Ana Paula Passarelli, aka Passa, é mestre em comunicação e semiótica pela PUC-SP e cofundadora e COO da Brunch, agência que vem ressignificando a influência no Brasil.

atualmente, com mais de 50 creators, a Brunch fortalece a mensagem da influência de verdade e contribui para a solidificação da Creator Economy no País.

passa dedicou a última década da sua carreira ao mercado digital, trabalhando COM, COMO e PARA creators e influenciadores digitais, apoiando no desenvolvimento de modelos de negócios digitais sustentáveis e fomentando as melhores práticas para o mercado publicitário.

se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.

LIVROS CITADOS
OUTRAS CITAÇÕES
FRASES DA PASSA
  • “Com as mesmas métricas que a gente construiu até aqui, a gente não constrói o futuro.”
  • “Vamos entender o conteúdo feito por inteligência artificial como conteúdo ultraprocessado? Nenhuma cabecinha fica boa se a gente só coloca conteúdo ultraprocessado para dentro.”
  • “Se a sua imagem é a única coisa que você tem para vender, isso em algum momento vai virar um problema para você.”

 

Henrique de Moraes: Olá pessoal, sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Calma, esse podcast que está se tornando aqui a versão caricata do que as pessoas chamam de slow content, põe slow nisso aí, mas para compensar o ritmo lento do lado de cá, a curadoria de convidados está cada vez melhor. Os últimos dois episódios trouxeram a Luísa Vol, da Contente, e o André Alves, da Float, que por acaso já é o episódio mais escutado com mais interações da história desse podcast aqui, então, celebração, e esses dois últimos episódios faziam parte de uma série investigando o lado sombrio das redes sociais e tentando encontrar ferramentas para lidar com ele.

E o episódio de hoje, apesar desse hiato entre o último e esse, é uma continuação dessa série. E traz uma convidada mágica especial que já passou por aqui e é uma das pessoas que eu mais gosto de ouvir falando sobre qualquer assunto, gente. E eu trouxe ela de propósito aqui porque eu sei que ela vai me ajudar caso eu esteja enferrujado, já que eu tenho certeza que se eu fizer perguntas medíocres, ela consegue tocar o episódio inteiro de maneira brilhante.

Então, seja muito bem-vinda, Ana Paula Passarelli, a.k.a Passa.

Ana Paula Passarelli: Ai gente, olha isso. Obrigada, Henrique. Obrigada. E, ó, gente, para vocês saberem talvez esse hiato seja um pouco de culpa minha porque a gente está marcando essa gravação há meses e a gente não estava conseguindo espaço. Mas, enfim, deu certo. Estou muito feliz de estar aqui de novo porque é sempre uma delícia conversar com você, Henrique.

Obrigada pelo convite.

Henrique de Moraes: Nada eu que agradeço pela generosidade do tempo, como sempre. Bom, a ideia hoje, então, é a gente falar um pouco sobre isso mais da ótica dos influenciadores, né? E a responsabilidade que essas pessoas têm com a sociedade. E como você tem uma voz muito ativa e crítica em relação ao mercado de influência, o que eu acho ótimo, adoro ler todas as suas matérias, acho que esse papo vai render.

E aí, para começar do começo, eu estava dando uma olhada lá no site da Brunch e vocês falam sobre criação de conteúdo propositivo. E eu lembro que durante muito tempo, não sei se ainda é um termo que vocês usam, mas vocês falavam da influência de verdade. Então, eu queria começar entendendo o que significa, né como é vocês definem a influência de verdade e, na sua visão, qual é o papel, assim, né qual é a responsabilidade que os influenciadores têm perante a sociedade.

Perguntinha leve para começar.

Ana Paula Passarelli: Bem leve, né, gente? E eu acho que a gente está marcando aqui um ano muito importante para a gente falar de influência de verdade, Henrique. E a gente está passando por um ano bastante desafiador para todo mundo que trabalha dentro dessa área, seja criador, influenciador, seja agência seja marca.

Todos os players hoje que trabalham com influência e creator economy, eu vou de maneira resumida colocar os dois juntos aqui porque faz sentido nesse caso. A gente está falando de uma mudança de perspectiva, são atuações de inteligência artificial Que estão mudando a maneira como a gente consome e produz conteúdo, então…

Olhar a influência de verdade hoje é, de certa maneira, olhar para a responsabilidade e olhar para como a gente também tem agência de si, a gente falava disso agora antes de começar a gravar, daquilo que a gente está consumindo, daquilo que a gente está produzindo e começar a ter um pouco mais de cuidado com tudo isso que a gente anda vendo no ambiente digital.

Quando eu falo de influência de verdade, isso é um tagline da Brandt desde 2021 e a gente, quando trouxe esse tagline enquanto manifesto para a nossa conversa e para o nosso posicionamento de marca, era para lembrar de três coisas muito importantes. A primeira é que a gente está falando que é feito por pessoas e aqui bate no primeiro desafio que todo esse mercado está passando esse ano.

Uma adoção de inteligências artificiais para consumir e produzir conteúdo muito grande. Hoje já existe, pelo menos vários estudos apontam que pelo menos metade do conteúdo que a gente tem disponível online foi criado por inteligências artificiais e estão sendo consumidos por bots. E a previsão é que antes de 2030, pelo menos 90% do conteúdo criado na internet não seja feito por pessoas mais.

Caralho

Henrique de Moraes: 90%.

Ana Paula Passarelli: E se a gente olhar para esse número e não se assustar, tem alguma coisa errada. Porque a gente está produzindo e consumindo conteúdo que nem sequer foi pensado, construído adequadamente para o consumo humano. E quando eu falo isso, você fala assim mas a gente não pode consumir um conteúdo feito por uma máquina?

Não é que a gente não pode consumir, mas vamos entender isso em uma analogia muito simples Quando a gente tá cuidando da nossa alimentação o que que a gente faz? A gente come mais fruta mais verdura, a gente come mais proteína a gente se cuida, né? A gente não fica comendo só salgadinho ultraprocessado.

Então, vamos entender o conteúdo feito por inteligência artificial como conteúdo ultraprocessado? Ele é tão, tão, tão palatável Que eventualmente aquele conteúdo não passa por você e não constrói absolutamente nada. Ou pior, ele pode construir uma ideia equivocada, um sentido equivocado daquilo que você está tentando aprender.

Então é aqui que a gente tem que ir tomando cuidado com o tipo de conteúdo que a gente está produzindo com o auxílio de inteligência artificial e principalmente consumindo a partir desse uso. A gente inicia, a maneira como a gente iniciou a produção e consumo de conteúdo por inteligência artificial foi massivamente pelo chat GPT, mas a gente já vem acompanhando uma evolução das próprias ferramentas de inteligências artificiais que vão começando a dar cabo de ter um repositório diferente, serem um pouco mais densas e não tão rasas ou palatáveis como a gente vem falando.

Porque isso é lembrar que a gente está consumindo muito. Então que tomando com a gente está produzindo E nenhuma cabecinha fica boa se a gente só coloca conteúdo ultraprocessado para dentro, tá? A gente precisa, vocês devem ter visto o estudo que saiu essa semana, falando que o brasileiro está deixando de ler, né?

Hoje a gente está falando de um país que tem mais pessoas que não leem do que pessoas que leem. Isso é um alerta que a gente tem que prestar atenção. A gente ouve muito, nós somos um país, né? E a gente tem uma origem oral muito grande Mas isso não quer dizer que a gente não deve olhar para a leitura como um recurso, uma ferramenta de aprendizagem e também para garantir que a gente está se desenvolvendo, não pelo aprendizado do texto que a gente está lendo, mas está se desenvolvendo como ser humano para viver em sociedade.

