 3 páginas longas, 20 minutos e hoje em dia eu faço uma coisa mais curta e esqueci de falar, antes disso eu também tiro, é o meu momento mago, eu tiro uma cartinha do meu tarot zen lá do Osho e sempre vem um insight interessante, eu também tenho outro livrinho que é um livrinho de uma pegada mais xamânica também com outros cartas que eu sempre leio uma carta também, e aí eu vou para leitura, geralmente eu tenho os dois livros que eu tô lendo ao mesmo tempo, quando eu enjôo de um eu passo pro outro, então agora eu tô lendo o 21 Lições, lá do autor do Homo Deus, do Sapiens, que é bem legal, bem foda, e tô lendo também O oráculo da noite, do Sidarta Ribeiro, sobe o sono, então eu leio uma horinha ali pegando um sol e aí depois disso eu escrevo, eu tô escrevendo um livro agora, então eu mantenho, diariamente eu tento escrever entre 30 minutos à 1 hora, é o momento que eu não vi nada no celular ainda, WhatsApp, essas coisas, é muito importante desconexão total, detox ali, uso o celular só para ouvir o áudio mesmo, aí eu faço toda uma manobra né, o ícone do WhatsApp tá na segunda página, aí o áudio do troço tá em outro aplicativo que não tem mais nada, é toda uma coisa pra evitar a sementinha do mal né. E aí depois da escrita eu faço um exercício, geralmente aí eu já peguei um sol legal, dei uma suada, aí eu faço um hiit, tenho feito diariamente umas 5 ou 6 vezes por semana, que é aquele exercício de 7 minutos né, seguindo ali um video do YouTube, eu gosto muito do Sérgio Bertoluci, que é aquele barbudo também, que tem um monte de hiit gratuito lá, e aí tomo um banho gelado, aí é meio que um ritual, aí tomo um café, quando eu tô lendo eu tomo uma xícara de café ou às vezes a Taíssa prepara um bullet também, aí eu vou alternando entre jejum, café puro ou bulletproof, ás vezes um suco verde, umas coisas assim. E aí eu começo a trabalhar, a primeira coisa que eu faço é planejar o dia, que eu já meio que planejei no dia anterior mas eu dou uma revisada ali no To Do list, das tarefas, qual é a única coisa mais importante pra fazer no dia, divido ali em prioridades e horários e tal, e aí eu abro lá pra 10 horas da manhã, a caixa de Pandora né, aí começa WhatsApp, mas hoje em dia tem sido tranquilo, não tenho acumulado muita coisa não e aí eu começo já a resolver tudo que dá para resolver rapidinho ali em menos de 1 minuto, 2 minutos, dou uma limpadona também nos emails para ver se tem alguma bomba, nunca tem né, mas dou uma olhada rápida, limpo ali, me descadastro, naquele trabalho infinito de ficar se descadastrando que nunca acaba, é impressionante, e aí eu foco na tarefa mais importante pela manhã, que geralmente é uma coisa mais complexa ou criativa, aí eu dou um gás, tento não fazer reunião pela manhã, tento fazer mais à tarde as paradas, e aí a gente almoça 13h, eu dou uma cochilada uns 15 minutinhos e aí eu vou pra segunda parte do trabalho, 17h eu tenho que descer com o Haole, senão é tiro, porrada e bomba aqui em casa, término total de relacionamento, e aí quando eu volto eu costumo, dependendo eu trabalho mais umas 2 horas, 1 hora, e aí a gente tenta desconectar e agora a gente tá numa pegada muito de série, a gente tá assistindo muita série e tal e a gente sempre assiste de 1 à 3 episódios, que é o nosso momento mais casal assim de boa, a gente troca ideia sobre um monte de coisa, e sempre termina com as séries, e aí agora a gente tá vendo The Good Doctor e é bem interessante, o médico autista, tá sendo bem legal, é um momento que a gente curte muito, a Taíssa ama, eu também, e aí termino desconectando ali já pelas 20h, eu tento desconectar da pegada pesada de telinhas né, mas ainda posso melhorar essa parte noturna, porque ainda tô dormindo um pouco mais tarde do que eu queria e sempre dou uma espiadela ainda no WhatsApp e essas coisas, ás vezes eu faço uma live também, então acho que essa parte no final do dia tá ainda um pouco agitada.

