calma! #8 com Bernard De Luna

Henrique de Moraes – Fala Bernard, prazer ter você aqui, tô felizaço de bater esse papo contigo, a gente como eu falei antes de começar a gravar, a gente não se fala desde que acabou minha turma lá na Nave e naquela época eu desenvolvi uma admiração grande por você cara, eu lembro sempre com muito carinho dos nossos bate papos, você sempre foi muito atencioso, sempre foi muito gentil e sempre deu toques muito fodas cara sempre teve a cabeça muito boa, então é um prazerzaço estar conversando com você, bem vindo ao calma!

Bernard de Luna – Obrigado, tô felizaço, vamos juntos.

Henrique de Moraes – Eu queria começar te perguntando como é que é uma aula de gnomos e duendes cara

Bernard de Luna – Olha, essa foi da minha infância né, eu falo isso cara, que é uma das coisas que mais me levou pra estar onde eu estou hoje com certeza foi quando eu era criança, eu devia ter em torno de talvez 6 anos, eu tive aula de gnomos e duendes na escola, e isso mudou minha vida. Basicamente era uma leitura, você entrava numa salinha que tinha vários gnomos, árvores encantadas e coisas assim na salinha e a gente vivia realmente histórias deles sabe, ao invés de você ouvir histórias de Tiradentes, você ouvir uma história de Dom Pedro você ouvia história dos gnomos, então a gente sabia a diferença entre duendes, gnomos, goblins, todas as coisas, hoje eu não sei mais nada mas na época eu sabia tudo e acho que foi incrível pra minha criatividade, acho que isso fez eu me tornar uma pessoa muito mais criativa, eu tenho certeza disso na verdade

Henrique de Moraes – Cara que maneiro, que história diferente né assim, a galera lá era tipo hippie ou era normal?

Bernard de Luna – Normal, era uma escola muito boa e era uma escola assim, vamos dizer riquíssima nesse ponto de vista porque a gente tinha aula de música, a gente tinha aula de gastronomia, a nossa educação física, pra você ter uma ideia você que também é do Rio, a nossa aula de educação física era no Maracanãzinho, então tudo era muito grande, tudo era muito bonito, eu não sei se nessa época talvez minha mãe devia ter uma condição financeira melhor que meu pai, e realmente essa escola era muito diferencial, a gente ia estudar um livro na escola que a gente tinha que ler, a autora, o autor ia lá, sentava numa cadeira da nossa frente e lia o livro e explicava pra gente, então assim era realmente muito diferenciada, fui muito privilegiado de ter estudado nessa escola, infelizmente ela não existe mais hoje mas eu só agradeço por ter vivido isso, foi realmente incrível.

Henrique de Moraes – Impressionante mesmo, nunca ouvi falar de nada parecido, nenhuma dessas histórias que você falou, muito raramente talvez levar um autor na escola mas ainda assim bem raro né, é um evento na verdade, não era o normal

Bernard de Luna – Exatamente, era literalmente um evento, no meio do pátio, todas as séries sentadas no chão ouvindo, era realmente um evento

Henrique de Moraes – Maneiro cara e passada essa pergunta que eu fiquei muito curioso, precisava entender como é que era essa aula, eu queria te perguntar uma coisa, eu sempre tive a percepção de que você se envolve com muita coisa assim, você é muito curioso e sai se metendo em uma porrada de áreas diferente né, por exemplo quando eu te conheci você era mentor na Nave, falava sobre startup né, você hoje tá fazendo o lançamento de um curso, certo?

Bernard de Luna – Isso, pra produtos

Henrique de Moraes – Pra produtos, então assim e eu vejo que você se especializa muito assim, você não só tem aquela curiosidade mas você vai lá cara, se aprofunda, busca conhecimento, então eu queria te fazer algumas perguntas nessa linha mas a primeira eu queria que você falasse um pouquinho sobre tudo que você se envolveu, se puder dar um resumo geral, apesar que eu não costumo perguntar isso pras pessoas mas agora eu fiquei até curioso, porque você é uma pessoa que é muito multifacetada e eu preciso entender um pouco as áreas que você já atuou cara

Bernard de Luna – Cara, a grande verdade por trás disso é porque eu sempre tive medo de não ser incluído nas coisas né, até os 11 anos eu era uma criança muito tímida, e quando eu decidi mudar isso em mim que eu tinha 11 anos de idade, se não me engano foi abril de 1995 quando eu resolvi mudar esse meu jeito, demorei seis meses para isso acontecer, eu realmente abri um campo na minha cabeça que eu falei assim “Cara eu não preciso ser aquela pessoa que eu era, eu tenho que manter algumas coisas”, por exemplo eu sempre fui uma pessoa muito bondosa, então tenho que manter esse meu lado bondoso mas eu tenho que, eu posso ser popular, eu posso ser uma pessoa que tá incluída nas coisas, e desde então eu comecei a trabalhar isso mim. Então eu tava até contando outro dia pra outra pessoa que eu liderava, eu que era a pessoa que ajudava a formar o time de basquete, eu fazia a mesma coisa no time de vôlei, a mesma coisa no time de futebol, pelo simples motivo que eu tinha muito medo de se alguém tirasse o time no meu lugar eu não tivesse sido incluído, então era a forma que eu usava para estar incluído nas coisas e eu acredito que isso me acompanhou ao longo de toda a minha vida, de “se eu não souber sobre esse assunto, vai acontecer um evento ou vai acontecer alguma coisa, vai acontecer um encontro e eu não estarei presente porque eu não tenho esse conhecimento”, eu demorei muito

Henrique de Moraes – Você tinha quantos anos, 6?

Bernard de Luna – Quando eu fiz essa mudança eu tinha 11 anos

Henrique de Moraes – 11, e assim, o que passou na sua cabeça cara? Você chegou a ter essa linha de raciocínio tão clara ou foi alguma coisa que deu start e você foi desenvolvendo ao longo do tempo? Porque é muito novo para ter essa maturidade

Bernard de Luna – Foi alguma coisa que deu start, eu era amigo dos nerds assim, na verdade eu era amigo de todo mundo mas eu andava mais com os nerds em 94, e aí teve uma menina muito bonitinha, ela era muito bonita e tal e aí um dia, a gente voltava juntos, ela deixou bem claro que só não ficava comigo porque eu andava com os nerds e eu falei “Tudo bem não vou mudar, não vou deixar de andar com os nerds porque eu gosto dos meus amigos”, só que uma das pessoas da minha turma que era uma pessoa muito popular, tava 2 anos na frente, aquele cara descoladão, metade tem medo, bem filme americano, metade tem medo e metade deseja o cara, e ele era amigo meu, e por conta disso eu falei “Quero me tornar esse cara, quero me tornar esse cara que é popular, esse cara que fala com todo mundo, é chamado pra tudo, todos os evento da escola”, e aí eu comecei a falar “Beleza, vou virar esse cara”. Só que no meio do caminho eu fui vendo que esse cara não era tudo que eu queria, ele não representava todos os valores que eu queria como pessoa, não falava com os nerds, tratava mal as pessoas que não eram da tribe dele, então nesse momento eu comecei a montar o Bernard assim, montei o Bernard que era super descolado, que falava com todo mundo na escola, que era chamado pra todas as festas seja dos anos superiores ou dos anos inferiores entendeu, e também arrumava confusão, claro mas que ao mesmo tempo todos os professores gostavam, eu era chamado pras festas das filhas dos professores, os diretores e diretoras conheciam meu nome e não era por eu arrumar confusão, era porque eu era uma pessoa super legal, então isso pra mim foi muito interessante, de eu conseguir moldar uma pessoa com 11 anos de idade, por isso é muito claro pra mim essa época, e desde aquele dia eu nunca mais fiquei tímido, nunca mais, eu falei “Cara, posso fazer o que eu quiser, eu vou errar, vou acertar” e claro, na vida a gente vai errando e moldando ainda, mas foi isso, não foi uma consciência, foi uma busca de ser uma pessoa e no meio do caminho você perceber que você não quer ser aquela pessoa propriamente dita, você quer algumas habilidades que aquela pessoa tem então você consegue ir buscando ali e modelando a persona que você quer se tornar

Henrique de Moraes – Legal cara, então fala um pouquinho sobre depois que você desenvolveu essa sua habilidade de se comunicar com todo mundo e aprender as coisas pra poder fazer parte, quando você começou a trabalhar, sei que você começou a trabalhar muito cedo inclusive, me fala um pouquinho sobre as áreas que você se envolveu, pelo menos as principais assim, as coisas de repente foram mais chave na sua vida na, sua trajetória.

Bernard de Luna – Eu comecei a fazer site muito garoto, comecei a fazer site com 13, 14 anos, sites pessoais e lá no meio dos 14 anos eu já comecei a fazer meu primeiro site profissional, que foi o site que me pagaram pra criar e dar manutenção, então desde então pra mim foi muito natural começar a pegar projetos cada vez maiores, então nesse meio eu atuei em desenvolvimento, atuei em design e atuei na parte de produto, no começo a parte de produto não era tão clara porque não tinha muito uma profissão de product manager, mas no fim das contas o que eu fazia, de priorização, de liderança de time nada mais é do que gestão de produtos, só que além disso eu pegava outras tarefas, de design, de arquitetura de formação ou de pesquisa e tudo mais, então foi isso que eu fiz. Fora trabalhar com a parte de eventos também, que eu emprestava meu rostinho bonito pra alguns eventos, o que eu fazia mais era essa parte de produto digital mesmo. No meio do caminho eu percebi que eu podia não só desenvolver produtos mas eu também podia ajudar em ensinar isso pras pessoas, então eu comecei a fazer também a parte de ajudar pessoas levando informação, levando conhecimento didático de como desenvolver, de como fazer design, cheguei a apresentar uma proposta de um curso aqui pra uma faculdade que comprou o curso, e a gente começou a dar esse curso para vários alunos, então foi também bem interessante, mas ainda tratava isso como um produto, porque tinha métrica de resultado, tinha todos os indicadores, tinha mapa de calor pros alunos do curso. Até que alguns anos depois a gente chegou na Nave, que nada mais era, meu trabalho na Nave foi exatamente ajudar a modelar um curso, que era uma pré aceleradora onde eu tratei como produto, então eu botei indicadores, todo mundo tem indicadores, você viu isso bem claro né, a gente tinha uma gamificação, então essa gamificação também trabalhava com notas,com pesos, com eliminações, cortes, nada mais é do que um produto, então a cada turma a gente selecionava o que a gente queria experimentar, o que a gente tinha certeza, meio que uma matriz CSD, a gente sabia o que a gente tinha certeza, o que a gente queria realmente validar e aquilo que a gente não sabia e ia aprender a cada turma, então acho que o trabalho da Nave foi uma gestão de um programa ou melhor, uma coordenação de um programa porque quem geria mesmo era a Renata e a Lindália, mas dessa coordenação que eu atuava mais do ponto de vista de métricas e a mentoria propriamente dita, meu trabalho era tentar trazer uma visão de produto de empreendedorismo para um programa educacional, enquanto a Renata e a Lindália traziam essa questão educacional que é muito mais presente nelas eu trazia a visão de empreendedorismo e tentava metrificar isso como um produto, e acho que por isso que deu muito certo, porque cada um respeitou a habilidade dos outros mas principalmente a cada turma a gente aprendia e a gente não tinha medo de mudar o curso todo se fosse o caso, mudar toda a pré aceleração, cada turma era totalmente diferente da outra porque a gente não tinha medo de desapegar daquilo que não tinha funcionado, e acho que pra mim esse foi o grande sucesso da Nave. A partir dela eu voltei e comecei a cada vez mais focar na minha área de atuação, então empreendi, tive uma startup, fiquei 3 anos com a minha startup recebendo 3 investimentos, chegamos à 11 pessoas no time, depois de um tempo a gente percebeu que a gente não tava chegando onde queria e o dinheiro ia começar a acabar e a gente preferiu optar por encerrar mas ainda assim acho que desde que eu descobri que existia gerenciamento de produtos, lá em 2007, toda minha vida foi pautada em tentar pegar cargos de produto propriamente dito, então é isso que eu tenho feito desde então, que acaba juntando tudo, já é um cargo multifacetado, já é um cargo de muitas habilidades porque a tua função principal é resolver problemas né.

