calma! #53 com Flávia Lippi
Flavia Lippi é jornalista científica de formação, empreendedora social de coração, pesquisadora, biohacker, educadora e criadora de conteúdos sobre gestão emocional, inovação nas relações de trabalho, neurociências e comportamento (neuroliderança, neurogestão, neuroeconomia, neuromarekting, neurobusiness).
ela é idealizadora da Health Tech e do método A Equação, além de ser co-fundadora do Instituto de Desenvolvimento Humano Lippi (IDHL), a maior plataforma de pesquisa, neurociências, comportamento e gestão emocional.
LIVROS CITADOS
- INDISTRAÍVEL: Como Dominar sua Atenção e Assumir o Controle de sua Vida – Nir Eyal
- Por que o budismo funciona: Como a psicologia evolucionista e a neurociência explicam os benefícios da meditação – Robert Wright
- Por Que Nós Dormimos: A Nova Ciência do Sono e do Sonho – Matthew Walker
- A molécula da moralidade – Paul Zak
- Rápido e devagar: Duas formas de pensar – Daniel Kahneman
- A revolução do altruísmo – Matthieu Ricard
PESSOAS CITADAS
- Tristan Harris
- Dalai Lama
- Paul Gauguin
- Usain Bolt
- Paul Zak
- Robert Wright
- Daniel Schmachtenberger
- Yuval Harari
- Matthieu Ricard
FRASES E CITAÇÕES
- “Temos emoções paleolíticas, instituições medievais e tecnologia quase divina” – citada por Henrique
- “Faça o que gosta e você nunca mais vai trabalhar na sua vida” – citada por Flávia
se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.
Henrique de Moraes – Olá pessoal, sejam muito bem-vindos a mais um episódio do calma!, um episódio hoje um pouquinho diferente porque eu trouxe aqui uma convidada super especial para falar sobre os impactos negativos das redes sociais nas nossas vidas né e que vale até um rápido disclaimer porque eu sei e eu tenho, na verdade sou até grato pelas redes sociais por tudo que elas proporcionam eu sei que tem um lado positivo enfim, coisas como grupos minorizados ganhando protagonismo, pessoas que tiveram suas vidas transformadas ali pela oportunidade de criar conteúdo de maneira “descentralizada”, movimentos importantes né como #MeToo, Black Lives Matter e muitos outros que foram impulsionados e assim por diante. Mas também a gente não pode deixar de olhar pros efeitos negativos que as redes sociais causam na gente, então a gente tá aí numa crise de ansiedade generalizada numa escala jamais, diminuição da capacidade de concentração das pessoas, a gente começou a criar expectativa irreais e quer tudo para ontem por causa da gratificação instantânea, problemas sérios com autoestima, especialmente em jovens, polarização extrema enfim, vários assuntos aqui que a gente vai entrar ao longo desse bate-papo. E aí quando a gente coloca tudo isso na balança né, eu tenho aqui uma tendência a acreditar que o resultado hoje tá indo mais para o lado negativo do que o positivo e aí enfim, fiz esse disclaimer rápido aqui mas vou trazer agora, vou dar boas-vindas para nossa convidada de hoje, a Flávia Lippi. Flávia vou te pedir para você se apresentar rapidinho e se você quiser já até começar a falar de alguns efeitos negativos que você sentiu das redes sociais aí na sua vida ao longo desses quase 10 anos em que a gente tem esse tipo de interação agora, fazendo parte constante e frequente do nosso dia a dia.
Flávia Lippi – Bom, primeiro é um prazer né estar aqui com você, acho que todas as vezes que a gente tem a oportunidade também de usar a mídia, as redes sociais, a web para trazer boas notícias, boas ideias, discutir assuntos relevantes também é um grande prêmio, é um grande presente a gente poder viver isso agora então realmente pra mim é uma honra enorme ter sido convidada por você para bater esse papo e trocar algumas ideias que eu acho que a gente vai chegar à boas conclusões juntos. E assim, para quem não me conhece, nunca viu nada sobre meu trabalho, eu sou uma pesquisadora, na verdade no core de tudo eu sou apaixonada por gente, sou uma apaixonada pela alma humana e gosto de estudar sobre gente, conviver com gente, falar de gente e falar com gente. E acabei cada vez mais me especializando nos nossos comportamentos, nas nossas ideias, nas nossas dificuldades, nosso funcionamento neurobiológico, neurocientífico, neurosocial e descobri muita coisa boa sobre nós, então acho que a gente pode bater um papo bem gostoso de como a gente pode tirar bons proveitos das redes sociais se a gente souber como nós funcionamos.
Henrique de Moraes – Perfeito, acho que é aí que a gente quer chegar mesmo, inclusive eu, tô aqui de curioso mesmo para explorar essa possibilidade aqui e entender como que eu posso ficar menos ansioso com as redes sociais e tirar proveito melhor. Mas vamos lá, voltando pra pergunta, Flávia você assim, você é uma pessoa que usa as redes sociais como plataforma para divulgar um pouco do seu trabalho e não só divulgar no sentido de explorar né mas assim, de divulgar também as coisas que você, como você falou né, como é que a gente pode trazer um lado luz para isso aqui e trazer informação relevante para as pessoas, mas a gente sabe que assim, eu pelo menos tenho esse relacionamento meio conturbado com as redes sociais em que às vezes eu fico me perguntando quem tá explorando melhor quem sabe, tipo no melhor sentido da palavra né assim, quem tá usando mais quem ali, e aí eu queria saber da sua parte como que é seu relacionamento né com as redes sociais e vamos começar de repente com os efeitos negativos que você vem sentindo para depois a gente chegar pro lado luz aqui, como que você conseguiu de repente usar melhor essas ferramentas.
Flávia Lippi – Bom eu sou absurdamente tecnológica, eu não sou só tecnológica, eu sou absurdamente tecnológica porque eu adoro tecnologia, adoro biotecnologia, eu adoro entender como a tecnologia pode ter algum benefício na vida da gente mas eu acho que o segredo de adorar a tecnologia e tirar proveito da tecnologia é saber que ela é uma tecnologia, que ela é uma tecnologia, ela é hard, ela é dados e a partir de saber da existência dela com esse formato eu posso dominá-la. Se eu desejo que a tecnologia me dê tudo, ela me domina. Como a maior parte de tudo da nossa vida, de certa maneira né porque se você dá poder para algo que você acha que é maior que você, ele vai te dominar né então eu vejo muitas possibilidades positivas na tecnologia e nas redes sociais mas eu entendo que é preciso saber para que que ela serve e como que você pode ser mestre dela e não contrário. Então eu tiro muito proveito mesmo, positivo.
Henrique de Moraes – Perfeito. Eu gosto muito de uma fala do Tristan Harris, estudioso aí dos efeitos das redes sociais enfim, um dos criadores do filme, esqueci agora
Flávia Lippi – O Dilema Das Redes
Henrique de Moraes – O Dilema Das Redes, obrigado, enfim e tem uma instituição e tem tentado gerar aí um reconhecimento a respeito dos efeitos negativos né e ele fala uma coisa que eu acho interessante, que as redes sociais não são apenas ferramentas né, como você bem falou enfim, tem toda uma tecnologia por trás ali e aí ele brinca que assim, imagina um martelo, o martelo fica ali parado, esperando né uma necessidade para ser usado. As redes sociais por outro lado elas têm suas próprias necessidades e agendas né então imagina um martelo que demanda que você use ele várias vezes por dia para você conseguir o resultado desejado né, imagina um martelo que muda o tempo inteiro de formato, não para facilitar sua vida mas para que você, ou para fazer com que você coloque pregos ali com facilidade né mas para cumprir uma agenda pessoal né que você não faz ideia de qual seja inclusive, e aí na verdade faz com que pregar se torne uma coisa mais difícil então eu queria entender assim há quanto tempo você usa as redes sociais como ferramenta de trabalho?
Flávia Lippi – Desde sempre, porque se você pensar no meu histórico profissional né, eu venho de mídia, eu trabalhei em rádio, em televisão, trabalhei em jornal impresso, eu tive o top 10 blog do UOL durante anos, meu blog era um dos mais visitados do Uol então sempre, eu sempre sempre sempre estive de fato envolvida né de uma certa maneira com a tecnologia, a mídia e as redes sociais quando elas não aparecendo né, desde o Orkut por exemplo então assim, eu sempre estive envolvida. Eu acho que a diferença principal de como eu utilizo ela hoje é que hoje eu realmente tenho uma intensidade na publicação de conteúdo nela né porque eu não tenho mais a plataforma da televisão, eu migrei da televisão que era minha plataforma principal de conteúdo e que sempre levei muito a sério, inclusive tenho dois Emmys né como melhor conteúdo para televisão, não se se as pessoas sabem mais o Emmy é o Oscar da televisão, é muito difícil você ganhar um Emmy então conteúdo para mim sempre foi algo muito importante e hoje eu faço a mesma qualidade de conteúdo que eu fazia em televisão eu faço hoje na internet então é nisso assim que eu gosto de deixar muito pontuado assim para as pessoas, você precisa saber usar também a sua fala, eu acho que “O Dilema das Redes” ele é perfeito quando mostra quais são os danos e como eles fazem isso acontecer, mas eu vou falar sobre a nossa biologia e a gente vai entender algumas coisas sobre isso né, a gente não é refém dela, a gente só tem que saber como nós funcionamos como humanos e a minha proposta em estar nela é justamente sempre criar um hábito do próprio algoritmo de me achar com uma boa mensagem. Então eu faço tudo para que ele ache os meus dados e que eu esteja em timelines de pessoas que querem ter uma filha plena, então é o mesmo mecanismo né, eu continuo no dilema das redes mas eu tô criando uma trajetória do meu feed que possa criar boas oportunidades para mim, óbvio, que meu feed certamente não tem a mesma coisa que o feed de pessoas que estão querendo só ver o lado negativo da vida, as desgraças, criar guerras, discussões né então no meu feed aparece mais Dalai Lama do que qualquer outra coisa que você puder imaginar, mas porque é a construção dos meus dados e é muito parecido com a construção dos dados da nossa mente, de como nós construímos como ser humano sabe, então eu acho que isso é algo assim muito importante da gente entender também né. Tem um problema nas redes gravíssimo, nós temos muitos problemas na vida né mas o que que a gente vai fazer com isso? Sentar no problema né ou a gente vai achar caminhos de interagir com o problema.
