calma! #2 com Thalita Gelenske
Thalita Gelenske possui uma experiência profissional de mais de 9 anos na área de gestão da diversidade e cultura organizacional, atuando principalmente nos temas de: diversidade organizacional, gestão do engajamento, treinamento, employee value proposition (proposta de valor da marca empregadora) e gestão de projetos sociais. sua trajetória inclui empresas com Vale SA, Walt Disney World e o movimento empresa júnior. Thalita é mestre pela FGV, especialista em Liderança, Inovação e Gestão 3.0 (PUC), administradora de empresas pela UERJ e possui Certificação Internacional em Gestão de Projetos Sociais (PMD Pro – APMG). atualmente, Thalita trabalha como CEO da sua própria startup, a Blend Edu, que oferece treinamentos e experiências educacionais para promover diversidade e inclusão em empresas brasileiras. a startup já apareceu em matérias na Época Negócios, HSM Management, Projeto Draft, Jornal O Dia e na Revista PEGN. No seu portfolio estão empresas como 3M, Grupo Fleury, Reserva, Prumo Logística, TechnipFMC, brMalls, etc. com perfil proativo e direcionado ao impacto positivo, Thalita participa ativamente de diversos grupos de jovens líderes, tais como Global Shapers (Fórum Econômico Mundial), United People Global e Young Leaders of the Americas Initiative (YLAI), sendo também reconhecida como a Valuable Young Leader nº1 do Brasil em 2017 pela Eureca e pela Harvard Business Review Brasil.
em 2019, Thalita foi selecionada para a lista Forbes Under 30 e também pelo Fórum Econômico Mundial para representar a juventude brasileira durante o Encontro Anual, em Davos.
não é pouca coisa, minha gente! e além disso tudo, a Thalita é uma pessoa extremamente carismática e cativante. eu adorei bater esse papo com ela e, se vocês ouvirem com carinho e atenção, vão tirar muitas lições desse episódio.
LIVROS E TEXTOS CITADOS
- A Arte da Imperfeição – Brené Brown
- The Effective Executive – Peter Drucker
- Minha História – biografia de Michelle Obama
- Escolha ou obrigação – texto de Seth Godin
- Originals – Adam Grant
- Option B – Adam Grant e Sheryl Sandberg
- Give and Take – Adam Grant
PESSOAS CITADAS
- Brené Brown
- Oprah Winfrey
- Deepak Chopra
- Barack Obama
- Donald Trump
- Steve Jobs
- Príncipe William
- Peter Drucker
- Michelle Obama
- Julia Roberts
- Cate Blanchett
- Seth Godin
- Tiago Mattos
- Adam Grant
- Sheryl Sandberg
FRASES E CITAÇÕES
- “Existem mais pontos que nos aproxima e que nos conectam do que pontos que nos distanciam, como é que a gente consegue pensar nossas vidas pessoais e nossas trajetórias profissionais de modo que a gente possa construir mais pontes, mais conexões, mais empatia ao invés de criar muros e distanciamento?” – fala de Thalita citada por Henrique
- Se cerque de pessoas que vão te elevar de alguma forma – frase de Oprah citada por Thalita
- “A vida ela faz sentido olhando pra trás e conectando os pontos” frase de Steve Jobs citada por Thalita
- “Everything comes full circle” frase filme carol citada por Thalita
- “Se é uma obrigação, você não tem uma escolha, fingir que você faz é simplesmente uma maneira de criar frustração. Liberte-se, para simplesmente fazer o que você tem que fazer. Por outro lado, se você tem uma escolha (e você provavelmente tem), não faz sentido você tratá-la como uma obrigação, então assuma a escolha” trecho do texto de Seth Godin
- “own the choice” – termo em inglês do texto de Seth Godin
- “A minha responsabilidade é do tamanho do meu privilégio” citada por Thalita
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Henrique de Moraes – Olá Thalita, seja bem-vinda ao calma e antes da gente começar eu queria trazer uma fala sua aqui, porque quando eu estava fazendo a pesquisa pra esse episódio eu esbarrei nela e eu achei bem legal e acho que faz um match aí com propósito desse podcast né e a fala é a seguinte “Existem mais pontos que nos aproxima e que nos conectam do que pontos que nos distanciam, como é que a gente consegue pensar nossas vidas pessoais e nossas trajetórias profissionais de modo que a gente possa construir mais pontes, mais conexões, mais empatia ao invés de criar muros e distanciamento?”e o motivo de eu trazer essa fala é que um dos objetivos desse podcast é trazer pessoas com diferentes backgrounds, diferentes trajetórias, e mostrar que todas elas passam por inúmeras dificuldades e que é possível superá-las, e que a gente, ou seja, todo mundo que tá ouvindo esse podcast tem mais pontos em comum com essas pessoas do que elas preferem acreditar né, então antes de qualquer coisa queria já agradecer porque antes mesmo de você falar uma palavra eu falei para caramba e você já começou as inspirando esse podcast, então seja bem-vinda.
Thalita Gelenske – Obrigada Henrique, obrigada pelo convite né, de compartilhar um pouco da minha trajetória, de falar um pouco sobre as coisas que me movem, tô animada aí para compartilhar isso com vocês, claro que a minha perspectiva em tudo que eu vou compartilhar perpassa pelo fato de eu ser uma mulher, branca, homossexual, de classe média, nascida em Recife mas criada no Rio, então tem uma série de coisas que definitivamente eu corri atrás e tentei de alguma forma buscar essas oportunidades e me desenvolver pra me tornar uma pessoa melhor também, e contribuir pro mundo de alguma forma, mas existem uma série de outras coisas e de privilégios que eu também tive ao longo da minha vida, então acho que tudo que eu vou falar aqui claro que vai perpassar pela experiência pessoal que eu tive, e espero que seja útil pra mais pessoas que tão ouvindo a gente.
Henrique de Moraes – Legal, eu queria perguntar se você lê muito? Vou começar bem aleatório.
Thalita Gelenske – Olha, vou te falar que eu já li mais do que eu leio hoje. Eu tô até num momento assim, 2020 começou de uma forma de eu tentando repensar algumas coisas porque 2019 foi um ano que eu acabei trabalhando muito, principalmente no segundo semestre, empreendendo, então tiveram algumas oportunidades que surgiram que eu aproveitei, mas foi muito intenso assim, pessoalmente e profissionalmente, então eu acabei não lendo tanto quanto eu gostaria, e os livros que eu comecei a ler e estar olhando mais a fundo eram sempre livros muito de gestão, de empreendedorismo, então eu tô até querendo resgatar o meu hábito de leitura, de poder ler outros livros que não necessariamente tenham a ver com trabalho, então é uma meta minha pra 2020, mas eu gostaria de ler mais, eu tô longe de ser aqueles exemplos de pessoa que lêem 3 livros por mês, e conseguem recomendar centenas de livros, mas espero esse ano chegar um pouquinho mais perto desse perfil.
Henrique de Moraes – Quando você lê, você prefere ler livro físico ou prefere ler no Kindle, eu sei que você viaja bastante então acho que isso pode ajudar as pessoas também.
Thalita Gelenske – Sim pois é, por incrível que pareça eu prefiro ler livro físico, ainda tenho um pouco desse desse hábito assim, de ser uma pessoa muito visual, de às vezes gostar de fazer alguma anotação, marcar coisa no livro, principalmente quando tem algum livro que eu vejo algum conceito que eu quero voltar depois, ou que quero usar em algum treinamento, acabei por mais que eu já tenha nascido né, ali em 89, final da década de 80 e a partir daí a gente começou a ter internet, eu ainda adquiri o hábito né, assim meu ensino médio inteiro e boa parte da minha faculdade ainda foi bem antes de boom de smartphone, então o meu hábito de estudo, leitura, sempre foi muito no físico e isso ainda se mantém apesar de admitir que chega uma hora que a gente não sustenta tanto livro na casa, não tenho mais lugar para guardar, então eu comecei a usar a técnica de também dar de presente assim, de fazer alguma dedicatória, dar livros de presente, livros que eu já li até, não necessariamente livros novos, então acho que eu ultimamente tenho lido bem mais livros físicos do que livros no Kindle, enfim, PDF, formatos online.
Henrique de Moraes – Isso é engraçado né, porque eu nunca li um livro mais de uma vez, mentira eu já li 1 livro mais de uma vez, mas o resto todo eu li uma vez e fica lá e eu falo “Vou guardar porque um dia eu posso querer ler de novo”, e eu nunca li. Faz todo sentido a gente desapegar né, e acho que é um exercício que pouca gente faz.
Thalita Gelenske – É. Admito que eu sou até bem apegada também, tem uns livros que eu sou muito apaixonada e não necessariamente dou depois, mas eu já fiz isso inclusive, teve uma vez que uma amiga tava precisando muito, tava passando por um momento mais difícil e teve um livro que eu gostei muito quando eu li, e ele tava todo marcado, cheio de post-it, cheio de anotação, mas eu resolvi dar para ela esse livro mesmo, porque eu achei que ia ser até simbólico entregar para ela com as minhas anotações, então é um dos poucos exemplos de desapego de livro.
Henrique de Moraes – E o ruim do livro digital é que não tem isso né, inclusive eu tive um estresse com a Amazon, porque antes de comprar o meu Kindle, eu testei no da minha esposa né, da Gabi, e eu comprei vários livros no Kindle dela, aí depois que eu comprei o meu, queria passar pro meu e não conseguia, eles não deixam você fazer isso, e isso me irritou tanto, mas assim, passou, hoje eu leio no dela mesmo ,fazer o quê, os livros estão lá, eu vou lendo, não tem problema, mas é uma coisa, Amazon se você estiver ouvindo a gente, pensem nisso, vocês podem também deixar a gente doar os livros, porque é importante passar conhecimento.
Thalita Gelenske – Definitivamente.
Henrique de Moraes – Legal. Mas o motivo de eu ter te perguntado isso logo no início é porque quando eu tava fazendo minha pesquisa pra esse episódio né, eu gosto de ouvir um pouco, tentar encontrar o máximo que eu puder das pessoas antes de fazer a entrevista e me preparar um pouco pra ela, eu vi algumas, vi um webinar seu com a revista HSM, e vi algumas outras coisas assim, não achei tanta coisa quanto eu gostaria, de repente, mas eu encontrei algumas coisas, e eu percebi que você tem uma fala que é super clara e articulada, e isso é uma coisa que eu invejo muito nas pessoas, admito, e assim, até do nível né que você tem assim, pelo menos da percepção que eu tive, e eu fiquei curioso, você treinou isso, você fez algum curso, você estudou de alguma forma, como é que, ou se surgiu naturalmente né, se isso é natural pra você?
Thalita Gelenske – É, acho que eu sempre gostei muito de escrever, e é uma forma muito boa para eu me expressar e falar sobre os meus sentimentos, acho que tinham coisas que eu às vezes tinha até dificuldade de verbalizar, na fala, e aí eu comecei a desenvolver um pouco mais o hábito de escrever, desde que eu era um pouco mais nova, adolescente, então gostava às vezes de escrever carta pra dar de presente pra alguém, enfim, eu escrevia muito sobre meus sentimentos, e aí depois eu acho que, é muito curioso assim, eu brinco que as pessoas dizem assim “Ah, você é virginiana né”, virginiano tem aquele estereótipo de ser muito organizado, metódico, e eu brinco que a minha organização não necessariamente é física, mas ela é meio mental, quero ter as coisas mentalmente organizadas, e eu sempre gostei também de dar aula, no sentido de às vezes no ensino médio a gente fazia grupos de estudos, com amigas, e eu compartilhava às vezes algum conteúdo de matéria que eu dominava mais, aí aprendia com alguém algum conteúdo que eu dominava menos, acho que o ato de dar aula, de você sistematizar a informação de uma forma simples para você transmitir isso pro outro, é uma coisa que ajuda muito, essa clareza, e foi uma coisa que eu comecei organicamente a fazer, mais cedo, quando era adolescente nesses grupos de estudo, e depois quando eu tava entrando na faculdade de administração e comecei a fazer parte do movimento empresa júnior, a gente tinha que atuar fazendo consultoria também para pequenos e médios empresários, negócios locais, então também não fazia muito sentido ter uma linguagem extremamente rebuscada, a gente tentava conversar e explicar conceitos de negócios de forma muito simples, então acho que foi coisa que eu fui desenvolvendo assim, como você sempre fica um pouco da sua linguagem, de conteúdos e etc, e eu acho que eu até mantive um pouco disso até durante o mestrado, um pouco depois que eu terminei a graduação eu fiz um curso de mestrado, que foi muito legal, que foi em outra área de conhecimento completamente diferente né, foi em ciências sociais, eu me formei em administração, e eu também fui vendo, assim, todo um debate que tinha sobre a academia e como muitas vezes o que a gente escreve ou o que a gente produz como conteúdo acadêmico não é acessível para todo mundo, porque às vezes vem de uma linguagem muito rebuscada, e que não necessariamente todo mundo entende né, ainda mais quando a gente entende a realidade do Brasil né, historicamente, enfim, todos os dados, então até no mestrado eu também me preocupei muito em escrever, na época né, minha dissertação, e fazer ali os artigos, tentando simplificar ao máximo a linguagem, e isso obviamente, depois quando decidi empreender com educação corporativa também com essa parte de treinamento, acabou sendo uma habilidade boa assim, acabou sendo um diferencial também de como trabalhar conteúdos que às vezes para as pessoas podem parecer completamente abstratos né, você falar de inclusão, falar de diversidade, mas traduzir isso de uma forma simples, que você consiga ter pessoas de diferentes regiões, diferentes localidades ou diferentes níveis educacionais compreendendo, então acho que foi meio que por aí assim, não foi uma coisa que eu busquei, uma qualificação formal para desenvolver isso, mas eu acho que algumas vivências, experiências, desde cedo me estimularam a acabar desenvolvendo isso e usando no meu dia a dia.
Henrique de Moraes – Muito legal, e acho que faz toda a diferença né, porque especialmente, eu não sei, hoje em dia né, acho que as pessoas estão mais familiarizadas com o trabalho de vocês, e com a assunto né, mas a sensação que eu tenho é que quando você começou isso aqui tudo era mato, então acho que para você conseguir passar o conteúdo e passar inclusive qual era o impacto que você queria causar acho que foi fundamental, acredito que tenha sido fundamental
Thalita Gelenske – Sim, com certeza.
Henrique de Moraes – Então deixa eu te fazer uma outra pergunta que tem a ver com essa assim, como você prepara as suas apresentações? Você pensa muito nelas, você leva muito tempo, tem alguma formatação específica, alguma forma de pensar, ou você só faz no feeling? Pode passar um pouco sobre esse processo?