Henrique de Moraes – Sim, e é engraçado porque das lembranças que eu tenho lá da Nave, uma muito forte eram as dinâmicas que você fazia né, então eu acho que você abraçou mesmo essa área de educação durante um tempo né, estudo inclusive metodologias de fazer as pessoas absorverem as coisas porque era muito divertido inclusive, não era só aprender, era aprender de maneira divertida, eu gostava

Bernard de Luna – Era muito legal, as dinâmicas eram realmente muito bem estudadas porque como eu tive facilidade de começar a dar aula muito cedo, comecei a dar aula se não me engano na faculdade eu tinha por volta de 20 anos, era muito jovem, eu tava jovem ali mas dando aula pra pessoas que tinham 17, 18 anos, e se eu não soubesse amarrar essas pessoas eu tava ferrado né, não ia conseguir entregar conteúdo técnico de programação, por exemplo, então eu sempre comecei a trazer isso então nas palestras que eu dava eu também trazia isso, então eu comecei a fazer essas oficinas, inventar essas oficinas sempre buscando a educação, e era interessante também porque a minha mãe, acho que nunca contei pra ninguém, a minha mãe sempre trabalhou com RH, e minha mãe fazia contratações para empresas gigantescas aqui no Brasil, empresas que ela tinha que contratar talvez milhares de pessoas em 2, 3 meses assim, então a minha mãe sempre teve habilidade como psicóloga formada, de criar oficinas em grupo, então quando eu tinha um ideia falava “Mãe quero fazer isso aqui, tô precisando fazer essa oficina aqui”, ela me ajudava a modelar de uma forma que eu não perdesse a metodologia, que não fosse apenas divertido mas que eu pudesse no fim das contas ter uma aplicabilidade daquilo que eu tava querendo trazer, então acho que foi um dos motivos também de eu gostar muito dessa parte de oficinas, tanto que eu dei isso durante anos, só fui parar de fazer isso em 2018, que é quando eu realmente decidi encerrar minha consultoria e oficinas pra focar puramente numa nova vida, que seria uma vida de product manager e criar meu próprio curso depois

Henrique de Moraes – E na parte de startup assim, como é que você foi se envolver porque assim, todo programador especialmente hoje em dia né ou de 2015 para cá, 2014 talvez, não sei quando ficou tão popular mas acabou se envolvendo em startup de alguma forma mas participando de times né, você não era só uma pessoa que, um perfil de quem participou de time, você sabia todas as metodologia, startup teve uma época que virou quase que matéria, você tinha várias metodologias para serem estudadas, você tinha disciplinas, enfim, e as pessoas estudavam e levavam isso muito a sério e inclusive você era cobrado assim, se você tivesse tentando negociar com algum investidor ou qualquer coisa para entrar numa aceleradora por exemplo, as  pessoas queriam saber se você tinha know-how de startup ou de qualquer outra metodologia que fosse né. E de onde surgiu a curiosidade e isso foi por necessidade, você já tinha empreendido antes da Nave por exemplo, ou não, você estudou por curiosidade pra aprender a lidar com os projetos que você tava envolvido, como é que foi isso?

Bernard de Luna – Legal, eu já tinha tido experiências antes da Nave, algumas na verdade, por exemplo eu já tinha tido uma empresa de desenvolvimento e depois uma empresa de treinamento que foi o curso que eu tive, inclusive foi o curso que fez acabar chegando até a Nave olha que legal, então esse curso que era itinerante e eu dava aula no Brasil inteiro. Nessas empresas que eu trabalhei por exemplo, a primeira empresa que eu trabalhei, a grande verdade é essa, a gente já criava produtos, então era uma empresa de criação de produtos dentro da mesma linha, eram produtos pra própria empresa e a gente vendia isso pro mercado, então ali já era muito startup se pensar desse ponto de vista, só que eu nem sabia o que era isso. Depois disso eu passei pelo Jornal do Brasil onde eu era líder de produto do time que atuava diretamente com o portal do Jornal do Brasil, a gente tinha todas as métricas, decisão de produto, design, decisão de desenvolvimento, tudo passava por mim, então eu já vivi isso na prática também, de você lidar com produto e pensar em escalabilidade, pensar em volatização, então isso também já aconteceu bastante. Só que o grande boom pra mim foi quando eu trabalhava na Petrobras, que eu era líder de produto do time da Petrobras e eu vi que eu comecei a criar muitos projetos paralelos, foi quando eu tava com o maior hype de palestras, de viagens e eu vi que “Caramba, que projeto legal, vou começar a lançar projetos” e comecei a criar muitos projetos e eu vi isso acontecendo, então aí eu comecei a ler livros, comecei a entrar nesse mundo de empreendedorismo, e a grande maturidade, vamos assim, de empreendedorismo pra mim aconteceu quando eu fui morar em São Paulo seguida da Petrobras, que eu trabalhei numa startup, na criação, fundação de uma startup. Então era eu e dois sócios, os 3 num coworking no Morumbi e a gente todo dia se encontrando, ficando o dia todo sei lá, 9, 10, 12 horas juntos só discutindo produto que a gente tava criando, então do dia 0, pensar um nome pra empresa, pensar logo da empresa até chegar o ponto de 3 meses depois ter a primeira versão do produto, já estar em outro escritório, mais 3 meses depois a gente já estar num outro escritório, na Vila Olímpia já com mais duas pessoas no time, com já alguns e-commerces usando ou seja, 9 meses depois da fundação a gente já estar com 8 pessoas no time, já ter recebido investimento de um dos maiores grupos de mídia da América Latina e já estar consolidado no mercado de e-commerce, então eu falo que foi o sonho brasileiro, foi o sonho brasileiro de empreendedorismo, você de 0 a 9 meses sair de uma ideia e você chegar a valer milhões, já fazendo parte do maior grupo de mídias da América Latina, tanto que esse grupo depois ele acabou comprando esse produto, o produto foi adquirido pela maior empresa de mídia da América Latina e hoje esse produto acaba que nem existe mais, porque ele já tá incorporado como um subproduto dentro dessa grande empresa de mídia da América Latina. Então realmente foi lindo assim sabe, realmente foi um aprendizado muito grande não só porque esses dois sócios eram pessoas muito inteligentes, até hoje eu tenho um carinho e admiração incrível por eles, Guilherme e Juliano, Juliano hoje acho que mora na Alemanha, então assim, eram pessoas que aprendi muito porque eles eram muito inteligentes, e porque eu pude realmente ver a coisa nascendo, pude materializar uma ideia num produto de sucesso do zero, então isso foi muito, isso mudou minha mente, conseguiu concretizar a minha jornada de conhecer o empreendedorismo do teórico ao prático, e a partir daí eu comecei a estudar, depois eu virei diretor no Videolog, então eu passei pela 21212 não só como acelerado mas também como mentor, fui mentor da 21212, fui mentor da Papaya Ventures, então eu comecei a dar mentoria em todas as aceleradoras, como a ACE que era Aceleratech na época então assim, acho que eu vivi muito empreendedorismo antes da Nave, então por isso eu comecei a criar minha própria metodologia de ensino, porque eu era muito seguro já com o que eu já tinha vivido empiricamente e também tinha consumido de leitura e de bibliografia.

Henrique de Moraes – Eu tinha esquecido que você tinha passado pelo Videolog cara

Bernard de Luna – Pois é, às vezes eu esqueço também, mas o que eu aprendo no Videolog eu levo pra vida assim, eu realmente levo pra vida porque foram aprendizados bem dolorosos mas bem importantes pra ser quem eu sou hoje

Henrique de Moraes – Tem algum específico?

Bernard de Luna – Tem cara, tem sim. O que eu vivi no Videolog, uma das coisas que eu até conto em algumas palestras que eu dei sobre isso foi você olhar muito uma coisa que você quer lançar, e você não saber fazer as perguntas certas, e eu amo até hoje o Mac, amo até hoje as pessoas que eram envolvidas, o Bruno, gosto muito das pessoas que eram de lá, o time era muito bom só que o meu foco de criar um produto externo que seja um produto internacional, que seria um produto b2b que a gente tava criando e que meio que ficou pronto no finalzinho, eu acabei de ficando cego e querendo pegar e criar esse produto tanto que eu esqueci sobre o que era mais importante pra empresa naquele momento. Basicamente se eu tivesse feito a pergunta certa, eu descobriria que tinham buracos muito preocupantes na empresa naquele momento e eu descobriria que não teria caixa pra gente criar esse produto e botar no mercado, e eu poderia talvez a primeira coisa que eu poderia ter feito seria tapar os buracos para poder a gente ter rentabilidade suficiente para a gente poder investir nesse produto, e como isso não foi passado para mim quando deveria ter se passado, e eu não fiz a pergunta certa quando eu deveria ter feito, pra mim é erro meu porque como diretor de produtos eu tenho que fazer a pergunta certa o tempo todo, então pra mim foi um erro assim gritante que custou pra mim o fim da empresa, então foi não ter feito a pergunta certa no momento que eu deveria ter feito.