Henrique de Moraes – Sim. De vez em quando eu fico me perguntando o quanto também né a gente delega muito a culpa né de algumas coisas que acontecem então por exemplo procrastinação, “Ah porque o TikTok me deixa ficar preso naquilo ali” enfim seja o que for, e tem um livro de um cara que chama, esqueci agora o nome do autor mas o livro se chama “Indistraível”, e aí em que ele começa o livro falando que ele colocava também a culpa na tecnologia até que um dia ele resolveu ir para um chalé para poder conseguir escrever né porque ele falou assim, “Sem tecnologia vou estar mais concentrado e tudo mais” e ele falou que de repente ele se viu folheando livros, olhando para natureza, pegando um monte de coisa e não conseguindo também fazer o trabalho ali, ele tava procrastinando de outras maneiras então ele falou assim, o quanto na verdade a procrastinação é muito mais uma coisa humana e a gente está delegando essa culpa para a tecnologia em vez de assumir que a gente tem essa tendência e fazer alguma coisa a respeito né porque é mais fácil você delegar a culpa, mas eu queria entender um pouco um pouco melhor assim né como que você faz então para conseguir usar, assim como você falou, usar isso como uma ferramenta, que acho que de maneira prática assim, quais são as atividades ou quais são assim, que tipo de técnicas ou ferramentas você usa para conseguir ser o mestre ali dessa ferramenta que está tentando se rebelar contra você quase né, de várias maneiras que depois a gente pode detalhar um pouco melhor.
Flávia Lippi – Bom, é
Henrique de Moraes – Por exemplo, só pra dar um pontinho aqui, desculpa te interromper mas é porque é isso mesmo que você falou né por exemplo, você tenta ser a pessoa que vai passar uma mensagem positiva e não uma mensagem negativa, não a mensagem da contradição, não a mensagem da guerra mas todos os dados né assim, inclusive vazaram dados do Facebook tempos atrás que mostram que na verdade o algoritmo tá otimizado para isso, ele é otimizado para fazer com que coisas que vão gerar revolta tenham mais alcance orgânico né então, e várias empresas que, empresas de que tinham agendas políticas e que perceberam que elas só conseguiram ter o alcance que elas tinham anteriormente, antes da mudança do algoritmo, publicando conteúdo que fosse na verdade gerar polarização. Então como que você consegue fazer isso, quais são as estratégias que você usa para conseguir subverter?
Flávia Lippi – Então, acho que são várias coisas que a gente vai conversar nessa etapa, a primeira coisa, então vou começar de trás pra frente, eu não quero subverter os dados, porquê? Você imagina que eu não tenho tecnologia e que eu vivo só na minha horta, nos meus livros e que eu escreva num papel à caneta ou na máquina de escrever como foi durante anos a minha escrita né, ou na mão que eu adoro escrever à mão e depois que eu tiver com esse texto pronto eu vou fazer um caderninho, grampear, fazer 5 cópias no xerox porque não tem impressora ou vou fazer 5 cópias à mão, copiar cinco vezes ou escrever cinco vezes com papel carbono que acho que nem deve existir mais e vou entregar para os meus vizinhos ou pras pessoas que eu mais gosto. Quando você tem esse ato de produzir um conteúdo e entregar o conteúdo, o que você quer é entregar o conteúdo. Eu não tenho ansiedade de entregar para um maior número de pessoas. O segredo, e eu acho que é o segredo da minha sanidade inclusive nas redes sociais é, eu não estou preocupada com o número de pessoas que estão me seguindo e eu não estou preocupada em subverter o algoritmo ou entender quais são as novas regras do Instagram, eu simplesmente acordo todos os dias de manhã como se eu estivesse escrevendo à mão, entregando para o meu vizinho que é um grande amigo para ele ler a última coisa que eu escrevi, ponto. O que acontece com isso? Obviamente eu vendo menos, tenho menos alcance de visibilidade, se a gente for usar algumas palavras que eu considero até sem noção né, dos jargões das redes sociais, eu não me torno uma autoridade e aí eu já começo a rir né, uma pessoa de 55 anos com tantos prêmios na minha área eu não sou autoridade nenhuma né, com mais de seis pós-graduações, mestrados eu não sou autoridade.
Henrique de Moraes – Dentro desses critérios né que foram estabelecidos como autoridade, sim
Flávia Lippi – Então, por isso que eu acho que é uma falta de bom senso né, então as autoridades são pessoas que tem um grande alcance mesmo que elas falem um monte de bobagem e como eu não tô preocupada com isso, não importa essa fala, por isso que eu falo, eu não falo porque não tem bom senso. Eu vou continuar fazendo a mesma produção, com o mesmo cuidado se eu estivesse falando só para o meu cachorro, pro meu vizinho, para mim como um diário, se eu estivesse falando para milhões. Eu já fiz palestras em estádios de futebol, tinha um monte de gente lá dentro mas se tivesse uma única pessoa eu estaria falando com a mesma qualidade, porque o meu interesse é em produzir este conteúdo, tirar de mim esse conhecimento e compartilhar, poderia nunca dividir com ninguém se não tivesse rede social, o dia que eu morresse e alguém achar na minha casa um monte de texto escrito numa caixinha com lacinho vermelho, “Assunto 1, assunto 2”, ok você entende, então isso me traz muita sanidade, isso acho que é uma coisa. E se eu não consigo fazer isso dessa forma, qualquer pessoa poderia também, e aí que a gente vai avançando em quem nós somos, quais são as nossas prioridades, o que a gente tá buscando com isso né. E se eu for resgatar os primórdios da minha carreira por exemplo, eu escrevi em máquina de escrever para ser publicado no jornal no dia seguinte que virava um papel de enrolar peixe, depois de lido né, ou virava lixo no chão né então se eu fosse ficar sempre preocupada com qual era o alcance e a longevidade desse pensamento, eu não teria começado a escrever na minha vida, sobre nada então existe uma grande diferença entre escrever conteúdo de qualidade e querer escrever coisas com palavras certas, nas horas certas, com mecanismos certos, com ganchos para que você seja comprado.
Henrique de Moraes – Sim. Até porque é isso né, a partir do momento que você tá produzindo conteúdo pensando no formato enfim, todos esses critérios que você precisa para agradar um algoritmo que você nem sabe na verdade se você tá agradando ou não, você tá deixando de fazer o que você se propõe a fazer né que é escrever com qualidade
Flávia Lippi – E estudar, eu preciso estudar, eu preciso estudar profundamente um assunto antes de falar sobre ele e antes de impactar 1, 2 ou milhões de pessoas com uma ideia que pode ser desastrosa.
Henrique de Moraes – Sim, e estudar o assunto sobre o conteúdo que você quer falar e não estudar sobre como as redes sociais funcionam porque vai mudar daqui a 6 meses também né
Flávia Lippi – Eu inclusive hoje claro né, eu tenho um equipe que me ajuda e eles estudaram pra isso e muitas vezes né assim a líder da equipe na área digital fala “Flávia a gente tá precisando falar assim ou assado” eu falo “Olha, eu entendo muito a sua preocupação, mas vai por mim que eu vou continuar nesse mesmo ritmo, eu só preciso de você também como uma inteligência e uma ferramenta para divulgar aquilo que eu quero” né então e assim são, é a construção das ideias, eu não preciso ser levada para mudar o meu pensamento sobre o que é bondade ou o que é compaixão, o que é compartilhamento de ideias para ser aceita, e isso é uma, a gente já tá entrando num avanço de quem nós somos. Eu de fato não tenho a necessidade de ser aceita nessa proporção, todos nós somos, temos necessidades de sermos aceitos, vivemos em tribos né, nós somos humanos então nós somos sociais e tribais mas eu não preciso de fato ficar mudando toda hora quem eu sou para ser aceita numa tribo que não é minha, eu já tenho idade suficiente para entender minha tribo e eu sei muito bem como eu visito outras tribos, sou bem recebida sem perder a minha essência. E isso é algo que a gente pode fazer numa tribo digital, a gente pode fazer numa tribo real né, quantas vezes eu fiz um trabalho incrível na Amazônia durante muitos anos porque eu tive várias ONGs e tenho ainda uma que continuo cuidando dela e uma das principais ONGs que eu cuidava era uma ONG na Amazônia que a gente levava saúde e inteligência emocional e fortalecimento das emoções para pessoas que eram fragilizadas num outro aspecto né, então tantos os índios, os ribeirinhos né e eu entrei em tribos muito diferentes da minha e nunca perdi a essência, eu respeitava a cultura da tribo e eu ia exatamente esse respeito olhando para essa tribo, da mesma forma quando você entra numa igreja ou num templo que não é sua religião, você não vai fazer uma coisa para ofender aquela ideia, você é um visitante. Quando nós visitamos uma casa, uma tribo, um perfil digital, a gente visita com respeito, você tá entrando na casa de alguém que você não sabe o motivo mas tudo que ela faz ela está tentando fazer com aquilo que ela acredita que é o melhor para ela. Daí a gente pode entrar em muitas coisas sobre isso que é o entendimento da compaixão e do impacto que a gente tem na vida das pessoas, seja num perfil onde você entra como um hater ou com comentários agressivos ou desnecessários e se você diminuir essa amplitude e realmente bater a campainha da casa dessa pessoa você não vai falar isso para ela olho no olho.
Henrique de Moraes – Sim. A gente, todo esse discurso mais aquecido ele só existe por causa da anonimidade assim, porque a pessoa se sente protegida ali, enfim.