Então, falei aqui de feito por pessoas, porque esse elemento, por mais que você tenha a ferramenta o auxílio de uma inteligência artificial para produzir conteúdo, A agência de postar aquele conteúdo continua sendo de uma pessoa, porque se ela deixa de ser de uma pessoa, ele deixa de ter sentido e ele perde o segundo pilar da influência de verdade, que é a responsabilidade.

A gente perde responsabilidade quando a gente torna isso tudo um processo mecânico e automático, porque acho que vocês devem ter um contexto que está muito forte nos Estados Unidos hoje, que são sites feitos para publicidade O que são esses sites? São sites que você quando entra, ele basicamente tem anúncio, a gente deve ter sites assim no Brasil também, você entra assim, você tem que ir fechando janela para conseguir ver o conteúdo, é horrível esse tipo de site.

E geralmente o conteúdo desse site é feito por inteligências artificiais, publicado automaticamente não existe ação humana nesse site, mas a gente pensa assim, mas quem sobe o banner? Não precisa nem de uma pessoa sub-banner, porque ele depende e é nutrido por mídia programática, tá? Ou seja então a gente tem um site que tem milhões de views, com conteúdo feito por inteligência artificial, sendo publicado automaticamente, sem nenhum tipo de responsabilidade, né?

Pensando aqui que um jornal um portal, precisa de um jornalista que assine por esse conteúdo. A gente tem mídia entrando dentro desse conteúdo, esse portal, ganhando dinheiro das marcas que estão veiculando seus anúncios ali, em prol de nada, né? Em prol de nada. E a gente já tem situações assim acontecendo no Brasil com influenciadores, perfis que são massivamente atualizados durante o dia, vocês também devem acompanhar perfis assim, eu já deve ter batido com algum post desse, perfis que tem 100, 150 posts por dia nos seus feeds, compartilhando notícias que não são feitas por seres humanos, são feitas por inteligência artificial, e aí a gente volta no aspecto responsabilidade Henrique, e da importância dele ser um pilar estrutural do que a gente fala de influência, porque a agência de postar um conteúdo precisa ser respeitada, a gente precisa garantir que quando você publica um conteúdo, você é responsável por aquilo.

Você está dizendo aquilo, você está colocando aquela informação de maneira pública, inclusive na esfera criminal, você vai ser penalizado e responsabilizado caso aquilo seja mentira. Então, você precisa ter agência sobre isso e a gente precisa começar a endereçar isso da melhor maneira. E acho que o terceiro, quando a gente fala, falei de feito por pessoas, falei sobre responsabilidade e o terceiro pilar que garante essa estrutura para que a influência de verdade se sustente se mantenha seja responsável, sustentável, é lembrar que a gente está falando de comunidade.

A gente não está falando de bots, por mais que eu falei aqui, a gente está falando também de um consumo de conteúdo também já sendo feito por inteligência artificial e por bots. Então, esses sites feitos para publicidade que eu falei para vocês, eles também têm audiência gerada por bots. Então, a gente está vendo, hoje tem um estudo nos Estados Unidos feito pela…

Ana, que é uma associação dos anunciantes dos Estados Unidos, das marcas anunciantes dos Estados Unidos, que fala que ao menos um quarto do dinheiro gasto em mídia programática nos Estados Unidos está indo para o lixo, porque ele está indo para ser consumido por inteligências artificiais e botes ele não está gerando resultado efetivo para as marcas.

Então, a gente está falando de um contingente muito grande, pensando num país que já investe bons bilhões de dólares em publicidade, e aqui não vai ser muito diferente, se a gente começar a mapear isso aqui no Brasil, não vai ser diferente, inclusive, ouso dizer que talvez seja maior, porque a gente ainda tem bastante dificuldade com regulações sobre isso aqui no Brasil.

Então, se a gente está falando de influência pelo prisma um, feito por pessoas, dois… Que consequentemente precisa ser responsável, ele é responsável com quem? Com comunidades. Eu não posso, como criador de conteúdo, criar conteúdo sem responsabilidade com aquele que me segue, aquele que me acompanha. Eu preciso devolver para essa comunidade principalmente eu preciso viver com ela, fazer parte dela.

Eu não sou uma peça deslocada como uma pessoa só no palco, enquanto a multidão está ali só me aplaudindo. Eu faço parte dessa comunidade Porque senão a gente volta para o modelo do sistema de celebridade tradicional, onde alguém é uma celebridade, uma pessoa muito conhecida e a sua comunidade Somente os fãs pessoas que adoram o trabalho dessa pessoa.

Aqui, quando a gente fala dessa influência que faz diferença, a gente está falando de alguém que faz parte dessa comunidade. Ela é um ponto, um nó dentro dessa rede com mais força? Sem dúvida, ela é. Mas ela é parte dessa rede, ela é parte dessa comunidade. E é isso que tem feito mais diferença quando a gente olha os criadores e os influenciadores que conseguem despontar e ir na construção dos seus negócios, não como um hit.

Não como uma pessoa que postou um vídeo, conseguiu hitar, mas depois nunca mais… Ninguém mais viu nada sobre ela. Pelo contrário, é uma pessoa que como faz parte de uma comunidade ela tem elos muito mais fortes. Ela pode não ter elos comunidades imensas, mas não é para isso que a gente olha quando a gente pensa em influência.

E se estão olhando para tamanho, para definir influência a gente tem um problema. Porque você pode ser influente na sua rede de amigos mais do que qualquer influenciador que tem milhões de seguidores. Eu posso ser influente da minha família muito mais do que qualquer outro influenciador e assim por diante.

Então é menos a gente olhar para o tamanho dessa comunidade e o quanto esses influenciadores, esses criadores, efetivamente fazem parte dessa comunidade que eles tanto defendem que eles tanto trazem nos seus conteúdos. Porque a gente de fato está falando de um tripé importante para garantir que a influência de verdade seja viva.

Henrique de Moraes: Boa É eu vou… Pegar alguns pontos aqui que você falou que eu achei super relevantes. Essa analogia do conteúdo feito por AI com alimentos ultraprocessados. Uma vez eu ouvi um cara falando sobre isso, que eu achei super interessante, ele não estava falando sobre AI, mas acho que é isso uma camada extra surreal nisso tudo.

Ele comparava exatamente as redes sociais e relacionamento com fast food e alimentação. Então ele falava que as redes sociais em geral eram o fast food dos relacionamentos Você tira ali tudo que tem de significativo, né, então os nutrientes, enfim, tudo mais, coloca sal, gordura, né, e aí você fica viciado naquilo, porque é muito prazeroso, mas você não tá botando nada que vá ajudar seu corpo, enfim, no longo prazo, né.

Então são só aqueles prazeres instantâneos, então essa coisa da dopamina de curta duração, enfim, esses ciclos infinitos e tudo mais. Eu achei super interessante essa analogia agora falando de AI, tipo, acho que talvez as redes sociais são processadas esse é o ultraprocessado, né, aquele que, assim, de fato não tem mais nada de nutriente.

E quando você falou agora no finalzinho aí… Do tamanho das comunidades no episódio com o André ele falou uma coisa curiosa que eles às vezes vão ter reuniões para falar sobre o trabalho deles e tudo mais e dependendo do lugar, eles falam a gente aqui no Vibes em Análise pelo podcast a gente atinge x pessoas aqui x mil pessoas, e aí tem lugar que as pessoas falam, meu Deus, quantas pessoas, quanta gente e tem lugar que fala só isso então assim, qual é o ponto de vista aqui, qual é o critério para analisar isso e ainda mais eles que tem uma comunidade super forte, falam de um assunto de assuntos assim, que são uma linguagem inclusive que às vezes é difícil, não para qualquer um, não é tão acessível, e ainda assim a gente consegue engajar tanta gente, eu acho surpreendentemente incrível, sabe mas é isso aí, dependendo de onde eles vão se a pessoa tiver só com um número em mente, parece que não é nada, enfim, é uma loucura isso

Ana Paula Passarelli: Desculpa te interromper, e isso tem um…

A meia-culpa de todo o mercado, que foi lá no início dos anos 2000, 2005, quando o digital, as redes sociais começaram a virar algo dentro do mercado e não só da sociedade, foi um momento de interpretação que é o seguinte. Bom, as marcas vamos nos colocar aqui no lugar de uma agência em 2005, 20 anos atrás.