Henrique de Moraes – Interessante. E como é que você sabe qual é a pergunta certa que você tem pra se fazer, porque eu acho que se fazer perguntas certas é uma das coisas mais importantes que existem né, não só no âmbito de produto mas pra vida e como é que você faz assim, como é que você lista perguntas para se fazer, você tem alguma metodologia, você tem alguma forma, você faz diariamente, como é que você faz isso?

Bernard de Luna – Não diariamente porque tem a ver com estratégia da empresa, então é semestral que você trabalha essas perguntas. Basicamente o que eu poderia ter feito, o que eu deveria ter feito melhor dizendo, seria “Onde a gente quer chegar com esse produto?’, eu sabia essa resposta, ou “O que a empresa hoje, qual o risco pra empresa hoje investir nesse produto?”, eu sabia essa resposta, “como a viabilidade financeira e técnica pra gente criar esse produto?”, eu só fiz a técnica, eu achava que a financeira tava tranquila, super no controle, então esse pra mim foi o grande erro, se eu tivesse feito essa última pergunta que era a viabilidade financeira, eu saberia que a gente tinha apenas um source de dinheiro, um canal de dinheiro ou um revenue stream, pra quem usa canvas e se qualquer coisa que acontecesse naquele canal ali a empresa ia ficar sem ganhar nada pro resto da vida, que foi exatamente o que aconteceu, aconteceu um problema ali num canal de receita e foi de não sei quantos mil reais pra zero, então como você mantém uma empresa desse tipo, a gente começou a impactar muito, teve que correr atrás de algum outro canal de receita e isso começou realmente a mexer e virar um furacão dentro da empresa, então quando você tem um objetivo anual e esse objetivo anual você quebra ele em estratégias você tem que fazer as perguntas sobre viabilidade técnica, viabilidade financeira, viabilidade de mercado. São as 3 perguntinhas básicas que você tem que fazer numa estratégia de lançamento de um produto novo, e eu fiz as duas primeiras e a terceira eu achei que soubesse e quando você acha meu amigo é aí que começa a morar o problema.

Henrique de Moraes – Verdade, muito bom cara e deixa eu te fazer uma pergunta, sobre mercado de startup assim, acho que desde aquela época que a gente tava lá na Nave para agora muita coisa mudou né, eu não tô mais envolvido nisso né não fico muito por dentro, não participo mais de eventos por exemplo como eu ia sempre, mas eu tenho a sensação de que amadureceu um pouco, você também tem essa sensação ou é só porque eu tô fora mesmo?

Bernard de Luna – Eu acho que amadureceu sim, eu acho que a gente tem conteúdos maiores aqui, a gente tem mais dinheiro pra serem aportados, a gente tem mais programas de desenvolvimento de base e programas também de levar a empresa pra um outro nível, a maturidade também das pessoas, dos jovens que estão chegando, com certeza também amadureceu então eu acho que tenho a mesma percepção que você sim, acredito que ainda faltam algumas coisas mas acho que sempre vai faltar né, a gente sempre quer mais então hoje comparado à época que eu comecei a ouvir sobre empreendedorismo é um outro país assim, então eu vejo isso com muito orgulho também por ter participado disso, por ter ajudado, por ter contribuído talvez 0,0001% eu fico muito orgulhoso, e ver algumas pessoas hoje que eu conheço pessoalmente de forma bem próxima hoje dando um show aí nessa liderança de comunidade e lideranças de empresas e de venture capitals por exemplo, também fico bem orgulhoso dessas pessoas.

Henrique de Moraes – Legal, e cara o que você tá fazendo agora? Quais são os projetos que você tá envolvido?

Bernard de Luna – Hoje eu tenho 3 iniciativas, tenho 3 coisas, não vou falar 3 coisas que eu tô focado porque eu acho que se eu usar a palavra focado com 3 coisas já é meio estranho, mas tem 3 iniciativas que eu faço. Uma delas que é o meu full time job, eu tô como senior product line manager da Liferay, que é uma empresa de Los Angeles, eu trabalho remotamente aqui do Rio de Janeiro, basicamente eu faço a gestão do produto da Liferay, esse produto de cloud que é um produto que a gente ajuda os clientes que já usam a tecnologia Liferay que é uma empresa bem grande, com a tecnologia bem famosa pra eles poderem usar o nosso host também pro próprio portal delas, então a gente tem clientes muito grandes do mundo todo e estamos crescendo bastante, então é um desafio bem legal, é o primeiro produto internacional que realmente eu pego full time job então tem sido uma experiência bem divertida, já fiz muitos projetos pra fora mas é o primeiro que é realmente full time job assim, então tem sido bem desafiador. O segundo deles é o meu curso, eu comecei a criar cada vez mais conteúdos pra product managers e tem sido muito legal tentar ajudar a formar essa galera para o mercado, basicamente é muito próximo do trabalho que eu fazia com engenharia, com desenvolvimento lá no começo dos anos 2000 com meu curso e com conteúdos e agora tenho feito mais pra product managers porque esse mercado aqueceu e eu posso ajudar esse mercado a amadurecer, então tenho me disposto muito pra fazer isso, conteúdos diários no LinkedIn, conteúdos diários no Instagram e por aí vai, newsletter, podcasts, muita coisa legal. E nesse meio termo eu percebi que muita gente queria ter mais tempo comigo, muita gente gostaria de se aprofundar mais comigo ou que eu ajudasse nessa migração de carreira ou na segurança propriamente dia, então eu criei um curso chamado Curso Produtos Incríveis, que é um curso pra ajudar product managers a migrarem ou a terem confiança em crescer carreira dentro da própria empresa, esse curso a gente acabou de fechar agora a terceira turma, tá muito legal, muita gente já formada, muita gente fazendo, o curso ele é sempre atualizável, então não é aquele curso que você faz, tem seis meses para você terminar ganhar o certificado e acabou, depois que você paga você tá ali dentro, o curso vai ser sempre mudado, então toda aula que for adicionada, for atualizada a gente vai botar lá e todo mundo pode verificar de novo, tem uma comunidade, então tá sendo muito interessante criar vamos dizer assim um ecossistema embora eu possa criar um ecossistema mas criar como se fosse digital, uma comunidade digital para essa galera de produto, isso tem sido muito divertido. E a terceira coisa, eu tô como CPO da Book, que é uma empresa de São Francisco, é um produto que a gente tá criando agora, a empresa já existe, já formalizou ela mas ainda não botou o produto no mercado, que é um aplicativo de relacionamentos platônicos. É um coisa bem louca, a gente quer que você possa pagar pra você viver uma experiência com uma pessoa bacana, então que você possa pagar para poder sair pra tomar cerveja com alguém, que você possa pagar para alguém te levar para andar de cavalo porque aquela pessoa gosta muito de fazer isso e bater papo, então a gente quer botar o humano para entregar aquilo que ele mais gosta de fazer com outra pessoa, então é como se fossem pessoas que não têm um grande relacionamento social ou que estão numa cidade por algum motivo e não tem muita coisa para fazer, que ela possa buscar alguém que gosta da mesma coisa que ela para viver uma experiência incrível assim, e a gente tá criando esse produto ainda, é a primeira vez que eu falo dele publicamente, olha que coisa legal nunca tinha falado, e a gente vai lançar ele talvez em maio, um pré cadastro para pessoas que estão interessadas, a gente de lançar inicialmente só em São Francisco ou no estado da Califórnia, ainda estamos estudando o lançamento e em seguida lançar talvez em São Paulo ou São Paulo e Rio de Janeiro, estamos estudando isso, mas a ideia é lançar em 3, 4 cidades no máximo para colher feedback e começar a fazer a evolução do produto e depois vai abrindo para outras cidades que forem demonstrando mais interesse.

Henrique de Moraes – Cara eu fiquei curioso, como que seria assim a jornada por exemplo de uma pessoa que entrou lá, quem entra, quem paga é a pessoa que tá buscando uma pessoa para fazer uma experiência com ela que ela gosta de fazer ? Fiquei confuso

Bernard de Luna – Legal. Se você tem interesse por exemplo, vou dar um case que aconteceu comigo, eu tô indo pra Paraíba para dar um treinamento, isso acontecia direto, uma cidade onde eu não conhecia tanta gente ou para um estado que eu não conhecia tanta gente, então eu tô indo pra João Pessoa, chego em João Pessoa dei meu treinamento, acabou, eu vou pra casa tomo um banho. Pra muitas pessoas como eu nesse caso quando vai pra treinamento, palestra se ela não conhece tanta gente ali ela chega e vai dormir, vai ficar no hotel o resto da noite. não vai sair para comer sozinha, ela vai pedir uma comida no quarto, vai ficar vendo televisão ou no computador e vai dormir. E muitas dessas pessoas por estarem viajando, dando palestra, treinamento elas tem um poder aquisitivo legal, ela tem poder financeiro legal então ela poderia muito bem falar assim “Caramba, deixa eu procurar se tem alguém aqui que gosta de Star Wars como eu gosto, e talvez eu consiga encontrar no aplicativo uma pessoa que mora em João Pessoa perto de onde eu estou e estaria disposta a tomar uma cerveja e conversar sobre Star Wars”, seria divino, ou poder, vamos supor que eu goste muito de forró e aí eu poderia encontrar uma pessoa que gosta de dançar forró, que é local e eu poderia pagar pra ela me levar num forró que ela gosta e lá eu vou ficar a noite dançando com ela, vai me apresentar os amigos dela, então eu mesmo vou viver uma experiência super gostosa como uma pessoa que ela já gosta de forró por isso que ela sabe fazer isso e pode me apresentar, e ela vai estar sendo monetizada por uma coisa que ela gosta de fazer, então você resolve o problema da pessoa que realmente está sem ter pessoas para fazer alguma atividade divertida, legal e do outro lado você tem uma pessoa que ela vai estar ganhando dinheiro fazendo o que ela mais gosta de fazer, então a gente viu um mercado muito grande para isso, principalmente agora em época de muita gente confinada, a gente tá falando que muita gente vai sentir falta dessas experiências presenciais vamos dizer assim, assim que liberar então tem muita gente que é solitária no mundo, muita gente que já não tem mais o círculo social tão amplo como tinha quando era garoto ou garota, então acho que esse aplicativo ele pode muito resolver esse problema dessas pessoas

Henrique de Moraes – Interessante cara, eu fico dividido entre achar super foda e creepy ao mesmo tempo

Bernard de Luna – Total, total

Henrique de Moraes – Mas enfim, acho que eu vou deixar o tempo me explicar, me mostrar qual o caminho que vai ser

Bernard de Luna – Mas eu super entendo essa sensação, eu acho lindo isso porque quando Airbnb nasceu cara, você pagar, alugar o colchão da sua casa, um estranho dormir na sua casa e você fazer café da manhã pra ele? Totalmente creepy, alguém pagar pra poder você usar o teu carro pra levar uma outra pessoa ou pior, você compartilhar o seu carro com outra pessoa, isso é totalmente creepy, então eu super entendo e acho exatamente isso, a estranheza pra mim ela é uma boa coisa, isso não é garantia de product-market fit, não é garantia de aderência de mercado, mas é garantia de ousadia, então vamos viver a ousadia, vamos ver o que acontece.