Thalita Gelenske – Claro, claro. Eu sou muito visual, então eu sempre tento construir também apresentação, normalmente com powerpoint ou com slides que sejam atrativos de e que às vezes não tenham obviamente muito texto, mas que me lembrem qual que é o elemento que eu quero destacar, qual que é a mensagem que eu quero reforçar naquele slide, normalmente quando eu começo a planejar uma apresentação eu penso assim, primeiro eu listo quais são os tópicos que eu quero abordar ou que me pediram para abordar de uma forma geral, mesmo que eles não estejam conectados né, então às vezes fazer isso até em post-it ajuda, porque post-it te dá uma mobilidade né, ou então para quem gosta de rabiscar também, pode rabiscar, eu começo a anotar esses tópicos, e depois eu começo a pensar de alguma forma como pode ser o storytelling né, como é que eu posso criar uma narrativa que tenha início, meio e fim, que aqueles conceitos não fiquem absolutamente soltos, então eu começo meio que daí, listando os tópicos, depois meio que tentando criar uma conexão entre eles assim, uma linha mestra para conectar eles entre si de uma forma ordenada que faça sentido, e eu também tento pensar muito no perfil do público-alvo, porque eu posso estar conversando desde, com altos executivos que estudaram fora, como eu posso estar falando, como muitas vezes acontece a demanda, de estar com alguma empresa de base operacional, industrial, e estar falando com o que a gente chama de público técnico-operacional, pessoas com formação técnica que tão ali trabalhando com alguma atividade operacional mesmo da empresa, então dependendo do público né, dependendo do segmento eu tento até customizar alguns dos exemplos, ou como eu vou chamar a atenção, por exemplo a gente fez uma ação ano passado que foi pra uma empresa do mercado financeiro, então eu tentei trazer exemplos, eu tava falando na época sobre diversidade, então eu tentei trazer exemplos de como outras empresas do mercado financeiro estavam trabalhando esse tema, quais foras as ações que elas fizeram, eu trouxe muito indicador de como diversidade impacta resultado financeiro, que já existem hojes essas pesquisas, e vai variar, se eu estiver falando com um público, por exemplo, de RH, de repente eu falar um pouco mais sobre como diversidade impacta em gestão de talentos, em colaboração, então eu também acabo adaptando, mesmo que o conteúdo em si seja o mesmo, a forma também como eu trabalho esse conteúdo, eu posso eventualmente escolher exemplos ou algum ponto para aprofundar, que tenha, faça sentido para aquela pessoa e que eu tente de alguma forma ganhar a escuta dela a partir daquele exemplo.
Henrique de Moraes – Muito legal, acho que essa dica é uma das mais importantes assim, que as pessoas não prestam tanta atenção assim, criam uma apresentação, e elas acham que aquela apresentação não é pra todo mundo, e não, na verdade não, você tem que adaptar sim, o máximo possível, você tem que falar com a sua audiência específica para aquela apresentação, aquele local, enfim isso é realmente muito legal.
Thalita Gelenske – E um outro ponto, só pra complementar rápido o que eu comentei, eu sempre tento também assim, olhar muito e meio que ler muito a apresentação pra eu lembrar mais ou menos a ordem, como eu conecto um slide com outro, porque eu acho que pelo menos eu tenho dificuldade quando eu tô vendo uma apresentação e você vê que a pessoa passa o slide para lembrar o que ela ia falar, eu acho que te prende mais a atenção quando a pessoa já te dá um ganho, e aí ela passa o slide já tendo introduzido aquele assunto, então mostra que a pessoa já tinha um domínio ali sobre o conteúdo, enfim, sobre o que tava apresentando, então é uma coisa que eu tento fazer, mas algo que ajuda absurdos é o modo de apresentação do PowerPoint
Henrique de Moraes – É, eu ia falar sobre isso.
Thalita Gelenske – Nossa, ajuda muito, porque tem várias vezes que eu tô fazendo alguma apresentação, algum treinamento, que tá no projetor, na tela do projetor tá a minha tela cheia aparecendo, mas no meu computador tá naquele modo de apresentação do powerpoint, ele sempre te mostra menorzinho teu slide principal, e ele coloca ali qual é o slide seguinte, e ele ainda te possibilita arrastar e meio que pular vários slides sem que a pessoa veja que você tá passando, isso ajuda muito porque por exemplo, como eu dou alguns treinamentos mais longos e com interação, em que a gente às vezes vai ter algum debate ou vai discutir alguma ferramenta, tem coisas que no papel a gente planeja e acha que vai durar meia hora mas que às vezes dura quase uma, então esse modo de apresentação me ajuda muito porque às vezes durante um treinamento, se eu vi que o pessoal participou mais, a gente demorou mais numa dinâmica do que eu tinha imaginado, eu pulo alguns slides ou então pulo algum vídeo que não seja tão fundamental assim, então eu fico muito feliz quando eu consigo conectar meu computador e usar o meu próprio powerpoint porque eu consigo colocar nessa configuração que ajuda muito na apresentação.
Henrique de Moraes – Verdade, e só pra, fica a dica né, para começar, porque é muito importante, e para quem não sabe o Google Apresentações também tem o modo apresentação, então você consegue colocar ali, eu sempre uso vários, vou colocando macetes, colocando dicas para mim mesmo sobre o que eu tenho que falar no próximo slide para eu me lembrar e já puxar os ganchos, então assim, faz muita diferença realmente.
Thalita Gelenske – Nossa, eu não sabia, boa dica, essa eu não, no Google não cheguei a usar não.
Henrique de Moraes – Pois é, a gente aqui faz tudo na nuvem, então eu nunca nem baixei no meu computador para você ter uma noção, nada do Office, uso tudo do Google, então se tiver alguma dúvida fala comigo que eu provavelmente vou conseguir tirar. Bom, aproveitando que você falou aí nas últimas perguntas, que você tava falando que você tem o hábito de escrever, sempre gostou de escrever muito, escrevia cartas, escrevia sobre seus sentimentos, você mantém esse hábito hoje, e se você mantém, você ainda escreve sobre seu sentimento, você escreve sobre alguma outra coisa, você tem o hábito de escrever para alinhar seus pensamentos ainda de alguma forma, como é que funciona isso hoje em dia?
Thalita Gelenske – Hoje eu acabo usando mais tempo de escrita com alguns conteúdos de blog, e gerando mais conteúdo mesmo pra minha startup, é o que está consumindo mais do meu tempo hoje porque empreender a gente sabe que não é simples e não é fácil, mas o que eu também ainda tenho o hábito de fazer, e claro que é cíclico, tem momentos que eu recorro mais, momentos que eu recorro menos, mas uma dica que eu li no livro da Brené Brown, e aí acho que é outra dica que eu dou assim, eu sou apaixonada pela Brené Brown, ela é uma pesquisadora americana que tem um dos TED Talks mais assistidos no mundo né, que é “O Poder da Vulnerabilidade”, logo depois ela lançou o segundo Ted Talk também, que foi muito ouvido que é o “Listening to Shame”, que eu acho que a tradução talvez seja “Ouvindo a Vergonha”, alguma coisa assim, e depois que eu vi o Ted Talk dela eu fiquei encantada pelo que ela trouxe de conceito sobre vulnerabilidade, como a gente lida com isso no nosso dia a dia, e eu comprei, tenho todos os livros dela, eu comprei o segundo livro dela que é o “A arte da Imperfeição”, foi o primeiro livro dela que eu comprei e é um dos que eu mais gosto porque eu acho que ela resume a pesquisa dela de uma forma muito didática, muito simples, e ela é divertida nas histórias que ela conta, e uma das dicas que ela dá durante o livro é falar como os conceitos de gratidão e felicidade estão conectados, e obviamente ela traz disso à partir de pesquisa, o livro inteiro foi feito a partir de uma pesquisa que ela fez com várias pessoas, que ela entendia que eram, ela chamava de wholehearted, pessoas que viviam com todo o coração, digamos assim, e ela começou a entender o que essas pessoas tinham em comum, talvez até um pouco parecido com que você tá fazendo no podcast, ela foi conversando e óbvio que com método de pesquisa, ela foi tentando identificar, e ela viu essa conexão muito forte entre gratidão e felicidade, e aí o que ela diz é que não é que você é muito feliz ou tenha muitos motivos para ser feliz e aí você é grato, na verdade às vezes a equação é o contrário, você pratica muita gratidão e isso consequentemente acaba elevando o teu índice de felicidade, e ela diz que assim, por mais que a gente olhe no nosso dia a dia e fale “Não, mas eu sou uma pessoa muito grata”, ela disse que o que vai fazer muito a diferença para você é quando você pratica de forma muito tangível e específica a gratidão, e aí ela ela recomenda no livro que você faça como se fosse um caderninho de gratidão, e que você tente que anotar, no final de cada dia, sei lá, antes de dormir,você pode pensar no melhor formato, né, eu tenho feito isso mais antes de dormir, de às vezes anotar quais são, sei lá, três coisas que aconteceram naquele dia pelas quais eu seria grata, e ela recomenda que você inclusive faça isso naqueles dias que você olha assim, que você acha que o dia foi horrível, que você não tem nada para agradecer, mesmo assim liste as três coisas, por que nem que seja “Eu tô com saúde, tenho um lugar pra morar”, você sempre vai ter alguma coisa pra agradecer, então acho que eu ainda tenho mantido um pouco do hábito de escrita assim, em alguns dias quando eu tento fazer isso antes de dormir, eu tento de alguma forma colocar isso, seja no celular ou em algum caderninho físico mesmo, que normalmente é o que eu tento fazer, e anotar as coisas pelas quais eu sou grata, então acho que é o que eu ainda tenho assim, o hábito de escrever sobre sentimentos ou acontecimentos de uma forma não tão profissional, digamos assim.
Henrique de Moraes – Cara muito legal, e que bom que você trouxe isso porque eu vou falar sobre duas coisas aqui rapidinho que são, uma, eu também tenho esse hábito, que eu aprendi na verdade ouvindo um podcast, e que se chama, na verdade eu não sei é uma metodologia, enfim, não sei o que é, existe um estudo por trás que se chama “five minute journal”, que seria “o diário de 5 minutos”, acho que essa é a tradução, em que você faz, de manhã você preenche três coisas que você é grato por, três coisas que deixariam o seu dia incrível, e alguma afirmação pessoal, e depois à noite você fala três coisas incríveis que aconteceram e como você poderia ter feito o seu dia melhor, e eu comecei a fazer isso porque eu sou, eu tenho um perfil de não olhar para as coisas foram feitas e não agradecer, ou sei lá, nem perceber, na verdade, eu acho que eu passo tão batido, eu to tão acelerado com dia a dia e com as coisas que eu preciso resolver, com as coisas que eu tenho que alcançar e com os objetivos que eu coloquei para mim mesmo, que eu não tenho o hábito de enxergar as coisas que já foram feitas e tudo que eu passei, e eu ouvi isso de um cara que também é assim né, e eu comecei a implementar isso na minha vida também, como uma tentativa de agradecer pelas coisas e enxergar essas pequenas vitórias né, na verdade, e fez um diferença da minha vida assim, ela eu acho que é só com hábito, se você faz uma vez por semana, ou qualquer coisa, não funciona, comigo só funciona quando eu consigo fazer pelo menos cinco dias seguidos, quando eu consigo ter continuidade, e faz uma diferença, eu comecei a perceber tanta coisa assim, que a gente às vezes não dá valor porque a gente está sempre pensando no prêmio, pensando no futuro, ou depositando a felicidade no futuro, que você esquece de enxergar as pequenas coisas que você tem, que são maravilhosas e que você tinha que agradecer todos os dias, no final das contas.
Thalita Gelenske – Sim, faz muito sentido, e eu acho que eu eu sou muito parecida também, eu acho que eu tendo a celebrar pouco as coisas que eu conquisto, que eu faço, porque eu acho que, eu cresci com aquele aquele perfil assim, de que você tira 10 e que não fez mais do que sua obrigação, parece que nunca as coisas estão boas o suficiente, eu sempre tô olhando pra qual que é o próximo, qual que é a próxima barra que eu vou subir, qual que é a próxima coisa que eu quero fazer, ou que eu quero de alguma forma melhorar ou conquistar, enfim. E às vezes eu não olho, não paro para olhar para o presente e fazer exatamente isso que você falou, então também foi um hábito que me fez muito bem.
Henrique de Moraes – E é engraçado assim, eu tive uma situação, acho que a um mês e meio atrás e que eu tava fazendo muito certinho, todos os dias, eu tava fazendo esse five minutes journal, tava preenchendo, e eu me peguei numa situação em que eu enxerguei todas as coisas boas que aconteceram na minha vida do nada, foi um momento assim, que eu olhei pro lado eu falei “Cara, olha quanta coisa boa”, e eu comecei a chorar, e eu fiquei quietinho, não queria ver ninguém, eu tava no meio de uma situação familiar e eu fiquei quietinho na minha, chorando no canto, com vergonha de aparecer para ninguém me ver, e foi muito engraçado porque eu não esperava que isso fosse acontecer, foi muito engraçado isso e eu tenho certeza que se eu não estivesse fazendo esse exercício diário isso não teria acontecido, eu estaria com a minha cabeça em outro lugar, pensando no futuro, pensando nas coisas que eu não conquistei, enfim, e ainda falando sobre a Brené Brown né, que você trouxe, outro dia eu tava ouvindo um podcast com ela, foi a pouco tempo inclusive, uma coincidência, em que ela falou uma coisa que eu achei muito legal assim, e eu queria dividir com as pessoas, porque eu acho muito importante, ela tava contando né, um pouco sobre o relacionamento dela com o marido, e ela fala o seguinte, que eles têm uma forma de lidar com o estresse né, e os problemas do dia a dia, que é o seguinte, quando ele chegou em casa eles informam um para o outro qual é o percentual que você tá no dia, então quanto mais baixo, ou seja, mais ferrado, mais estressado. Então posso chegar e falar que “Tô 20% hoje”, a aí a ideia é que o seu companheiro ou companheira, enfim, fale “Ah beleza, eu consigo chegar nos seus 80 hoje, eu vou compensar por você”, e eu achei isso tão simples e tão objetivo e tão maravilhoso assim, porque é tão fácil de você colocar na sua vida, e às vezes as pessoas têm problemas de comunicação né, eu vejo muito isso, que as pessoas às vezes estão estressadas, elas chegam em casa estressadas, e ao invés da pessoa ajudar ela a superar e lidar com aquilo ali, na verdade ela se estressa também, e fica puta porque a outra pessoa está estressada, né, e aí acaba isso virando uma bola de neve, então eu achei isso tão legal, até conversei com a Gabi, minha esposa, pra gente implementar isso nas nossas vidas porque eu falei “Cara, vai facilitar tanto”, às vezes eu tô estressado com o trabalho ou ela tá estressada com a Alice, que é nossa filha, que assim, dá trabalho, é um bebê de 7 meses, ela vai fazer muita besteira ainda, e eu chego em casa ela tá estressada, e se a gente não tem essa comunicação muito clara, acaba que eu não consigo saber quando dar uma trégua para ela né, e tentar ajudar ela ali nas tarefas que faltam fazer, né, de casa ou qualquer coisa e nem se eu chegar estressado da mesma forma, se eu não falar nada com ela e só sair cuspindo marimbondo ela talvez vá ficar estressada também e não vai conseguir ter empatia para de repente, “Ah, eu vou então cuidar dessas coisas aqui pro Henrique poder focar no que ele tem que resolver e ficar mais tranquilo”.
Thalita Gelenske – Nossa, ótima dica, já curti! O papo já tá valendo pelas duas dicas que você já deu.
Henrique de Moraes – Acho que a dica principal aqui é: consumam conteúdo da Brené Brown! Hahaha, porque a gente tá só aqui sendo catalisador, né, tá só espalhando.
Thalita Gelenske – Verdade, verdade.
Henrique de Moraes – Bom, vamos seguir aqui, pelo o que eu acompanho, vou admitir que eu sou uma pessoa, embora eu trabalhe com redes sociais, minha agência faz conteúdo, eu não sou uma pessoa super atuante em redes sociais, mas eu tento ali ficar no Linkedin pelo menos, fazer uns contatos, e fazer o que eu tenho que fazer, e eu te acompanho por lá, especialmente, e eu vejo que você tá numa rotina frenética, pelo menos no ano passado você tava viajando muito, você viajou pro mundo inteiro e tava dando um monte de workshop, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, e eu queria entender no meio de tudo isso, como é que você faz para se manter atualizada, como você busca conhecimento, que tipo de conhecimento você costuma buscar na verdade, hoje em dia você já falou um pouco que tem lido um pouco mais sobre empreendimentos, empreender na verdade, mas especialmente como você mantém a sua saúde física e mental no meio de tanta coisa, acho que isso é o principal.