A agência tem clientes que são as marcas, e essas marcas começam a ver que as páginas no Facebook começaram a se tornar lugares onde os clientes deles estavam se reunindo para falar sobre o seu produto. Que o Twitter era um lugar onde as pessoas estavam começando a falar sobre o que estavam…

Percebendo sobre os seus produtos e serviços. Ali começa a ser criado um cenário que trouxe a gente até aqui, que é, bom, redes sociais começou a ser uma coisa muito importante. Começou a ser algo que as marcas começaram a gastar tempo e dinheiro para monitorar e para criar conteúdo junto, porque ali nasce a ideia de que, pera, eu não posso só fazer mídia, eu preciso fazer mídia social, porque eu preciso estar dentro desse grupo e conversar com ele, criar conteúdo com ele e para ele.

Então ali começam a nascer as agências digitais, as agências de conteúdo, e isso vai criando um modelo de trabalho, novos modelos de trabalho. O ponto é, como que a gente mede resultado de um negócio que tinha acabado de surgir? E a primeira, e que se consolidou com muita força na maneira da gente medir resultado do conteúdo digital e da mídia social, é o câncer Subtitles Depois veio o engajamento quantos likes isso teve, quantos compartilhamentos, quantos comentários ela teve.

Então a gente se conectou a métricas que não dizem nada sobre social, né? Então dizer que algo alcançou tantas pessoas pra mídia social, bom, isso não diz muita coisa, porque quando eu falo de mídia, um plano de mídia, construção de frequência alcance eu tô falando de um contexto, de tipo de conteúdo totalmente diferente da mídia social.

A mídia social, ela não tem como fim ter alcance, ela tem como fim construir e nutrir comunidade, por isso ele é um ongoing, ele é um trabalho always on. Você não tem um trabalho pontual de mídia social, ou você entra e faz, ou você nem entra. Porque você vai ter que fazer conteúdo, você não pode deixar de fazer conteúdo, sabe?

Porque aquilo é parte de uma estratégia de comunicação que tem como fim garantir que a sua comunidade está com você. E isso não se mede com alcance ou com o número de likes que o post recebeu infelizmente não é por aí que a gente mede. E a gente está aqui em 2024, na beiradinha de 2025, ainda com muitas questões dentro das marcas sobre como medir o resultado com mídia digital, com mídia social, com influenciadores.

Porque essa associação com performance e números midiáticos foi tão grande, foi tão profunda, que fica difícil até explicar para as pessoas o que é, muitas vezes, transferência de capital social. Explicar capital social, que aí a gente tem que abrir filosofia né? A gente tem que abrir o Baudier e falar assim, então, a gente está falando de um contexto muito diferente do que a gente aprendeu com o Kockler, né?

A gente está indo para outra esfera. E aí eu volto para o dado que eu falei agora há pouco, a gente está falando de um país que não lê né Mais da metade da sua população não lê. Você acha que vai ler Baudier? Não vai. Então, a gente tem dificuldades mesmo hoje para sair desse âmbito da performance de curto prazo porque assim como pessoas estão vivendo dessa dopamina ultraprocessada diária, as marcas estão também vivendo de métricas ultraprocessadas, que precisam ser entregues no mesmo dia, num dash em real time.

E se não for assim, não foi resultado, sabe? Então a gente está passando, eu volto para lá, 2024 é um ano muito importante. A gente está passando por muitas… Questões questionamentos sobre tudo que tá posto e muita indecisão sobre, pera, tudo que a gente fez até então tá errado? Não tá errado, mas a gente precisa traçar caminhos diferentes pra frente, porque com as mesmas métricas que a gente construiu até aqui, a gente não constrói o futuro, sabe?

Henrique de Moraes: Cara isso é super interessante, até porque eu lembrei de uma coisa recentemente a gente foi fazer uma campanha aqui em Portugal, Com influenciadores e aí tinha uma menina que a gente estava a gente estava avaliando e a gente olhou e falou assim, tem uma coisa errada, sabe, esses números que ela está passando aqui não estão batendo muito e aí quando a gente foi ver o que ela tinha feito ela publicou um vídeo que alcançou muita gente e aí o que ela fazia para aumentar a métrica dos Reels dela, que era a média dos últimos três que a agência que a gente contratou usava, ela ia pagando toda vez que o próximo não dava resultado para manter aquele que tinha dado resultado muito alto na média dos três cara, isso é insano você parar de pensar, ela está apagando o trabalho dela, está apagando o esforço que ela está fazendo simplesmente para manter uma métrica ali alta para conseguir mais trabalho, sabe E só um pontinho aqui, que você falou dessa coisa da mídia programática, só para recomendar aqui para o pessoal, um livro muito, muito muito bom e que é muito mais assustador do que esse um quarto que a agência lá do Chazuizana coloca, que é o Subprime Attention Crisis, do Chin Hwang não sei como é fala esse sobrenome, gente, H-W-A-N-G.

E que ele pinta um cenário que é muito mais trágico para as marcas da quantidade de dinheiro que está sendo jogado fora. E ele defende que existe uma bolha como a bolha imobiliária, que vai estourar em breve, inclusive. E assim, isso foi, esse livro dele deve ter uns quatro anos, cinco anos, talvez. Então, assim, ainda nem tinha essa intensidade de AI que a gente está falando hoje em dia.

Mas, enfim, voltando aqui, eu queria entender… Já que você falou de números, como que vocês avaliam então, as parcerias os resultados para as marcas que vocês trabalham?

Ana Paula Passarelli: Vamos lá, isso vai depender bastante do tipo de resultado que a marca está querendo buscar. Quando uma marca aciona um influenciador, ela vem com mais incertezas do que certezas.

Ela vem,

Henrique de Moraes: de

Ana Paula Passarelli: certa maneira, pensando que influenciadores vão salvar o lançamento de um produto. Ela traz consigo a ideia de que influenciadores são vendedores. Ela pensa também que ela vai alcançar resultados de um plano de mídia com influenciadores. Aliás já tem modelos de negócio no mundo e no Brasil…

Que associam influenciadores a plano de mídia, de fato como um veículo, onde você está fazendo ali a sua construção de frequência e alcance aquilo básico do plano de mídia. Qual que é o problema aqui? E, ao mesmo tempo, tudo que eu vou falar aqui, vocês vão perceber que ele pode funcionar assim como pode dar muito errado.

Entender o influenciador como mídia e apenas como mídia, você tira de lado tudo aquilo que ele entrega de valor efetivo para uma campanha para uma ação que é o endosso dele, a qualidade do conteúdo que ele vai construir, quem ele é, lembra que já sem influência de verdade você tem que fazer parte dessa comunidade, ser responsável, então você tira isso da mesa, você só olha para o número de alcance dele.

E, segundo, você desconsidera que ele está abrindo câmera para você. Quando a gente vai fazer uma campanha, Você liga para o time de produção e fala assim, olha, a gente vai fazer uma campanha e eu preciso saber o custo para produzir essa campanha aqui. Então, a gente chama de abrir câmera, que é vamos, né, colocar um estúdio fazer gravação.