Henrique de Moraes – Perfeito cara, muito maneiro. Deixa eu te perguntar, já que você falou assim que tá envolvido em três projetos agora e assim, eu não sei exatamente como são seus contratos com a galera lá de fora, se é por hora ou se é por algum tipo de entrega, como é que é que você faz esses acordos, mas eu sei que assim, só para você gerar conteúdo todo dia já é um trabalho do cacete, então assim eu queria entender como é que você faz para gerir o seu tempo, como você faz para organizar seu dia, suas tarefas, o que priorizar, até para você conseguir gerar valor para as duas pessoas que estão te contratando e estão esperando isso de você e para você também não se decepcionar consigo mesmo em relação às entregas que tem a ver com o seu próprio produto, sua própria empresa, vamos colocar assim.

Bernard de Luna – Bom, o meu acordo com a Liferay ele é um full time job, então sou CLT, a Liferay ela tem uma Liferay Latam que fica em Recife e que também tem escritório em São Paulo, então sou contratado da Liferay Latam Brasil, a primeira coisa é, eu tenho compromisso de horas, tenho compromisso de entrega, compromisso de tudo e com todos os direitos que me dão, todos os benefícios que eles me dão e acho incrível nosso contrato, gosto muito de tudo como foi na Liferay até hoje, eu tô encantado pela empresa realmente. Então assim, eu tenho meus horários fechados pra fazer o que eu tenho que fazer pra Liferay. A primeira equação é essa, como eu divido o que eu faço com a Liferay com meus conteúdos pessoais né, meus conteúdos de Instagram e LinkedIn principalmente. Eu uso uma coisa chamada Pomodoro, não sei se já ouviu falar, uma técnica de atividade onde eu picoto meus horários então eu tenho jornadas de 25 minutos seguidas de descansos de 3, 4 minutos, até que eu tenha long breaks, o long break ele me dá 15 minutos, meia hora para poder refazer outras atividades, então o que eu faço é, eu já tenho mapeados os conteúdos que eu vou colocar e a única coisa que eu faço é que quando eu tenho short break ou long break eu vou, pego meu celular e subo, eu só gravo e subo, então é coisa de 2, 3 minutos, artigos por exemplo no LinkedIn eu preciso de 5 minutos no máximo, então só essa equação eu já consigo fazer o Pomodoro, já consigo não comprometer nenhum espaço de horas da Liferay pra poder fazer as coisas que eu faço pessoalmente, então a primeira equação é essa que foi uma equação que pra mim foi fácil de fazer, e a primeira coisa que eu fiz com meu diretor foi falar isso pra ele, foi falar “Olha, é assim que eu divido minhas horas, tá aqui, eu começo geralmente tal horário, termino tal horário, se precisar de mim mais tarde ou mais cedo conta comigo, e eu faço esses picotes aqui e nos picotes longos eu subo os conteúdos”

Henrique de Moraes – Só para entender, você falou que você já tem mapeado quais são os conteúdos que você quer falar, e aí no Instagram você falou que lança vídeos, então você grava na hora e já lança, certo?

Bernard de Luna – Isso, perfeito

Henrique de Moraes – E no LinkedIn, você escreve em 5 minutos também ou você já tem ele escrito?

Bernard de Luna – Escrevo em menos, geralmente eu demoro 2 minutos pra escrever um artigo

Henrique de Moraes – Caraca, queria ter essa capacidade, as duas na verdade, de gravar rápido e de escrever tão rápido assim cara, impressionante

Bernard de Luna – Eu considero que eu escrevo muito rápido um artigo, é loucura, eu escrevo um artigo no LinkedIn com muita facilidade, com muita agilidade.

Henrique de Moraes – Impressionante cara, continua aí que te interrompi

Bernard de Luna – Nao, que isso. Então assim, essa equação é pra mim a equação mais simples, a equação de você colocar depois disso o teu curso, aí são estratégias, eu tenho um time junto comigo, então por exemplo, o próprio Instagram, quando eu vou subir um IGTV, que geralmente é um IGTV de uma entrevista que tem legenda e tudo mais não sou eu que subo, então tem muitos posts de conteúdos que são maiores que não sou eu que subo porque preciso de uma edição, precisa de alguma coisa assim então tem uma pessoa do meu time que consegue fazer toda essa edição e subir no Instagram por mim entendeu, então essa parte é muito legal porque às vezes eu estou trabalhando, do nada sobe um IGTV, eu vejo que tem um monte de gente falando e falo “Nossa, nem lembrava, nem sabia”, isso pra mim é uma surpresa muito gostosa, então essa é a coisa legal. Sobre o curso, tem muitas coisas do curso que não sou eu, tudo que é conteúdo sou eu, agora por exemplo fazer a gestão de mídias do lançamento de uma nova turma, não sou eu que faço a gestão da mídia, não sou eu que faço gestão dos anúncios, quem faz gestão é o Cuba que é meu sócio nessa empreitada, então dividir essas tarefas me ajuda a consumir muito pouco meu lado diariamente, então isso não prejudica em nada meu trabalho, meu compromisso com o curso é gravar as aulas, fazer live, e isso eu consigo fazer em horários alternativos, então nessa parte a equação também é mais fácil. A Book, ela é uma empresa em que eu sou sócio, então também não sou contratado, a gente tá apostando todo mundo o tempo pra fazer isso acontecer e a Book eu faço uma relação de três vezes por semana, então tem três vezes na semana que eu tenho umas tarefas específicas, e aí eu começo meio cedo ou eu faço à noite para poder conseguir entregar o valor né que esperam de mim, o que eu preciso entregar pro produto. Como é uma etapa ainda de building de produto, então é muito mais de ver se as tarefas estão sendo bem feitas, se nossa PO tá fazendo a priorização como deveria, se a documentação das tarefas tá clara, é muito mais uma questão de supervisão vamos dizer assim, clareza, tomada de decisão, do que propriamente dito de execução, então ainda não dá problema ainda nessa equação porque eu consigo fazer isso à noite.

Henrique de Moraes – Perfeito, impressionante cara, é uma organização invejável eu diria

Bernard de Luna – Eu acho que é um chaveamento de mindset bem difícil de fazer porque realmente você ficar mudando o contexto na sua cabeça o tempo todo é algo difícil, mas também ao mesmo tempo acho que é muito gostoso porque se você bebe na fonte só de uma coisa acho que você fica muito limitado, acho que quando você bebe na fonte de outras coisas eu acredito que o tua cabeça fica mais rápida, você pega um exemplo daqui e tenta aplicar aqui, eu acho que você também fica, eu gosto muito da ideia de você ter um side project, acredito que todo product manager deveria ter, inclusive tem um livro que fala sobre isso, que ele exatamente sugere que todo mundo tenha um projeto paralelo, então eu recomendo cara, recomendo todo mundo que quer aumentar sua criatividade, aumentar sua gestão de tempo tenha um projeto paralelo, isso vai ajudar muito nisso.

Henrique de Moraes – E deixa eu te fazer uma pergunta assim, eu vou explicar porque eu to fazendo. Eu percebi que você passou por muitas empresas e você sempre ficou períodos razoavelmente pequenos eu diria, tipo 2, 3 anos, às vezes um pouco mais ou pouco menos, e eu também, minha trajetória é um pouco assim também, é muito picotada sabe, tipo eu ia, tinha uma curiosidade aqui e aí de repente me envolvia naquilo, de repente eu saía e ficava tipo 1 ano, 1 ano e meio, 2 anos, às vezes 6 meses, 9 meses e eu me pergunto muito, me pego me perguntando ainda coisas do tipo, será que se eu tivesse insistido um pouco ele teria virado sabe, alguma nesse sentido, você se pergunta isso também cara?

Bernard de Luna – Cara pra ser sincero não, cada troca pra mim de trabalho foi muito bem, tinha que acontecer sabe? Vou te dar dois exemplos, Jornal do Brasil, a troca do Jornal do Brasil foi porque o Jornal do Brasil quebrou, o Jornal do Brasil tava atrasando salário, tinha quebrado, não conseguiram administrar como deveriam um jornal impresso, a estrutura era muito inflamada, embora online fosse super pequeno e super autossuficiente, o offline tomava todo o tamanho da empresa e fez a empresa não se sustentar, então com toda essa mudança que tava acontecendo nessa época lá 2007, por aí então não fazia sentido eu ficar numa empresa que tava quebrando e que já não tava pagando salário e qualquer outra coisas do tipo, então realmente isso aconteceu, isso foi à midia inclusive na época e eu me lembro disso sair na mídia e eu falei “Cara, eu tô crescendo muito na minha carreira, eu não posso nesse momento agora ficar impactado por conta disso”, eu morava sozinho e tal, então realmente eu fui pra Petrobras porque eu já tinha recebido essa proposta e eu falei “Cara, eu vou pra uma empresa agora onde eu vou ter uma estrutura de trabalho bem interessante, vou ter uma estrutura de trabalho claro, extremamente burocrática e era, mas que eu vou conseguir talvez ter uma projeção legal não só na minha carreira mas também aprender mais processos, aprender coisas mais, burocracia também é interessante, de vez em quando você tem que aprender um pouco” e foi incrível assim, eu realmente vivi a vida de gerenciamento, uma coisa grande de burocracia, de abrir ticket pra coisa que você quer resolver, coisa que eu nunca tinha feito na minha vida e realmente eu valorizo isso porque hoje eu faço isso na Liferay, então foi bom ter vivido isso antes, e porque eu saí da Petrobras? Eu saí da Petrobras depois de 1 ano e pouco quase 2 anos porque eu tinha recebido essa proposta pra criar essa empresa em São Paulo, então foi aquele momento que eu falei assim “Cara, recebi uma proposta, parada foda que vou ter que fazer, vai ser incrível” então nesse momento pra mim eu falei “Cara, tá no momento, eu já vivi tudo que eu tinha que ter vivido aqui na Petrobras”, porque? Porque na Petrobras você não consegue se tornar um gerente maior vamos dizer assim, se você não for concursado, por motivos óbvios, então ou seja, eu não tinha uma carreira, uma trajetória de carreira bem definida, para poder crescer da minha posição pra uma próxima posição eu teria que fazer concurso e eu não tenho a mínima vontade de fazer concurso, então tava muito claro que o meu teto estava muito próximo de mim, então não fazia sentido, ou eu sairia de lá para outra empresa ou eu sairia de lá pro Rio ou São Paulo, então também foi esse o motivo de saída, então pra mim é isso assim, eu encontrei tetos muito claros que eu tinha que realmente fazer um movimento, dar um passo pro lado, não teve nenhuma especificamente que eu falo “Nossa, se eu ficasse um pouco mais de tempo eu teria realmente feito” pra mim não, pra mim sempre foi muito documentado os momentos e as decisões. Eu poderia ter feito coisas diferentes, aí sim, eu poderia ter feito coisas diferentes como eu falei do Videolog, poderia ter feito coisas diferentes na Estante Virtual, uma empresa super legalzinha que agora foi vendida pra Magazine Luiza, então algumas mudanças de trabalho eu poderia ter feito, agora ter tentado mais eu acredito que não, não tem esse peso