Henrique de Moraes – Legal, vou conseguir chegar nesse nível de organização aí um dia, já ta fluindo isso aí, já consigo acordar cedo, tenho uma rotina matinal um pouquinho menor porque tenho filha pequena, aí já é mais difícil

Ian Borges – É Muito mais complexo, sem dúvida

Henrique de Moraes – Sem dúvida, mas já rola e é muito importante realmente ter esse horário pra você fazer, pra cuidar de você mesmo, eu diria que é isso, eu escrevo, especialmente hoje em dia tá mais para escrever, eu meditava mas depois comecei a, eu li o livro da Julia Cameron também, e eu comecei essa coisa de escrever as três páginas, elas estão servindo como meditação, então eu pulei a meditação, perdi a necessidade da meditação que eu tinha de manhã, já me coloca nos eixos.

Ian Borges – É mais, é uma escrita curativa, quase.

Henrique de Moraes – É, surreal. Deixa eu te fazer uma pergunta, se você pudesse falar aí pro seu eu de 10, 15 anos atrás, e você pode escolher um ponto né na sua carreira, você teve vários pontos de inflexão, vários pontos de mudança, você pode escolher um desses lugares, mas o que você diria pra ele ter mais calma, o seu eu de 10, 15 anos atrás?

Ian Borges – Então, cara 10, 15 anos atrás eu diria pra eu fazer talvez o movimento que eu fiz mais cedo, que eu acho que eu seria mais feliz mais rápido mas ao mesmo tempo tudo que eu vivi foi muito importante pra construir o que eu construí hoje, então isso daí eu até ficaria na dúvida se eu mudaria, mas acho que eu falaria pra eu ser mais corajoso, pra eu seguir mais o meu coração, minha intuição, que eu sempre fui e ainda sou muito racional, mas tenho escutado, tenho ficado cada vez mais sensível pra essa outra inteligência e sem dúvida falaria isso, que eu acho que ainda devo falar para mim hoje né, que acho que é uma coisa que eu preciso estar sempre muito atento é em relação a ter mais paciência, entender que as coisas tem o seu ritmo, e você tem o seu ritmo acima de tudo né, o ritmo do vizinho sempre vai parecer um ritmo melhor justamente porque você só tá vendo o palco dele né, então às vezes você se cobra muito por crescer e às vezes você se cobra muito métricas de vaidade, métricas egóicas, e aí falando muito do que eu vivo hoje em termos de número de views, número de vendas, dígitos de lançamento, seguidores, like, isso tudo pode te criar uma prisão muito grande e você ficar buscando, botando a energia em coisas erradas e que não vão te trazer verdadeira satisfação lá na frente, e às vezes você quer ir muito rápido e ter muita pressa e conquistar tudo de uma forma muito insana, e não aproveita o caminho né que você falou lá no início, acho que ter paciência e aproveitar cada etapa por mais dolorosa que talvez ela pareça ser naquele momento, quando você dá um aspecto, um olhar mais macro pra sua vida e pro ue tá acontecendo ou que aconteceu, você vê que são coisas insignificantes que às vezes você dá importância e na verdade diante do todo não é nada, então a gente precisa ser mais humilde, entender nossa insignificância diante da grandiosidade, da complexidade das coisas ao nosso redor mas ao mesmo tempo entender que somos insignificantes mas ao mesmo tempo também somos grandiosos né, então encontrar esse equilíbrio eu acho que a paciência é uma virtude que me ajudaria muito lá atrás, 15, 20 anos atrás e me ajuda hoje, eu preciso ter mais.

Henrique de Moraes – Eu acho que todo mundo né, ainda mais no mundo que a gente vive essa eu acho que seria a maior virtude do ser humano, porque é muito difícil ter paciência, como você falou, você ficar vendo o palco de todo mundo e comprando com seus bastidores é difícil, a gente esquece que todo mundo também tem seu bastidor né, que a grama do vizinho parece estar mais verde mas o cara tá reclamando da grama do vizinho do lado ou até de alguma outra coisa, não tá olhando pra sua grama ele tá olhando para sua casa, tá olhando pro seu carro, esse é o problema. E qual foi o livro, e você pode falar até uns três livros aí que mais impactaram sua vida, cara?