Thalita Gelenske – É sempre um desafio, e eu gosto muito do conceito de que a vida é uma questão de equilíbrio, nunca vai estar tudo 100% lindo e maravilhoso né, porque às vezes a gente fica nesse que tem que estar sempre comendo bem, se exercitando, e dormindo bem, e fazendo, e às vezes vão ter alguns pratos que vão cair um pouco, e você vai ali mantendo de alguma forma o equilíbrio da melhor forma que você consegue né. O que eu tenho tentado fazer assim, primeiro em relação à se manter atualizada e buscar conhecimento, meus pais são professores né, então desde cedo eu cresci com eles falando assim “Olha, a gente não tem herança pra te dar, a gente não tem nada pra deixar, mas a gente vai investir, fazer o máximo, mesmo em períodos de aperto, pra investir na educação sua e do seu irmão, porque é o que vocês vão carregar com vocês, é uma coisa que ninguém nunca vai roubar”, então desde cedo assim eu tenho tentado, sempre gostei muito de investir, sempre tive muita curiosidade de aprender coisas diferentes e aplicar essas coisas, então é uma coisa que eu sempre comecei buscando, mas de 2017 pra cá teve uma virada de chave muito grande pra mim, que depois que eu passei por um mergulho assim de autoconhecimento, de entender um pouco mais o que me movia, como as coisas faziam sentido para mim assim, em termos de propósito, o que eu queria deixar de alguma forma de legado, todos os privilégios que eu já tive ao longo da vida e a responsabilidade que eu tinha diante desses privilégios, enfim, uma série de reflexões. Eu comecei a fazer parte de alguns grupos, redes de jovens que se envolvem em projetos, que querem de alguma forma né, fazer projetos pra impactar sua cidade, ou enfim, ficar em projetos ligados à sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, e quando eu comecei a entrar e fazer parte desses grupos de jovens, digamos assim essas redes, o conhecimento começou a chegar para mim não só de uma maneira formal né, de quando eu sento, vou para sala de aula, ou tô vendo um vídeo, um TED, mas eu comecei a aprender muito com os outros e eu comecei a entender o poder que as redes tem, tem muita coisa que chega para mim hoje por esses grupos de WhatsApp, de jovens que às vezes não são nem só do Brasil, às vezes de outros países, que estão ali querendo compartilhar uns com os outros conhecimento, oportunidades. eu recebo isso literalmente às vezes pelo Whatsapp, e às vezes quando eu dou a dica, quando eu compartilho nas minhas redes sociais alguma oportunidade ou algum edital, algum evento, às vezes as pessoas me perguntam “Thalita, como você fica sabendo dessas oportunidades?”, e é meio obscuro assim porque infelizmente ainda por mais que tenham hoje alguns sites, isso não é tudo compartilhado em um único lugar, então vai muito dessa questão da rede, de comunidade, de como as pessoas muitas vezes, pessoas que compartilham o mesmo propósito que você, podem te ajudar e podem te ensinar muito, então acho que eu migrei um pouco e tenho visto cada vez mais o poder do aprendizado com o outro, e na prática também. A gente fala muito na área de RH, de Recursos Humanos, que existe uma metodologia chamada 70 20 10, que diz o seguinte, que o aprendizado do adulto ele é só 10% de forma estruturada, em sala de aula, treinamento e etc, ele é 20% com os outros e 70% na prática, e obviamente as empresas utilizam esse conceito até para tentar pensar em ações educacionais e ações de desenvolvimento que não sejam só de sala de aula, apesar da gente ainda estar muito nesse modelo de sala de aula, então como você pode proporcionar projeto, experiências ou conexões com outras pessoas que te ensinam. Então eu acho que hoje a forma mais interessante de eu estar conseguindo me manter atualizada é estar conectada com pessoas que são muito interessantes, com pessoas que como a Oprah fala, que é outra pessoa que eu sou mega fã, que ela fala “Se cerque de pessoas que vão te elevar de alguma forma”, e isso não só me ajuda em termos de conhecimento, mas como são pessoas com valores muito próximos dos meus e são pessoas que estão fazendo também projetos ou trabalhando com coisas com muito significado, e que também me inspiram, esses grupos também são uma forma, essas comunidades e grupos são uma forma muito relevantes também de manter minha saúde mental, porque às vezes eu tô passando por um momento difícil, eu tô assim querendo chutar tudo para o alto e falando “Gente,não tô dando conta”, e essas pessoas eu sei que eu posso recorrer para elas e elas vão acolher, tem uma escuta ativa, vão ter empatia e vão muito possivelmente se relacionar com o que eu tô falando e também de fato se conectar com aquilo e me mostrar que eu não tô passando por aquilo sozinha, então acho que isso ajuda muito nessa nessa jornada, que vai ter inevitavelmente altos e baixos e acho que outro ponto que a gente até falou já um pouquinho mas, eu também sou uma pessoa como eu tava comentando né, muito sobrecarregada mentalmente assim, a sensação que eu tenho é que a minha cabeça tá sempre a mil por hora, então quando eu descobri meditação, eu sou aquela pessoa que falava assim “Ah eu não consigo meditar, tá doido? Eu, meditar? Nunca”, até que eu descobri, uma vez eu tava passando por um momento mais difícil profissionalmente e pessoalmente, anos e anos atrás e tinha terminado um relacionamento, tava meio na fossa, e aí eu descobri, como eu falei sou super fã da Oprah, e eu vi que ela lançou junto com o Deepak Chopra, que é um meio que um guru, acho que ele é indiano, mas ele mora hoje em dia nos Estados Unidos, eles lançaram um desafio de 21 dias meditação, e esse desafio eles abrem no site do Chopra, acho que é chopra meditation center, eles abrem gratuitamente acho que umas três ou quatro vezes por ano assim, acho que uma vez por trimestre tem uma meditação gratuita que durante 21 dias você consegue acessar, se você quiser ter um acesso ilimitado para sempre você paga a assinatura, e aí eu fui fazer os 21 dias de meditação, que começa com uma fala da Oprah, e depois é uma meditação guiada pelo Deepak Chopra, e eu comecei a gostar de meditar, e óbvio, não é todo dia que você vai conseguir meditar perfeitamente, tem dias que eu durmo, tem dias que eu não consigo, minha cabeça tá a mil e eu não consigo dar uma desligada, mas foi um hábito que eu comecei a desenvolver nessa época, e que hoje mesmo quando eu não tô praticando todos os dias, sempre que eu tô passando por um período mais difícil, ou mais sobrecarregado, ou muito intenso, eu tento, eu sei que é uma ferramenta que vai me ajudar, eu sempre volto lá e começo a praticar a meditação, que é uma coisa que tem me ajudado muito e eu descobri que meditar depois de fazer exercício é ainda melhor, eu gosto muito de fazer esporte, e às vezes também malhar em casa, então eu vou improvisando algumas coisas meio funcionais, ou pesos, vendo vídeos no YouTube, e aí depois que, enquanto você tá fazendo exercício físico, acho que a sua cabeça já tende a dar uma desligada né, então assim, você está muito concentrada no movimento ou no exercício, no peso, enfim, e aí quando eu terminava às vezes de fazer o exercício, às vezes direto eu já meditava e era muito bom, acho que as melhores meditações que eu tive foram usando essa técnica assim, logo depois de fazer exercício, porque eu acho que a minha cabeça já tá um pouco menos acelerada, e aí eu acho que até mais propícia para meditar, então acho que é uma outra coisa que eu dou como dica e que tem me ajudado muito nesse nesse processo aí de loucura do dia a dia.
Henrique de Moraes – Ah legal. Você falou sobre tanta coisa que eu quero destrinchar aqui, quero detalhar mais, que até eu fiquei perdido, mas vamos lá, vou puxar uma coisa de cada vez. Você falou sobre em 2017, você teve uma espécie de um mergulho de autoconhecimento né, foi como você colocou aí, eu queria entender o que te levou a isso, a esse momento, de onde surgiu isso, porque que aconteceu, teve alguma coisa específica que aconteceu, ou simplesmente você buscou isso?
Thalita Gelenske – Ah não, legal. Isso até se conecta um pouco sobre a história de criação da Blend Edu, e de algumas experiências internacionais que eu tive. Vou compartilhar um pouco como foi esse processo. Primeiro, acho que foi em 2013, 2014, tava o primeiro reflexo de fato da crise, eu trabalhava na época numa empresa que era de indústria, digamos assim, de base, indústria de base, de commodities, então acho que foram as primeiras empresas a sentir a crise, que depois apertou como um todo no país, a partir ali de 2016, 2015, né, 2014, 2015 e 2016 foram os anos em que ela começou a chegar a taxa de desemprego caiu, mas eu comecei a sentir um pouquinho antes nessas indústrias, aí acho que a partir desse momento de crise, de mudança dentro da empresa que eu tava eu comecei a refletir muito sobre o que que, até que ponto eu estava simplesmente aceitando as oportunidades que as pessoas me davam ou até que ponto eu de fato estava sendo protagonista da minha carreira e criando os caminhos e as trilhas que eu queria de fato seguir. Então comecei um processo de autoconhecimento mesmo, fiz algumas sessões de coaching na época, ainda não tinha dado todo esse boom de profissionais de coaching, mas me ajudou muito, eu também fiz um curso, da Fundação Estudar, na época o nome do curso era Laboratório Estudar, hoje em dia eu acho que eles chamam de Liderança na Prática, e foi muito interessante para eu entender o que que me movia, o que me inspirava, o que me incomodava, enfim foi um exercício muito interessante de autoconhecimento, e que eu comecei a entender que, e conectar uns pontos de que no final talvez o meu propósito, digamos assim, era contribuir para espaços, pra uma cultura, um país mais inclusivo, com maior respeito e mais empatia, e comecei a pensar então como é que eu posso fazer alguma coisa em relação a isso né, foi a época também que eu tava terminando meu mestrado e eu fiquei refletindo muito até que ponto minha dissertação ia mudar a vida de alguém, falei “Caramba, acho que só minha família vai ler, e só a parte de agradecimentos”, então eu comecei meio que a pensar sobre isso, e foi quando eu pensei pela primeira vez na Blend Edu, eu falei “Cara, quero criar um projeto, que eu não sei se vai ser uma startup, uma ONG, se vai ser um projeto voluntário, mas para contribuir pra um futuro mais inclusivo, mais empático, pelo poder de educação”, porque eu sempre acreditei muito na educação, mas não sabia como nem o que que eu ia fazer. E aí comecei na época também a frequentar alguns cursos sobre empreendedorismo, solução criativa de problemas, na época aqui no Rio o ecossistema empreendedor tava muito forte, tinha aqui a 21212 que era uma aceleradora, enfim, acabei mergulhando também nessa área de empreendedorismo, aprendendo um pouco mais sobre, eu ainda trabalhava no horário integral, mas foi cultivando meio que essa ideia de construir ali com a Blend talvez produtos e serviços que pudessem contribuir, ou para escolas, ou para empresas, que era um ambiente que eu também já conhecia. E 2017 né, o que você me perguntou do grupo que eu, o primeiro grupo que eu entrei, a primeira comunidade que eu me inscrevi e passei no processo seletivo, foi uma comunidade chamada Global Shapers, que é ligada, apoiada pelo Fórum Econômico Mundial, e apesar de ter um apoio institucional, cada grupo, cada hub, como a gente chama, por cidade, tem a autonomia de pensar nos seus projetos, pensar nas suas atividades, enfim, é completamente autogerido, e o grupo aqui do Rio, que eu entrei, era cheio de pessoas incríveis, extremamente inspiradoras, envolvidas em projetos como nada que eu tinha visto antes, isso expandiu acho que a minha, meu olhar, muito, foi o primeiro grupo que eu comecei a fazer parte em 2017, e logo depois, nada é por acaso né, a mesma pessoa que eu vi divulgando a inscrição do Global Shapers foi uma pessoa que eu vi divulgando um programa do governo americano, que foi originalmente criado pelo Obama, e continuou na administração do Trump, chamado “Young Leaders of the Americas Initiative”, é um nome gigante, chique para falar que é um programa para empreendedores sociais da América Latina e do Caribe, acho que hoje em dia eles incluíram também Canadá, que você se inscreve, as pessoas selecionadas que são mais ou menos 250, 280 jovens, ficam um mês nos Estados Unidos participando de ações de desenvolvimento, capacitação, empreendedorismo, vendo alguns projetos na prática, e eu queria muito participar, eu me inscrevi, eu cheguei a fazer de brincadeira, mas depois eu levei a sério, quando eu passei eu fiz uma promessa, eu nunca faço promessa, mas eu fiz promessa e fiquei um mês sem tomar café, e eu tomo muito café, e aí passando no programa assim, foi um programa que mudou muito a minha vida, ele aconteceu né, a maior parte do tempo eu fiquei Austin, no Texas, que é uma cidade, apesar de ser Texas é uma cidade super inovadora, empreendedora, de um olhar bem futurista assim para as coisas, e quando eu voltei, o mais doido de tudo é que eu voltei, no final de semana que eu voltei de viagem desse programa, eu tinha me inscrito numa outra premiação chamada “Valuable Young Leaders”, que é uma nacional, feito pela Harvard Business Review aqui no Brasil, para jovens também, que estavam de alguma forma impactando, organizações, e eu fiquei em primeiro lugar nessa premiação, tipo assim no final de semana depois que eu voltei da viagem dos Estados Unidos e eu parei e falei “Gente, o que é que tá acontecendo?”, to recebendo um monte de prêmio, de gente acreditando no meu potencial, acreditando na minha ideia também de negócio, então foi um ano que eu fechei 2017 pensando assim “Nossa, eu não sei mais o que que precisa acontecer”, pra eu tomar coragem de de fato pedir demissão e começar a me dedicar 100% mesmo pra minha ideia, pro que eu queria colocar, tirar do papel, e aí demoraram uns meses, eu acabei concluindo algumas ações que eu tinha pra entregar e tal, mas foi mais ou menos em Maio, de Maio pra Junho, foi quando eu pedi demissão, cumpri aviso prévio, e 2018, Junho de 2018 foi quando eu oficialmente comecei a trabalhar 100% na Blend, juntando toda a coragem que eu tinha e toda economia que eu tinha também para começar essa jornada empreendedora mesmo, que foi, que começou muito por essa experiência internacional que eu tive, por esse grupo, o primeiro deles foi o Global Shaper, que eu comecei a entrar e isso foi me expandido a cabeça, foi também expandido possibilidades e depois disso eu me inscrevo em tanto edital, me inscrevo em tanto programa, que é engraçado, eu tenho centenas de abas abertas no meu computador e acho que 50% delas são de editais que eu tô me inscrevendo, de algum curso ou de algum programa pra startup, então acho que foi esse o número assim, que foi o momento em que muita coisa aconteceu, mas de forma muito positiva e que mudou drasticamente a minha jornada.