Henrique de Moraes – Legal muito bom, que bom né

Bernard de Luna – É, “bom” porque ter feito diferente também é um peso

Henrique de Moraes – É, pode ser. Bom, então aproveitando, você tem algum fracasso assim favorito?

Bernard de Luna – Nossa Henrique, tenho vários, tenho tanto fracasso cara, eu acho até bom assim, o Videolog pra mim é um dos mais famosos, eu considero que na Estante Virtual também fui um fracasso, não ter conseguido talvez ter tido mais respostas e mais abertura no começo do trabalho, penso em duas coisas, ou eu teria que ter validado como que é essa cultura antes de eu ter entrado, e talvez ter negado a proposta que me fizeram, ou por outro lado eu ter descoberto no começo como é que era essa cultura de gestão deles para que eu pudesse ter lidado diferente, ter tentado outra estratégia, e não é falando mal da empresa não, é mudança de estratégia pelo que eu acreditava que eu ia ter, então é somente por uma questão de adaptação, é zero falando mal da Estante Virtual, muita gente já trabalhou lá, eu indiquei para outras pessoas, nada contra a empresa. E a última coisa que eu tenho um grande arrependimento, que eu já falei isso publicamente foi nessa empresa, dessa startup que a gente criou em São Paulo, que era a Melt, que era uma empresa, a história da Melt foi incrível, como eu falei, de 0 a 9 meses ter o resultado que a gente teve, dos sócios incríveis que eram o  Juliano e o Guilherme, o meu maior arrependimento lá foi eu não ter pedido um share quando a gente fechou pra criar essa empresa, então eram dois sócios executivos, atuantes e eu era o primeiro empregado, e foi totalmente falta de ambição, foi muito mais prazer em criar um produto do que realmente em ambição de se tornar sócio do produto, acho que foi falta de amadurecimento meu e depois que eu percebi isso falei “Nossa, devia ter pedido 1% que seja”, mas eu deveria ter feito isso pra poder mostrar que “Olha, se nós vamos criar uma coisa nós 3, então nós 3 somos sócios”, eu deveria ter feito isso. Mas assim, eu zero coloco culpa disso também nos sócios, zero coloco culpa na empresa porque pra mim foi falta de ambição minha, então eu vivo com isso e tudo bem e cara, vamos aprender. Então meu top 3 arrependimentos acho que foram esses.

Henrique de Moraes – Você teve algum momento assim que você lembre de ter sido muito difícil a ponto de você querer desistir ou de empreender ou de sei lá, mudar completamente de carreira?

Bernard de Luna – Ah, com certeza, a Bunee foi muito disso, a gente, tanto que depois dela eu falei “Não quero startup talvez nunca mais ou talvez não tão cedo”, a Bunee foi muito, o time era muito bom, o time era muito bom, o Giovanni e o Ian são incríveis, são pessoas que eu gosto muito, não só de perfil soft skills mas também hard skills, eu tinha um time, das 11 pessoas era um time muito bom, muito competente e me doeu muito não conseguir fazer a empresa chegar, eu me senti realmente um impostor, foi um momento bem difícil, eu tinha casado, meu filho tava pra nascer, e é aquele momento em que você começa a se perguntar muitas coisas, “O que eu tô fazendo aqui?”, “Será que eu realmente não sou tão bom a ponto de conseguir fazer uma empresa dar certo?” e aí você começa a questionar, e eu só consegui ficar um pouco mais tranquilo depois dessa decisão porque eu comecei a documentar, eu já fazia isso muito bem, gosto muito de documentar as coisas mas eu comecei a buscar números, então quando eu pesei a decisão de fechamento baseado em números aí sim eu tirei o meu ego, tirei a minha vaidade da mesa, mas foi muito difícil cara, foi um momento que eu falei “Nossa, muita gente se inspira em mim, muita gente assiste minhas palestras, muita gente lê meus artigos, todo mês eu escrevo um artigo no LinkedIn contando os aprendizados e os ganhos que a gente tinha feito na Bunee pra todo mundo saber, e agora vou ter que escrever um artigo falando que eu quebrei a empresa” nossa, que doloroso foi isso, mas depois que eu peguei os dados eu falei “Não, beleza você tá tomando a decisão certa, é isso mesmo, vamos fazer isso aí, vai doer agora mas tem coisa boa esperando por você”, e aí as coisas começaram a ficar mais tranquilas.

Henrique de Moraes – Esse é um momento muito difícil e eu acho que o principal é isso aí, especialmente para as pessoas que estão dispostas a colocar a cara a tapa, a se expor e dividir, compartilhar mais experiências e tudo mais, eu acho que no final das contas elas são as que estão mais suscetíveis a se sentirem mal né, estão mais vulneráveis de certa forma porque você tá ali se expondo, colocando, as pessoas começam a criar uma relação com você que muitas vezes nem é saudável porque se a pessoa olha para você de maneira cega sem perceber as falhas também isso pode também causar um problema né para ela mesma e enfim, acho que pra quem tem essa capacidade e a disposição de se expor mais eu acho que é importante que também consiga mostrar suas vulnerabilidades talvez né, acho que esse é o ponto mais importante porque as pessoas que se colocam como invencíveis ou qualquer coisa, qualquer falha, qualquer problema que ela tiver que lidar e que for pública né, ela vai ter muito mais dificuldade do que se ela já mostra quais são os defeitos que ela tem, ou os problemas que ela tá passando enfim, é uma coisa que eu tenho pensado muito a respeito.

Bernard de Luna – É verdade, eu tenho lido um livro que fala exatamente sobre isso, que é o poder da vulnerabilidade e é exatamente isso cara, quando você se torna vulnerável talvez você tá inspirando mais gente do que quando você tá se mostrando forte

Henrique de Moraes – Cara, queria saber qual foi ou quais foram, no máximo 3 eu acho, livros que mais impactam sua vida?

Bernard de Luna – “A cultura da participação” é um livro que realmente eu amo amo amo, que pra mim abriu as portas assim de eu voltar a ler livros técnicos

Henrique de Moraes – Ele fala sobre o que?

Bernard de Luna – Conta histórias de como a colaboração, como esses novos produtos que tem nascido na tecnologia que você usa os usuários como crowdsourcing digamos assim, como esses produtos começaram a crescer, ele fala sobre confiança, como você criar um produto baseado em confiança pode dar errado se você não tiver o mínimo de vigilância, ele conta o erro milk shake, que é um erro que foi criado pelo Clayton Christensen que é o papa da inovação e ele conta como um dos pesquisadores que atuavam pro Clayton como é que ele descobriu esse erro milk shake fazendo uma pesquisa de como melhorar as vendas de milk shake pro McDonald’s, então ele realmente ele conta muitos causos vamos dizer assim e é muito divertido porque realmente você vive aquelas história e você sempre tem um aprendizado técnico no final, é incrível, então “A cultura da participação” é um livro que eu gosto muito. ‘“Purple Cow” é um livro que mostra também, do Seth Godin que mostra como se diferenciar, e ele tem uma pegada tão leve mas ao mesmo tempo ele mostra como você se diferencia, como você se diferencia dos normais e isso pra mim é interessante porque eu começo a misturar “Purple Cow” com uma matriz que eu uso em MVP que é o “Time to MVP”, que é o tempo pra você fazer o MVP comparado com outro eixo né que seria a differentiation, como você vai se diferenciar no mercado, então eu tento pegar muita teoria do Seth Godin que é um ótimo cara de marketing e tento jogar isso pra produto porque no fim das contas produto é uma das formas de diferenciação, então é um livro muito bom de posicionamento e diferenciação pro mercado. Um terceiro livro que eu gosto, cara eu leio muita coisa, então um livro que eu gosto muito e acho muito bom pra product managers é “Outliers” do Malcolm Gladwell. Cara é um livro muito legal de ler, também com histórias, e ele conta como ele consegue de uma forma bem analítica, ele usa pesquisa, usa estatística para poder descobrir, conseguir confirmar ou refutar histórias assim, então ele conta histórias, por exemplo vou contar uma, fazer spoiler de uma só que ele conta, ele consegue descobrir porque os jovens que mais dão certo no esporte, acho que era hóquei tem que nascer no primeiro trimestre do ano sabe, que se teu filho provavelmente nascer em Novembro ele não vai dar certo no hóquei, todos os indicadores são contra seu filho dar certo no hóquei. Realmente é um livro muito gostoso, ele começa a mostrar o porque, ele faz uma análise de todos os adolescentes que começaram a entrar em times juniores de hóquei, ele vê a idade, vê os dias de nascimento e ele vê os meses, e através dos meses ele consegue fazer esse levantamento estatístico e ele tenta entender o motivo por trás dos meses, então no fim das contas você descobre que quando você abre uma temporada, aquelas pessoas que entraram em janeiro elas tem um ano para poder crescer e ganhar massa muscular, e a gente sabe que lá com 13, 14 anos tua mudança corporal em um ano é absurda, então quem nasce no final do ano e vai fazer 14 anos, vamos supor que com 14 anos você pode entrar pro time, se você entrasse em novembro, aquele cara que fez aniversário em janeiro ele já tá na sua frente há muitos meses, então ele já está com o corpo diferente, com a prática diferente, com altura diferente, então ele ganha todas as vantagens físicas em cima de você. Então é isso que ele mostra entendeu, ele consegue provar essas coisas e ele te ajuda muito você a ter esse pensamento analítico que é vital para um product manager, então é um livro muito bom pra quem quer entrar nessa área de produto.