Ian Borges – Vamos lá, pra quem gosta de ler essas perguntas são sempre dolorosas, eu sempre respondo, vou falar dois livros que vem, que eu sempre vejo que eu falo sobre eles e vou falar nos últimos meses um que me impactou muito positivamente, também. Acho que o do Tim Ferris, o Trabalhe 4 Horas por Semana é uma bíblia mesmo que democratizou um novo estilo de trabalho, de pensar, uma nova visão de riqueza que para mim fez muito sentido, então eu lembro que eu li em francês na L’Oréal quando eu tava na França lá atrás, tenho ele até hoje, eu dei muito livro mas tem uns assim que ainda não consegui desapegar não pelo valor simbólico, então um deles é esse, e um outro livro

Henrique de Moraes – Posso te interromper só um segundo? Eu preciso falar uma coisa, eu vi muitas entrevistas suas, e você, eu vi uma em inglês, inclusive, com um britânico falando mais sobre a parte do seu trabalho lá com a Semco, e você fala inglês bem, e como você leu o livro em francês então provavelmente você fala francês muito bem, e você não fica colocando muito um monte de palavras em inglês no meio das frases, eu achei isso sensacional, você não faz isso conscientemente? Você tenta evitar?

Ian Borges – Cara, é foda porque aquele papo de “mindset”, de “what the fuck” é brabo, eu tenho vergonha alheia quando é muito forte isso, então eu acho que no início eu usava mais principalmente em produtos, e tudo em inglês fica melhor explicado e mais bonito né, é foda, mas aí desde que eu falei “Cara não, eu tô ajudando brasileiro”, não tem como tipo “lifestyle hacking”, quem vai entender essa porra? Ninguém, então tipo assim, é o nome ainda da minha empresa mas eu fiz conscientemente um movimento para falar de maneira muito objetiva, simples e acessível que eu acho que esse é um diferencial, é um papel que eu tenho de falar, de descomplicar alguns temas ou democratizar algumas coisas que falam e é muito hareboa abraça árvore e te conecta, mas ao mesmo tempo são significativos, então acho que é algo que eu venho trabalhando, devolvendo pra poder conversar com o CEO da L’Oréal e falar com o faxineiro ali não sei da onde, e falar de igual para igual e me fazer compreendido, então acho que eu evito um pouco essa pegada à la Gabriel Goffi um pouquinho.

Henrique de Moraes – Pode continuar cara com as recomendações de livro, desculpa eu te interromper mas é porque eu sou muito curioso.

Ian Borges – No problem hahaha. Então outro livro que pra mim é um dos melhores livros, hoje eu considero muito bons aqueles livros que me fazem chorar e rir no livro, e isso no mesmo capítulo ás vezes, então o Antes de Partir, que é um livro da Bronnie Ware, é um livro que eu recomendo pra todo mundo, que é uma enfermeira australiana que mapeou os cinco maiores arrependimentos das pessoas terminais, ela era enfermeira de pessoas nos últimos meses de vida, então ela conseguiu compilar um nível de sabedoria que pô, esse livro tinha que estar na escola como leitura obrigatória pra todas as crianças e não Ana Terra, Clarice Lispector ou Machado de Assis que têm seu brilhantismo e tem seu valor, não me entendam mal, mas uma galera que tá querendo começar a ler e tem que desenvolver a paixão pela leitura, pô dá Harry Potter pra essa galera né pessoal, enfim, então esse é um livraço também.

Henrique de Moraes – Eu baixei cara, o livro hoje

Ian Borges – Esse livro?