Henrique de Moraes – Legal, e é muito interessante você ver essas iniciativas que você teve de por exemplo, ir em eventos e aproveitar o ecossistema que tava acontecendo, que eu passei também, eu vivi muito o ecossistema de startups que teve no Rio, nossa, eu fui muito na 21212, em várias outras aceleradoras, enchia o saco, batia na porta e assim, isso tem um impacto tão grande e que as pessoas não percebem, eu acho sabe, ou elas não tem iniciativa, que é um dos maiores problemas pra mim, elas não entenderem o impacto que isso pode ter na vida delas assim, e nem que seja delas chegarem lá e as pessoas não aceitarem, acharem que a ideia não é boa, mas se a pessoa te dá um feedback isso já vale muito, e as pessoas não vão por medo, então assim, isso é uma coisa que eu luto muito com todo mundo que eu falo, falo “Cara, mete a cara, vai, fala com as pessoas”, pra qualquer feedback que você tem, e lógico, é um feedback, você não precisa levar 100% a sério, você tem que entender qual é a motivação daquela pessoa, porque que ela tá dando aquele feedback, e saber se você absorve, ou não. Mas acho que só de você também fazer um networking, você conhecer pessoas, ver o que elas tão construindo, isso tem um valor que pra mim assim, não tem preço, então você já teve essa iniciativa, você já foi lá, viveu isso, e ainda se inscreveu num monte de programa sabe, mas o que eu tô mais curioso é quando você voltou né, disso tudo, quando tudo isso aconteceu, e você chegou lá dessa experiência internacional e você recebeu prêmio lá da Harvard Business Review, e assim, qual foi a sensação, porque eu acho que é nessa hora que tudo acontece né, é um mix de sentimentos e você às vezes, pelo que você falou, pelo menos, você não tava ainda totalmente se sentindo preparada né, por isso que você tava buscando isso tudo, inclusive, e ao mesmo tempo você tava sendo reconhecida por várias instituições que são super relevantes, não tem nem como tirar a relevância de todas essas instituições que você passou, eu acho e são referências né, como tava seu sentimento, como tava a sua cabeça nessa hora? Tem como sei lá, mostrar um retrato? Hahaha
Thalita Gelenske – Nossa, tava a mil, porque eu tinha muita vontade de tirar as minhas ideias do papel, mas ao mesmo tempo eu tinha um pouco de medo assim porque, por exemplo, os meus pais eles são muito novos e acho que isso ajuda muito porque eles acabam sendo de uma geração mais próxima da minha minha, e
Henrique de Moraes – Quantos anos eles tem?
Thalita Gelenske – Minha mãe me teve com 16 anos, e meu pai tinha 18, então a diferença é super pequena né, hoje minha mãe tem 46 e meu pai tem 48, então eles entendem algumas coisas, tem algumas coisas que eles criaram e foram criados com algumas coisas mais parecidas com a forma que eu fui criada também, mas por eles terem tido filhos muito cedo, eles tiveram que aceitar muito as oportunidades que surgiram, e eu acho que já eu e meu irmão, e alguns outros jovens, a gente veio num cenário de muita abundância, muitas opções, muitas possibilidades, muitas oportunidades e isso faz com que a gente tenha um certo privilégio de escolher algumas coisas que talvez os nossos avós, os nossos pais não tiveram. Então eu tinha muito receio assim, de abrir mão da segurança de uma empresa grande, porque eu nunca, não era uma coisa que eu cresci pensando, em empreender desde cedo, é uma ideia que acabou surgindo na minha cabeça no meio do caminho né, e que que eu comecei a entrar em contato com conceitos e assuntos que ninguém me ensinou na faculdade, ninguém falava de diversidade na faculdade ainda, na época que eu tava, então eu tava com a cabeça a mil por hora, mas ao mesmo tempo muito feliz, tentando também fazer isso não subir à minha cabeça, acho que é um medo que eu sempre tenho, de não deixar às vezes um prêmio, ou um reconhecimento parecer maior do que é, nem achar que eu já sei tudo, ou que eu já atingi um patamar específico, mas foi quando eu de fato falei “Cara, eu não sei mais o que precisa acontecer”, e eu, sei lá, tenho uma certa crença de que nada na vida é por acaso, as coisas são muito doidas, mesmo que a gente não entenda, e elas se conectam de uma forma muito profunda e muito além do que a gente pode imaginar, e pra mim foi um chamado, assim, a sensação que eu tive é que era um chamado, e que se eu ignorasse, eu não sei quando isso ia acontecer de novo, sane? Quando é que esse tipo de oportunidade passa por você mais de uma vez né, então eu senti como se fosse um chamado mesmo, do tipo “Thalita, o que mais precisa acontecer pra você fazer alguma coisa?”, como se fosse o universo mostrando aqui muito claro que você pode fazer algumas escolhas e que você talvez hoje já esteja um pouco mais pronta para isso do que há tempos atrás, mas por mais que assim, 2017 tenha sido ano de virada, o ano que eu acabei tomando essas decisões, foi uma gestação muito longa né, eu brinco com as pessoas que não foi assim “Ah,eu pensei numa startup e no dia seguinte já tava vendendo pro cliente”, eu comecei um processo de autoconhecimento, como eu te falei, final de 2014 início de 2015, eu conversei com muita gente, eu conversei com um monte de professor de educação básica, com diretor de educação básica de escola, com profissionais de RH, porque eu queria entender bem aquela coisa, que a gente aprende em startup também, de você entender quais são as necessidades, quais são as dores das pessoas, você entender quais são os problemas que você quer resolver, ao invés de já pensar na solução né, então foi aí uma jornada longa, que eu fazia isso em paralelo até com o meu trabalho full time, é claro que as coisas não eram tão rápidas quanto eu gostaria, se eu tivesse 100% dedicada, mas foi como na época eu consegui ir caminhando, em paralelo, até chegar esse momento,
Henrique de Moraes – E assim ,mesmo quando você está 100 % não é tão rápido quanto você espera
Thalita Gelenske – É, nunca é tão rápido quanto você espera, otimo ponto
Henrique de Moraes – Mas continua, desculpa eu te interromper
Thalita Gelenske – Não, total, nunca, a gente sempre quer que as coisas, no papel as coisas parecem que vão acontecer mais rápido do que de fato acontecem, e então foi um período longo, de amadurecer, de conversar, de me conhecer, porque não foi uma questão de começar a empreender por dinheiro, porque eu queria criar uma ideia de negócio milionária e daqui a um tempo vender e pronto, foi muito movido por propósito, então foi uma jornada longa, em que várias coisas foram acontecendo ao longo do caminho pra meio que me trazer até aqui.
Henrique de Moraes – Cara, tem tanta coisa que eu quero te perguntar, eu tô ficando maluco, mas eu vou tentar organizar as coisas aqui. E vou te perguntar, porque você falou sobre isso agora, de onde surgiu essa vontade de falar sobre diversidade e inclusão, de onde você tirou esse propósito, porque assim, foi como você falou né, falando de 2014, não tinha muita gente falando sobre isso, eu não lembro de ninguém falando sobre isso, acho que você foi a primeira pessoa que falou sobre isso comigo, inclusive, então de onde surgiu esse desejo né, assim, esse propósito tão claro que eu vejo te movendo, com uma paixão tão grande, e eu admiro muito isso, porque que, da onde surgiu, assim?
Thalita Gelenske – É, eu lembro muito, quando alguém me pergunta sobre isso, eu lembro muito daquele vídeo clássico, né, do Steve Jobs em Stanford, o discurso que ele faz lá na formatura, que ele diz que “A vida ela faz sentido olhando pra trás e conectando os pontos”, né, um vídeo
Henrique de Moraes – Adoro
Thalita Gelenske – Nossa, esse video é muito bom, e que fez muito sentido pra mim assim, e é muito doido quando eu olho pra trás e vejo como até as coisas que deram errado, que pareciam na hora completamente desconexas, ou pareciam como uma grande derrota, uma grande falha, no final depois se encaixou né, então eu, a princípio, quanto tava me formando no terceiro ano, queria fazer vestibular para medicina, estudei muito pra passar no vestibular de medicina, e eu tinha dúvida entre medicina, ADM e comunicação, e aí botei tudo, botei em todas as faculdades
Henrique de Moraes – Caraca
Thalita de Moraes – E eram dúvidas conscientes, não era tipo “Não sei o que fazer”, se for área da saúde, é medicina, se não for na área da saúde eu gosto muito de administração, eu via “O Aprendiz”, então eu gostava de pensar em gestão de projetos, coisas assim, eu achava super legal, gostava muito de comunicação também, então achava que me formando em comunicação eu ia acabar trabalhando com marketing.
Henrique de Moraes – Acho que nessa época você não conseguia enxergar o apresentador virando presidente, né?
Thalita Gelenske – Pois é
Henrique de Moraes – Desculpa, foi só um parênteses
Thalita Gelenske – Nao, doideira, total. E é muito engraçado porque eu realmente estudei pra medicina, mas eu não passei no vestibular de medicina, o que pra mim pareceu uma grande derrota na época, mas eu cheguei a passar no de administração e resolvi ver se eu gostava, falei “Ah, vou entrar no de administração, vou ver que que eu acho, e se eu não gostar eu tranco a faculdade e volto para o cursinho, vou lá fazer um intensivo, sei lá, vou estudar como eu já tava fazendo”, e assim que eu entrei na faculdade, eu me apaixonei assim, pela empresa júnior, queria fazer parte e aí muito rapidamente eu falei “Cara, eu quero seguir com isso daqui, eu não vou voltar para medicina não”, porque eu pensava muito na medicina como uma forma de ajudar as pessoas, parecia que era a única forma de eu ajudar os outros, e aí entrando na faculdade, eu comecei a gostar muito de administração, fiz alguns estágios e tal, mas o meu primeiro trabalho mesmo, o estágio que eu fiz um pouco antes de ser contratada, no final da faculdade, foi numa empresa grande, brasileira que em 2011 recebeu, tava na época de Rio + 20, o Rio tava recebendo alguns eventos internacionais de sustentabilidade, e chegou uma pauta, a pedido da diretora executiva, de fazer um programa, um projeto, de igualdade de gênero, e aí, na época assim isso era um assunto super novo, eu não tinha escutado falar nisso em momento nenhum na faculdade, mas comecei a me interessar, caiu na minha mão esse projeto lá na minha área, e comecei a estudar e comecei a gostar muito do assunto, e era algo que obviamente fazia sentido para mim também pela perspectiva pessoal não só profissional, e eu fui vendo que falar em igualdade de gênero era impossível você isolar simplesmente o aspecto gênero, porque quando você vai olhando os indicadores, a experiência e os indicadores da mulher negra, é ainda mais bizarro né, ainda mais drástico, ou a experiência e as oportunidades que uma mulher com deficiência tem ou uma mulher trans, acabou abrindo uma caixinha né, e a própria empresa começou a entender com o tempo que não adiantava só falar de um projeto focado em gênero, apesar desse ter sido o início, mas a gente tinha que falar de diversidade e inclusão como um todo, e aí entendendo vários recortes, de inclusão de pessoas com deficiência, igualdade racial, inclusão de pessoas da comunidade LGBTI, geração, então começou a virar uma caixinha, que cada vez se tornava mais interessante, mais conceitos surgiam e até hoje surgem, eu estudo isso desde 2011, fiz mestrado nesse tema, mas eu ainda tenho muita coisa para aprender e aprendo todos os dias e não tenho todas as respostas, então foi meio que por aí que eu aprendi assim, entrei em contato com esse assunto quando eu tava trabalhando CLT, no RH de uma grande empresa, e fui vendo que ainda tinha um mar de oportunidades pra ser desbravado nesse campo, a gente precisava de muita ajuda de fornecedores, principalmente para ações educacionais, ou para operacionalizar algumas iniciativas e poucos eram os fornecedores que tinham conhecimento e capacidade de atender a gente com a qualidade que a gente normalmente esperava, isso foi um outro elemento que veio na minha cabeça do tipo “caramba, é um mercado que não tem muitas empresas trabalhando com esse tema né, empresas de consultoria ou de apoio de alguma forma, várias empresas estão começando a falar sobre isso”, e aí começou um movimento em outras empresas, empresas multinacionais, que também tinham essa pauta de fora, então o tema começou a crescer muito assim, acho que 2015 foi quando começou um boom muito maior, e eu já tava olhando isso desde 2011, então foi um tema que pra mim fez sentido, pessoalmente, profissionalmente, era um tema que eu via a possibilidade de gerar um impacto gigantesco, que era uma coisa que antes eu procurava através da medicina, e que eu descobri também nesse, fazendo projetos de impacto social e projetos ligados à diversidade e inclusão, então foi meio que daí assim, que essa caixinha e esse tema surgiu na minha cabeça e desde então nunca mais saiu.
Henrique de Moraes – Legal, muito muito legal, é muito maneiro você ouvir essas histórias assim, ver como as coisas vão se encaixando, a história nunca é normal assim do tipo “Ah, pensei em fazer isso, e vou fazer”, sempre tem várias reviravoltas. Deixa eu te perguntar, deixa eu ver qual vai ser a próxima coisa que eu vou te perguntar, porque eu tenho muitas curiosidades aqui, acho que vou pra um assunto que é o seguinte, por mais que a gente não se fale muito, eu te conheço já a alguns anos, eu nem sei quando que a gente se conheceu, a gente se conheceu por MSN, não foi?
Thalita Gelenske – Você foi meu vizinho
Henrique de Moraes – É, exatamente
Thalita Gelenske – E aí tinha um amigo nosso em comum, o Vitor, eu acho, que tocava guitarra e etc, e aí acho que ele conectou a gente, sei lá, olha como o mundo é doido.
Henrique de Moraes – É muito doido. E eu não sei porque eu tenho a sensação, posso estar enganado assim, eu sempre tive a sensação que você tinha uma relação boa com seus pais, e eu sempre fiquei me perguntando sobre isso, e o quanto isso impactou na sua carreira e como você falou agora que seus pais sempre focaram muito em dar educação né, pra vocês, então que impacto seus pais tiveram na sua carreira, e na sua vida, como que isso fez, ou se fez, alguma diferença?
Thalita Gelenske – Não, com certeza fez muita, enfim, de criação, de valores, acho que desde muito cedo meu pais me estimularam, como eu falei, a investir em educação, a tentar olhar pro mundo pra além do meu próprio umbigo e da minha bolha, na perspectiva, de pensar em outras pessoas, então claro que muito do que eu sou hoje começa muito antes de eu nascer, então eu brinco muito que a minha história começa antes de mim mesma, e a minha relação com a minha família sempre foi, realmente sempre foi muito boa assim de sempre fui muito caseira, de gostar de ficar com a minha família, eu tenho um perfil mais introvertido, e é curioso assim porque normalmente as pessoas tem um estereótipo de que alguém introvertido né, é aquele esteriótipo meio que do nerd ou da nerd que não comunica, que tem dificuldade de interagir com as pessoas, então quando eu falo que eu sou introvertida as pessoas ficam “Mas como assim? Você se comunica tão bem, às vezes você tá dando palestra”, e aí eu brinco, que na verdade a diferença entre alguém introvertido e extrovertido não é a facilidade de se comunicar né, mas é como a pessoa energiza, se ela se energiza mais sozinha, ou se se energiza mais na presença de outras pessoas né, em grupos ou em reuniões, sociais e tal. Eu tendo a me energizar mais sozinha, mais na minha, então sempre fui muito caseira assim, de ficar com a minha família, passei, como todo adolescente, eu acho que eu passei por fases também de bater de frente, de brigar com os meus pais, o que é normal, eu acho, e quando eu tava pensando em empreender, eu lembro que assim, nos primeiros impulsos que eu tive, de meio que tipo “Vou largar tudo e vou focar nisso”, meus pais foram mais, na época me trouxeram mais cautela, e eu acho até que eles estavam certos assim, que talvez no momento ainda não fosse o melhor momento possível assim, apesar de a gente nunca estar 100% pronto, e aí quando tudo aconteceu em 2017, como eu te falei, enfim, os prêmios e tal, eu acho que eles também ficaram tão surpresos e tão impactados positivamente que eu acho que eles nem tiveram como me falar tipo que não fazia sentido, sabe? Então eu acho que eles falaram “Olha, realmente você tá recebendo visibilidade, você tá tendo algumas oportunidades legais, acho que é uma coisa bacana pra você aproveitar”, e eu também já tinha feito bem ou mal, juntado algum dinheiro né, então ao longo da minha carreira eu pude meio ir que pegando ali ou aqui uma economia, botando ali na, investindo, ou deixando um dinheiro ali paradinho pra também não passar nenhum sufoco, então quando eles viram, do tipo “Você tá recebendo um monte de reconhecimento bacana, você também tem uma reserva de dinheiro que se tudo der errado, você pode também voltar atrás”, eu também como a gente comentou, tenho uma situação de uma rede de apoio de privilégio grande, que se tudo apertar eu sei que eu posso recorrer bem ou mal para os meus pais, posso ir pra casa deles, então foi um cenário em que eles acabaram super me apoiando, concordando e me estimulando a seguir isso, e empreender, e eu acho que graças a Deus assim, em relativamente pouco tempo a gente conseguiu fechar um projeto já bem legal de duas turmas de treinamento, de dois dias assim, então acho que rápido eles viram “Bacana, as coisas estão caminhando, você tá conseguindo até se sustentar financeiramente pela empresa assim, sem precisar necessariamente tirar dinheiro da tua poupança ou ficar pegando da tua reserva”, então eles começaram a me apoiar e eles também começaram a abraçar muito assim, causas né, e as coisas que eu falava sobre diversidade que em algumas coisas eles já sabiam, outras não, eu acho que a gente acabou nas conversas de almoço de domingo eu acabei plantando umas sementinhas também e hoje em dia os dois super defendem as mesmas, algumas visões de alguns conceitos e um olhar bem empático e inclusivo em relação às pessoas, de uma forma geral.