Flávia Lippi – E a maturidade está justamente em saber que você não precisa ser anônimo porque você pode ser uma pessoa compassiva, você não precisa ser anônimo, você só precisa ser anônimo quando você de fato tem que esconder algo que você não gostaria de compartilhar com a humanidade. E você tem vergonha disso, por isso você é anônimo.
Henrique de Moraes – Sim, isso já deveria ser o sintoma né então assim tipo presta atenção, se você tá precisando se esconder significa que você não precisa fazer o quê você está prestes a fazer né, é um sinal. Deixa eu te fazer uma pergunta só por curiosidade né, acaba saindo um pouco aqui pela tangente mas vocêfalou dessa sua ONG onde você visitava as tribos indígenas né ou visita ainda, não sei mas eu queria entender assim porque quando a gente entra né e se predispõe a entrar de peito aberto porque eu imagino que seja muito o seu formato né dentro de um ambiente diferente do seu, você também absorve muito daquela cultura né então por mais que você tenha ido lá para passar um pouco né do seu conhecimento e dividir conhecimento né, vamos colocar assim e não passar, porque você passar pode ser uma coisa top down né mas dividir o seu conhecimento, você também tá suscetível a aprender com essas tribos e eu queria entender assim, você se lembra de alguma situação em que teve algum aprendizado, alguma coisa que você leva para vida hoje, dessas visitas?
Flávia Lippi – Todos os dias, não tem nenhum dia da minha vida que eu não saia de casa eu não interaja com um desconhecido, que eu não traga um conhecimento para casa. Eu sou uma excelente falante porque eu sou uma comunicadora mas eu sou uma excelente ouvinte porque eu sou uma pesquisadora, então hoje da nossa conversa certamente eu vou fazer uma lista de aprendizados que eu tive com você porque esse é na verdade meu grande objetico, quando eu vou encontrar com alguém, com uma tribo, uma cultura, eu quero aprender, eu não quero ensinar, eu quero aprender, se eu aprender algo lá eu posso repassar isso como ensinamento né então o que eu mais aprendi por exemplo com as tribos indígenas e que foram muitos anos né, o meu programa por exemplo que era o Repórter Eco que era de sustentabilidade e meio ambiente numa época que ninguém falava disso né, 1990 e foi um ícone né, esse assunto, o Repórter Eco foi um ícone mesmo nesse assunto e tudo, apesar do reconhecimento ter vindo muito tarde né mas sempre foi reconhecido mas hoje realmente é que as pessoas entendem a importância dele quando nós criamos em 1990 né mas quando você vai por exemplo né para uma tribo indígena, e eu ia a partir da ONG, não ia só a partir do Repórter Eco, o Repórter Eco era uma questão de trazer essa luz, novos temas que pudessem melhorar nossa convivência no planeta né mas a minha ONG era, o que eu posso levar para essas pessoas que não deteriorem o que elas são né, eu não queria trocar espelhinho com nenhum índio e nem nunca quis trocar nada com ninguém que pudesse achar que o que eu tenho é melhor né e eu também não queria ir lá tomar nada, eu só queria aprender né. Então um dos maiores aprendizados por exemplo que a gente tem hoje e que as grandes pesquisas sobre neurociência e felicidade ou neurociência social provam é que compartilhar espaços, ser compassivo e viver em comunidade é o único elo verdadeiro que traz felicidade. A maior pesquisa de felicidade, quer dizer da minha história é sobre felicidade e plenitude que eu comecei a estudar em 2014, eu li até 2019 mais de 400 livros, eu leio um livro por semana, fora todas as pesquisas então essa é uma das pesquisas e eu concluí a partir de todas as pesquisas que eu li e essas pessoas que pesquisam esses grandes cientistas de grandes universidades que tem dinheiro para pesquisarem a fundo, eles chegaram à essa conclusão. E quem que me ensinou isso primeiro? Porque eu sou uma pesquisadora, então eu quis saber nas grandes universidades o que o índio já tinha me contado né, eles são saudáveis porque eles vivem numa grande oca, eles compartilham alimento, eles saem pra caçar e dividem entre eles né, eles compartilham com a natureza, eles compartilham água, o ar, o que eles vestem né, a língua, a preservar a língua né, quando você se sente inserido naquela cultura você não se perde, você se torna uma pessoa mais feliz, entende? Então esse é o maior aprendizado e a gente vem hoje para o digital querendo criar comunidades digitais sem nenhum momento respeitar quem entra na comunidade. Você invade uma comunidade? Para ser o hater aquele lugar? Então você tá fazendo exatamente como algumas culturas e alguns líderes estão fazendo, destruir a cultura indígena, você entra lá para destruir a cultura indígena então? E aí se você for ampliando isso pra qualquer local que você for, se você, como o exemplo que eu dei da própria religião, você não vai entrar numa igreja ou num templo para mudar a ideia das pessoas que estão lá congregando, você vai lá para congregar com eles. Eu sei todas as rezas que puder imaginar, eu tenho uma característica muito interessante nessa questão da espiritualidade e eu ganhei bíblias e ganho até hoje, bíblias e textos sagrados de religiões muito diversas que as pessoas me dão de presente e eu leio, Alcorão, Bíblia, todos os textos sagrados que eu ganhei até hoje eu tenho minha preferência, tenho minha preferência nas filosofias orientais, no budismo, tenho um pé muito grande no Monastério mas eu li todas essas escrituras e não foi para criticar, foi para compreender, foi para ter uma conversa com o diferente, de uma ideia diferente e que eu pudesse aprender. Uma das pessoas que eu mais admiro é um psicólogo que é muçulmano e ele veio para o Brasil fugido da guerra. Me diga como que você pode não aprender com ele? Não há como não aprender, e não é porque ele é muçulmano mas é muito interessante ele ser muçulmano porque ele me ensina sobre a guerra, ele me ensina sobre sobrevivência, ele me ensina sobre compaixão, ele me ensina sobre o ser humano e me ensina sobre ser muçulmano. Entende, então não tem ninguém que não possa te ensinar. É o olhar que você deposita naquilo que você procura.
Henrique de Moraes – Sim. Deixa eu te fazer uma pergunta, você falou sobre como todos os estudos mostram né que você ter esse senso de comunidade, de pertencimento né são a maior fonte talvez de felicidade, não sei se foi exatamente assim que você colocou mas vamos assim para a gente ter um termo né, e hoje a gente vê que as pessoas estão curiosamente fascinadas.por ver pessoas em tudo quanto é lugar né, então fica ali no feed do Instagram, TikTok, reality shows que estão se tornando cada vez mais popular então você fica o tempo inteiro vendo pessoas mas cada vez menos interagindo com as pessoas né, então é uma pessoa numa crise, se sentindo solitária mas ali quase que incapaz de sair desses looping né e ir conversar, ir interagir com as pessoas. Como você acha que, qual o papel que você vê né, lógico, das redes sociais nisso e como que você acha que as pessoas conseguem quebrar esse looping? Pessoas que de repente estão passando por isso, que estão ali de repente se sentindo solitárias mas que não sabem muito como sair desse lugar, não conseguem quebrar essa forma de agir ali no dia a dia.
Flávia Lippi – Então, a gente tem que entender muito aí sobre o que é a neurobiologia e quem somos nós como uma espécie, então uma espécie, nós somos seres curiosos, nós somos seres sociais e nós somos seres que olhamos pelo buraco da fechadura. E olhar as pessoas à distância faz parte da nossa espécie, o que a gente pode aprimorar da nossa espécie é que como humanos dessa espécie a gente tem um hardware que é um cérebro de milhões de anos com software novo que são essas novas ideias, esses novos planetas rodando num hardware que não vai ser modificado, por enquanto.
Henrique de Moraes – Posso só fazer um adendo, tem uma frase que eu adoro que é que nós temos emoções paleolíticas, instituições medievais e tecnologia quase divina né, e aí tá sendo quase que injusto assim a tecnologia que tá mirando uma inteligência artificial gigante para você ali com sua emoção que é, foi talhada por séculos atrás, milênios atrás, desculpa mas continua.