Henrique de Moraes – Eu baixei, que eu via você falar sobre ele em algumas entrevistas

Ian Borges – É, eu sempre falo, esses dois assim eu sempre falo e aí o terceiro eu sempre tento trazer uma novidade, tô até com ele aqui na frente, tem dois, duas autobiografias que eu li que foram fenomenais, nesses últimos meses me ajudaram muito, me inspiraram muito, uma é do Phil Knight, na Nike, A Marca da Vitória, que é fenomenal, é bizarro

Henrique de Moraes – Eu li tem 1 mês, é demais demais. A introdução, quando ele compara empreender com correr, da loucura que é né, você estabelece o ponto de chegada, não tem ponto de chegada, é sensacional.

Ian Borges – É fenomenal, sensacional e o outro que eu acabei de ler agora foi do Agassi, do tenista né, Andre Agassi que porra também meu irmão, a história do cara e a forma como ele conta, é muito sensacional, chorei, ri, então assim eu curto muito biografias, eu já li várias e essas duas foram as duas últimas que eu li e foram as duas melhores se eu parar para pensar aqui, então tá aí, recomendações pros próximos meses.

Henrique de Moraes – Vou procurar a do Agassi, a do Phil Knight é muito boa mesmo, já recomendei, acho que já postei sobre isso mas é muito sensacional e eu acho muito legal que a biografia inteira basicamente se passa na época do perrengue quando a coisa fica suave, acaba.

Ian Borges – Quando ele começa a faturar milhões e tá tudo perfeito.

Henrique de Moraes – Exatamente

Ian Borges – É isso que conecta né cara, a do Agassi também é legal porque o primeiro parágrafo é tipo assim “Eu detesto tênis”, pra começar, eu falei “Como assim?”, aí até me sugeriram porque eu tô fazendo uma espécie de autobiografia com ferramentas também de reinvenção e tal, tá sendo um mix, que eu tô explorando no livro conceito do CEO da própria vida, onde eu conto desses três ciclos que eu vivi e conto lá no final, tem uma última parte de ferramentas de reinvenção onde eu trago uma série de ferramentas para você ir fazendo analogia da área da empresa com a sua vida né, então eu vou trazendo essa parte então é um mix de história minha com ferramenta mental, e a parte do vôlei tem uma relação muito forte com meu pai, e o Agassi ele tinha uma relação muito muito forte com pai né, e aí quando eu tava contando pra um amigo que também é escritor ele chegou e falou “Cara, você já leu a do Agassi?” eu falei “Não”, aí ele “Lê, é animal”, e eu perdi meu pai cedo né, quando eu tinha 12 anos então, não, desculpa, eu perdi meu pai ainda cedo ali perto dos 16 anos, então foi uma relação assim, eu perdi meu irmão também quando eu tinha 12 anos, aí depois meu pai ainda antes dos 20, então tem uma relação que eu escrevendo o livro eu quase não falava sobre esse assunto em nenhum lugar né, e ali no livro eu senti uma necessidade muito forte porque é um processo de autoconhecimento, uma terapia né como você falou, as morning pages, as páginas matinais, elas trazem isso muito forte e você escrever um livro sobre você, aí multiplica isso por 100.000, você vai mergulhando pra trazer essência porque senão vai ser mais um livro merda pra alguém falar que escreveu o livro pra só criar autoridade, botar lá com ghostwriter né, eu fiz questão de aprender a escrever, tenho uma mentora, a Pauline que é uma francesa brasileira que tá me ajudando nesse processo já tem 1 ano, e porra, não tem essa de escrever um livro em 3 dias, isso é um e-book que você dá de graça, aí tudo bem , mas porra é outro esquema, mas eu leio esses caras e eu falo “Ainda tô muito longe”, primeiro porque a minha história não dá pra comparar,e segundo que é muito foda quando você lê um livro que gera um encantamento né, que eu tangibilizo dessa forma, rindo ou chorando, e esse é meu objetivo, então eu sei que não vai ser meu último, é o meu primeiro e ainda quero escrever muito mais no futuro idealmente quero ter bastante dinheiro pra não me preocupar com grana nunca mais, pra mim liberdade financeira é isso, não é ter milhão, mas é ter dinheiro suficiente pra não ter que pensar em dinheiro, e aí ficar escrevendo pra caramba, é um tesão que eu tenho muito grande uma paixão que eu desenvolvi e espero melhorar também porque é uma arte, é bem desafiador.