Henrique de Moraes – Legal, muito muito legal. Deixa eu te fazer uma pergunta então, eu ia comentar alguma coisa, eu lembrei, quem me conhece sabe que eu sou extremamente viciado em biografias, acho que até mais do que deveria, acho que já virou uma droga na minha vida, mas eu leio, e pesquiso e ouço muito assim, sempre prefiro ler uma biografia do que uma ficção ou até um livro de empreendedorismo, apesar de eu gostar muito de livros de empreendedorismo, de crescimento pessoal, qualquer coisa assim. Mas sempre eu ouço as pessoas falando sobre o papel que a família teve no início, e na verdade o papel da família no início sempre foi ali de fala “Acho que não é o momento, acho que não é a hora”, eu nunca ouvi uma história em que a pessoa falou assim “Não, meu pai falou ‘Vai fundo’, minha família falou ‘vai com tudo’” e assim, o que as pessoas, pelo menos as pessoas conscientes, perceberam, é que na verdade isso vinha de um lugar de amor né, de preocupação mesmo, porque no final das contas nossos pais são as pessoas que mais se preocupam com a gente né, normalmente eu acho e assim, se você só for ouvir o que as pessoas falam, mesmo que esteja vindo de um lugar de preocupação, que seja com todo amor do mundo, talvez isso prenda um pouco a gente né, então a gente tem que saber, tem que ter o ouvido atento, pra saber o que que vale a pena a gente ouvir, e também ouvir um pouco da nossa intuição, nosso desejo, só a gente sabe o quanto a gente tem vontade de colocar aquilo pra fora, então acho que você tem que entender exatamente o que que é a sua intuição falando, e o que você pode seguir e o que os outros estão falando, também, acho que isso é importante, fazer um filtro. Mas, por falar em filtro, vai ser muito esquisito mas, como você prepara seu café?
Thalita Gelenske – Cara, eu sou apaixonada por café, mas eu nunca tive, é que nem eu gosto de vinho, mas eu também não vou te falar, ah vou estar bebendo um vinho julgando as notas de pimenta, sempre gostei assim, de qualquer café, mas aí eu fui desgraçada com um presente maravilhoso de aniversário, que foi no ano passado, eu ganhei de aniversário um curso de métodos coados de café, que é no Café Secreto, uma cafeteria que tem ali mais ou menos entre Largo do Machado, Laranjeiras, aqui no Rio, que é muito boa assim, o barista de lá ele estuda pra caramba, ele teve um período que ficou no Coffee Lab em São Paulo, café muito bom, e eu fui fazer um curso que era acho que o dia inteiro, sábado ou domingo sei lá, muito bacana que ele fazia a gente degustar café e testar vários métodos coados de café, então V60, Melitta, prensa, enfim, vários que a gente foi experimentando e ali foi um momento que ele acabou com o Pilão pra mim, não consegui mais, foi muito bizarro, ele começou umas degustações de café, e aí, eu normalmente bebo café com açúcar, não sou uma pessoa tão evoluída assim, espero ser um dia, mas ele pediu pra gente degustar o café sem açúcar e aí teve um dos cafés que ele pediu pra gente degustar que ele falou assim “Gente, me diz o que que vocês estão sentindo de gosto, mas sem pensar em palavras rebuscadas, você pode falar ‘ah tem gosto do bolo da minha vó”, e aí teve um que eu senti um gosto sei lá, de borracha queimada, eu não consegui beber todo o café, o que é muito raro, então era o café mais tradicionalzão assim, eu falei “Gente, que diferença faz”, e aí em comecei a comprar um café mais especial, assim bem gostoso, que eu compro em grupo, com alguns amigos com um produtor de Minas, e eu ainda faço o método Melitta assim, o tradicionalzão que a gente tem coado, que acaba sendo mais fácil, mas admito que eu fiquei bem tendenciosa em comprar um para fazer o V60 que ele ensinou lá no curso, mas eu gosto muito de café.
Henrique de Moraes – Cara, eu também sou, eu gosto muito de café, e eu aprendi a gostar de café assim numa situação bem esquisita na verdade, que eu fui procurar um nutricionista, que eu tava num momento ali de fazer muito exercício, querendo ficar sarado, enfim essas coisas que depois passam muito rápido, a vontade vai rápido, mas ele falou para eu tomar café antes de correr, eu corria de manhã ele falou assim “Toma só o café, com óleo de coco, e sai para correr” e eu não tomava café, nunca fui muito fã de café, mas comecei a tomar né, e eu corria três, quatro vezes por semana, então eu comecei a tomar café três, quatro vezes por semana, e eu comecei a gostar, e assim,eu sou uma pessoa meio curiosa, e comecei a pesquisar sobre métodos de café, e não sei o que e tudo mais, isso também me desgraçou assim, eu posso dizer, porque eu comecei a testar todos os métodos possíveis assim sabe, eu comecei a fazer na cafeteira italiana, prensa francesa, fazer coado, e aí fui tentando descobrir o que eu mais gostava, até que eu enfim, deixei isso um pouco para lá assim, comecei a tomar qualquer tipo de café, e alguns meses atrás, eu fui, a minha agência , a wee! ela apoia o Chapter Rio da Singularity University, e aí gente, eu fui pro evento, e conheci um cara lá, chamado Igor, que é daqui de Niterói também, e a gente se conectou muito assim, e ele voltou comigo, como ele é de Niterói ele voltou de carona comigo e a gente veio conversando ele veio falando, ele fez um curso também de barista, e ele veio me falando tudo, todos os macetes, e uma semana depois eu tinha comprado tudo que ele tinha recomendado, eu comprei V60, eu assinei lá o negócio, uma assinatura de café que ele falou, que vinham os cafés dos produtores de Minas, e isso acabou com a minha vida um pouco, hoje em dia eu tô bem chato pra tomar café, eu tomo qualquer café na verdade, é mentira, tomo qualquer café, a gente faz café aqui na agência pra caralho, todo mundo é viciado em café, eu tomo café pra caralho, mas assim, quando eu faço meu café em casa eu sinto a diferença e fico assim “Nossa, como isso é bom”
Thalita Gelenske – Hoje em dia assim, ainda mais quando você vai em empresa, que ás vezes tem aquele café que eles fazem em volume muito grande né assim, de 10 andares, e às vezes é um café com gosto muito forte assim, meio queimadão assim, e eu falo “Gente, realmente mudou a minha perspectiva”
Henrique de Moraes – É muito louco assim, e é ruim porque a partir do momento que você se acostuma com uma coisa melhor, você desacostumar, seu olhar mudou, já era, a barra já subiu, já era, esquece.
Thalita Gelenske – Pois é
Henrique de Moraes – Isso é muito ruim, mas é muito bom também, porque café é bom demais, e eu tomo sem açúcar, porque eu comecei a tomar café porque meu nutricionista falou, então tomei sempre sem açúcar, acho que essa é a única vantagem. Deixa eu te fazer uma pergunta então, você falou sobre meditação né, sobre como isso impactou sua vida, eu também tenho experiência com meditação, acho que eu passei por processos parecidos com os seus, inclusive, mas eu queria entender assim, qual o horário do dia você medita e se você tem algum método de meditação específico que você segue?
Thalita Gelenske – Legal. Eu normalmente faço meditação guiada, eu como eu sou muito fã né, eu comecei meditando com aquele desafio que eu te falei da Oprah e do Chopra, eu cheguei a comprar um dos desafios há uns anos atrás, quando o dólar ainda não estava 5 reais, e aí eu acabo usando esse essa medicação guiada deles para meditar, e normalmente eu medito de noite assim, porque eu não sou uma morning person, assim, a minha cabeça, eu sinto que o meu cérebro ele acorda às 11 da manhã, ele atingiu sua capacidade máxima pra ser acordado às 8, mas ele atingiu sua capacidade normal por volta das 11 da manhã, e às vezes assim, por exemplo, quando eu tava estudando pro vestibular, eu trocava a noite pelo dia, ficava estudando de madrugada, quando podia, quando eu fazia cursinho de tarde e tal, trocava a noite pelo dia, porque de noite, de madrugada eu funciono muito melhor. E aí acaba que meditar de manhã, eu meditava muito quando eu morava ainda em Niterói e eu ia para o trabalho de barca, então assim, horas no trânsito, e às vezes no ônibus eu fazia a meditação enquanto tava sentada, ou então indo para barca e tal, e aí eu meditava de manhã, mas hoje em dia eu tô meditando muito mais antes de dormir, ou às vezes depois de algum exercício, quando eu faço exercício em casa, do que de manhã assim, de manhã às vezes eu tô meio lerdona eu tenho medo de meditar e meio que dormir de novo.
Henrique de Moraes – É, eu sei como é que é, eu medito de manhã e, mas assim, eu tenho que fazer alguma coisa antes de meditar, porque senão eu durmo também, então eu faço esse five minutes journal, que eu falei mais cedo, faço antes, que aí pelo menos minha cabeça já começou a funcionar de alguma forma ali, já tem alguma coisa alimentando ela, e aí eu volto para a meditação, porque se eu faço assim que eu acordei eu com certeza vou dormir que eu faço assim que eu acordei eu com certeza vou dormir, até porque assim, acordar para mim é uma tarefa difícil, não é fácil.
Thalita Gelenske – Sim, te entendo.
Henrique de Moraes – Deixa eu te fazer mais uma pergunta, essa é uma pergunta meio, talvez seja dedicada, eu não sei né, como você encara isso, é sobre uma coisa que você passou muito rápido, talvez no início da conversa, e queria entender um pouco melhor assim, que você falou que você é homossexual, certo? E eu queria entender, assim, como foi você descobrir isso, se você se descobriu, ou se isso foi uma coisa que você percebeu desde sempre, e como foi você assumir isso, porque, no próprio webinar que eu vi eu acho que você fala sobre isso logo no início também, então, você fala isso de uma forma muito aberta muito né, você não tem nenhum problema com isso e eu queria entender se isso foi assim, desde o início, se isso foi um processo e que tipo de situações te fizeram chegar até onde você chegou hoje, né? Pode não se sentir tão à vontade com isso.
Thalita Gelenske – Não, tranquilo, tranquilo responder. Hoje em dia eu falo bem abertamente, acho que eu já tive bem mais receio de falar abertamente sobre isso, e por incrível que pareça foi uma coisa que eu só de fato percebi, assim, quando eu já tava no meio, quase que no início da faculdade, tinha lá meus 20 anos, e aí foi quando de fato assim foi a primeira vez que eu me interessei e me relacionei com uma mulher, e na época assim foi, eu ainda não tava olhando pra isso de uma forma muito mais profunda, do tipo né, eu sou isso, eu sou aquilo, eu tava mais vivendo aquele sentimento, mas depois, enfim, acabou que a vida continuou passando, depois eu tive uma segunda namorada, e foi quando eu comecei a de fato pensar “Tá bom, será que é isso mesmo? Eu me considero uma mulher lésbica? Ou sou bissexual?”, porque eu já tinha também namorado homens na adolescência, mas que também não tinham, não foram relacionamentos super longos assim, e aí eu fui depois me analisando, com mais, acho que com mais calma, assim, e fui vendo que talvez sempre tivesse alguma coisa ali um pouco, de alguma forma que eu reprimisse assim, não acho que era algo consciente, mas que de fato eu só vivi e passei a me identificar como homossexual já nos meus 20 e poucos anos, e aí eu acho até curioso assim, porque as pessoas tendem a ter muita curiosidade sobre a sexualidade das outras, e a gente meio que já tem alguns estereótipos, e aí tem alguns julgamentos né, que a gente às vezes se acha até no direito, de tipo “Não, se fulano não gosta de futebol, se um homem não gosta de futebol, deve ser gay mas ainda não se descobriu”
Henrique de Moraes – Então eu tô nessa categoria hahaha
Thalita Gelenske – É, uns estereótipos absolutamente bobos assim, que às vezes a gente se acha no direito de entender a pessoa por ela, quando que às vezes as pessoas não precisam necessariamente seguir todos os estereótipos né, então acho que vai um pouco daí assim, eu descobri mais velha, e num primeiro momento eu tinha muito receio de falar abertamente sobre isso, porque eu não queria que isso prejudicasse a minha carreira, e enfim, as pessoas não me julgassem, não tivessem preconceitos em relação à isso, que por mais que muita gente diga que não tem preconceito, no fundo isso acaba sendo ainda muito forte né, eu acho que a gente tá num grau de maturidade maior como sociedade hoje, mas também tem muita resistência e tem ainda também muito preconceito, muitas vezes até velado, então eu não falava muito abertamente sobre isso até que chegou um ponto que, enfim, começando a trabalhar com esse tema, entendendo a importância também de se posicionar em relação à algumas coisas, e de trazer também essa minha perspectiva, que eu comecei a me sentir mais confortável em abrir, falar isso abertamente nos espaços em que eu tava, com colegas, que eram colegas inicialmente profissionais, a minha família, num primeiro momento recebeu com bastante resistência assim, não foi um processo fácil para eles no primeiro momento, mas depois isso passou, hoje eles abraçam, e me defendem pro que tiverem que defender, me aceitam, me respeitam, mas no início foi, a princípio eu achei extremamente difícil, mas eu fui ver também mais na frente que a minha história né, de aceitação com a minha família, comparado com a maior parte das minhas amigas e amigos, a minha foi muito tranquila, eu tive amigos que foram expulsos de casa, eu tive amigas que a mãe trancou no quarto durante o período de férias de dezembro à fevereiro, literalmente trancou no quarto e não deixou sair, só entregava comida, então assim, tem histórias muito bizarras e que quando eu fui descobrindo e até tendo amigos né, que também eram gays ou que eram lésbicas, e falavam comigo sobre isso, foi quando eu fui descobrindo que a minha história, por mais que tivesse na época parecido um furacão pra mim, ela foi uma cosquinha assim, sabe, e eu acho que daí também veio a minha reflexão sobre querer empreender, de entender que por mais que eu também tenha enfrentado e ainda enfrente alguns preconceitos eu ainda tô com uma posição de ainda muito mais privilégio do que a média do brasileiro né, então eu queria poder usar isso de alguma forma positiva e talvez ajudando para que mais pessoas tivessem acesso às mesmas oportunidades né, e pudessem ser respeitadas simplesmente pelo fato delas serem quem elas são, então acho que a minha história pessoal se confunde também, e é muito doido porque na mesma época, como eu falei né, que os pontos se conectam, na mesma época que eu tava passando por esse processo foi a época que caiu um programa de diversidade, para eu trabalhar com o tema, então parece que também era a vida me chamando para olhar para esse aspecto tanto pessoal quanto profissionalmente assim, então mais na frente não foi tão difícil perceber que isso fazia muito sentido para eu trabalhar como um propósito pessoal e profissional.