Todo mundo que trabalha nisso sabe que não custa menos do que seis dígitos para fazer isso, né? Fazer uma bela produção vai bater ali, dependendo do que você vai fazer, é um filme de TV, vai para sete tá? Então, não é barato fazer isso, dependendo do nível de produção que você está construindo, porque a gente está falando, de novo de uma questão de responsabilidade tá?

Não se abre câmera, você não põe uma produção no estúdio para uma peça publicitária uma campanha publicitária. Você precisa de diversas licenças inclusive, para fazer tudo isso acontecer Volto agora no ponto de inovação. É claro que o influenciador não vai precisar de tudo isso. Eventualmente, a produção, o abrir câmera dele é na sala dele.

Está tudo bem, é isso que a gente está falando quando a gente fala de provocar inovação. Uma pessoa que de dentro da casa dela, com o equipamento que ela tem, pode ser muitas vezes só um celular, ela consegue produzir uma peça publicitária que pode ser mais efetiva muitas vezes que uma campanha de TV.

Isso não é o ponto aqui. É desmerecer quem produz em casa, muito menos favorecer quem produz em estúdio. É só sobre a gente lembrar que no final do dia a gente continua falando de um trabalho que está sendo feito para… A função publicitária, e por isso deve ser paga como tal. E o que a gente está vendo hoje, Henrique, é uma precarização desse trabalho.

Quantas vezes a gente lançou pesquisa no mês passado, junto com a U-PIX, a branch U-PIX lançou todo ano uma pesquisa para mapear valores, como está o estado da Criteria Econômica no Brasil. E a gente identificou um recorte muito expressivo esse ano do UGC Creator, que eles chamam de UGC Creator. O que é esse UGC Creator?

É uma denominação equivocada de um produtor de conteúdo que cria conteúdo não para os seus canais, mas para as marcas usarem nas suas campanhas de mídia. Então, o uso da expressão UGC é apenas para dar cabo de explicar o que é a estética do conteúdo, que é, tem cara de que foi feito pelo consumidor, mas ele foi pago para fazer.

Ou seja, aqui a gente está criando rachaduras na influência, a gente não está consolidando, a gente não está fortalecendo, a gente não está institucionalizando, a gente só está criando rachaduras, porque a gente está dizendo para o público que o seu conteúdo, que tem cara de que foi feito pelo consumidor, na verdade foi pago.

Então a gente está vivendo uma rachadura, e aí tem um ponto específico aqui que é sobre remuneração, a gente está falando de criadores que para fazer, editar, roteirizar, produzir gravar editar entregar isso finalizado para o cliente custa 250 reais. Você fala isso para qualquer produtora, assim gente, inovação é muito…

Muito importante para qualquer mercado. Qual que é o desafio que a gente vive hoje? É que ela veio junto, veio a reboque da inovação, a precarização do trabalho de criação. E criação é subjetiva né, Henrique? A gente está falando de uma disciplina que não se pega com as mãos com facilidade, especialmente quando ela está ainda no seu estado mais abstrato.

Uma coisa é você ver isso pronto, como a gente pega um iPhone hoje, a gente fala, nossa, isso é inovação. Agora, quando a gente pensa uma ideia, uma ideia a gente não pega na mão. Então a gente ainda tem muita dificuldade para materializar o valor que uma ideia tem, o valor que a criatividade tem. E aí quando a gente torna a produção de conteúdo um commodity, a gente cai nesse lugar da precarização.

E aí é um grande desafio que a gente vive hoje no Brasil. Uma disciplina que não tem associações de classe que as defendam, Então, hoje, quando a gente fala de agências de publicidade nós temos as nossas associações e sindicatos. Quando a gente fala de anunciantes, a gente tem nossas associações também.

Quando a gente fala de publicidade digital, a gente tem o IAB Brasil. Os criadores de conteúdo não têm entidade de classe. Então, só lembrando, é com entidade de classe que a gente defende políticas públicas e forma políticas públicas. É do interesse coletivo de uma organização desses profissionais que você senta na mesa, inclusive para debater sobre essas políticas públicas.

E a gente está falando de um mercado com mais de 20 milhões de influenciadores. No Brasil, a gente tem 13% da população como influenciador e criador de conteúdo É muita gente, é muita gente, então é um desafio imenso que a gente tem na mesa olhar para a mensuração de resultado, porque a gente está precarizando de um lado, porque a gente está se baseando em métricas de mídia, né, então se a gente continuar se baseando em métricas de mídia, a gente vai continuar pedindo para que seja cada dia mais barato.

E aí, né, gente, o salário não está cada dia mais baixo, os custos de vida de uma empresa estão cada vez mais altos, a gente não está falando de uma dinâmica inclusive da população no geral, que está diminuindo o custo pelo contrário, ela só aumenta, né, o preço no supermercado sobe, o aluguel sobe, e essa maneira como o mercado tem se arranjado está criando desafios ainda maiores para quem…

quer continuar trabalhando com isso.

Henrique de Moraes: Sim.

Tanta coisa aqui que me vem à cabeça, que é difícil até encontrar a próxima pergunta, qual o caminho que eu vou seguir. Mas, já que a gente está falando da responsabilidade, a gente teve, mais uma vez você falou, em 2024, um ano super importante, nós tivemos algumas peculiaridades eu diria, em relação a toda essa polêmica com as casas aposta, enfim, tudo mais.

E aí eu queria entender da sua parte, da sua visão, como que você, vou tentar especificar um pouco mais, quais são os comportamentos que você vê que são talvez mais prejudiciais dentro do mercado de influência e aqui tentando excluir um pouco a parte AI, que a gente sabe que é uma coisa à parte, mas assim, dos influenciadores que tipo de comportamento que você vê que são talvez os mais prejudiciais pensando em sociedade, pensando em saúde mental também, que eu acho que é um tema que está cada vez mais em pauta não à toa porque as pessoas estão adoecendo, e a gente tem aqui um lado, que eu vou tentar falar um pouquinho mais à frente, que são as plataformas Acentuam muito o problema mas assim, a gente tem o lado também das pessoas que publicam, né que a gente sabe que também existem vários vários desafios ali associados, então quais são, sei lá, se fosse falar de três assim, quais são os comportamentos mais prejudiciais ou problemáticos que você enxerga hoje?

Ana Paula Passarelli: Nossa, vamos lá

Henrique de Moraes: Levinho

Ana Paula Passarelli: levinho você tocou num assunto que eu tô eu tenho acompanhado de perto e com e com muita lucidez e maturidade até pra gente lembrar que é sobremercado no final do dia e a gente tem coisas que a gente precisa não esquecer que o que rege a nossa vida Ainda é o capitalismo né Henrique? E aí vou trazer um ponto aqui sobre apostas casas e sites de apostas e sobre o momento que a gente vive no Brasil hoje.

Desde o começo desse mês, nós estamos em novembro, desde o começo desse mês passou a valer a lista oficial publicada no site do governo federal dos sites que estão regulamentados no Brasil. São pouco menos de 100 empresas, essas pouco menos de 100 empresas operam aproximadamente 220 sites de apostas no Brasil.

Todas elas estão reguladas, pagando as suas licenças que custam quase 40 milhões de reais, cada licença, e precisa ser renovada a cada cinco anos. Então a gente está falando de um produto, um serviço. Atualmente regulado no Brasil, a gente não tá falando de nada ilegal nesses duzentos e poucos sites que a gente tem, os demais sim a gente tá falando de irregularidade, ações ilegais.

E aí a gente dando um pouco de pano de fundo para isso para vocês, sobre como que são as propostas de sites de aposta que chegam para o influenciador. E elas são muito altas, é muito dinheiro. Agora eu volto, lembra que a gente tá falando aqui desde o começo do episódio que 2024 tá sendo um ano desafiador para todo mundo.