Henrique de Moraes – Eu vou te fazer uma pergunta que não pode faltar né cara, você como nômade digital, e eu sei que vai ser difícil, vai ser mais difícil do que a do livro provavelmente, mas qual foi o lugar que você mais gostou de conhecer?

Ian Borges – Então, que eu gostei mais de conhecer ou que eu gostaria de viver? O que eu mais gostei de conhecer?

Henrique de Moraes –  Cara, pode responder as duas se forem diferentes, acho que faz sentido

Ian Borges – é, porque quando você perguntou veio logo na cabeça um mas eu falei “Não já conheci lugares diferentes que foi muito legal conhecer”, mas a Austrália pra gente, essa é uma resposta da Taíssa e minha, é um lugar pra gente muito especial, foi onde eu pedi a Taíssa em casamento, a gente viajou pra lugares incríveis, então lá a gente conheceu lugares únicos e cidades que a gente moraria lindamente, Melbourne é uma das cidades que a gente mais ama no mundo mas a gente conhece, a maior parte do que a gente já viajou pelo mundo a gente conhece a versão verão, então é fácil né, Melbourne no inverno não é o que a gente conhece, então nesse sentido acho que pra morar a gente ainda vai com certeza morar uma época maior assim mais longa na Austrália, de repente com os filhos e tal, sem dúvidas é um país especial pra gente e de locais assim a gente ama ilha, praia e sol, a gente brinca, e aí eu vou trazer agora uma palavra em inglês já que você falou né, mas somos summer hunters total, caçador de verão e a gente até curte assim esquiar uma coisa ou outra e tal, a gente esquiou em Dubai, coisa de maluco mas a nossa praia é praia mesmo, então nesse sentido teve umas ilhas, até a própria Sardenha que a gente fez de motorhome, o Havaí foi muito muito especial pra gente, a gente moraria fácil também seja lá em Oahu no North Shore ou Maui também, então assim, se eu for pensando em lugares muito especiais acho que ilhas em geral a gente curte demais o estilo de vida, Noronha foi muito especial, e para morar não deixa de ser uma ilha também né a Austrália, então acho que a gente curte mesmo praia, mar e liberdade.

Henrique de Moraes – Boa, legal cara. E pra terminar então queria que você falasse um pouco sobre, primero, onde as pessoas podem te encontrar claro né, acho que todo mundo vai querer buscar pra entender um pouco mais sobre seu estilo de vida, e você tá lançando um curso agora, certo?

Ian Borges – Sim, então tá sendo um momento muito legal agora porque eu já venho compartilhando cursos, e formatos aí, mentorias há uns três anos e agora eu tô lançando um novo curso que eu acho que vem coroar muito do que, de testes e validações que eu tive nesses últimos anos em relação a modelo de negócio né, ajudar a galera nesse processo de demitir o chefe com segurança porque eu sei de todos os medos e perrengues que uma mudança, uma transição dessa pode surtir, então você precisa de um plano, não pode fazer à la caralho e foda-se, precisa realmente de uma segurança então é esse novo curso agora que eu tô batizando de “Demita seu Chefe”, então bem literal o nome do curso, e lá eu vou ajudar o cara com três grandes fases, que é a fase desde a preparação que exige várias coisas que precisa neste momento seja para ter mais tempo para ter mais energia para se dedicar ao projeto em paralelo, para organizar as finanças né, organizar a casa, então tem um período de preparação importante, depois tem um período de planejamento onde a gente vai falar de propósito, vai falar de planejamento estratégico, vai trazer um monte de ferramentas de desenho de negócio, canvas, MVP e tal, pra gente ter aí uma clareza estratégica, pra onde você vai levar esse projeto, depois a execução, que é o lado de botar a mão na massa mesmo e desenvolver o projeto em paralelo com o que você faz hoje pra ter a sua primeira venda, você ver que é possível viver disso, porque a gente precisa ver pra crer mesmo, e nada como uma venda, alguém pagando por algo que você tem a oferecer, então isso é muito simbólico e depois ajudando na consolidação, na escala e dentro disso a carta de demissão né, eu ajudando a pessoa a realmente demitir o chefe. Então o curso é muito legal que eu vou abrir uma turma em breve aí, primeira semana de julho, meados de julho, e para acompanhar os projetos as iniciativas acho que o Instagram é um bom local né porque eu tô sempre compartilhar vídeos e histórias e eu tô com uma pegada de ilustrações agora bem legais aí, criticando um pouquinho todas as histórias e perrengues que eu vivi lá na CLT, então tá legal de acompanhar, tô usando bastante humor, e tem meu site também ianborges.com.br, que lá você vai encontrar tudo, o Instagram é @ianpborges e tem o YouTube também, se botar Ian Borges tem mais de 400 vídeos, eu boto lá 2 vídeos por semana pelo menos, tem o podcast também o Lifehacker Talks, mas em geral é indo aí no Instagram e no site e tem link pra tudo que é lugar.