Henrique de Moraes – Legal, já tô curioso com os três,o Seth eu conheço, tô com ele inclusive aqui para ler, eu já li alguns livros dele porque ele porra, Seth é amor né cara

Bernard de Luna – Ele é incrível

Henrique de Moraes – Mas eu nunca li o “Purple Cow”, tá aqui na lista. E como é que você faz para selecionar o que você vai ler e eu queria saber se você abandona livro no meio também?

Bernard de Luna – Legal, ótima pergunta. Eu geralmente baixo em lote, então eu vou comprando livros, baixando livros em lote, eu antigamente lia um livro de cada vez até um dia que eu conversei com um cara chamado Luli Radfahrer, não sei se você conhece ele, ele é lá de São Paulo, é um PhD, um gênio, um cara que eu amo e admiro muito aqui no Brasil e ele trabalha muito com essa questão do futurismo, ele é brilhante, quem já viu um palestra desse cara sabe que ele é brilhante. E ele é um amigo meu, por sorte tive a honra de virar amigo desse cara e uma vez ele tava contando que ele lê acho que 3 livros ao mesmo tempo ou mais, como ele era acho que professor da USP, então ele ajuda pessoas que tão fazendo mestrado, coisas assim então ele realmente é um gênio então o cara lê muitos livros ao tempo e eu pensei exatamente isso, “Cara porque eu leio 1 livro só, se eu posso ler 3 livros ao mesmo tempo?” então eu comecei a pensar nisso e hoje eu tô com dois livros pela metade e o outro livro eu terminei agora, então agora vou tentar terminar um desses dois e pegar um outro, então geralmente hoje em dia eu tô lendo de 2 a 3 livros, e eu tento terminar esses três livros em um trimestre, é o cálculo que eu faço porque eu consigo fazer 3×4 e consigo ter a média de 12 livros por ano, nem sempre eu consigo mas eu busco o caneco, se não chegar lá pelo menos eu chego perto e o perto para mim já é o suficiente pra ter sido uma ótima média. Se o livro não me encanta eu tento forçar um pouco, mas se o livro não me encanta mesmo eu paro, mas vou te dizer que é muito pouco, acho que eu escolho tão bem os livros que eu acho que se eu abandonei eu abandonei 2 livros no máximo, quase todos eu li até o final.

Henrique de Moraes – E qual o critério que você usa pra escolher?

Bernard de Luna – Livros técnicos que me entregarão algum conhecimento que seja aplicável hoje, eu não leio livros de História por exemplo, não leio, não gosto de livros de História, prefiro filmes, eu só leio livro técnico. Mas quando eu falo livro técnico não quer dizer que é livro sobre a minha área de produto, pode ser livro sobre algo que vai me ajudar a ser um profissional melhor, então por exemplo existe um livro que eu acho muito legal que é “How to Lie with Statistics”, que é “Como Mentir com Estatística”, é um livro muito engraçado, e só o cara usando os dados e mostrar como é que ele pode manipular as informações, tem um outro livro também que é muito engraçado que é “What If?”, e o cara é muito louco, ele fala “Se alguém lançar uma bola com velocidade supersônica o que aconteceria se você conseguir ter um bastão e rebater essa bola?”, e ele começa a fazer toda uma análise de força, de potência, de radiação, o cara usa realmente dados para poder comprovar uma coisa totalmente esdrúxula, então é muito engraçado. Tem uma dele que ele fala assim “Existe alguma arma no mundo que você conseguiria apontar para baixo que faria você levitar, se projetar no céu?”, e ele começa a dizer as armas, dizer o coice, dizer como você seguraria, qual a potência da bala, qual o impacto que isso geraria para você de volta né, o kick back projetando pro chão, cara e é um estudo matemático absurdo pra você conseguir responder essas perguntas, então acho muito legal por conta disso, e por que eu tô falando desses dois casos? Porque nem só a questão de estatística quanto o “What If?” por exemplo que são casos totalmente hipotéticos, não tem aplicação prática direta, mas cara você aprende tanto a pensar de uma forma racional, de você considerar hipóteses malucas, de você ter um pensamento estruturado pra poder responder uma pergunta maluca, então geram conhecimento extremamente práticos, esse é o ponto que eu tento buscar, coisas que me geram conhecimentos práticos mesmo que não seja diretamente sobre gerenciamento de produto.

Henrique de Moraes – Perfeito. Sobre esse negócio do livro, de ler mais de um ou não, a minha experiência, eu sempre tive problema de abandonar os livros né e não querer comprar ou começar outro porque eu não tinha terminado de ler aquele, e aí eu vi um cara falando chamado Naval Ravikant, que eu recomendo para todo mundo inclusive, todos os meus amigos já estão saco cheio, ele tem um podcast que acho que é Naval inclusive e uma entrevista que eu vi ele fala o seguinte, que ele sempre foi uma pessoa que lia muito vorazmente desde moleque, ele cresceu em bibliotecas públicas e ele parou, ele percebeu que ele parou e perdeu o interesse em ler, e ele começou a tentar se entender, tentar entender o motivo da falta de interesse e ele percebeu que foi quando ele começou a colocar textos de blog e o Twitter na vida dele, porque ele começou a ter snacks de dopamina como ele mesmo fala e ele achava que ele tava informado, e aí o que ele fez, ele começou a mudar a forma como ele enxergava os livros, ele começou a enxergar os livros como textos de blog ou seja, ele não tem nenhum apego aquilo ali, e aí ele começou a falar “Se eu pego um livro, às vezes eu começo da metade e às vezes não, às vezes eu começo do início, eu não tenho essa coisa de ter que ele ele inteiro certinho, eu começo de onde eu quiser, se ele me interessar eu continuo lendo senão eu paro, pego outro e começo a ler”, e quando ele falou isso eu fiz uma outra analogia ainda, eu falei “Cara, engraçado, as pessoas não têm esse apego a séries e filmes por exemplo”, algumas até tem né mas assim, menos hoje em dia com Netflix e todas essas plataformas. Se você tá vendo uma série, se ela tá um saco você pula pra próxima, você não vai ficar ali se torturando e “Ah não, já comecei a assistir vou até o final”

Bernard de Luna – Verdade, é bem verdade isso

Henrique de Moraes – E depois que eu comecei a encarar os livros dessa forma cara, eu comecei a ler tanto, mudou a minha relação com os livros mesmo, e eu voltei a ler finalmente, uns dois anos que eu fiquei bem encalhado com uns 3  livros que eu não conseguia terminar e eu voltei a ler, então a dica que eu dou  aí pra galera, quem tiver empacado que nem eu

Bernard de Luna – Uma coisa que me ajudou muito, são duas coisas na verdade que me ajudaram muito, uma coisa é o Kindle, realmente me ajudou muito a voltar a ler muito porque, não é nem pela facilidade de segurar, nada disso, é pra poder marcar as frases porque eu sempre tive essa coisa de violar o livro, então nunca fui de escrever, rabiscar, anotar no livro, não conseguia fazer isso, sempre me senti mal, eu sempre achei que eu podia entregar para outra pessoa o livro, não sei, nunca fiz. Agora o Kindle essa marcação de poder marcar um parágrafo, marcar um texto me faz gerar um bloco de notas gigantesco sobre cada livro que eu pego, então isso para quem produz conteúdo, que é a segunda coisa, me ajuda muito porque eu transformo os aprendizados do livro em aprendizado pras pessoas que me seguem, então um livro me dá oportunidade de 10, 15 artigos entendeu e isso é muito bom, então eu valorizo muito que o livro para mim é uma fonte de conhecimento para eu adaptar com a minha vida, minha parte empírica e tentar entregar essa coisa nova pras pessoas, então nesse ponto o livro pra mim tem uma ótima aplicabilidade vamos dizer assim, prática.

Henrique de Moraes – Sim, perfeito e essa coisa de você poder exportar as notas e as coisas que você marcou no Kindle, cara é tão maravilhoso,é impressionante, tenho uma pasta só com todas as marcações e notas que eu tenho

Bernard de Luna – Nesse momento eu tô fazendo coraçãozinho com a mão pro Kindle

Henrique de Moraes – Muito bom cara. Deixa eu te perguntar, quem é a pessoa que você mais admira e porque?

Bernard de Luna – A pessoa que eu mais admiro é meu avô, realmente é a pessoa que mais fez parte da vida pra eu me tornar o que eu me tornei, meu avô hoje deve estar com uns 85 anos, é uma pessoa que a vida dele, sempre foi um cara militar, um cara que sempre foi o primeiro ou segundo das escolas que ele passou, federal de química e tudo mais, foi químico de refrigerantes famoso, rodou o mundo todo sendo um dos times responsáveis pela criação de um dos refrigerantes mais famosos que tem no mundo que foi o Crush, até hoje é presente em vários países, Estados Unidos por exemplo, Brasil não sei se ainda é, então eu sempre tive muito próximo de mim assim, uma pessoa extremamente inteligente, claramente uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci na minha vida, senão a mais, e ao mesmo tempo uma pessoa criativa, olha que loucura, então ele é extremamente técnico, químico e ao mesmo tempo ele tinha habilidade de inventar refrigerante, ele inventava bebidas e trazia pra nossa casa, então ele trazia “Olha, criei um refrigerante de framboesa, prova e me diz o que vocês acham”, “Olha, criei um refrigerante de banana, olha aqui e vê o que vocês acham” cara então imagina a ideia de um cara que é extremamente técnico ter a criatividade pra poder inventar coisas, trazer para a própria família de São Paulo para o Rio para poder a gente abrir, experimentar e dizer pra ele o que a gente achava, isso é produto, isso é totalmente produto sabe, ele não sabe disso mas eu sabia que era produto, então isso me inspirou muito a me tornar a pessoa que eu hoje. Outras duas coisas que tinham nele que também fazem ele ser uma pessoa incrível pra mim, a primeira deles não sei se pela questão de ser químico, é que meu avô sempre foi muito tecnológico, então assim que teve computador no Brasil meu avô comprou, acho que era 92 isso, 93 e assim que liberou a primeira forma de ter internet no Brasil, meu avô já tinha. O meu tio, que é filho do meu avô, irmão da minha mãe, ele trabalhou e trabalha com tecnologia até hoje, então ele trabalhou muito com a parte de banco de dados, coisas mais antigas, trabalhou na IBM, então quando eu ia pra casa dos meus avós, pra poder ter a relação com meu tio que na época morava com meus avós ainda, e com meu avô, então quando eu comecei a trabalhar, quando eu comecei a ganhar dinheiro fazendo site eu não tinha computador em casa, eu ia pros meus avós pra fazer os sites no computador do meu tio, meu avô comprava os melhores CDs que tinham em revistas com softwares para poder usar, então isso pra mim foi muito importante, se tem uma pessoa extremamente inteligente, extremamente na frente do tempo dele, claro muito teimoso, todos os defeitos como qualquer pessoa que vai ficando mais velha ou militares mas assim, é realmente uma pessoa que eu me inspirei muito pra me tornar quem eu sou, a cada dia que passa eu me vejo mais próximo do que ele é, e eu também fico muito o orgulhoso, além de ser uma pessoa extremamente do bem, sempre disposta a ajudar os outros, me ajudou muito quando eu precisei, quando tive vários problemas pessoais ele foi super importante pra mim também, então é meu ídolo disparado, ninguém que eu conheço no mundo, na história da face da Terra vai chegar perto da inspiração que eu tenho com meu avô.