Henrique de Moraes – Legal. Você falou sobre experiências internacionais que você teve né, e eu queria entender assim, no geral, quais foram as mais importantes, mas assim, além das mais importantes, qual foi a mais, a que causou um impacto mais positivo na sua vida, sabe, e porque que ela teve esse impacto?
Thalita Gelenske – A experiência internacional que eu acho que foi a mais importante mesmo, foi a que eu comentei né, de ter participado do YLAI, do programa do governo americano pra empreendedores, porque ela que acho que me fez voltar muito determinada, acho que foi uma das primeiras assim, de programas de desenvolvimento que eu participei e que me fez voltar acho que muito determinada a tirar algumas coisas do papel, acho que foi um ponto de virada muito importante para mim, mas assim, depois que eu passei nesse programa, como eu comentei, eu comecei a me inscrever em muitas oportunidades né, às vezes de estudo, de participação em eventos, que é uma coisa que a gente não costuma ter visibilidade, alguns desses editais você consegue ver no Prosas, que é um site brasileiro, tem um outro também chamado Youth Opportunities, oportunidade para juventude que são literalmente às vezes oportunidades que você se inscreve para viajar para participar de um evento com tudo pago né, então é maravilhoso assim, você poder conhecer gente bacana, se desenvolver, aprender coisas novas, e ainda por cima as pessoas pagando você pra participar de um evento né. Então eu comecei a fazer parte de várias redes, teve uma outra rede que eu comecei a participar também chamada United People Global, que também tem o propósito de reunir pessoas que querem desenvolver projetos para de alguma forma gerar algum bem para sociedade, então é uma rede que eu super recomendo que as pessoas também sigam no Instagram e se inscrevam no site para receber as notícias, teve um curso que eu fiz no ano passado inclusive, de mais ou menos uns 10 dias em Boston que foi com tudo pago também, foi pela UPD, essa United People Global, mas a outra experiência que foi muito muito muito impactante assim, que eu acho que eu nunca vivi nada parecido na minha a vida foi quando eu me inscrevi para participar do annual meeting né, do encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, o Fórum Econômico ele abre algumas vagas nos seus eventos oficiais para jovens do mundo inteiro, que fazem parte dessa comunidade eu comentei, Global Shapers e eu me inscrevi na época, em 2018 para 2019, e fui selecionada, eles selecionaram 49 jovens do mundo todo, eu fui a única brasileira em 2019 que foi para o encontro lá em Davos para representar a juventude né, digamos assim, do mundo, e foi muito doido assim porque você tá assim, andando entre uma palestra e outra e passa por você literalmente o príncipe William, a 3 metros, então você tem ali acesso à de certa forma pessoas, discussões que você só vê no jornal, foi muito doido assim, é uma experiência que até hoje eu ainda estou digerindo, eu ainda não absorvi tudo, isso foi no início de 2019, e ao mesmo tempo em alguns aspectos me deu muita esperança, de ver pessoas discutindo tópicos tão relevantes e importantes para gente enfim, mudar o mundo de forma positivas, em outros também dá uma angústia porque você vê literalmente que os maiores decisores do mundo que estavam ali naquele naquele espaço de conferência poderiam talvez muito mais rápido se juntar e contribuir para colaborar, ou tomar decisões em relação ao aquecimento global, uso de plástico, e que muitas vezes essas decisões não acontecem, ou não na proporção que deveriam, nos tempos de hoje, então tem um pouco disso assim, um mix de esperança mas também de frustração, de você estar ali num espaço que é incrível mas também é super com baixíssima representatividade assim, poucas mulheres, poucas pessoas de perfis diversos, então foi, muita coisa aconteceu, participar desse evento foi uma coisa muito única assim, eu não sei se eu vou ainda ter chance de viver momentos tão surreais assim, espero que sim, mas pelo menos até agora acho que foi um dos momentos mais surreais que eu já vivi na vida.
Henrique de Moraes – Maneiro. Tá, então vou aproveitar aqui para perguntar pra você, se você puder falar de forma rápida, o que que é a Blend Edu, explica pra galera
Thalita Gelenske – A Blend Edu é uma startup de impacto social, que desenvolve treinamentos né, experiências educacionais para falar sobre a importância da diversidade e inclusão. Hoje o nosso foco é em empresas né, então foi uma decisão estratégica que a gente tomou num primeiro momento, que a gente não pode abraçar o mundo, espero que no médio, longo prazo a gente também consiga trabalhar esse assunto em escolas né, falar de bullying, falar de empatia, falar de respeito, mas hoje o nosso foco são ações de treinamento e desenvolvimento, tanto presenciais quanto digitais para falar sobre a importância da diversidade nas empresas.
Henrique de Moraes – Legal. Fala pra galera, só pra, se o pessoal ficar interessado, onde eles podem encontrar vocês, pra saber mais, enfim.
Thalita Gelenske – Ah, bacana. Podem seguir a gente em rede sociais né, você consegue encontrar a @blend_edu no Instagram, a gente também tá no Facebook, no Twitter, compartilhando muito notícias também sobre diversidade, nosso site oficial para você ver um pouquinho mais sobre portfólio de clientes, os produtos que a gente oferece, nossa equipe, as pessoas podem olhar no www.blen-edu.com, e ali tem também o nosso blog, a gente acaba escrevendo alguns artigos sobre conceitos e temas diferentes de diversidade também.
Henrique de Moraes – Legal. E quais os maiores, acho que você tem muitos desafios, mas quais são os maiores desafios que você enfrenta, assim? Quais são as maiores barreiras, talvez as resistências que você tem, hoje?
Thalita Gelenske – Muitas, definitivamente muitas. Todo mundo que tá empreendendo, ainda mais no início né, da jornada, quando você ainda tá ali né, encontrando sua estabilidade financeira, tem muita coisa, tenho que desde emitir nota fiscal, resolver pepino na prefeitura, a facilitar o treinamento, a gente faz de tudo um pouco, mas eu acho que um dos maiores desafios hoje para mim assim, até pessoalmente também, é pensar em recrutamento e seleção, assim, como atrair pessoas talentosas, com potencial, e que às vezes já tem até uma bagagem profissional interessante, porque como a gente ainda é uma startup, tá no início, e bem ou mal a gente ainda tá galgando aí uma estabilidade financeira de mais longo prazo, por mais que hoje a gente já tenha um patamar de receita bacana, isso acaba sendo às vezes um obstáculo de atrair às vezes algumas pessoas que são de perfil mais sênior, então acho que hoje essa composição de equipe né, e obviamente a composição entendendo também a gestão do impacto financeiro né, a gestão financeira/a parte de despesa de pessoas né, e recrutamento de pessoas, eu acho que é um ponto que hoje eu tenho olhado como um desafio grande assim, a gente está querendo cada vez mais crescer, ter pessoas mais especialistas para trocar algumas frentes, não só, sei lá, marketing, a parte também de tecnologia, enfim, comercial, então fazer essa composição de equipe obviamente com esse trade-off de financeiro, acho que tem sido um dos meus maiores desafios hoje.
Henrique de Moraes – É, acho que, eu sou empreendedor também né, e esse é um dos desafios, porque eu acho que a perspectiva que as pessoas têm quando você conversa com alguém, quando você chama alguém para trabalhar, para entrar no time, especialmente se você atende cliente grandes, e vocês estão falando com marcas muito relevantes né, e as pessoas têm uma perspectiva muito diferente da realidade, no final das contas. Acho que esse realmente é um desafio, assim, porque no final das contas os boletos chegam e são diversos e eles são grandes e é muito difícil você equilibrar tudo
Thalita Gelenske – É muito difícil, e também é muito difícil assim, diferente talvez de algumas empresas muito grandes ou com muita estrutura, não tem uma descrição do cargo né, extremamente estrita, em que você só vai fazer aquilo né, quando a gente tá no início ainda tem muita aquela coisa do tipo “Caramba, vão surgir uns pepinos que a gente vai ter que ter flexibilidade para aprender a fazer”, eu não sabia como resolver um monte de problema contábil e tributário e fui aprendendo ao longo do caminho, fuxicando, e descobrindo, conversando com pessoas, então acho que não tem uma descrição de cargos que seja absolutamente fica né, então assim, tem uma série de desafios nesse sentido, assim, e eu acho que trabalhar com, sendo uma startup né, hoje a gente tá tentando trabalhar com alguns produtos bem novos, com uma abordagem bem diferente do treinamento só de sala de aula, que é o que as empresas estão mais acostumadas, e trazendo algumas perspectivas de transformação digital, educação digital, quando a gente chega para reinventar a forma que as pessoas fazem as coisas, sempre é difícil você encontrar os primeiros loucos que apostam na ideia junto com você né, os early adopters, como a gente chama, então eu acho que eu também estou nesse momento de por mais que a gente faça muito treinamento ainda com esse molde presencial, a gente tem algumas experiências que são bem diferentes e a gente tá investindo muito numa ideia de uma plataforma colaborativa e virtual, que aí a gente tá agora cultivando algumas relações e algumas parcerias para atrair esses primeiros, esses early adopters aí que vão investir na ideia junto com a gente, mas que não é fácil conseguir esses primeiro, com certeza depois que você já tem sei lá, 20 pessoas fazendo parte daquilo é muito mais fácil para os outros chegarem também, mas os early adopters são os principais desafios também né, então acho que esse é um outro ponto que tem tirado o meu sono.
Henrique de Moraes – Acho que fica uma lição para galera que acha que ser CEO é uma coisa chique, bacana, e que na verdade não, na verdade você tem que fazer de tudo, é isso mesmo, tem que aprender de tudo, aprender a sair da zona de conforto e lidar com situações que você nem imaginava né, não é tão legal, talvez ser CEO de uma empresa gigante, não sei se tem diferença na verdade, nunca fui, mas se você consegue ter uma definição mais clara, pra quem tá começando, é loucura, a única coisa que eu posso falar. E é engraçado né, porque você fala de early adopters aí, você tá falando num contexto de empresas que vão confiar no que vocês estão fazendo e vão começar, assim, as pessoas esquecem de olhar para o outro lado que tem os early adopters que são as pessoas que estão afim de causar o mesmo impacto que você, e seguir, e apostar no que você tá fazendo, isso também é de certa forma, são pessoas que estão ali apostando, e são early adopters, eles têm um potencial de causar tanto impacto na sua empresa quanto as pessoas que contratam vocês, né.
Thalita Gelenske – Sim, com certeza.
Henrique de Moraes – Então, seguindo nesse caminho assim, eu queria entender, e de maneira bem pessoal, assim quais foram as expectativas que você criou, tanto pra si mesma quanto pra empresa, e que você acha que causaram mais impacto negativo no seu dia a dia, se é que você tem alguma coisa nesse sentido?
Thalita Gelenske – Cara, eu crio muita expectativa em relação às coisas que eu quero atingir assim, eu penso muito no futuro, é até um traço meu assim, tem uma ferramenta super interessante da Gallup chamado strengthsfinder, para você achar os seus pontos fortes, é um teste que é pago, acho que é tipo 19 dólares, você faz um questionário e ele te diz quais são os seus que 5, dentre 30 e poucos, 35, características ele te diz quais são 5 suas, e aí um dos traços meus que eu tenho é meio que de futurismo assim, de gostar de pensar no futuro, de novas formas de fazer as coisas, e eu tenho expectativas muito altas assim, eu queria assim, eu tenho vontade de ser amiga do Obama, sabe, e acho que isso é realmente possível, e tenho sonhos muito megalomaníacos assim, então eu acho que eu tô sempre, acho que a minha dificuldade mais do que atender ou não a expectativa é eu talvez olhar pro presente e, que nem a gente tava falando, celebrar as coisas que eu já conquistei e talvez reconhecer também os resultados que eu já atingi, porque pra mim é como se nunca estivesse bom o suficiente né, como a gente tava falando, então “Poxa, beleza, eu já tenho X clientes do meu portfólio, mas caramba, eu ainda não consegui lançar tal coisa, eu ainda não consegui fazer tal coisa”, então eu tô sempre pensando muito no amanhã, no que eu quero gerar de inovação ou de mudança amanhã, e isso às vezes me gera um pouco dessa frustração assim tipo “Caramba, eu já queria ter feito isso, enquanto eu não atingir tal patamar parece que não tá bom o suficiente”, então eu acho que eu preciso ter pessoas do meu lado que me ajudem a lembrar, e respirar fundo e falar “Thalita, calma, olha o que você já conseguiu atingir sabe, olha o que em, sei lá, um ano e oito meses vocês já conseguiram conquistar, o respeito que vocês já conseguiram em alguns lugares, em algumas empresas”, eu acho que é uma luta minha diária assim, entre o que eu espero, que eu gostaria já de atingir, a barra que eu coloco para mim, que às vezes é uma barra quase inatingível, e o que de fato eu tô vivendo no presente, e reconhecer, ser grata e celebrar as coisas que já conquistei eu acho que é um desafio diário, que eu tenho que me lembrar constantemente para isso não ter um impacto negativo e gerar uma frustração em mim.
Henrique de Moraes – Eu acho que é um perfil muito comum, quem empreende né, talvez, ou não só quem empreende mas acho que talvez, deixa eu reformular, quem empreende tem muito isso e isso pode acontecer se você é um intraempreendedor também né, de certa forma, ou se você tá querendo construir uma carreira, dentro de uma multinacional, essas coisas, mas eu acho que é um traço né, das pessoas que tem essa inquietude, essa coisa de nunca olharem e perceberem onde chegaram, eu sofro muito com isso assim, até um dos motivos de eu ter criado o podcast foi tentar encontrar pessoas que sentem isso também e como que elas fizeram pra lidar com isso, porque eu fico o tempo inteiro assim pensando “Caralho, mas a gente tá longe”, e eu vejo a galera falando comigo, meus amigos falando “Cara, mas como vocês fizeram isso, fizeram aquilo, que legal”, e eu fico assim “Cara, se vocês vissem o que tá na minha cabeça, se conseguisse enxergar aqui dentro você ia ver que isso é 1%”, é muito doido assim, mas é importante, então até aproveitando assim, de uma pessoas que tá enxergando de fora a trajetória de vocês, eu admiro muito e acho muito legal tudo que vocês fizeram até agora, o que vocês alcançaram, então assim, se você tiver dificuldades sempre lembra desse podcast do dia que eu falei “Cara, vocês estão no caminho certo”, eu acho que vocês vão conseguir muito mais, eu tenho certeza disso na verdade, porque só pela sua vontade de fazer, e sua determinação, pela sua trajetória, eu tenho certeza que vocês vão chegar, vão ser uma empresa que vai ser referência, e você vai ser uma referência, você já é uma referência, então assim, sempre lembra disso, sempre lembra que vocês já conquistaram muita coisa e vocês estão no caminho sabe, e vai ter sempre caminho né, no final das contas, eu ouvi outro dia, um dos fundadores, não vou lembrar o nome da empresa, é uma empresa de meio de pagamento né, eles são um meio de pagamento lá de fora, Stripe, talvez? É Stripe?