Imagina você, Henrique, um influenciador que mora no interior do Pará e que tá querendo ganhar dinheiro, viu que isso, ele segue vários influenciadores influenciadores viu que isso é um negócio que ele pode mudar a vida dele e a gente já mostrou isso nas nossas pesquisas. O trabalho como influenciador é uma alavanca, é um motor de mudança social.

Então, você consegue ter mobilidade social a partir do trabalho como influenciador. Isso é extremamente importante. Só que, para ser influenciador, qual que é a regra? Não tem regra. Basta ter um celular com acesso à internet. Você não tem curso? Não. Você tem certificação? Não. Você tem, vou pegar como um advogado precisa ter a carteirinha?

Tem carteirinha? Não tem carteirinha. Não tem nada que mostre que esse profissional ele foi preparado e ele sabe o que está fazendo. E no que sabe o que está fazendo eu não estou dizendo da autenticidade dele na criação de conteúdo. Isso todo mundo sabe fazer. Eu digo sobre seguir as regras que ele precisa saber.

Por exemplo, ele tem que saber que ele não pode fazer conteúdo publicitário com bebida alcoólica na boca. Ele precisa saber que ele não pode fazer conteúdo publicitário com criança, sem autorização de um juiz. Ele precisa saber que quando ele faz publicidade de medicamento tem diversas questões que ele precisa tomar cuidado no roteiro.

E no acting também. Ele não pode dizer que aquele remédio cura uma doença. Ainda que o medicamento ajude e atue, porque ele é um medicamento. Tem várias questões que estão apresentadas hoje no CONAR, no Código de Defesa do Consumidor. São leituras obrigatórias para quem quer trabalhar com isso. E ainda que não exista uma formação quando você quer atuar profissionalmente como influenciador digital, um criador de conteúdo, e não se atenta…

Ao Código de Defesa do Consumidor, porque quem consome o seu conteúdo publicitário também vai ser impactado pelo Código de Defesa do Consumidor, você está sendo irresponsável, extremamente irresponsável. Você pode estar passando para frente uma informação equivocada, algo que vai prejudicar as pessoas, e é dessa maneira que a gente aciona o Código de Defesa do Consumidor.

Quando uma publicidade não é sinalizada, ele faz conteúdo publicitário, e não sinaliza que ele recebeu dinheiro para falar disso, ele pode ser chamado pelo CONAR para tirar esse conteúdo do ar. E se ele lesou algum consumidor com base nesse conteúdo, ele ainda pode ser acionado lá pelo Código de Defesa do Consumidor.

Então, tem documentações institucionais que qualquer pessoa que queira atuar em qualquer segmento precisa ler. Você e eu que trabalhamos com comunicação, a gente precisou aprender muita coisa para conseguir fazer o nosso trabalho com excelência. A gente precisa saber quais são as linhas, quais são os limites que a gente pode e que a gente não pode fazer.

Como não tem essa barreira de entrada para influenciador, ele faz o que ele acha que ele gosta de fazer. Como se ele estivesse só publicando conteúdo no perfil dele, como qualquer pessoa que posta um anônimo que posta conteúdo no seu perfil. Por quê? Porque não existe um entendimento de que existem regras para se cumprir quando você faz aquilo como trabalho e precisa.

Se tem camada de trabalho, precisa ter esse cuidado. Então, volto a falar, como não tem barra de entrada, as pessoas fazem sem saber. Ok Então, eu disse para você que tem 90 e poucos sites. Que estão regularizados hoje no Brasil. Essa pessoa sabe? Não sabe. Então ela está lá no interior, não tem acesso, mal chegam jobs para ela.

E quando chega é uma casa de apostas. E aí chega uma proposta, Henrique, chega uma proposta de meio milhão de reais. E aí meio milhão de reais muda a vida das pessoas. Muda. Pode não mudar para quem mora na zona oeste de São Paulo, olha lá, né? Mas muda a vida das pessoas. Para a gente não lembrar que o mundo é São Paulo, né?

O Brasil é muito maior do que a gente vê aqui na Faria Lima. Isso muda a vida de alguém. E aí essa pessoa vai dizer não para esse dinheiro? Ela nem sabe que é errado? Difícil. Agora, tem um ponto que a gente tem falado bastante sobre apostas inclusive porque agora a gente está falando de sites regularizados, que é sobre a redução de danos.

Assim como a gente tem para bebida alcoólica medicação Hoje, quando a gente, as marcas de bebida alcoólica, elas podem fazer publicidade tranquilamente, mas elas já passaram por muitos perrengues também, porque não poderiam fazer publicidade no passado. Por quê? Porque faz mal para as pessoas, né? A bebida alcoólica faz mal, ela não é um produto que é benéfico para a gente.

Ele é um elemento de, você usa aquilo como uma diversão um entretenimento da sua vida. Quando feito de maneira social, você faz isso de maneira a ser entretenimento. Quando você abusa do uso do álcool, aquilo se torna um vício e aquilo vira um problema para você, para a sua família, para o seu entorno, você no trabalho, em todos os lugares.

Por isso que hoje todas as empresas de bebida alcoólica e que precisam destinar parte dos seus impostos a ações de redução de danos e contenção de danos, tá? Porque isso significa, sabe esses… Materiais que a gente acha lindo inclusive das empresas de bebida alcoólica falando de moderação da importância de beber socialmente isso ela faz porque ela gosta, não porque ela é obrigada tem que fazer todas as empresas precisam fazer ações de contenção e redução de danos porque isso é lei quando a gente olha hoje pra publicidade de apostas a gente estamos caminhando pro mesmo lugar onde a aposta não pode ser vista como investimento, como renda extra isso é hoje já proibido, ninguém pode fazer conteúdo que diga que fazer apostar você vai ganhar dinheiro você pode dizer que você vai se divertir pode, você pode dizer que você vai ter bônus pra apostar mais, pode você não pode dizer que você vai fazer renda extra que você está fazendo investimento porque isso é enganar o consumidor volta a falar, aciona o código de defesa do consumidor então Tudo que eu estou trazendo aqui desse pano de fundo para você é para lembrar que, em linhas gerais, o trabalho de influenciador deixa de ser responsável quando ele não sabe o que ele está fazendo.

Intencionalmente porque se ele trabalha com isso, ele deveria saber. Se você trabalha com o mercado digital, você precisa saber como ele opera. Se você faz publicidade você precisa saber o que é permitido fazer na publicidade e o que não é permitido. Você não pode simplesmente aceitar tudo que chega para você.

Ao mesmo tempo, hoje a gente está falando, de novo mais de 20 milhões de pessoas, é muita gente que ainda não sabe trabalhar direito, é muita gente que ainda precisa aprender as dinâmicas desse mercado e a gente vai levar tempo ainda para conseguir equilibrar tudo isso. Porque não vai ser fácil, né?

Porque a gente ainda tem muita dificuldade, tem muitos influenciadores que ainda não sinalizam publicidade nos seus conteúdos que aquele conteúdo foi pago. Tem muito criador que ainda não sabe que ele não pode fazer determinados tipos de publicidade de alguns produtos. Então, tem várias coisas que a gente olha, tem coisas que a gente bate aqui, às vezes alguns pedidos de marca, e principalmente quando querem usar a criança, né?

E eu falo, olha, pra fazer, isso tem inclusive um manual, a gente manda o manual pra marca, né? Você olha, pra fazer publicidade com criança, eu preciso que você tá aqui, os influenciadores, eu preciso agora tá aqui toda a documentação desse influenciador, você precisa entrar com o pedido de autorização do juiz.