Flávia Lippi – Mas é isso mesmo, você tem toda razão porque nós somos emoção, nós somos seres emocionais tentando ser seres racionais e esse é um engano porque a nossa filogenia prova que grandes líderes inclusive tomam decisões equivocadas porque seus sistemas biológicos estão intoxicadas. Ou disparamos sistema luta-fuga, amígdala cerebral e a cada momento que essas pessoas se sentem ameaçadas elas voltam para os primórdios das nossas motivações, a gente tem inteligência intracelular de milhões de anos que regem grande parte das nossas motivações, mínimas do dia a dia. As nossas células lá atrás ela já eram estratégicas na comunicação entre elas e os animais né eles são líderes extremamente estratégicos e adaptáveis, que são grandes habilidades para que a gente possa viver no século 21. Se a gente for dar exemplo por exemplo de macaco, de formiga, de esquilo, de peixe, peixe economiza energia orgânica quando ele enxerga ou quando estão diante de grandes peixes, eles economizam energia orgânica. O corvo da Caledônia por exemplo é um dos seres mais inteligentes, eles rapidamente se adaptam às condições externas, que a gente chama de condições exógenas então por exemplo, pra economizar tempo na busca de comida ele cria estratégia para não ser morto a partir do movimento dos humanos, ele aprendeu com os humanos. O corvo da Caledônia ele sabe quando o farol tá aceso verde ou vermelho, ele para pra atravessar a rua, você tá entendendo? Então assim, existe uma inteligência biológica que a gente precisa entender, e a gente é 2% só diferente dos chimpanzés, nós só temos 2% de diferença e quando a gente cai nessa realidade a gente entende que nós somos uma espécie, claro que nós estamos em evolução mas tudo que a gente tá querendo brigar contra nós ele está nosso sistema de input/output que é muito peculiar, e aí é organicamente pensar. E aí muitas vezes quando eu trago esses assuntos as pessoas falam “Mas eu sou um cara super racional”, eu falei “Sinto te dizer mas você é emocional, você gostaria mas você é emocional”. Uma das maiores pesquisas na década de 80 que surgiu né e que é considerada até hoje uma das grandes pesquisas, que foi uma revolução, os cientistas colocavam aqueles capacetes com eletrodos cheio de fios ligados rastreando o caminho da decisão e a pergunta era supersimples, qual número desses você escolhe aí na tela, enquanto os números tavam em movimento, então o cara ficava ali olhando e vinha e apertava um número, então o cara podia por exemplo escolher o número 40 e apertou o botão. O que os pesquisadores descobriram é que quando ele apertou o número 40, o cérebro já tinha tomado essa decisão 12 segundos antes, então as nossas decisões são tomadas neurobiologicamente e nós temos claro uma inteligência emocional, uma inteligência social e muitas outras inteligências que a gente vai desenvolvendo mas a inteligência biológica que as pessoas não conhecem é que pauta a maior parte dos nossos comportamentos, inclusive o comportamento de procrastinação, que inclusive tenho um livro sobre isso. Então tudo que a gente faz tem a ver com a imunidade e o nosso comportamento, por exemplo. Porque que às vezes em grandes crises por exemplo como a gente teve de covid né e a gente ainda não terminou mas a gente já tá aí numa fase melhorada né dela, fez com que as pessoas ficassem mais retraídas nos seus computadores mas ainda assim se relacionassem socialmente via câmera porque nós temos uma necessidade muito grande de ter uma vida social. Agora, pessoas que tem uma imunidade mais baixa elas têm mais dificuldade de relacionamentos sociais porque o nosso sistema imunológico ele dispara pro nosso cérebro a necessidade de proteção. Então assim, as membranas que cobrem nosso cérebro por exemplo, a medula espinhal tem muitos vasos linfáticos que drenam células fluidas e imunes do nosso líquido cefalorraquidiano, eles são localizados para que a gente tenha o entendimento do nosso sistema imunológico em relação à sociedade que a gente vive e quem regula essa ação biológica é o nosso sistema imunológico. Então quando você cria relações entre pessoas você tá criando relações entre sistemas imunológicos, então quando a gente mixa um grupo de pessoas numa empresa por exemplo, você pode até fazer um julgamento do outro porque o seu sistema imune fica de olho em alguém que pode trazer um patógeno pra você e pode destruir o grupo. A gente vive em tribo, se tem algum patógeno, ou virús, bactéria que vai destruir o grupo, o nosso sistema biológico cria uma proteção. Eu não tô falando de preconceitos, não tô falando de nada disso, eu tô falando só de um sistema biológico que funciona assim.
Henrique de Moraes – Tem alguns livros que são bem interessantes nessa área né assim pra trazer um pouco de luz para isso, um que eu recomendo muito para todo mundo que não tem a ver com a parte religiosa é o “Por que o budismo funciona”
Flávia Lippi – É sensacional
Henrique de Moraes – O autor eu esqueci, sou péssimo com nomes de autores, mas enfim pode falar
Flávia Lippi – O budismo inclusive ele trouxe a luz pro ocidente de como as práticas contemplativas, o resgate ancestral pode fazer com que a gente siga uma vida mais plena, por isso eu falo que tenho mais interesse na filosofia oriental, eu estudo há muito tempo, já morei em monastério então acho que a questão é entender como nós funcionamos como espécie, como o nosso neuro sistema nos ajuda inclusive a ser pessoas melhores e como as práticas contemplativas aprimoram isso, independente de uma religião. Prática contemplativa não tem haver com religião, pode ter se você quiser incluir sua crença mas o nosso sistema biológico ele deixa a gente órfão de crença porque parece uma loucura mas a gente tem que não só imaginar mas compreender que a nossa personalidade tá envolta também no nosso sistema biológico. Nós temos uma resposta chave ao que o nosso corpo biológico está respondendo ao que nós estamos fazendo com ele, por isso é tão importante se preocupar com o que você come, com o que você fala, o que você lê, o que você vê né, são estímulos de emoções e estímulos mesmo que você leva como alimento para dentro do seu corpo, isso melhora ou piora sua imunidade. Então imunidade e sociedade eles estão inteiramente coligados. Então quando você pergunta porque que as pessoas estão cada vez mais espiando a vida do outro é porque elas estão cada vez mais com medo de serem extintas como espécie. Então elas têm medo, elas assistem de longe os reality shows, a vida alheia, as fotos do Insta, porque é uma forma dela se alimentar, de ser socializado, de socializar mas tem medo da convivência porque o ato de socializar para fomentar os nossos sentidos primordiais, que isso é a nossa existência, inclusive tem um nome, se chama forrageamento, que nós somos tão inseridos nisso que para nossa sobrevivência a gente precisa de coleta, de caça, a nossa coleta é adquirir bens, a nossa caça é nos alimentarmos porque a gente precisa reproduzir né então a mistura de genes hoje causa medo mas a gente não pode deixar de ter o fomento dos nossos sentidos que é socializar, então a gente tá socializando com medo, por isso que você tá vendo tanta gente atrás da tela doido para socializar mas achou essa maneira, a partir a partir da tecnologia, com medo de perder sua própria espécie, você entende?
Henrique de Moraes – Isso é interessante porque eu acho que talvez isso já sejam alguns efeitos que a gente de repente não previu tipo da pandemia né assim que a gente não sabia o que ia sair dessa experiência louca toda e de fato, você vê por exemplo pessoas que estão saindo, indo para restaurantes e estranhando não usar máscara né e se você parar para pensar, a gente passou a vida inteira, eu por exemplo né 30 e tantos anos sem usar máscara e esse sempre foi o normal, e agora você entra num restaurante e você acha estranho usar máscara né então talvez por a gente ter ficado tanto tempo isolado exatamente, nossos instintos de sobrevivência né que na verdade meio que controlam a gente eles estejam tão aflorados a ponto da gente se sentir inseguro para sair de casa, nunca tinha parado pra pensar por esse lado.
Flávia Lippi – Esse é, claro eu tô resumindo horrores pesquisas, inclusive pesquisas mais recentes sobre os efeitos da pandemia na nossa mente. Agora isso não é novo, isso é importante a gente dizer, os dramas humanos são sempre os mesmos e nós somos cíclicos, eu posso dar um exemplo bobo assim, um médico amigo meu ele tava sentado numa cadeira, isso muito antes da pandemia, ele tava sentado numa cadeira e tinha uma senhora sentada do lado dele, tinha um ventilador na direção dele e essa senhora começou a tossir e esse ventilador ali e não sei o que, ele saiu daquele ambiente meio se sentindo mal, ele pegou um vírus mortal, porque? Nós não erradicamos todos os vírus e bactérias do planeta, isso é uma ilusão então os dramas humanos ele são cíclicos, eu não tô minimizando o problema do covid porque é gravíssimo mas eu quero dizer é que faz parte da humanidade a gente viver ciclos de grandes tragédias também. A forma com que você olha os acontecimentos da vida é que vai te trazer subsídios para que você conviva, a gente tá falando de redes sociais, nas redes sociais por exemplo em grandes tragédias, entende? E as coisas se afloram em grandes tragédias também, o que tá escondido acaba ficando muito claro, o que não tava claro acaba aparecendo né então as tragédias elas servem pra também de uma certa maneira colocar luz em coisas que a gente não estava prestando atenção e que é o silenciar de alguma maneira de outras coisas, a gente consegue observar aquilo que tá acontecendo com a humanidade.
Henrique de Moraes – Você, desses estudos que você leu assim, tem alguma coisa de consequências que você queira trazer aqui pra gente?
Flávia Lippi – Olha, eu acho que uma das coisas mais importantes que as pesquisas trouxeram foi a questão da saúde mental, que ficou assim muito amplificada né assim, a gente conseguiu perceber a depressão e ansiedade pós pandemia. Não é que ela não existisse antes mas aumentou em uma proporção gritante né e porque que aumentou numa proporção gritante? A própria Organização Mundial de Saúde já considera a depressão o mal do século, a doença do século. A gente teve um aumento de 25% por exemplo, a gente tem um custo global de problema de saúde acima de 1 trilhão de dólares por ano então a saúde mental por exemplo não é que ela piorou, mas a gente colocou uma luz num problema que era facilmente escondido debaixo do tapete.
Henrique de Moraes – Provavelmente tem diversos caminhos que levam para o mesmo problema né mas de fato se você parar para pensar que a gente já vinha num crescimento de ansiedade por conta né de todas as tecnologias enfim, de todas as mudanças muito rápidas que estão acontecendo né só que é isso, a gente tava como você falou, a gente tava colocando para debaixo do tapete porque a gente tinha todas as atividades que faziam com que a gente preenchesse os momentos em que a gente poderia sentir mais esse momento né, esse sentimento talvez, esse problema da ansiedade e da depressão. Tem uma coisa que aconteceu comigo aqui né, que uma pessoa próxima e que foi curioso porque foi o seguinte, ela tava, era uma pessoa que tava muito tempo ali online, no celular o tempo inteiro conversando com as pessoas, tudo fazendo online sem muito contato físico e aconteceu um ponto em que ela teve que passar um fim de semana sem usar tecnologias tá então imagina, uma pessoa que tá super conectada passar um fim de semana, dois dias sem ter a tecnologia, teve que esconder a tecnologia e tudo mais. E aí chegou no primeiro dia, no final do dia ela começou a chorar e aí começou a falar “Não porque isso, por causa daquilo”, começou a encontrar né tipo ali culpados, motivo pelo qual ela tava se sentindo daquele jeito enfim, então apontando culpados né, “Você fez isso, não sei quem fez aquilo” enfim, tentando encontrar ali um motivo para estar daquele jeito e aí foi na hora que me bateu e eu falei “Não, o problema não é esse, o problema é que você tá pela primeira vez sentindo de fato o que você tem pra sentir, você não está tapando, você não tá encontrando um remédio pra, um remédio desses que só vai tratar o sintoma e não vai olhar pro que de fato é o problema” e aí é isso, acho que a gente, a pandemia foi um momento desse para todo mundo né, foi um momento em que de repente a gente tirou todas as coisas que deixam a gente adormecido ali, que adormecem o problema né de repente da ansiedade e depressão e colocou isso na verdade num potencializador né porque a partir do momento em que você não tem todas essas atividades né e aí você pode colocar tudo, ir pro trabalho, praticar esportes, ter encontros sociais o tempo inteiro né que a gente tá o tempo inteiro colocando, preenchendo nossas vidas com essas atividades e pouco tempo para contemplação como você já falou, e aí de repente quando cai todo mundo propositalmente e sem as ferramentas para conseguir aproveitar isso de maneira contemplativa de fato né e tirar proveito disso todo mundo começa a se dar conta do quão problemático na verdade todos os problemas que você tem que estão te levando para aquele caminho e você não tem mais ali o subterfúgio para conseguir lidar com isso né.