Thalita Gelenske – Acho que sim
Henrique de Moraes – É, e ele falando, um dos fundadores falando que ele sempre achou que um dia ele ia ter um sentimento de “Caralho olha, chegamos sabe? Agora eu posso relaxar, agora eu posso ficar tranquilo” e ele fala que isso nunca chegou, que ele tá sempre com a sensação de que está atrasado, ou sempre com a sensação de que ele não realizou nada ainda, é a Stripe é um dos maiores meios de pagamento lá nos Estados Unidos, no mundo né, eles são gigantes, e se ele tem essa sensação até hoje, tipo, eu não posso me cobrar tanto assim. É muito louco, né?
Thalita Gelenske – Total, eu acho que é mais uma questão de como lidar com isso do que de fato achar que a gente vai chegar nesse patamar né, de olhar e falar “Não, eu atingi isso, tô satisfeita”, acho que realmente nunca vai chegar.
Henrique de Moraes – Nunca vai chegar e a gente tem que ficar tranquilo em relação à isso, acho que esse é o desafio, ficar tranquilo com o fato de que nunca vai chegar e tentar sei lá, só viver bem. Aproveitando então, deixa eu te fazer uma pergunta assim, que eu acho que é muito relevante, especialmente pro tema desse podcast, que é como você se relaciona com as ferramentas de comunicação de hoje em dia né, que são, a gente vive um mundo que é muito diferente, completamente acelerado, onde as pessoas esperam respostas imediatas, feedbacks imediatos, elas esperam que você realize, inclusive as expectativas delas sejam atingidas por você o mais rápido possível, e como é que você lida com isso tudo? Especialmente com as ferramentas né, tipo email, WhatsApp, enfim, como é a sua relação com isso tudo?
Thalita Gelenske – Nossa, aceito dicas, aceito muito dicas porque assim, principalmente WhatsApp, o volume de mensagens, porque eu participo de muitos grupos, que nem eu te falei, “Ah, esse programa programa que eu fiz do governo americano, ou essa organização chamada United People Global que eu me inscrevi e fiz um curso ano passado”, então são várias redes de pessoas muito interessantes, e que a principal ferramenta que elas usam pra se comunicar é o WhatsApp, Global Shapers, enfim, todas essas redes, todos esses grupos, acabam usando muito o WhatsApp, então por mais que a gente queira propor Slack, ou algum grupo de Facebook, no final das contas o que tá ali rodando, e realmente vindo notícia mais fresquinha é por WhatsApp, então eu participo de um muitos grupos, de todas essas redes, cursos que eu fiz e eu literalmente tenho que tirar momentos às vezes do dia, ou da semana pra virar e falar “Cara, eu vou zerar o meu WhatsApp hoje”, do tipo olhar todas aquelas mensagens que ficaram marcadinhas ali que eu não abri ainda, ou que falei “Cara, daqui a pouco eu dou uma olhada nisso”, e não olhei, ou que eu respondi mentalmente e não respondi. Em relação à email, normalmente ainda é a ferramenta que eu mais me comunico, principalmente com o cliente, então eu acabo fazendo, eu tenho várias tags e marcadores, eu uso muito o Gmail, então às vezes vou criando várias caixinhas ali, vou tentando organizar, hoje em dia o Gmail tem aquela funcionalidade maravilhosa, que você tem, que ele bota assim “enviado a três dias, você quer acompanhar?”, ou “recebido há três dias, você quer responder?”, ele meio que te lembra às vezes de alguma mensagem que você de alguma forma pensou, poderia ter respondido, então assim, eu não consegui ainda fugir ou encontrar uma ferramenta alternativa pra esse volume de mensagens ou de emails, mas o que eu tenho feito muito assim, eu coloco ou numa tabelinha de Google Sheets, ou até mesmo num Trello, de meio que anotar ali várias atividades, do que, quais são ações que o quero fazer ou que são importantes pra eu fazer, naquela semana, nos próximos 15 dias, e eu tenho feito por exemplo, com a própria equipe da Blend, a gente faz como se fossem reuniões, o que a gente chama de sprint semanal, da gente olhar “Beleza, o que a gente tem de atividade para fazer e o que é mais urgente nessa semana”, então a gente meio que vai alinhando as expectativas, e eu criei esse hábito de tipo tudo que às vezes eu tenho que fazer que eu não posso esquecer, mesmo que seja responder o e-mail tal, responder tal mensagem no WhatsApp, eu criar ali um card no Trello ou criar uma linhazinha no Google sheets para eu não esquecer e perder, tirar isso do meu radar né, e teve uma outra dica que eu recebi não sei se foi num podcast, ou se foi num treinamento que eu fiz, sobre produtividade e tal, que teve um autor específico que eu não lembro o nome, ele fala um pouco assim de quando a atividade ela demora menos de dois minutos para ser feita, é uma coisa muito rápida que você pode fazer em dois minutos, faz na hora que você lembrou, não deixa para depois.
Henrique de Moraes – É engraçado, eu tento ficar também assim, encontrar maneiras de me tornar mais eficaz, não só eficiente, tem um livro do Peter Drucker, você já leu alguma coisa dele?
Thalita Gelenske – Já, na faculdade tem várias referências
Henrique de Moraes – Ah é, você fez administração, então, tem um livro dele que é “The Effective Executive”, desculpa meu inglês aí, mas ele fala sobre a diferença entre ser eficiente e eficaz, sendo eficiente você fazer muitas coisas e ser eficaz fazer coisas certas, e eu vejo, eu leio muito sobre isso pra tentar entender como é que eu vou organizar o meu dia, mas é muito difícil né, porque essa dica que você falou, é contra o que o próprio Peter Drucker fala, de você de repente deixar tarefas que sejam mais rápidas pra você fazer num período onde você esteja mais tranquilo e você focar o seu dia nas tarefas que são mais importantes, e você bloquear um horário para resolver aquelas atividades mais importantes, e eu não sei se existe um caminho certo na verdade, não tô defendendo essa maneira de pensar até porque eu não encontrei ainda a melhor, acho que é difícil você conseguir encontrar o caminho que seja melhor, ainda mais esse mundo que a gente vive, acho que essa é a maior dificuldade.
Thalita Gelenske – É, acho que tem que ver o que que funciona, acho que é bom testar ferramentas diferentes e ver o que funciona para cada um né, por exemplo eu já tentei acho que uma vez ou outra assim, talvez poderia tentar com mais afinco, aquela técnica, acho que é Técnica pomodoro, de você meio que focar absolutamente, sem distração, num determinado período, depois você tem um intervalo, pra poder depois se distrair, ou olhar um celular e tal, acabou que comigo não funcionou tanto, mas eu tenho amigos que adoram e que fazem, então acho que realmente é uma questão de ir testando metodologias, testando ferramentas e vendo o que mais se encaixa no seu dia a dia, que por exemplo, eu adoro o Trello, mas tem gente que não gosta de ter que abrir o aplicativo, prefere botar ali no Evernote ou botar um to do list, do que ficar fazendo os cards no Trello, então acho que varia bastante, se tiver aí algumas dicas pra compartilhar em relação às ferramentas e WhatsApp e email eu tô aceitando.
Henrique de Moraes – Uma coisa que eu tento aplicar na minha vida, mas que eu assim, vou te falar que eu falho miseravelmente é tentar todo dia, ou à noite né, ou de manhã é elencar assim, tipo quais são as cinco atividades principais que eu teria que fazer no dia seguinte, ou no mesmo dia, se for fazer de manhã e priorizar, aí sim, quando eu consigo me organizar dessa forma eu uso o pomodoro ou qualquer outra coisa pra me concentrar e tentar eliminar aquelas tarefas, porque o principal de você fazer essas listas, na verdade, pelo menos para mim, é que normalmente as tarefas que mais ficam na sua to do list ali e passando dia após dia, são as que dão mais ansiedade e que são as mais difíceis, então se você coloca elas como prioridade no seu dia, já bloqueia ali um horário pra realizar, isso facilita muito,até porque depois que você realiza essa tarefa, rola uma coisa da dopamina que seu cérebro libera ali né, seu organismo libera, e você fala assim “Puta que pariu, agora eu consegui fazer tudo”, só que a verdade é que assim, eu não consigo fazer isso todo dia, na verdade, são raros os dias que eu consigo fazer, normalmente eu começo a apagar incêndios de manhã, então se eu conseguisse fazer, taí, eu vou tentar, tô tentando já há meses implementar e eu vou conseguir. É difícil. Deixa eu te perguntar, se você não estivesse empreendendo na Blend Edu, o que você estaria fazendo? Acho que você seria médica né, pelo que você falou?
Thalita Gelenske – É, eu não sei se eu conseguiria voltar atrás e fazer outra faculdade, mas mas com certeza eu estaria trabalhando com algum projeto de, ou em alguma área de impacto social, acho que eu me identifico muito com empresas que trabalham, em indústrias, mais inovadoras, que usam às vezes a tecnologia pra gerar um impacto positivo, então acho que eu estaria ou trabalhando lá em em alguma área muito focada na perspectiva social, ou até mesmo na parte de inovação social, enfim, não é algo que eu descarte assim, que não me veja de forma alguma, trabalhando em empresa ou com um projeto de outras pessoas, acaba que realmente a vida só me trouxe para esse momento de querer empreender e que eu tô adorando, e claro nos altos e baixos, mas é coisa que faz muito sentido para mim hoje, não me imagino fazendo outra coisa, mas com certeza teriam outras possibilidades assim, outras empresas que eu me identifico, que eu gosto do que as empresas fazem, ou dos produtos e serviços né, ou do propósito que a empresa carrega com ela, e eu acho que é muito legal, acho que inclusive uma coisa que eu gosto tanto de estar empreendendo é o fato de eu poder não estar presa só a uma empresa em uma cultura né, às vezes tem ali acesso à várias empresas, ou várias pessoas fazendo projetos de impacto interessante ou inovadores, então acho que isso tem sido também um ponto muito interessante na jornada, mas acho que é por aí, assim.
Henrique de Moraes – Maneiro. Eu vou te fazer algumas perguntas agora, que elas são mais rápidas, mas dinâmicas, não são tão, talvez tão profundas quanto as que a gente abordou até agora, mas você não precisa responder rápido tá, você pode dar a resposta, pode se aprofundar, não tem problema. A primeira é, quem é a pessoa que você mais admira e porque?
Thalita Gelenske – Nossa, eu sou muito muito fã da Michelle Obama, e do Barack Obama, além já falei né durante nosso papo, que eu acabei falando da Brené Brown, falei também da Oprah, mas eu gostei muito assim, eu acompanhei um pouco da trajetória do Obama, eu estava nos Estados Unidos né, fazendo uma viagem com meu pai no dia que ele tomou posse, e eu achei muito bacana assim a forma que ele, primeiro a forma que ele se comunica, ele se comunica de uma forma absolutamente incrível, simples, engajadora, engraçada, ele consegue envolver várias pessoas em mensagens e nas coisas que ele acredita né, eu tenho a biografia da Michelle Obama, foi um dos livros que eu ganhei no final do ano passado, ganhei até de uma ex gestora minha, que é uma mentora até hoje, a Renata, e eu acho muito bacana como mesmo depois deles concluírem né, os dois, o período em que eles ficaram como presidente e primeira-dama dos Estados Unidos durante oito anos, agora eles estão criando o Obama Foundation, onde eles estão criando projetos, e bolsas, e ações para estimular o engajamento cívico, principalmente de jovens, então eu acho muito legal como, eles poderiam simplesmente ter parado ali né, do tipo com certeza eles já tem dinheiro pra simplesmente viajar e curtir a vida, mas eles continuaram acho que num propósito muito maior, o que me faz acreditar que eles estavam ali possivelmente pelas razões certas, então são duas pessoas que eu admiro pra caramba.
Henrique de Moraes – É, o Obama, acho que a coisa que eu mais admiro nele, eu não sou uma pessoa que acompanhou muito né, a trajetória dele lá pra falar a verdade, mas eu já vi entrevistas dele e cara, a mesma coisa que eu falei pra você no início, a forma clara como ele se expressa e como ele formula cada resposta, é uma coisa que me deixa maluco, de verdade, porque eu vi essa capacidade em duas pessoas, pelo menos pessoas que eu acompanho, acjo que foi o Obama e o Steve Jobs, assim, pessoas que não tem nem o que falar dos dois, e eu acho engraçado que ambos tem uma maneira de responder ue é o seguinte, a pessoa faz a pergunta, eles refletem acho que de 5 a 10 segundos ali e começam a falar, e assim, você fala “Cara, ele já não sabe mais o que ele tá falando”, sei lá, depois de 10 minutos na resposta ele conclui, eu acho isso muito absurdo assim, como é que ele construiu essa linha de raciocínio tão enorme assim sabe, de uma resposta, acho isso impressionante assim, é demais realmente nesse sentido.
Thalita Gelenske – Não, e as pausas né, o Obama tem as pausas que ele faz, é muito incrível, e por exemplo outra coisa que eu acho muito maravilhoso, no caso até falando da Oprah, que é outra pessoa que eu admiro muito a capacidade que a Oprah tem de se conectar com as pessoas, enquanto ela tá conversando, é surreal sabe, e eu acho assim, eu via muito o programa dela antigamente quando ainda tinha né, e eu ficava impressionada como ela conseguia, ela podia estar entrevistando a Julia Roberts ou ela podia ter entrevistando uma pessoa que foi condenada à prisão perpétua nos Estados Unidos, e ela conseguia extrair ali uma humanidade, ela se conectava com o que a pessoa tava falando, enfim, é uma coisa que eu fico muito impressionada assim, com a capacidade dela também de criar conversas interessantes e verdadeiramente empáticas, então também é uma coisa que eu super admiro.
Henrique de Moraes – Legal. E qual foi o melhor conselho que você já recebeu, e aqui não precisa ser de uma pessoa né, pode ser de um livro, podcast, conteúdo qualquer né, de qualquer mídia, veículo, enfim.
Thalita Gelenske – Sim. Cara, essa é uma pergunta muito difícil, mas eu acho que uma coisa que eu carrego muito comigo, inclusive eu fico pensando, eu não tenho tatuagem assim, eu tenho vontade fazer, mas eu ainda não tenho, acho que eu tivesse alguma tatuagem talvez tivesse alguma coisa a ver com isso, que teve um filme que eu tava assistindo, que nem é lá um filme tão absurdamente incrível mas acho que é o Carol, que concorreu ao Oscar em 2015, eu acho, e tem uma hora, numa frase final assim do filme, não vou dar nenhum spoiler, mas que a Cate Blanchett, que é a principal, ela fala como se fosse uma carta, ela lê uma carta que ela escreveu, e ela fala uma frase que é “Everything comes full circle”, do tipo as coisas, eventualmente as coisas vão se conectar, as coisas vão fazer sentido, e é uma coisa, é uma crença que acho que eu fui desenvolvendo assim ao longo da minha vida, principalmente nos últimos anos assim, sei lá pós-universidade assim, nesses exercícios loucos de pensar na vida, acho que essa é uma frase que vira e mexe assim, seja num momento de frustração, na hora que alguma coisa que você queria muito que desse certo e não deu, ou até durante algum momento muito bom assim, você olhar e falar “Caramba, as coisas vão se conectar, as coisas vão ganhar sentido mesmo que hoje você não entenda porque”, e eu acho que hoje em dia eu tenho sei lá, uma confiança e um afeto tão grande assim, nessa crença de que as coisas inevitavelmente vão se conectar e que a gente vai entender as razões porque, que eu acho que já não fico tão frustrada assim com as coisas que eu queria muito que acontecessem e não acontecem sabe, eu fico “Cara, se não aconteceu agora é porque tem um motivo”, sabe, se eu dei o meu melhor, se eu fiz tudo que eu poderia ter feito, da melhor maneira possível, óbvio que a gente sempre tem algum aprendizado, mas mesmo assim não aconteceu, é porque tem alguma coisa aí que vai se desdobrar, sabe? Então meio que uma forma de trabalhar um pouco a fé nesses desdobramentos aí da vida.