Não sou eu, não é o influenciador. Quem pede essa autorização É a marca. Já teve gente que me perguntou Henrique, se foi a gente que inventou essa regra. Aí eu fiquei assim, amigo, sabe o negócio chamado ECA? Assim, já, já, não, são vocês que pedem para, porque tem que sinalizar público, porque eu já vi gente não sinalizando, porque já fizeram tem que fazer, então, a gente ainda está com, no final acho que tudo que a gente está falando aqui, se resolve massivamente, não na totalidade mas massivamente, com educação e formação.

Henrique de Moraes: Cara é um desafio surreal, porque, pensando aqui, né, que… Acho que essa pesquisa é do Brasil, mas enfim, mesmo que não seja, a gente sabe que é uma realidade em vários países, que é a quantidade de pessoas que querem a profissão, a criança, o que você quer ser quando crescer? Influenciador. E aí você trouxe a camada de AI, que é a barreira de entrada talvez principal para uma pessoa se tornar influenciadora, é que ela está colocando ali a cara dela na frente da câmera e para muitas pessoas é difícil.

E é difícil porque você tem toda uma questão de rejeição social, de não pertencimento enfim, que se teve um comentário negativo você tem um peso muito maior do que 100 positivos, por exemplo. Então você sabe que isso acaba diminuindo talvez a quantidade de pessoas que entram nesse mercado, mesmo que ainda seja insanamente alto.

E aí quando você fala de… Educar essas pessoas num país como o Brasil, Onde as pessoas mal têm acesso à educação e você vai falar para ela que ela tem que, para ela se tornar uma influenciadora, que é só ela pegar, assim, é isso. Acho que a única barreira que tem é a vergonha no final das contas, sabe?

Porque, assim, os dispositivos tudo que a pessoa precisa de recurso está acessível. Mesmo que você não tenha o celular, eu vejo crianças pegando dos pais, sabe? Para fazer conteúdo e tudo mais. Então, assim, como que a gente consegue fazer isso na velocidade, sabe, em que a coisa anda, né? Tipo assim, e mais uma vez, com essa camada de AI, então, onde eu posso simplesmente criar um avatar e começar a ganhar dinheiro com um avatar, que, tipo não sequer sou eu, se for cancelado, tipo, sabe, estou nem aí, faço o próximo, sabe?

Cara, minha cabeça acabou de dar um nó, assim tipo… E ainda tem um outro ponto que é… Ontem eu assisti um documentário na Netflix… A Conspiração do Consumo, acho que é esse o nome, enfim, vou confirmar, lançou ontem e eu adoro esses documentários então botei para ver. Adoro mais ou menos, né Porque depois eu saio triste, querendo chorar e falar, meu Deus, não tem sentido em viver, o que eu estou fazendo?

Mas, e uma coisa que eles falam no documentário que é interessante, que é também assim, né? A gente tem um histórico onde as empresas colocam a responsabilidade de resolver o problema que eles estão causando no indivíduo. Então, você pode reciclar, a sua responsabilidade é reciclar você pode tomar banhos mais rápidos economizar na água, enfim, com um monte de coisa, sendo que a quantidade de água que é utilizada para fazer plástico, para fazer açúcar, uma vez você estava vendo um saco de açúcar, a quantidade de água que leva açúcar refinado.

Enfim e aí você coloca, joga toda a responsabilidade no indivíduo e fala assim, não, mas você pode contribuir para melhorar para a sustentabilidade do planeta, enfim, tudo mais. E aí nesse caso da influência você tem isso também, porque você pega, vou usar o caso das casas de apostas tipo, se ele pega e passa isso para o influenciador e a responsabilidade é do influenciador, assim…

Eu sinto muito, a minha responsabilidade está aqui, a minha parte do acordo eu fiz, eu passei um briefing, o briefing não falava nada sobre essas coisas que ele não podia fazer, eu paguei ele conforme foi combinado nosso contrato foi cumprido aqui, a nossa parte do contrato foi cumprida. Então, é muito difícil, eu fico pensando que as pessoas mal leem contrato, sabe, quanto mais leio, cara, vai ler código do consumidor, assim, cara, é uma insanidade, enfim, tá, e aí eu vou então…

Perguntar uma coisa que eu sei que é uma preocupação de vocês, mas eu quero entender um pouco de como vocês fazem isso, que é como vocês levam a educação para os creators, para o time da Brunch, né? Como é funciona isso, vamos supor. Me tornei um influenciador. E aí, pessoal, tudo bem? Eu sou o Henrique, e aí, tudo bem?

Enfim e quero fazer parte do time da Brunch. Qual o processo para eu conseguir fazer parte, assim? Como é vocês fazem para inclusive filtrar pessoas que vocês acham que tem a ver, tem fit ou não com o que vocês estão querendo criar, e depois que a pessoa entra, se tem algum processo, né? De treinamento enfim.

Ana Paula Passarelli: É, vamos lá. Você sabe que pensar numa… A gente recebe… Muitos e-mails, todos os dias, de influenciadores que querem ser atendidos pela Brunch. E todos eles começam da mesma maneira. É, oi, eu sou fulano, eu tenho x mil seguidores e eu preciso de uma agência. E qual que é o problema aqui? E aí, de novo, volto a falar que é um problema estrutural do mercado.

É o fato de que ele se define pelo número de seguidores que ele tem para que ele tenha uma agência. É quase como se o critério de passagem fosse atingiu um x número de seguidores, você passa a ser elegível para ter uma agência, sabe? E não é por aí. Já tiveram vários criadores que entraram na Brunch com menos de 10 mil seguidores.

Menos de 10 mil. E que se tornaram muito bem sucedidos no que fazem. Meu ponto aqui, Henrique, é lembrar que a Branch é uma agência creator first. O que isso quer dizer? Quer dizer que aqui ele não é casting. Ele não é um livro de prateleira como as nossas prateleiras aqui. E eu vou pegar assim, olha, tenho esse criador aqui, o que você acha?

Aqui ele é cliente. E isso coloca ele numa nova perspectiva de paridade. E não aquela do, né, eu tô na prateleira e tem alguém me vendendo. Não. Você senta comigo na mesa pra gente definir o futuro do seu negócio. O que você quer fazer. Pra onde você quer construir os próximos passos dos seus serviços, dos seus produtos.

Quais são os novos produtos e novos serviços que você vai oferecer pro mercado. Porque isso desde o dia 1, a vai ver 6 anos agora, desde o dia 1 a gente entende que o criador precisa estar na mesa para tomar decisões que são referentes ao seu próprio negócio, porque se ele participa está dentro de uma agência para ser casting, ele vai continuar sendo produto de prateleira para sempre.

E como produto de prateleira quem define onde esse produto de prateleira vai estar é a agência. Sabe quando a gente vai no supermercado? E eu sei porque eu já fiz organização de prateleiras de supermercado, tá? A gente organiza os produtos em ordem de valor e percepção de valor, tá? Então no topo estão sempre os produtos mais primos e você vai descendo até os produtos mais baratos.

Tanto que quando você vai, você está com a grana curta, você tem que agachar bastante. Exatamente no supermercado Para pegar os produtos lá embaixo. Geralmente os produtos premium estão ou na altura do teu olho ou acima. Quem organiza? As promoters, são as pessoas que vão lá organizar e manter tudo limpo organizado dentro da prateleira.

Então é o seguinte, se esse produto entra em uma oferta ele sai daqui, ele vai lá para um quiosque, sabe? Põe uma ilha na ponta da sessão. Mas se aparece um produto melhor, ele sobe na altura do olho e o seu vai baixando. Quem define onde o produto vai estar é o supermercado e a empresa que está organizando isso.

Se você é um influenciador e você é casting, você deixa na mão dessa agência de casting a possibilidade de desenvolvimento do seu negócio. E tem que ser, volto a falar da agência de si. Você como agente, Empreendedor precisa ter domínio do seu negócio. Você precisa tomar decisões. Você precisa apresentar para a sua agência o planejamento de onde você quer chegar no próximo ano para que a sua agência seja a sua parceira de negócio para ajudar a resolver.