Flávia Lippi – E além disso tem o tabu né assim, nós vivemos uma sociedade onde falar de doenças mentais era um grande tabu, ninguém falava que tinha depressão nem muito menos que ia num psicólogo ou psiquiatra, hoje não. Então uma das coisas que aconteceu foi que de fato o tabu ainda existe tá, você não pode falar de todas as doenças mentais mas existe ainda a liberdade de você falar que não está se sentindo bem, que você teve depressão ou ansiedade, você não vai falar de esquizofrenia, você não vai falar de bipolaridade ou de borderline mas você vai falar do basicão da doença mental porque essa basicona já não é mais um tabu, então acho uma das coisas da pandemia foi diminuir o tabu sobre a fala das doenças mentais e criar soluções para ela né, sobre a saúde mental na verdade. Outra coisa interessante, a gente tinha hoje que no mundo 264 milhões de pessoas sofram de depressão por causa do trabalho então quando aconteceu o home office por exemplo, as pessoas também realizaram que o trabalho daquela maneira ou aquele local não era exatamente o que elas queriam para vida. Então houve inclusive um êxodo para a área rural e pessoas mudando de lugar, e optando mais pelo trabalho híbrido porque descobriram que às vezes os locais onde elas estavam tinham um número muito grande de frustração e de medo né e isso traz grandes consequências também na saúde mental, então tem muitas coisas que foram sendo colocadas a partir desse silenciar do movimento muito rápido do mundo né e a gente ter que realmente se olhar um pouco mais com profundidade.
Henrique de Moraes – Sim, e ainda tem no meio disso tudo, você ainda pega uma coisa que é uma ferramenta ali, vamos colocar, que é o assunto de hoje, redes socias, que a gente sabe que também tem todo esse lado negativo e coloca também ali como a única opção quase né assim praticamente, isso e Netflix talvez, pra você se distrair, para você adormecer o que você tá sentindo né, que você fazia antes com várias atividades, muitas delas inclusive são muito benéficas como você né, ter encontros sociais e fazer exercício físico e aí de repente você substitui quase tudo por ficar ali se comparando com as pessoas o tempo inteiro nas redes sociais e vendo como as pessoas inclusive estão passando a pandemia de maneiras diferentes, você num ambiente onde você tá muito restrito à um apartamento pequeno e uma pessoa com uma casa, outra pessoa que se mudou para um sítio e tudo mais e você ali se comparando o tempo inteiro, você coloca isso na ponta, na cerejinha do bolo quase, é assim de fato um trigger, vai disparar um problema maior ainda.
Flávia Lippi – O que é normal em pequenas proporções né assim, se a gente for, resgata sempre o que é uma convivência sem tecnologia, sempre assim, todo dolescente quer pertencer a uma tribo, nas escola vai usar a calça X, a mochila Y, o tênis Y, falar de tal jeito, botar um piercing ou não botar um piercing enfim, porque isso é nossa espécie. O que a gente precisa talvez colocar uma luz assim na convivência é, a gente quer amadurecer? A gente quer amadurecer como ser humano, cada um por si? Então assim, faça essa pergunta para você, não para o seu vizinho. Eu quero amadurecer e quando eu olhar alguma coisa no Instagram por exemplo não ser motivo de inveja mas ser motivo ou para conquistar algo parecido ou então só uma observação entende? Não entro num museu e vejo um quadro por exemplo de Gauguin e falo “Quero ser Gauguin”, eu falo “Cara, como esse cara conseguiu fazer isso?” naquela época, como ele conseguiu colocar essa luz nesse quadro, que tinta ele usou, acho que esse olhar curioso sobre aquilo que o outro tá fazendo ou aquilo que o outro é ou aquilo que o outro expõe na sua vida é um grande elo de diferentes e não “ele não pode ter aquilo” ou “eu quero ter aquilo que ele tem” mas não, “como ele conseguiu fazer aquilo?”, “eu gostaria de também conseguir”. A gente tem inclusive muitas oportunidades de ser feliz na verdade porque a felicidade ela não está calcada nesses objetos externos. Eu acabei criando uma plataforma chamada Equação que é uma plataforma que pretende fomentar a plenitude né, como você tem autoconsciência, autocompaixão, autotransformação para ter uma vida plena, e eu acabei de todas essas pesquisas, dessas milhares desde 2014, acabei chegando em seis itens, seis temas que eu chamo de saltos né, eu acho que é um salto de iluminação na vida assim que são seis temas que fazem com que nós sejamos plenos. E eles são muito simples, são muito fáceis na verdade se você se dedicar um pouquinho por dia a cada um deles. Eu criei uma calculadora de vida que é a Equação, que é essa calculadora de vida em que a minha ideia inicial era calcular quanto valia minha vida e quanto valia minha vida não em termos financeiros mas o que eu estava fazendo com a minha vida enquanto estava viva né, eu quase morri em 2017 e antes disso eu já tinha dado uma grande importância ao que eu estava fazendo com a minha vida, por isso eu fui cada vez estudando mais e os maiores arrependimentos na hora da morte e os grandes temas que fazem com que nós sejamos felizes eles tão simples né, são seis. Viver o aqui agora, viver o aqui agora é você observar os detalhes da vida, os aromas, os sons, os paladares, os status, as cenas da natureza. Quando você está totalmente conectado à vida do outro numa rede ou algo que tira dessa consciência você não tá no aqui agora, você tá lá naquele lugar que você nem sabe que você existe né e quando você aumenta esse viver o aqui agora você diminui a ansiedade, você aumentar o autocontrole, você diminui o cortisol, diminui o estresse, diminui culpa e isso é um dos temas quando a pessoa tá na beira da morte, ela fala “Eu me arrependo de não ter vivido aqui agora, de estar sempre no futuro e no passado”. Outro tema é ser curioso, que é essa curiosidade que a gente tá falando aqui entende e não ficar temendo o incerto ou então o misterioso e ficar curioso com a vida alheia não, é ficar curioso com temas complexos né, apostar em temas desconhecidos. Claro que você perguntar para uma pessoa como você conseguiu fazer isso é algo que pode estar dentro dessa curiosidade, não é para criticar ou para invejar o que ela vai te responder mas para aprender com a resposta dela e criar um movimento para aquilo que você quer alcançar e quando você aumenta a curiosidade você diminui o estresse, aumenta a capacidade de resolver um problema, você diminui a ansiedade, você aumenta a segurança. E também no leito de morte as pessoas falam de ser mais curioso, de ter conhecido coisas novas. Uma outra coisa que se fala na hora da morte, eu peguei as maiores pesquisas nessa áreas e juntei tudo né, é não ter tido um hobby, fazer o que gosta virou uma profissão e não é isso, fazer o que gosta é um hobby. Sabe aquela frase, “Faça o que gosta e você nunca mais vai trabalhar na sua vida”? Isso é uma balela porque trabalho é remunerado
Henrique de Moraes – Você vai estragar as duas coisas, na verdade
Flávia Lippi – Lógico que vai então assim, esse papo mesmo poderia ser uma outra live enorme pra gente se divertir com um monte de assunto mas se a gente for resumir isso, hobby é necessário entende, você ficar ali sem tá preocupado se tá desafinando, ou se tá errando a nota dó ou pintar um quadro e e daí se o gato ficou com o olho torto ou se a orelha do gato ficou pra cima, é o seu hobby né então eu acho que isso, você não ter um hobby e não ter esse prazer em fazer algo que te preencha, preencha como ser humano faz uma falta danada, investir tempo em você e um hobby não tem que ser necessariamente uma coisa artística né, o hobby pode ser a pessoa só ficar mergulhando e vendo peixinho entendeu
Henrique de Moraes – Eu acho que no final das contas o que separa muito o que é um hobby, pelo menos pra mim né, minha percepção, é quando você, aquela atividade ela é o fim, não é o meio para alguma coisa então eu não tô ali querendo produzir nada né que é diferente do trabalho, você precisa ter um output ali, precisa ter um resultado daquilo que está fazendo e no hobby não
Flávia Lippi – Tô fazendo
Henrique de Moraes – Exato então assim, tive uma discussão curiosa com meus sócios agora há pouco tempo em que a gente usou muito a analogia da corrida com o empreendedorismo né e a gente falou assim, o objetivo era assim, vamos definir quem a gente é como empresa e a gente falou assim “Tá a gente pode ser as pessoas que correm por correr e tem prazer em correr, beleza. Mas a gente pode ser a pessoa que corre também para atingir o objetivo, ‘Eu quero correr uma maratona” sendo que assim, o objetivo ele é arbitrário e a partir do momento que a gente atinge ele vai ter que estabelecer outro né então beleza, a gente faz um paralelo com as metas e a gente pode colocar um objetivo tão desafiador, que é uma coisa que eu vejo com muitos corredores a ponto de isso se tornar na verdade em vez de se tornar um exercício, começa a se tornar um castigo que vai castigar não só você fisicamente como emocionalmente e te causar um monte de lesão então assim
Flávia Lippi – Bem isso, por isso que hobby você não tá competindo com ninguém, o hobby não tá dentro da competição.