Henrique de Moraes – Muito bom. Eu, você falou de tatuagem né, e alguns dias atrás, acho que tem menos de um mês, eu fiz uma tatuagem assim de maneira completamente impulsiva, eu sempre pensei totalmente minhas tatuagens assim, eu penso durante anos antes de fazer, é muito louco, mas esses dias eu tive que fazer porque na verdade eu tava passando por um, eu tive uma crise ansiedade, eu nunca tinha tido antes, e eu tive de fato uma crise de ansiedade assim, foi muito perceptível, eu tava em casa e eu comecei a ficar assim muito nervoso, não conseguindo respirar direito, é até esquisito falar isso porque eu nunca tinha passado por isso, eu achava que isso nunca ia acontecer comigo, na verdade, e eu percebi que ela foi motivada pela maneira como eu tava tocando a minha vida que eu tava deixando as decisões dos outros influenciarem as minhas, sabe, e eu tava deixando que a forma como as pessoas vivem influenciasse a minha forma de viver, em vez de simplesmente fazer as coisas que eu tinha que fazer, que eu queria fazer e causar o impacto que eu queria causar. E eu acho que isso pareceu muito mais bonito do que é, mas assim, e foi muito engraçado porque eu lembrei na hora de um texto do Seth Godin, não sei se você conhece o Seth Godin, ou quem conhece, mas ele é um cara que fala muito de marketing mas eu acho que, eu sou muito apaixonado pelo conteúdo que ele gera porque ele tem uma forma de enxergar o mundo que eu acho que é invejável, ele tem também uma forma de se comunicar muito clara, e ele escreve há mais de 8 anos um texto de blog todos dos dias, todos os dias ele escreve, e todos os dias eu recebo por email um texto de blog dele, e um dos textos bateu tão forte em mim, mas tão forte que eu falei “Cara, preciso botar um quadro, preciso fazer alguma coisa”, até que nesse dia eu resolvi botar uma parte na tatuagem, vou ler esse texto, porque eu acho muito fenomenal, assim, e enfim, espero que as pessoas também achem que ele é importante, mas que ele fala o seguinte, o nome do texto é “Escolha ou obrigação” né, e ele fala “Se é uma obrigação, você não tem uma escolha, fingir que você faz é simplesmente uma maneira de criar frustração. Liberte-se, para simplesmente fazer o que você tem que fazer. Por outro lado, se você tem uma escolha (e você provavelmente tem), não faz sentido você tratá-la como uma obrigação, então assuma a escolha”, em inglês é own the choice que ele fala né, e eu coloquei “own the choice” no meu braço para olhar todo dia e falar “Cara, para de inventar desculpa, para de colocar a culpa nos outros e assume esse coisas que você fez”, então assim, a culpa não é do cliente ou a culpa não é do colaborador, não é do seu time, a culpa é sua, e eu coloquei isso pra lembrar todo dia assim, eu acho essa mensagem muito forte. Enfim, desculpa aí pela longa introdução.
Thalita Gelenske – Não, não, ótimo, a gente tá trocando, acho que é uma frase interessante também, vou dar uma fuxicada no blog dele, não sabia que ele escrevia todo dia não.
Henrique de Moraes – É, vale a pena se inscrever, é legal porque ele manda todo dia por email, eu não leio todo dia, lógico, mas quando eu olho o assunto e acho interessante eu vou lá e passo o olho, e como é todo dia eu também não tenho necessidade de ler todo dia, eu leio só os que me impactam mais, acho que vale a pena todo mundo dar uma procurada. Bom, continuando aqui, qual foi a coisa mais importante que você fez na sua vida, porque, o que você aprendeu com isso e quem você era antes o que você se tornou? Essa é difícil, hein
Thalita Gelenske – Nossa, essa é bem difícil também, acho que assim, a coisa mais importante talvez também mais difícil, primeiro acho que foi me enxergar mesmo, com a minha identidade, na época como eu comentei contigo, resolvi realmente e falei “Caramba” e meio que me assumi, digamos assim, pro mundo, eu acho foi uma coisa que diz respeito a quem eu sou e que me trouxe muito mais leveza depois que isso aconteceu, não é nada muito tangível, é uma coisa muito mais pessoal, mas que pra mim fez toda a diferença, na forma que eu sei lá, encaro o mundo, na forma que eu recebo, respeito as outras pessoas e a identidade e as escolhas que elas fazem, então acho que foi a coisa mais importante que eu fiz assim, acho que acolher e aceitar eu mesma, quem eu sou, acho que esse foi um passo importante pra que eu pudesse também, eventualmente depois ser bem acolhida por outras pessoas também né, não que precise ser um pré-requisito, mas eu acho que é um fato importante aí da trajetória, que mudou muita coisa na minha vida e que depois até se desdobrou em outras coisas que eu nem iria imaginar né, como a própria Blend Edu como um projeto de vida, acabou se desdobrando a partir do momento que eu acolhi, aceitei isso e também entendi o meu papel de talvez multiplicar isso para mais pessoas.
Thalita Gelenske – Eu vou pular algumas perguntas aqui, porque eu acho que a gente já está mais de duas horas aqui online, e eu quero respeitar o seu tempo também. Deixa eu te fazer uma pergunta, você tem algum podcast, app, pessoa que você segue ou alguma recomendação para quem está ouvindo?
Thalita Gelenske – Nossa, com certeza. Eu não sou uma pessoa super de muitos podcasts, até porque eu tendo ser uma pessoa mais visual do que auditiva, de gostar mais até de absorver e ver conteúdos mais visuais até do que em áudio, mas eu adoro o podcast do Mamilos, acho que já muita gente conhece né, já é uma dica até meio batida, mas eu acho que tem muitos assuntos absolutamente incríveis, em que normalmente, assim, a curadoria é ótima, as pessoas que participam são muito legais, eles abordam temas polêmicos com mais de uma perspectiva né, então não é necessariamente um olhar só, enfim, pra uma resposta possível, mas eles falam com vários especialistas e apresentam várias perspectivas para um determinado problema, e eu já vi vários assim, teve um que eu vi sobre meritocracia, teve um que eu vi sobre privilégios, sobre cultura drag, várias coisas que eu aprendi assim, enormemente com o Mamilos, então acho que é o podcast que eu super recomendo, outra dica bem legal é o, tem pouco tempo, que a Aerolito, que é uma escola de futurismo, digamos assim, que O Tiago Mattos, que é um brasileiro, futurista né, que estudou na Singularity, foi um dos primeiros brasileiros que chegou a fazer formação lá, e aqui no Brasil ele fundou né, a Perestroika, algumas escolas de educação, corporativa e tal, e hoje ele tá tocando, tá na liderança da Aerolito, que é essa empresa, o braço responsável pela parte de estudos, sobre futurismo, e eles acabaram de lançar uma trilha aberta, chamada Open Aerolito, e nessa trilha, eles têm vários vídeos, como se fosse um curso com vários conteúdos, muito interessantes, sobre tendências, pra onde a gente tá vendo meio que o mundo caminhar, quais são algumas linhas de futurismo, algumas teorias de diferentes escolas sobre futurismo, então é uma dica também bem legal, que vira e mexe, eu já vi alguns videos, tô fazendo aos pouquinhos a trilha, mas é muito interessante para gente absorver um pouco sobre futuro e entender um pouco sobre o que a gente tá vivendo hoje, e por fim assim, Instagram, rede social, uma pessoa que eu gosto muito de seguir, vários dias eu olho e fico pensando, refletindo horas sobre a frase, que normalmente ele publica no Twitter, e aí ele bota um print do tweet dele no Instagram também, é o Adam Grant, que é um autor também americano, se não me engano ele é psicólogo, eu acho que ele dá aula em Stanford, ele escreveu alguns livros né, ele escreveu “Originals”, ele escreveu com a Sheryl Sandberg, “Option B”, Opção B, no Brasil, ele escreveu “Give and Take”, acho que aqui no Brasil é Dar e Receber, ele é muito bom, ele foi uma pessoa que eu tive a chance de conversar durante sei lá, 30 minutos, com um grupo de 12 jovens, a gente conseguiu falar com ele lá em Davos, ele é muito muito incrível e quase todo dia, com muita recorrência durante a semana, ele publica alguns tweets, normalmente falando sobre alguns aspecto de trabalho, modelos de gestão, e tem várias reflexões muito interessante que ele faz assim, então ele é um é um perfil de Instagram que eu recomendo para caramba, eu acho que é @adamgrant, é muito legal, é um perfil que eu recomendo.
Henrique de Moraes – Boa, vou seguir, vou começar. Você tem algum filme ou documentário favorito?
Thalita Gelenske – Tem alguns filmes que eu gosto para caramba, eu lembro que eu adorei o na época né, o “Quem Quer Ser um Milionário”, um filme de anos atrás que eu curti, um filme bem bobinho também que eu acho que é um filme super leve, mas que toca em pontos muito pertinentes e sensíveis é um filme chamado “Questão de Tempo”, ele é tipo comédia, tipo uma comédia romântica assim, digamos, um filme bem Sessão da Tarde, mas que não é um filme assim, só um filme bobo sabe, ele acaba abordando alguns aspectos e tem uma linha de raciocínio, e meio que uma conclusão muito legal. É um filme simples assim, leve, mas que tem uma lição no final, acho que muito legal, “Questão de Tempo”.
Henrique de Moraes – E você tem alguma frase ou texto que tenha mudado sua vida, também?
Thalita Gelenske – Uma outra frase, além da que eu comentei né, que as coisas meio que se conectam, everything comes full circle, teve uma frase que eu ouvi, se não me engano foi no Day One da Endeavor, do presidente da DPaschoal, ele nesse vídeo assim, eu tava assistindo e tal, eu acho que foi quando eu vi pela primeira vez a frase do “A minha responsabilidade é do tamanho do meu privilégio”, e foi quando eu ouvi assim eu falei “Caramba, fez muito sentido para mim”, eu uso muito essa frase no meu dia a dia, do tipo daquela reflexão que a gente comentou né, de entender “Caramba, tem muita coisa que eu tive acesso que nem todo mundo tem acesso”, então a partir do momento que eu entendo que eu tenho esses privilégios, o que que eu vou fazer com isso né, ela tem muita responsabilidade diante disso, então acho que foi uma frase que me marcou e me mudou muito.
Henrique de Moraes – Muito, muito boa. Nossa, caralho, chegou a bater aqui agora em mim, vou ter que digerir um pouco, mas tudo bem, vamos pra próxima. Qual foi o lugar que você mais gostou de visitar, e porque?
Thalita Gelenske – Ai, que difícil, eu gostei muito quando eu fui pra Machu Picchu, foi uma viagem, foi uma das primeiras viagens internacionais assim que eu fiz depois que eu comecei a trabalhar, que vai que eu juntei dinheiro e fiz com algumas amigas, e foi muito incrível porque a gente foi para o Peru, na época, baixa temporada, época de chuva, então a gente não sabia muito bem se a gente ia conseguir curtir Machu Picchu ou não, e quando a gente chegou lá o dia estava lindo, tava um sol gigante, a gente tirou fotos assim, de revista, tem uma energia surreal realmente aquele lugar, e a gente ainda deu sorte, que na hora que a gente foi almoçar, caiu um pé d’água, mas assim só durante o momento do almoço, quando a gente acabou o almoço já tinha parado de chover, e aí quando a gente voltou né para para Machu Picchu pós o almoço, que fica mais ou menos meio que na entrada ali, de Machu Picchu, a gente viu um arco-íris, e na cultura, se não me engano dos próprios incas, o arco-íris é um sinal de boa sorte, tanto que a bandeira de Cusco muita gente confunde com a bandeira gay, porque é tipo uma bandeira de arco-íris, e aí para mim foi muito simbólico assim, num lugar que eu achei muito lindo, uma cultura muitas que às vezes a gente não valoriza, que é uma cultura aqui da América Latina mesmo, a gente não aprende, não se aprofunda a gente não aprende a valorizar, eu me encantei, a cidade é incrível e ainda por cima eu vi um arco-íris, então foi um lugar que me marcou muito.
Henrique de Moraes – Legal, eu nunca fui mas tenho muita vontade de conhecer, todas as histórias que eu ouço são nessa linha de ser um lugar mágico, e que traz uma energia muito boa, enfim, tenho vontade de conhecer
Thalita Gelenske – Vale muito a pena
Henrique de Moraes – Legal, então pra gente encerrar aqui, infelizmente porque por mim eu ficaria aqui o dia inteiro conversando. Você gera conteúdo, e assim, se você quer ser encontrada online, onde as pessoas podem te encontrar?
Thalita Gelenske – Legal. Eu, como eu comentei né, eu chego a gerar conteúdo, não só eu pessoalmente mas tem algumas pessoas que geram, começaram até agora a gerar conteúdo para gente na Blend, então no blog do site da Blend Edu, você consegue ver alguns conteúdos que eu gero, que algumas pessoas da equipe geram né, então o site é blend-edu.com, mas eu também gero conteúdo no meu Instagram, eu não queria, até pouco tempo atrás fazer um Instagram aberto, estava resistindo mas assim, algumas pessoas num intervalo de tempo muito curto ficaram me falando do tipo “Thalita, você tinha criar um Instagram público, pra você compartilhar das viagens, ou das dicas que você tem, sei lá né, desses editais ou de programas de desenvolvimento, então vocês conseguem me achar também no Instagram, no @thalitagelenske, eu publico muita coisa também no LinkedIn, então acaba muita coisa de perfil profissional, publico lá, e no Facebook também, Thalita Gelenske, você consegue me achar, então são os lugares que eu tenho gerado conteúdo além do blog da revista HSM, que eu tenho também escrito, tenho feito uma coluna mensal, mais com foco em diversidade, mas pelo meu Instagram dá pra você acessar o link do blog.
Henrique de Moraes – Boa, assim, quem estiver ouvindo aí, procurem sobre a Thalita, procurem sobre a Blend Edu, é uma trajetória que tem me inspirado muito e vocês estiverem disponíveis e quiserem saber um pouco mais, eu acho que vale procurar inclusive o webinar que ela fez com a revista HSM, que olha, é um aprendizado enorme, eu já assisti acho que duas vezes, se eu não me engano, então assim, de tão legal que foi, um material muito bem preparado que vale a pena, e Thalita, muito muito muito obrigado pelo seu tempo, muito obrigado pela disponibilidade, foi muito bom assim, adorei a conversa toda, adorei todas as dicas e espero que todo mundo aproveite bastante também Thalita Gelenske – Obrigada você pelo convite, também ficaria aqui mais horas conversando contigo, a gente tem um monte de coisa em comum né, coisas que a gente sabia e coisas que a gente não sabia, e foi muito gostoso, espero aí que o projeto deslanche cada vez mais, com pessoas bacanas, tô doida para ouvir outras entrevistas que você fizer.