Assim como a gente faz quando uma empresa, uma marca tem uma agência de comunicação. Então, vamos supor que eu sou uma marca de… Eu sou uma editora de livros e eu preciso de uma agência de comunicação. Eu vou chegar nessa agência e vou falar o seguinte. Este é o meu plano de meus objetivos para o próximo ano.

Está aqui o que eu preciso alcançar. E eu preciso da ajuda de vocês para eu alcançar isso. Então, é menos você me mandar um e-mail dizendo assim, tenho tantos seguidores e quero fazer parte da agência. E mais dizer, quero atingir esse tipo de objetivo. Quero ter uma reunião com vocês para entender como funciona o trabalho de vocês.

Quero apresentar os objetivos que eu tenho para o próximo ano, os investimentos que eu vou fazer para entender se vocês podem ser o melhor parceiro de negócio para minha empresa. Então, volto a falar da mudança de postura das duas partes. É a mudança de postura da agência, que não quero dizer que a agência de cash não funcione.

Ela é um elemento, é um player do mercado que vai atuar de uma maneira. Mas para o criador que quer ter autonomia desenvolvimento de negócio e um negócio sustentável, ele precisa sentar na mesa e não delegar isso para uma agência. Ele precisa trabalhar e fazer o próprio plano de negócio. Então, eu costumo brincar e falar, eu prefiro receber um business plan do que um media kit.

É muito mais interessante, porque o Media Kit vai me dizer coisas óbvias como eu tenho tantos seguidores, eu falo sobre três assuntos, tá aqui as marcas com quem eu já trabalhei, quanto custa meu publi. Isso pra mim não tem relevância. Pra mim tem relevância onde esse criador como negócio quer chegar. E aí que tá o que faz brilhar nossos olhos, quando a gente vê esses e-mails que chegam, pessoas que querem fazer parte da brand.

É gente que tá construindo propriedades intelectuais, é gente que tá construindo negócio em torno dos seus nomes, que não dependem apenas da sua imagem pra existir, porque ainda assim a gente tá falando de algo que é limitante. Se a sua imagem é a única coisa que você tem pra vender, isso em algum momento vai virar um problema pra você.

Na tua escala de crescimento. Então, tem coisas que a gente precisa ir ajustando e ir encontrando os caminhos para trabalhar com esses influenciadores que realmente querem se tornar negócio. Você entrar no site da Branch, a gente relembra isso logo de cara. Nós somos o seu melhor parceiro de negócio para transformar a sua influência em negócio.

Então, assim, você já é uma pessoa influente já conseguiu fazer tudo o que você gostaria em termos de construção de comunidade. Show! Agora eu te ajudo a fazer isso virar negócio. Mas se a gente não tem essa outra etapa pronta, aí ele sofre, sofre bastante. Por quê? Porque é sobre, não é só… Lembra que a gente falou sobre comunidade, ser parte dessa comunidade fazer ela te respeitar e ser um conteúdo que tem responsabilidade?

Você começa o seu negócio com isso, mas isso não faz seu negócio parar de pé. Isso faz você ser uma pessoa responsável e respeitada pelo que você faz modelo de negócio é outra coisa é por isso que eu falei, prefira um business plan do que um media kit temos

Henrique de Moraes: aqui um o template de como mandar um e-mail pra brunch, gente já sabe quais são os pontos aqui, é só seguir mas deixa eu te perguntar e aí a partir do momento que essa pessoa entrou na brunch existe alguma espécie de treinamento de não sei, pós-práticas um playbook, alguma coisa nessa linha?

tem sim a

Ana Paula Passarelli: gente tem duas frentes de educação aqui dentro, tá? uma delas só pros nossos colaboradores que se chama Cookbook o livro de receitas da brunch Dentro do Cookbook, a gente tem todo tipo de treinamento que ajude nossos colaboradores a prestarem melhor o serviço que a gente tem para os nossos clientes.

Então, vai desde leitura de contrato, educação financeira, planejamento de conteúdo, entendimento de regras das plataformas regras publicitárias. A gente tem informações todo mês para a nossa equipe. Para o criador, a gente tem dentro desse Cookbook um formato de masterclass, que aí são treinamentos que a gente vai trazer tópicos que são muito importantes para a formação técnica dele.

Então, eu tive, inclusive, mês passado, um sobre apresentações, como fazer boas apresentações, como desenvolver uma boa apresentação fazer os seus slides, ou se for 100 slides, como você faz isso, como se porta num palco. A gente tem masterclasses para desenvolver o entendimento do que é influência e a influência responsável.

Então todo mês a gente tem uma masterclass, também que é oferecida dentro desse guarda-chuva de cookbook, dos nossos livros de receita, que são esses treinamentos. A gente faz isso desde 2020, acho que desde 2020. Tem momentos que a gente tem mais, outros que a gente tem menos, mas a gente tem essas formações.

Mas de alguma maneira eu comecei a sentir falta de uma coisa. Acho que enquanto endereçamento de treinamentos técnicos e mais focados, a gente dá muito da conta disso, a gente consegue fazer isso com equipe e criadores, mas eu ainda acho que a gente está falando de uma necessidade hoje, como você viu aqui, a gente está com um desafio nacional muito grande, de institucionalizar essa formação E não só em criar um curso de como ser influenciador digital Porque primeiro, isso não existe E nem precisa existir, por favor, viu gente?

E por que não? Porque influência é uma disciplina tão transversal E a gente criar um curso de como ser influenciador digital Não, você está criando um curso de como criar conteúdo para a internet Não é sobre influência Ela é muito transversal A gente está falando de formação mercadológica Formação administrativa A gente está falando de tanta coisa aqui Que calçar e volta a ideia da coisa palatável demais Calçar uma formação em influência Em influenciador Na casquinha produção de conteúdo Ela fica muito frágil E hoje o que mais tem é isso São cursos que ensinam você a ser influenciador digital Beleza Mas você não consegue dar o segundo passo mais porque você só aprendeu a fazer conteúdo você não aprendeu a gerir um negócio você não aprendeu a gerir pessoas, você não aprendeu a desenhar o seu DRE você não aprendeu as dinâmicas de fluxo de caixa são outras camadas então é muito transversal e eu acho que a gente precisa caminhar pra uma pra uma frente mais institucionalizada que não dependa da porque hoje eu consigo gastar minha energia pra formar meus colaboradores e meus clientes mas eu sei quanto isso é pequeno, perto do mercado todo ou seja, hoje só quem tem acesso a isso é quem é meu cliente ou meu funcionário mas a gente tá falando de um desafio muito grande no Brasil que não cabe, acho que não vai caber só as empresas fazerem isso a gente tem que levar isso a uma frente de políticas públicas assim pra ontem

Henrique de Moraes: Não faz total sentido.

Pelo tamanho do desafio. É exatamente. Tá, vou passar aqui agora, então um pouco para… A gente está falando de saúde mental, né? Assim acho que quando eu olho para o trabalho de um influenciador, de um creator, na minha cabeça, eu só consigo imaginar que elas são as pessoas que mais sofrem com essas pressões de algoritmos e, enfim, tudo mais.

Então quando a gente olha, né? Em geral, as pessoas estão sempre ali buscando mais relevância, buscando engajamento. As plataformas cada vez mudam as regras do jogo e tornam aquilo um jogo mais intenso. Um jogo, se é que se pode chamar de jogo, porque eu acho que nem nenhum jogo… O pessoal lá da Float fala muito sobre isso.