Henrique de Moraes – Exatamente, e aí vira quase um momento contemplativo também, depende do que você faz
Flávia Lippi – Exatamente, e uma coisa interessante de ter um preenchimento, de fazer o que gosta, eu tô sempre falando em termos neurobiológicos, você diminui a insegurança quando você tem um hobby, você aumenta a autoestima, você diminui a irritação, você aumenta ânimo, então é uma cura. Quando eu criei a calculadora de vida eu não tava querendo criar um remédio, mas eu queria criar antídotos, antídotos pra uma vida plena né. Outros três temas que aparecem com constância em quem quer ser feliz, ter uma vida plena e não se arrepender na hora da morte é ser generoso e cultivar relacionamentos e cuidar do corpo né então quando a pessoas estão ali também na beirinha de fazer a passagem elas falam “Deveria ter sido muito mais generoso com as pessoas, deveria ter feito mais elogios, mais boas ações, ouvir mais os outros. E quando você se torna uma pessoa mais generosa, ver o outro feliz vai te fazer feliz, você diminui raiva, você aumenta a atenção, você aumenta a felicidade, você diminui a depressão, você aumenta a sensação de que você tem sucesso na vida, você diminui culpa. Então são grandes antídotos que se você colocar no seu dia a dia você já faz uma grande diferença na vida. Cultivar relacionamentos é o que a gente tava falando e que eu aprendi por exemplo com a tribo, você se conecta com o tempo as pessoas e você valoriza. Esse podcast por exemplo né, calma!, a gente tá se conectando com calma, você não tá apressado, não tô apressada, a gente tirou um momento da nossa vida pra isso, a gente não tá preocupado com o resultado, a gente tá se conhecendo né e em nos conhecer a gente tá desenvolvendo tanta coisa aqui, inteligência espiritual, relacional, emocional, comportamental, que a gente tá juntos desenvolvendo temas, assuntos, curiosidades né, nenhum de nós dois quer ter isso aqui como palanque ou como razão, a gente está de fato fazendo o que todo ser humano deveria fazer digitalmente ou presencialmente que é trocar ideia e aprender um com o outro independente do número de livros, de diplomas mas, o que você fez na sua vida que a gente pode trocar né. E isso de fato é cultivar relacionamento né, daqui claro que o próximo passo da nossa história, eu e você por exemplo é que a gente converse, óbvio. A gente se conheceu, a gente criou um link, eu tenho certeza que se eu precisar te perguntar algo você é uma pessoa que sabe ouvir né e tem calma para conversar, é claro que vai ser um ponto de encontro né. E quando a gente continua esses relacionamento a gente diminui o medo de convivência, a gente aumenta a disciplina, você acredita? Que cultivar relacionamento aumenta disciplina? Diminui a ansiedade, aumenta a motivação, aumenta a sensação de segurança. Então são muitos antídotos pra gente ter uma vida boa né e acho que o último desses seis temas e seis saltos de plenitude né
Henrique de Moraes – Posso só botar um pontinho aqui nesse, antes de você falar do último, foi curioso você trazer isso, de como você interagir com pessoas traz motivação enfim, faz você ficar mais focado porque ontem, curiosamente ontem à noite antes de dormir eu assisti, eu botei para assistir o documentário do Bolt e no documentário eles falam muito sobre o jeito dele de precisar sair da rotina, quebrar completamente, momentos completamente “inapropriados” ali para o treino dele, pra rotina ali, pro objetivo que ele tinha porque ele fala “Eu preciso disso para conseguir dar o meu melhor, eu preciso sair e beber e sair com meus amigos e me divertir muito assim, esquecer que eu tenho esse compromisso com meu país, com a corrida e tudo mais pra eu conseguir voltar focado” sabe e ele fazia isso às vezes em momentos assim próximos de uma competição olímpica por exemplo e ele fala “Se eu não fizer isso aqui eu não vou conseguir dar o meu melhor porque eu vou estar num estado da mente aqui que não faz sentido para mim competir desse jeito”
Flávia Lippi – E no documentário ele fala se ele aprendeu isso com alguém ou é dele?
Henrique de Moraes – É dele
Flávia Lippi – É dele?
Henrique de Moraes – É dele tanto que assim, pro treinador dele e para a equipe dele isso é um problema mas que eles aprenderam a lidar porque eles viram que aquilo de fato não atrapalhava mas porque se você parar para pensar do ponto de vista de uma pessoa que tá disciplinada, aquilo não faz o menor sentido.
Flávia Lippi – Você sabe uma coisa interessante que eu vou te contar então de pesquisa né, por isso eu perguntei se alguém ensinou ou se ele faz intuitivamente né, pra você ver como que nós somos espécies mesmo né, seres neurobiológicos, neurosociais. Um dos maiores estudos sobre o nosso relógio biológico chama-se cronobiologia, que foi a minha escolha de mestrado, entender como nosso relógio biológico funciona e tem uma coisa muito interessante no nosso relógio biológico e que a gente pode aproveitar para diminuir o estresse e aumentar a produtividade sem perder a saúde que é você não entrar em habituação. O que é habituação? Quando você tá fazendo a mesma coisa por muito tempo o seu cérebro começa a criar repetições de erro então o ideal por exemplo se a gente for falar não em termos de esporte né porque ele já deu o exemplo que funciona né mas se a gente for falar por exemplo se você tá ali escrevendo um texto, você tá ali há mais de uma hora, duas, três horas fazendo a mesma coisa, o seu cérebro já entrou em habituação e você já perdeu criatividade, saúde mental, inspiração então a cada hora a gente deve parar por um minuto e fazer uma respiração, que é uma prática contemplativa que os laboratórios e os grandes cientistas trouxeram para a pesquisa do relógio biológico né e quando você para você quebra essa habituação e você volta com o triplo de criatividade, força, ideia para realizar aquilo que você tava pretendendo. Então o que ele faz na verdade, ele dá um boost no relógio biológico dele pra chegar onde ele quer, então claro que como nós somos seres biológicos ele conhece tão bem a biologia dele que ele não permite que as pessoas interfiram no que ele sabe sobre ele, entende? Você entende como a maturidade vai trazendo também e se você claro, se você souber como essa máquina funciona e nós somos uma máquina absurdamente perfeita. Se a gente souber como tudo funciona a gente pode de fato criar uma biotecnologia pessoal e intransferível né que é um pouco do biohacking né, cada um tem o seu o seu funcionamento próprio numa máquina que é igual pra todo mundo em termos de estrutura mas se você conhece essa sua biotecnologia, faz como o Bolt faz, ele sabe que ele tem que quebrar pra poder produzir, isso é provado já
Henrique de Moraes – E acho que essa coisa de você se conhecer e buscar informação né para entender porque que você funciona daquele jeito também é muito importante porque por exemplo, a gente vive numa sociedade que é moldada para extrair alguma coisa da gente né, vamos colocar assim então a gente é trabalhador porque a gente precisa ser uma peça naquela máquina industrial e tudo mais e a gente tem tudo que veio dessa estrutura toda que foi montada que hoje a gente acha que é o natural, que é normal. E aí por exemplo, eu tava lendo um livro que eu super recomendo que é, não sei como que é o nome em português mas deve ser “Porque dormimos”, alguma coisa assim, que é o “Why we sleep?”