Henrique de Moraes – Legal cara. Que bom que você falou isso porque eu tinha colocado aqui uma pergunta sobre seu avô e eu pulei porque por causa do tempo e porque eu tive uma experiência com ele lá na Nave, você levou ele lá para ensinar a galera a fazer refrigerante, foi maravilhoso aquele dia cara

Bernard de Luna – Foi lindo cara, fiquei tão orgulhoso aquele dia de poder, pra quem não sabe vou contar um pouco pra galera, a gente queria fazer uma dinâmica sobre colaboração e uma dinâmica sobre marketing, de como você envelopa seu produto, como você transforma sua proposta de valor em algo que seja perceptível pelo cliente, essa era o método por trás dessa dinâmica, e aí eu consegui, entrei em contato com várias fábricas de refrigerante e eu pedi os insumos, olha isso então tive que mandar email, mandei email pra umas 2 fábricas e eu consegui que uma fábrica me desse de graça, mandasse uma caixa pra mim com tubo de ensaio, todos os mecanismos, os pós, a soda, tudo que vocês puderem imaginar eu recebi de graça das fábricas porque eu falei “Meu avô, vou fazer uma dinâmica, vocês podem me ajudar” foi muito legal então assim, eu corri muito atrás e aí a segunda parte foi convencer meu avô, eu falei “Vô já fiz um pedido, agora preciso que você venha comigo” e aí meu avô vai só que meu avô já tava com, ele tá com dificuldade de andar, tá bem mais velhinho mas na época meu avô já estava tendo alguns problemas, então ele ficava muito nervoso, muito cansado porque ele fez cateterismo, então foi muito difícil levar meu avô, mas ele foi, e ele foi e conseguiu explicar, e ele conseguiu explicar a ponto que as pessoas conseguiram realmente aplicar então assim, e foi engraçado porque ele chegou a se cortar, e aí foi uma coisa louca mas é bom porque foi natural, não aquela coisa engessada e fria, foi totalmente humano e todo mundo conseguiu fazer seus devidos refrigerantes, cada time escolheu uma cor diferente, um gosto diferente, uma acidez diferente e aí depois eles tiveram que criar o próprio rótulo, cara foi lindo vou viver pelo resto da vida agradecido por ter conseguido fazer aquela dinâmica e ter dado certo, todo mundo ter criado seus devidos refrigerantes, foi muito legal.

Henrique de Moraes – Foi muito bom mesmo cara, e vou te falar que nosso ficou bom e até hoje eu penso na proposta que a gente fez de como fazer a comunicação, o marketing, achei genial, o nosso era um refrigerante LGBT, era Drink Pink porque ele ficou rosa

Bernard de Luna – Um rosa radioativo né, um rosa bem aceso

Henrique de Moraes – Exatamente cara, eu me amarrei na embalagem, a gente colocou nos ingredientes, eu lembro que era 100% purpurina sabe, coisas assim

Bernard de Luna – Ficou bem legal

Henrique de Moraes – Engraçado, meio preconceituoso se parar pra pensar

Bernard de Luna – Acredito que não, é um envelopamento pra um público específico que você tem cores, você tem luzes, é um público que usa, se você pegar as causas, as parades que eles fazem são realmente bem alegres, gay significa alegre, então acho que isso tem tudo a ver, eu particularmente não acho preconceito não, acho que é um posicionamento cara.

Henrique de Moraes – Verdade, mas foi muito legal, até hoje eu vejo as fotos que eu tenho da embalagem e tal, de vez em quando eu volto nelas e fico “Caramba, que parada maneira”, vou ver se eu posto no Instagram e vou te marcar

Bernard de Luna – Boa, faz isso, vou adorar

Henrique de Moraes – Car, qual foi o melhor conselho que você já recebeu? E aqui não precisa ser de uma pessoa especificamente, pode ser que você ouviu num podcast, viu num livro, qualquer coisa, mas pode ser de uma pessoa também.

Bernard de Luna – A melhor frase, não foi um conselho, foi uma frase que eu até hoje eu aplico bastante na minha vida em produtos também, foi de um amigo na época, depois a gente acabou se desentendendo e nunca mais se falando, mas até hoje eu levo essa frase que era o seguinte, “Se tamanho fosse documento o elefante era dono do circo”, e essa frase pra mim é incrível porque a gente busca tanto ser o maior e tal e a gente não tem que ser o maior, a gente pode escolher uma proposta de valor pra gente ser bom nisso. Eu não sou o product manager mais técnico do mundo, porque tem pessoas que vieram de data science, pessoas que vieram de estatística que podem ser muito mais técnicos que eu, não era o melhor designer do mundo ou do Brasil mas eu era muito conhecido, eu nunca fui um desenvolvedor propriamente dito, porque eu sempre trabalhava com mais do que apenas desenvolvimento, mas ainda assim eu fui super conhecido, então eu acredito que essa questão de, essa pressão por ser o maior que a gente acha que existe em mim, a grande verdade é que não existe, nunca existiu, eu sempre quis fazer as coisas para entregar resultado e para principalmente poder impactar, então essa frase uso bastante, “Não seja o maior, se tamanho fosse documento o elefante era dono do circo” isso me deixa muito confortável de poder realmente poder fazer as coisas da forma que eu quero fazer. E a segunda, só pra dar uma segunda que também é importante pra mim, que é uma frase que meu avô sempre falou para mim, que para mim essa sim é um conselho, que é o principal motivo de eu estudar tantas coisas e ter tantas, na minha opinião, habilidades que meu avô sempre falava que “Pra quem tem um martelo, qualquer problema é um prego”, então eu nunca quis só ter o martelo, eu sempre quis ter o máximo de ferramentas e conhecimento de processos e técnicas e coisas aplicáveis, exatamente para que eu possa entender o problema e eu não trate todos os problemas como se fosse um prego.

Henrique de Moraes – Muito bom, as duas frases são excelentes, vou guardar aqui também. Se você pudesse dar uma dica prática pras pessoas aplicarem assim, amanhã nas suas próprias vidas, pra elas serem mais felizes, qual dica seria?

Bernard de Luna – Bom, questão prática, se fosse teoria eu falaria como o poeta diz, “ousadia e alegria”, eu iria no Thiaguinho porque pra mim é a base de tudo, foi a melhor distribuição de frase que existe, agora na prática, conhecer matrizes cara, conhecer matrizes de priorização. Quando você conhece matrizes de priorização você se dói muito menos com as suas decisões, seja de considerar que algo é importante ou urgente, que é o que a maioria das pessoas conhece, mas também fazer uma matriz de avaliação de risco e impacto, ou esforço e impacto, ou custo e impacto, ou você faz uma matriz de incerteza e impacto, existem muitas matrizes e você pode criar outras matrizes se você quiser conhecer a técnica, que vai te ajudar a no dia a dia você não se doer com uma decisão, você vai entender que tecnicamente aquela decisão é melhor, então você tira seu ego da brincadeira, tira vaidade da sala, tira um pouco do emocional pra você poder tomar uma decisão segura daquilo que você tá fazendo, com um fundamento por trás.

Henrique de Moraes – Interessante. Você tem todas essas frentes né, e você conhece muita gente, você fala com muita gente, eu sei que você é um cara que é super bem relacionado e ainda gera muito conteúdo e isso sempre gera muito input né, isso te gera alguma ansiedade de alguma forma, e até para lidar com as ferramentas de hoje, as formas de comunicação, essa velocidade com que as pessoas esperam que você dê feedback para elas por exemplo, um comentário no seu LinkedIn ou mensagem de WhatsApp, como é que você lida com tudo e como é que se faz para eliminar ruído?