Henrique de Moraes – Pô Ian, foi um prazerzaço cara trocar contigo, bater esse papo, sua história é certamente muito inspiradora não só pra mim, acho que tem muita gente que ouvir e vai ou ter uma epifania, perceber que tem alguma coisa errada na vida e tá precisando mudar ou então quem já estiver nessa pegada de conhecimento e tentando mudar um pouco as referências que a gente tem né, que a sociedade impõe pra gente, que a gente fica tentando agradar os outros na verdade, vão começar a ter mais combustível aí pra se inspirar e tentar de repente tocar essa mudança, acho que as pessoas, inclusive eu encorajo todo mundo a seguir o Ian e se interesse pelos cursos que ele tá dando porque são muito legais e vão te ajudar, especialmente acho que pra quem não tá, quem só ouviu e brotou uma sementinha, eu acho que é mais importante ainda porque acho que quem já tá no processo de repente já conhece, já sabe se auto gerenciar já sabe encontrar os hacks por conta própria né, mas pra quem não sabe é um caminho que é difícil você liderar sozinho, e uma ajuda vai fazer uma diferença muito grande. E cara, depois a gente vai precisar marcar um segundo bate papo porque tem muita coisa que eu queria ter explorado que não deu tempo, especialmente a parte do seu trabalho que é muito interessante esse tipo de liderança mais horizontal que você provavelmente ajuda a implementar nas empresas e que o Ricardo prega, então vou ver se de repente a gente consegue mais para frente descolar um tempinho pra gente falar um pouco mais sobre essa outra área da sua vida que eu acho muito bacana também.

Ian Borges – Sem dúvida, cara foi uma honra é sempre bom participar dessas conversas significativas que a gente organiza bem as ideias e a gente sempre aprende com o outro, a gente reaprende com a gente mesmo, com coisas que a gente viveu e fala “Caramba, pode crer, ali teve um aprendizado legal”, e sem dúvida parabéns aí pelo trabalho que eu acho que esse tipo de conteúdo mais profundo tem um valor, um diferencial, então obrigado pela oportunidade de trazer um pouquinho da minha história, espero que tenha ajudado a galera, espero que tenha plantado, acho que você definiu perfeitamente, uma sementinha de questionamento que eu acho que tudo começa pelo questionamento né perguntar o porquê das coisas, então desafiar esses modelos de sucesso, que eu brinco que tem seis P que fodem com a nossa vida né, nossos pais, os professores, os patrões, os políticos, os padres e os publicitários, então esses seis ficam cagando um monte de regra pra gente dizendo o que é certo e o que é errado, pra no final a gente acaba só replicando um modelo que a sociedade, que a matrix nos impõe como modelo de felicidade e de sucesso mas que na verdade cada um tem o seu e a gente precisa ir descascando a cebola aí pra chegar na essência e estar satisfeito com seu próprio modelo, independente do que ele aparenta ser pros outros, é importante que faça muito sentido pra você e pras pessoas que você ama. Então espero que a gente tenha plantado uma sementinha legal, conta comigo aí os pros próximos bate-papos, sempre tem tem coisa nova aí para gente compartilhar e parabéns aí pelo trabalho.

Henrique de Moraes – Obrigado cara, até a próxima né? Ian Borges – Até a próxima, valeu!

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