Flávia Lippi – É perfeito
Henrique de Moraes – É fantástico, e ele fala logo no início assim eu acho que ele traz uma coisa que acho que é tão importante assim, ele fala que as pessoas que acordam tarde são taxadas de preguiçosas, e ele fala que não, que existem de fato dois tipos biologicamente comprovados de pessoas
Flávia Lippi – Três
Henrique de Moraes – Três né, vou aqui falar do que eu lembro e você me complementa
Flávia Lippi – São três
Henrique de Moraes – Tem as pessoas que vão ter esse hábito de acordar, que precisam acordar tarde porque elas até rendem melhor, o corpo delas tá funcionando melhor à noite então necessariamente pra elas terem o tempo de descanso elas vão acordar tarde e tem as pessoas que dormem cedo e acordam cedo enfim. E aí essas pessoas elas são biologicamente diferentes e a gente taxar ela de preguiçosas é fazer com que elas se adaptem a um modelo estabelecido né que é de você chegar tal hora no trabalho, faz com que elas rendam menos, até do ponto de vista de extração que é horrível também de ser usado como recurso humano mas vamos colocar, mesmo assim você como empresa está tirando o pior dessa pessoa porque você está fazendo com que ela não consiga render o melhor dela no momento que ela vai vender o melhor. Então a gente coloca todo mundo dentro do mesmo formatinho ali de como a pessoa tem que reagir e se você não tiver um conhecimento próprio, não se ouvir, buscar informação e defender o que é melhor pra você ninguém vai fazer isso por você, o mundo vai querer te encaixar num padrão ali, vai querer te colocar dentro daquele negocinho, então nesse caso do Bolt é interessante por isso, porque foi ele ouvindo o próprio corpo né assim, a própria mente também assim, foi ele ouvindo e falando “Cara não, eu sou assim eu vou render melhor assim, vocês precisam me respeitar”, e as pessoas respeitaram e taí, o maior recordista, um dos maiores atletas de todos os tempos. Enfim desculpa, mas fala aí agora dos três
Flávia Lippi – Os cronótipos eles são tres, cotovia, terceiro pássaro e coruja. É um nome traduzido mas os cientistas deram esses nomes mesmo. A cotovia são personalidades biológicas que produzem muito na primeira hora da manhã, então dormem muito cedo e acordam muito cedo, os terceiros pássaros são os mais comuns que existem na humanidade, aquele cara que dorme ali por volta das 21 horas, 22 horas, acorda umas 7 e os corujas são os caras que começam a produzir a partir das 5 horas da tarde e vão dormir né tipo 8 da manhã entendeu, e são características inclusive de personalidades diferentes. Normalmente as cotovias são mais dóceis por exemplo, são mais felizes, os corujas são pessoas que têm mais tendência a vícios por exemplo, álcool, cigarro, comida mas normalmente são pessoas que tem um brilhantismo maior então tem aspectos biológicos muito diferentes mesmo né e isso se chama cronobiologia, é isso que é cronobiologia e o estudo do sono tá dentro da cronobiologia, omo você aprende a dormir é para aproveitar o máximo do seu relógio biológico. Então por isso que o sexto item que é cuidar do corpo, tem a ver com você saber como você funciona. Primeiro como a nossa espécie funciona, nós temos órgãos e osso e pele e um sistema cognitivo, um sistema neurofuncional que a gente tem que conhecer, você não pode ser engenheiro sem saber com constrói a estrutura de um prédio, então se você quer ser um ser humano com uma alta potência, você precisa saber como a sua máquina funciona. E aí o tal biohacker né que é uma uma grande evolução de como a gente conhece a nossa máquina, utilizando inclusive a tecnologia pra gente poder justamente tirar proveito daquilo que nós somos. Claro que a gente tem muitas questões sociais nisso mas também isso vem sendo quebrado por causa até dos estudos da felicidade. Se a gente for falar nisso que você falou que “Ah a gente sempre foi moldado pro 24 por 7” né que é a forma que a Revolução Industrial trouxe para o trabalho, mas já existem muitos movimentos inclusive os movimentos para alcançar uma forma de viver sustentável, a sustentabilidade humana né que traz dentro da neurociência social pesquisas extremamente importantes sobre a modificação dessa relação do trabalho e como a gente acredita que isso é perene e não é né, aí a gente vai falar de neurociência social que é um outro tema que a gente pode um dia falar sobre isso mas existem assim, não é que a gente acha que é normal né e a sociedade ela não é pautada pela troca financeira, isso também é uma narrativa que já foi quebrada também pela ciência e que tem muitos dados já que mostram que a gente não acredita exatamente nisso, e que as coisas não são exatamente assim também né e a própria busca da felicidade por outros aspectos tem mostrado que a gente tem aí um caminho de troca corporativo e comercial também diferente né, a própria neuroeconomia também né. O Paul Zak que eu acho que, acho não, eu gosto demais dele, para mim é o melhor cara do planeta nessa área, ele é um pesquisador da universidade de Claremont nos Estados Unidos e ele foi até meu professor de pós-graduação, ele é formado em economia e matemática e o objetivo principal da pesquisa dele era descobrir maneiras de tornar as pessoas mais colaborativas para que elas fossem mais felizes, então ele foi se aprofundando nesse tema e chegou à conclusão por exemplo que a felicidade e os hormônios relacionados à felicidade modulam grande parte dos nossos comportamentos a partir também da economia e da matemática, ele tem um livro que eu acho espetacular que se chama “A molécula da moralidade” que fala muito sobre essa questão da moral econômica né e como que essa molécula ela tá muito mais a ver a partir da nossa parte neuroendócrina, do aspecto da felicidade do que essas coisas que a gente tem como narrativa, entende? Então a gente tem realmente o sistema de recompensa no nosso centro de prazer que tem a ver também com aquele que a gente adquire mas a gente tá muito além disso sabe, a gente tá muito além dessa doutrina 24 por 7 e essa narrativa que a gente vem acreditando nela né. Foi criado até um monstro a respeito dos empresários, dos grandes mecanismos né e já tem um olhar muito diferente sobre isso também sabe, então acho que a gente tenha evoluído muito também na quebra de narrativas que não são saudáveis né.
Henrique de Moraes – Sim, totalmente. Vou te pedir pra de repente aproveitar esse gancho do livro e indicar alguns livros ou fontes enfim, que as pessoas possam se aprofundar um pouco mais, eu só queria deixar algumas também porque eu acho que esse assunto que a gente tá falando né, das pessoas quebrarem ali um pouco do piloto automático é uma das coisas que eu acho mais importantes assim e acho que eu tenho mais defendido e um dos motivos de eu ter criado o podcast era um pouco trazer essas reflexões mesmo pras pessoas começarem a entender que existe muito mais, você pode se aprofundar muito mais a respeito de si mesmo e de como funciona tudo ao nosso redor para conseguir quebrar alguns padrões que não fazem sentido né assim, que a gente acaba só aceitando e sem nem perceber que na verdade a gente só tá se conformando ali, entrando em conformidade com o que foi estabelecido, sugerido pra gente. Um que eu falei aqui né a pouco tempo é o “Por que o budismo funciona”, do Robert Wright, eu vi aqui o nome dele, que fala muito sobre, ele olha para o Budismo e faz uma comparação com a psicologia evolucionista e traz dados para mostrar porque que na verdade a gente foi moldado né aí pela seleção natural para como você falou até com essa coisa da humanidade né assim para a gente reagir de forma a quase sobreviver e reproduzir né e como isso vêm afetando a gente porque a gente já não tem mais as ameaças que a gente tinha antes e a gente trata tudo com esse mesmo sistema e aí ele fala sobre como os sentimentos, como nós somos moldados pelos sentimentos, mais uma coisa que você trouxe aqui enfim, ele traz assim, é muito maneiro ele traz vários estudos para provar isso então por exemplo, pessoas que foram, um exemplo idiota tá mas interessante, ele fala que tudo é vazio de sentido né que a gente que dá o sentido, que nossos sentimentos e o ambiente que a gente cresce dá o sentido para aquelas coisas e ele fala do vinho por exemplo, que eles fizeram um teste, foi dado o mesmo vinho em garrafas diferentes pra saber se a pessoa tinha uma noção diferente né e se inclusive pagaria mais caro só mudando a garrafa, o líquido era o mesmo e as pessoas não sabiam. E a maioria das pessoas falou que o outro vinho era um vinho mais premium e que pagariam mais caro para consumir né, ninguém percebeu que era o mesmo vinho
Flávia Lippi – Só tava numa embalagem diferente
Henrique de Moraes – Só tava numa embalagem diferente, então nosso sentimento fez com que eles atribuíssem um valor diferente naquilo ali. Tem um documentário na Netflix que é fantástico para falar sobre isso que eu esqueci o nome agora, eu vou pedir para o Gabriel colocar aqui na descrição de episódio mas que é sobre uma galeria de arte em Nova York, uma das maiores galerias de arte que sem querer, e aí por várias motivações também né que fazem parte desse sistema, compraram quadros falsos e venderam por milhões de dólares os quadros
Flávia Lippi – Esse documentário é bárbaro
Henrique de Moraes – É sensacional porque o que acontece? As pessoas foram lá comprar, primeiro a galeria comprou, depois um colecionador foi lá e comprou e ele comprou aquele quadro como sendo um quadro exclusivo, um achado daquele artista tal, enfim e de repente quando ele descobre que aquilo ali é falso, o valor vai a 0 sabe, é uma coisa que ele pagou milhões ou seja, cadê o valor se o valor não tá na obra de fato, tá em que? É subjetivo, completamente subjetivo.
Flávia Lippi – Sabe um outro documentário “Inventando Anna” que é isso também, ela criou uma persona e todo mundo comprou essa persona né. Aí a gente volta de novo nas redes sociais, que é a criação de personas. Agora isso também eu não vou dizer que isso tá certo ou tá errado, só uma ampliação muito grande do que a gente era e do que a gente é como espécie de querer se sobressair, de querer pertencer, querer ser aceito, é uma forma de querer ser aceito né. Você comprar um quadro que todo mundo vai ficar “Nossa o cara tem aquele quadro”, “Tem aquele sapato”, é de novo a nossa coleta, a gente lá como ser ancestral indo coletar
Henrique de Moraes – Sendo exagerado pela sociedade que a gente vive.
Flávia Lippi – A gente tem que ver sempre assim, nós vivemos hoje com uma lupa muito grande em cima do que é uma espécie e aí fica assim absurdo mesmo.
Henrique de Moraes – Sim. Um outro livro é o “Pensando rápido e devagar” também que é sensacional e também fala muito sobre isso né, como na verdade a gente usa o nosso racional só para justificar o que o nosso emocional já decidiu por nós e um cara que eu tô assim fissurado, apaixonado e que assim, é difícil encontrar coisas dele com legenda mas eu até posso botar aqui um dos vídeos que eu compartilhei recentemente, o sobrenome dele é muito difícil, a gente vai colocar aqui na descrição também que é o Daniel Schmachtenberger, enfim esse cara tá explodindo minha cabeça assim, a cada 5 minutos de fala dele eu fico “Putz, eu preciso parar e refletir durante meia hora sobre esses 5 minutos”, aí você ouve mais 5 minutos e ele assim é um cara muito prolixo então assim, ele tem uma fala de 45 minutos ininterruptos então você tem que parar de 5 em 5, refletir, fazer anotação e tudo mais mas que ele fala muito também sobre as motivações intrínsecas do porque o sistema capitalista existe e por que ele não é mais capaz de fornecer ferramentas para gente conseguir sobreviver nos próximos séculos e décadas inclusive.