Bernard de Luna – Bom, eu desde os 11 anos não sou mais ansioso então desde que eu fiz aquela virada eu realmente não sou mais ansioso, eu era muito quando criança, era uma coisa absurda, eu lembro hoje e às vezes até converso com meu filho para ver se ele, ele é um bebê mas eu tento conversar com ele para ver se ele consegue segurar mais a ansiedade dele. Hoje eu não sou uma pessoa ansiosa, pelo contrário, hoje eu sou uma pessoa muito muito mais calma do que eu já imaginei que pudesse ser,  eu vejo um problema, respiro, tomo decisão, respiro, não fico ansioso, posso ficar animado, eu quero que aquilo aconteça, posso ficar excitado mas eu não fico ansioso, isso não me gera uma coisa ruim, digamos assim. Sobre comentários, volta e meia tem pessoas que mandam comentários para mim, e eu sempre tiro, novamente, como eu separo e corto o meu dia em micro-momentos né com o Pomodoro, então assim, eu só vou responder a pessoa no Instagram num tempo de intervalo, só vou responder uma pessoa no LinkedIn, num tempo de intervalo, então isso pra mim é muito tranquilo porque eu sei que vai ter um momento pra isso, então não fico naquela coisa de “Será que tão perguntando alguma coisa?”mas eu vou lá e respondo todo mundo, porque eu já fui uma pessoa que manda e-mail para alguém ou que manda um comentário pra alguém e não tem resposta, e eu ficava muito triste, “Nossa, essa pessoa porque não me responde?”, “O que custa?”, então eu tenho muitos isso para mim, de que tenho responder sim todo mundo, a pessoa tirou um tempo dela para mandar uma mensagem pra você, então você pode se dar ao luxo de você responder aquela pessoa sim. A única coisa que hoje em dia eu tenho sido um pouco menos amoroso, vamo dizer assim, é quando eu vejo um comentário da pessoa preguiçoso

Henrique de Moraes – Vários né

Bernard de Luna – Nossa, isso realmente tem me incomodado, aconteceu várias vezes agora no LinkedIn por exemplo, eu mandei um post dizendo “Olha, se você trabalha com produto e foi impactado pelo Covid, foi demitido, manda uma mensagem pra mim que eu posso olhar teu LinkedIn e ajudar com algumas questões de melhoria, se eu achar alguma coisa que por acaso possa te ajudar de outra forma, talvez eu possa te dar uma mentoria de meia hora de graça, se por acaso o meu curso fizer sentido para te ajudar nesse momento, eu posso te dar o meu curso de graça”, e eu dei pra 7 pessoas, dei mentoria, eu ajudei 45 pessoas respondendo e ajudando a ver o LinkedIn delas, então eu fiz isso, só que ainda assim apareceram umas 3, 4 pessoas que falavam assim “Olá Bernardo”, já começou errado porque se eu tô oferecendo ajuda escreve o nome corretamente né, já começa por aí, é o mínimo cara, a pessoa tá te dando uma ajuda de graça, o mínimo que você tem que fazer é acertar o nome da pessoa, o mínimo, e muita gente manda assim, teve uma ou duas que falaram assim “Olá Bernardo, tudo bem? Vi que você tá oferecendo uma vaga aí e eu tô desempregado nesse momento e tô interessado em fazer parte dessa vaga também”, a pessoa nem leu, porque eu não tô oferecendo vaga de emprego, tô oferecendo uma ajuda e talvez eu poderia dar uma inscrição no meu curso, então essa preguiça de pessoas de não lerem, não interpretarem, de querer mandar tudo em massa achando que uma vai dar certo, é tipo abrir o Tinder dele e botar tudo pra um lado pra ver se uma vai pipocar, eu acho que isso é uma coisa preguiçosa, isso tem me incomodado então quando vem uma mensagem assim desse tipo eu respondo “Oi, primeiramente meu nome é Bernard e não Bernardo, segundo, não tô oferecendo isso, obrigado e boa sorte”, então eu dou um pouco de secura para a pessoa perceber que esse comportamento não é legal, você tá tirando o tempo de uma pessoa que é valiosa, meu tempo é valioso e eu to dando pra uma pessoa que não tá nem aí pro que tá escrevendo, isso me incomoda mas todo o resto, se a pessoa fez um texto legal e só errou meu nome, cara super tranquilo eu ajudo com o maior prazer, mas agora se eu percebo que a mensagem é preguiçosa ou em massa, nossa aí eu realmente fico chateado.

Henrique de Moraes – Uma vez eu vi uma pessoa falando sobre isso, a falta de atenção e, as pessoas não lêem na internet né, já existe essa cultura aí, todo mundo já sabe disso mas aí o cara botou um exemplo assim do tipo, ele falou assim assim “Se eu coloco nas minhas redes sociais “estou vendendo bolo de cenoura, a fatia custa 5 reais, para comprar me mande uma mensagem no WhatsApp”, as pessoas perguntam “Tá vendendo o que? O bolo é de que? Quanto custa? Como é que faz pra comprar?”

Bernard de Luna – Exatamente isso

Henrique de Moraes – É surreal, é impressionante. Mas enfim, são ossos do ofício, a gente já sabe que vai lidar com isso, não tem jeito

Bernard de Luna – O que eu penso assim é, você tem 100 pessoas e duas são preguiçosas, 98 eu vou ter ajudado e fico super feliz.

Henrique de Moraes – Verdade, é uma boa métrica. E você tem algum hábito incomum ou estranho pras pessoas, pra quem olha de fora, que você ama?

Bernard de Luna – Rapaz, eu tenho muitas manias, eu acho que sou uma pessoa cheia de manias, difícil, não sei. Eu tenho hábito antes de entrar no palco, sempre tive, de preparação, de fazer beatbox, uso beatbox pra aquecer a boca, vou fazendo brincadeiras assim e eu começo a falar e repetia algumas frases no começo, depois fui trocando as frases, hoje em dia eu faço um pouco do beatbox para poder aquecer e no final repito uma frase que foi de um evento bem importante, que falaram para mim antes de entrar no palco e me fez entrar no palco com muito mais propriedade, foi em 2003 eu acho, e aí até hoje eu uso essa frase antes de subir no palco, que foi um evento bem difícil, com uma plateia que até tava bem agressiva e com todas as palestras que estavam acontecendo sabe, e aí a pessoa que entrou antes que inclusive é um grande amigo meu, hoje é meu chefe, ele é meu diretor, que era a vez dele e ela ia ser o primeiro a pegar essa plateia muito difícil então a gente tava conversando muito porque logo depois seria eu, então a gente tava conversando muito sobre como fazer pra quebrar a galera, e aí a gente começou a falar “Cara vamos ser nós mesmo, a gente é muito bom, a gente não pode se comparar com as outras palestras, a gente é muito bom, a gente vai mandar bem”, e a gente começou meio a que dar força um pro outro e antes dele se levantar da cadeira pra subir no palco ele falou assim “Cara, só depende da gente”, e eu fiquei pensando nisso, lócus externo e lócus interno né, quantas vezes a gente coloca nos outros “Ai porque a plateia tá isso”, “Ah porque o evento tá isso”, “Hoje tá assim”, “Ah porque a internet”, e no fim das contas eu falei “Cara, é isso, só depende da gente, se a gente fizer um trabalho bom, não tem plateia que não vai gostar” e cara ele subiu ele deu um show, ele preparou toda a palestra, aqueceu toda a plateia pra mim sabe, porque eu estava lá substituindo o cara mais esperado do evento que era um gringo que não conseguiu chegar, então imagina a pressão que tava em cima de mim sabe, que não tinha sido informado ainda que esse cara não ia palestrar, ninguém sabia que eu ia subir no palco, então eu ia pegar um momento mais difícil de todos assim, e aí foi lindo cara, eu já cheguei brincando no palco e a galera chorou de rir, comecei a conectar uma piada atrás da outra e vi que a galera foi comprando todas as piadas e eu falei “Pronto, o público tá na minha mão”, em menos de doi minutos eu já tinha o público na minha mão cara, e aí eu dei a palestra toda de 40, 50 minutos, foi incrível, foi um marco, até hoje tem gente que me para e fala “Aquela palestra foi a melhor palestra da minha vida”, e aí toda vez eu faço isso, toda vez que vou subir no palco eu viro e falo “Cara, só depende da gente, vambora” e eu piso no palco com propriedade, não piso no palco com medo, o que o pessoal fala no teatro que é “jogar a rede”, eu jogo a rede. Hoje eu tenho formação de palhaço, tenho formação de improviso, eu fiz isso para poder ganhar novas habilidades, que eu gosto de ganhar novas habilidades mas mesmo antes de fazer esses dois cursos eu já tinha essa coisa, pisava no palco sem medo nenhum, pisava no palco pra matar sabe, pisava no palco já com olhos de lince, com a faca nos dentes para poder olhar ali pra plateia e mudar a vida deles, então essa frase para mim realmente é o seu hábito que eu faço e que realmente mudou minha percepção de como encarar um  palco.

Henrique de Moraes – Legal, na verdade eu isso dá para fazer todo dia né, acordou, antes de pisar no palco da vida já fala “Só depende de você”

Bernard de Luna – Super aplicável, super aplicável, eu realmente acho que hoje eu tenho muito pouco de culpar os outros, eu gosto muito de assumir as responsabilidades, até sobre coisas que não fiz, eu gosto de assumir porque é isso, prefiro assumir porque eu posso, eu lido com isso muito bem, então pra mim tá ok. Mas essa questão realmente de palco me ajudou muito, não tem medo, quanto maior a plateia mais eu fico mais feliz, mais fico empolgado, fico 0 com medo, 0 treme a perna, 0 frio na barriga, eu fico só assim “Cara, o que eu vou fazer pra mudar a vida dessa galera?”, “O que vou fazer de novo?”, “Como é que vou empolgar essa galera”, eu fico empolgado para isso sabe, não fico mais preocupado se vai dar certo ou não, hoje tenho 0 isso.

Henrique de Moraes –  Legal cara, acho que é um bom lugar aqui para gente encerrar, essa mensagem aí para galera, “Só depende de você, só depende da gente”, acho que cara, eu concordo plenamente assim, tá muito alinhado com o que eu acredito e como eu toco a minha vida também embora eu tenha passado por momentos em que eu achava que tinha que culpar os outros, acho que talvez isso tenha me feito aprender, então acho que é um bom lugar

Bernard de Luna – Todos nós, todos nós

Henrique de Moraes –  E aí cara, só para terminar onde que as pessoas podem te encontrar? Você já falou do seu LinkedIn, Instagram, onde mais você tá? Quer passar aí os @ pras pessoas te encontrarem?

Bernard de Luna – Tudo meu é @bernarddeluna, então você pode entrar no Tinder, tô brincando Tinder não, pode entrar no Instagram, pode entrar no LinkedIn, pode entrar no meu site bernarddeluna.com.br, tudo meu você vai encontrar por lá, minha newsletter bernarddeluna.com.br/newsletter você vai encontrar, se você procurar meu podcast no Spotify você vai achar lá como “Podcast De Luna”, então tudo meu é @bernarddeluna, é só encontrar, manda mensagem pra mim, se eu puder de ajudar de alguma forma ou se quiser dar um feedback de como foi essa gravação desse podcast, como te tocou isso vai ser bem legal de ouvir, podem mandar mensagem pra mim que eu sou super receptivo

Henrique de Moraes – Maravilha Bernard. Cara, foi um prazerzaço mesmo bater esse papo contigo, sensacional cara, sempre bom, tava com saudade de falar com você, vamos ver se a gente consegue marcar mais vezes, com mais frequência agora

Bernard de Luna – Com certeza, adorei cara, obrigado pelo convite fiquei super feliz que a gente conseguiu fazer isso super rápido e também, foi um prazer conversar com você de novo, acho você um cara muito incrível, acho que vai ser legal demais a gente poder fazer isso mais vezes.