Flávia Lippi – Isso inclusive tá dentro das maiores pesquisas de neurofelicidade, o Paul Zak faz parte dessas pesquisas, entende? Você quer ver uma coisa interessante sobre o mecanismo de comercial vamos ver né, sobre o dinheiro na verdade? Uma das pesquisas, maiores pesquisas do Paul Zak ele fez um experimento que foi considerado revolucionário é a respeito de justamente das relações comerciais né e o experimento é assim, ele colocou várias pessoas em lugares diferentes, dois grupos de pessoas diferentes que não se viram, o primeiro grupo era chamado pra participar da pesquisa e cada um recebia R$ 10, aí essas pessoas entram numa salinha individual e um computador dá a seguinte mensagem para ela: “você quer dar os seus R$ 10 para outra pessoa?”, só que ninguém consegue interagir entre si e nem ver os outros participantes né, é só uma pessoa na salinha e tem essa oferta de R$ 10 e a pergunta se ela quer dar esse R$ 10 para outra pessoa, só isso. A pegadinha da pesquisa dele é que se você doar R$ 10, a outra pessoa recebe R$30, o valor triplica para quem tá recebendo, e aí vem a segunda parte da pesquisa, se o participante escolheu dar o dinheiro a outra pessoa também recebe uma mensagem dizendo “você recebeu R$30, você quer devolver um pouco desse valor e dividir?” esse foi o experimento que foi replicado em vários países, em várias culturas diferentes para poder não limitar né culturalmente o que facilitava uma transação financeira. Adivinha o que aconteceu? Ele descobriu que o primeiro participante que enviou o dinheiro para a segunda ele era motivado por confiança e a segunda pessoa que devolveu o dinheiro tinha uma medida de confiabilidade nessa relação também e a maior parte das pessoas que participou assim, grande parte mesmo quase que 100% fazia uma devolução para que as duas pessoas recebessem o dinheiro. Então quanto mais dinheiro um doava mais o outro dividia, você vê assim como que a gente precisa acabar com as narrativas que o ser humano é cruel, egoísta, mal né, tem muitas narrativas que a gente precisa aos poucos ir modificado né. Se a gente fosse pensar como o mundo capitalista tradicional, como as pessoas acham que é e que já foi aprovado que não é bem assim né, a expectativa seria que quanto mais dinheiro uma pessoa pudesse ganhar melhor e menos ela dividiria e não foi o que a pesquisa provou, essa e outras.Então quanto mais a pessoa recebia mais ela devolvia e compartilhava. E isso é uma relação direta com a liberação de ocitocina no corpo quando a gente faz o bem. Então quanto mais as pessoas faziam o bem para outra, mais ela liberava ocitocina e mais compartilhava conhecimento, dinheiro, a gente volta de novo na colaboração que a gente tava falando que eu aprendi com os índios, então o Paul Zak chama isso de biologia da confiabilidade, é como se o nosso próprio corpo e o nosso cérebro incentivasse comportamentos colaborativos baseados na confiança mútua. E o mais interessante de tudo isso é que seja pular lá para o campo da sociologia, das ciências sociais, o próprio Yuval Harari que ficou muito conhecido também como historiador nesses últimos livros que ele escreveu, também chegou na organização ao longo da história que a conclusão que o que diferencia os seres humanos como espécie dos outros animais é a capacidade de coloração
Henrique de Moraes – Colaboração e o fato da gente conseguir acreditar em coisas que são subjetivas, que também é muito importante. Várias coisas aí no meio. Achei interessante esse experimento, vou pesquisar não conhecia ele porque a minha curiosidade é assim, como que isso aconteceria em um ambiente que a pessoa aí tem ela tem outros incentivos né porque eu acho que o que acontece quando a gente olha para o porque o capitalismo
Flávia Lippi – Tem outras pesquisas também, e sempre vai para o mesmo lugar
Henrique de Moraes – Interessante porque assim, do que a gente vê aí sobre o problema do capitalismo são os incentivos, o incentivo à acumulação então pra você ter vantagem competitiva e aí que entra na coisa da rivalidade, muita coisa que tá aí e que não vou conseguir falar agora
Flávia Lippi – A gente pode até combinar de ter um papo sobre essas pesquisas que são a neuroeconomia, como eu acabei me especializando tanto em neurociência, a neuroeconomia tem pesquisas espetaculares sobre isso também
Henrique de Moraes – Perfeito. Vou te pedir pra gente finalizar aqui então de repente com as indicações, tanto de pessoas pra pesquisar, livro, podcasts, o que você tiver de recomendação aí para o pessoal que se quiser se aprofundar nesse assunto que você trouxe hoje, quais seriam essas recomendações?
Flávia Lippi – Eu acho que assim, uma das pessoas que eu acho interessante por causa do assunto que a gente trouxe né, é o Paul Zak que se você ser um google aí você vai ver um monte de coisa legal dele, eu acho tem também sobre felicidade né, que a gente tá falando dessas práticas contemplativas das redes sociais, pesquisar um pouco sobre o Mind & Life Institute, inclusive faço parte lá do Mind & Life Institute
Henrique de Moraes – Como é o nome?
Flávia Lippi – Mind & Life Institute, são ciências contemplativas e neurociências, é muito interessante também e tem muita coisa interessante na rede sobre isso, eu acho que estudar sobre o Matthieu Ricard é interessante, que é um neurocientista que é monge e é considerado a pessoa mais feliz do mundo, eu acho também que pode trazer, eu não vou falar dos livros todos né assim, falando das pessoas e aí você pode escolher dentro do que elas falam aquilo que pode ser mais interessante né
Henrique de Moraes – Como que escreve o nome dele?
Flávia Lippi – Matthieu Ricard? M-A-T-T-H-I-E-U R-I-C-A-R-D, francês, Matthieu Ricard, ele é considerado a pessoa mais feliz do mundo, ele tem um livro lindo que é “A revolução do altruísmo”, que também é outro papo que a gente poderia ter que seria muito legal, a gente falar um pouco sobre isso
Henrique de Moraes – Dá pra transformar isso aqui numa série
Flávia Lippi – Vamos fazer uma série? Eu tenho um viés né, eu tenho um viés assim que eu acho que é também o que me traz saúde mental, de fato eu consigo ver mesmo nas narrativas mais dramáticas da nossa história, eu consigo ver as autobiografias e biografias de grandes pensadores vendo como o mundo é muito legal né, por isso eu faço parte de grandes grupos como o Mind & Life Institute que mostra que nós somos bons, e a revolução da compaixão e a revolução do altruísmo existe, é só a gente praticar todo dia. Acho que tem muita coisa boa que a gente pode olhar para o planeta na verdade.
Henrique de Moraes – Sim, com certeza, mostra que é uma boa mensagem para a gente encerrar esse bate-papo de hoje deixando aberto já aqui para novas conversas né porque eu acho que tem muita coisa para falar assim, poderia ficar aqui o dia inteiro na verdade falando sobre isso, fazer um podcast maratona aqui e ficar 4 horas conversando.
Flávia Lippi – Vamos fazer uma série, vamos combinar.
Henrique de Moraes – Boa, perfeito então. Flávia, muito muito obrigado pelo seu tempo mais uma vez, pela participação, por ter enriquecido nosso bate-papo aqui, foi um prazer, tô já ansioso pelas próximas conversa enfim, vou ter que estudar bastante aqui inclusive para conseguir conversar aqui no mesmo nível que você
Flávia Lippi – A gente conversou num nível igualzinho viu
Henrique de Moraes – Então muito muito obrigado e se você quiser falar aí pro pessoal né onde as pessoas podem te encontrar, inclusive falar sobre seus livros, sobre seu conteúdo, acho que é importante pras pessoas que curtiram o bate-papo depois ir buscar um pouco do que você tem feito
Flávia Lippi – Então, eu assim como sou bem tecnológica tô em todo lugar mesmo, se você digitar @flavialippi eu tô no Insta, no Linkedin, no YouTube todos os dias eu posto um vídeo, que são jornadas que eu faço a cada 3 meses então essa agora a gente tá fazendo a jornada da consciência então todo dia eu posto um vídeo falando sobre isso ou trazendo pensamentos, etc. Eu tenho 13 livros publicados, são todos nessa linha de indagação mesmo então ensina a pessoa a perguntar e não responder
Henrique de Moraes – Melhor coisa que se pode fazer
Flávia Lippi – Então são 13 livros baseados na maiêutica de Sócrates que é dar luz às ideias a partir das perguntas, tem 8 best-sellers desses livros que você encontra em qualquer livraria, inclusive em Portugal. Eu tenho uma plataforma, Equação que é esse desejo profundo de incentivar as pessoas a serem cientistas delas mesmas né, desenvolvendo auto-compaixão, autoconhecimento, autoconsciência então eu vou até te mandar um linkzinho que você pode colocar aí que é mais fácil do que eu falar aqui mas é aequacao.com.br, ela é um plataforma mas pra entrar você precisa se inscrever, mas vou deixar um linkzinho de inscrição. E pra curiosidade, eu acho que a gente podia dar um presente para as pessoas que estão com a gente aqui hoje, eu fiz um livro, um eBook gratuito mesmo sobre cronobiologia porque as pessoas ficavam tão curiosas e isso é uma coisa tão científica que tem alguns livros já hoje sobre isso mas as pessoas não sabem o quanto é importante conhecer o relógio biológico, então eu fiz um resumão assim bem prático do que que você faz para aumentar sua produtividade sem perder a saúde e não cair na balela de ter alta performance.
Henrique de Moraes – Adorei
Flávia Lippi – Vou te dar o link também que acho que pode ser legal, elas podem se inscrever e curtir a ideia de ler isso, é rapidão, é bem resumidão. E uma coisa que eu queria muito agradecer é à internet, as redes sociais que fizeram com que a gente pudesse hoje se encontrar e de criar um laço que pode trazer muitos frutos para nós dois e para as pessoas que estão à nossa volta, então ao Thiago que nos apresentou, a tecnologia que nos deixou estar juntos hoje apesar de estarmos em países diferentes né e à nossa tecnologia humana que nos fez curiosos e estudar tanta coisa parecida que a gente estuda e de poder trocar essas ideias aqui e descobrir que tem muita coisa boa para a gente poder falar no planeta e essa é nossa plataforma.
Henrique de Moraes – Sim, com certeza. Bom adorei, já tô ansioso pelas próximas Flávia, obrigado viu?
Flávia Lippi – Também, muito obrigada viu, um beijo enorme, tchau tchau.