É um trabalho que você está fazendo para eles gratuitamente ali, no final das contas. E como é que você vê que essas pessoas, os influenciadores, podem cuidar da sua saúde mental? O vocês normalmente aconselham em termos de equilibrar mesmo essa necessidade de estar o tempo inteiro on, que só… Assim, eu pensando, né, só pelo fato da exposição, para mim já deve ser muito cansativo, mas você tem que produzir isso tudo, mas você tem que interagir com o resultado do que você produziu, porque se dá certo, você ainda tem um outro trabalho que vem, que são comentários, directs enfim, tudo mais.

Então, assim, tipo cara, é uma camada atrás da outra e que quanto mais sucesso você tem, mais insano e insustentável fica, né? E aí, como é que vocês cuidam da saúde mental do time de vocês, assim, e que vocês aconselham? Como é que vocês, né, que tipo de dica vocês dariam para essas pessoas conseguirem ter uma vida minimamente, pelo menos sustentável?

Ana Paula Passarelli: Minimamente A gente fala o quanto hoje no Brasil, e isso, tem vários estudos que apontam e que confirmam isso. A gente tá falando da população mais influenciável do mundo. É a terceira que passa mais tempo nas redes sociais do mundo esses dias eu peguei meu celular e eu vou pedir esse exercício pra quem tá ouvindo a gente, e pra você também, Henrique entra depois lá no seu celular a gente tem nas configurações ver quanto tempo a gente passa em cada aplicativo eu fiz isso tem algumas semanas e eu vi que eu passava 3 horas por dia no Instagram 3 horas por dia é parte do meu trabalho?

Sem dúvida sem dúvida mais da metade disso eu estava trabalhando mas a outra eu não tava e aí eu me propus a tirar uma hora dessa uma hora, o eu vou fazer nessa hora? quando eu me pegar e fazer opa entendi que eu tô aqui só scrollando Eu vou fazer outra coisa, eu vou estudar inglês eu vou ler um livro, vou brincar com a minha filha, sabe?

Isso leva a gente, enquanto sociedade, a um estado de cronológico cronicamente online. Nós somos cronicamente online. O brasileiro passa pelo menos nove horas conectado. É muita coisa, tá? E acho que tem dois desafios aqui. E o desafio de um lado, que é você, indivíduo e o que você tem que fazer pra não ficar nesse lugar, como eu falei.

Vou me propor ficar, mas a gente pra tomar essas decisões, a precisa saber. Então tem que entrar lá, tá, gente? Entra lá e vê quanto tempo você tá gastando no seu celular. Que aí você vai levar um susto. Todo mundo vai levar um susto tá? Porque todo mundo passa muito tempo no celular. Primeira coisa é a gente ter esse sentido.

Eu sei onde eu estou gastando meu tempo. Eu preciso mudar isso. Porque esse estado crônico digital, ele leva a gente a um consumo, a uma produção de dopamina muito acelerada. E o problema que a gente vive hoje é, se eu paro de ter essa dopamina, eu fico triste. E aí eu volto a usar, porque daí eu continuo garantindo que eu estou aqui em nota 6.

Esse é um ponto que a gente tem que ter agência de nós mesmos. A gente tem que dominar isso, a gente não pode deixar que esse estado digital tome conta da gente A gente tem que ter mais conscientização, inclusive, sobre isso. Do lado da empresa, eu queria falar um pouco de processos porque isso é uma das coisas que a gente mais se orgulha aqui.

Desde que a gente começou a entender que… Porque trabalhar com criadores e o mercado publicitário é um mercado bastante líquido, de certa maneira, para falar assim, que é, ele se molda, ele muda com muita facilidade porque um dia ele está de uma maneira, do outro ele está de outra, e a gente precisa ter flexibilidade para garantir que a gente está conseguindo entregar o nosso trabalho.

A gente entendeu que tá, flexibilidade é importante, mas a gente precisa ter processos. Nenhuma empresa para de peça em processos né? Então, a gente precisava organizar nossos processos Então, a gente organizou uma série de mapas aqui. O que são esses mapas? São documentos internos onde a gente organiza cada trabalho que entra na casa.

Cada trabalho. Só para vocês terem um panorama de como funciona o trabalho para o criador, a branch é como uma empresa outsourcing para o criador. Então ele tem na branch toda a parte de gestão comercial, gestão de projetos financeira e jurídico dele. E a parte de comunicação. A gente faz como uma gestão outsourcing mesmo dos serviços que ele delega e pede para que a gente organize e entregue relatórios.

A gente tem relatório de negociação que é atualizado a cada 15 minutos, então não precisa ser feito um novo relatório ele já é atualizado automaticamente. E cada trabalho ele tem um mapa. E esse mapa ele tem ali todo o fluxo de tarefas e entregas que vão ser feitas, os prazos que são negociados previamente E todo o acompanhamento histórico do que aconteceu com aquele job.

Hoje se eu precisar pegar o que aconteceu no trabalho que foi feito em 21 de novembro de 2021, eu tenho. Eu tenho um mapa que tem todo… Sabe ficha de médico? Eu tenho uma ficha de cada job, cada trabalho que a gente faz, a gente tem um mapa desse. E que ajuda a gente a protocolar e organizar os nossos processos.

Eu acho que isso ajuda muito no momento em que a gente está falando de uma disciplina que se molda e precisa se moldar com muita facilidade As dinâmicas do dia a dia, diferente de uma função industrial, onde a gente tem apenas que apertar um botão e parar. Eu sei que eu já fui da indústria, trabalhei na indústria da moda.

E eu fui modelista e estilista. Modelista para quem não sabe, é quem faz o molde da roupa que a gente… Usa. O molde, ele é usado para cortar o tecido que então vai para a costureira para ela poder fazer a roupa, tá? Isso é muito processual num nível, assim, hardcore, tá? Então se eu faço modelagem, modelagem farei.

Não sai daquilo. Eu vou viver na frente de um bloco de papel, onde eu vou fazer aquilo o dia inteiro. No trabalho com marketing de influência e com influenciadores, a gente tem dinâmicas de relacionamento que são muito importantes no dia a dia também. Mas que ter processos e os mapas que a gente desenvolveu de trabalho ajudam muito a gente garantir minimamente um estado que a gente estava comentando aqui, tranquilo de trabalho.

Quer dizer que é pouco trabalho? De maneira nenhuma. A gente trabalha bastante. Assim como qualquer pessoa, trabalhamos bastante, mas é importante a gente ficar atento no que está acontecendo no dia a dia. E acho que o debate que a gente está vivendo hoje, Henrique, do fim da escala 6×1, ele é mais que urgente.

A gente não vive mais, a gente nunca foi, a agência de publicidade não é a escala 6×1, a agência é 5×2. E a gente já vem estudando para começar a diminuir. Porque a gente sabe que o fato de não vivermos no nosso trabalho com tarefas manuais e mecânicas, faz com que a gente tenha um desgaste maior. E aí associada a 9 horas conectado, não tem como.

Então acho que tem uma dupla agência de soluções aqui. De um lado, pessoas precisam ter um cuidado, mas não pode ser só delas. Empresas também precisam oferecer Essas oportunidades para que o negócio pare de pé.

Henrique de Moraes: Sim, total, esse desafio de olhar a quantidade de tempo que você passa, assim gente, para quem nunca fez, é surpreendente, eu lembro que quando eu vi a primeira vez, eu botei o telefone para ficar me mandando as estatísticas, então uma vez por semana ele me mandava as estatísticas e eu ficava tentando me desafiar a diminuir, até que um momento que eu não conseguia mais, eu falei assim, cara quer saber, vou botar um limitador, que eles tem também agora o telefone bem com limitador, aí eu coloquei.

Cara, eu apertei mais o botão de ignorar pelo dia inteiro do que eu pude pular anúncio no YouTube, gente. Então, assim, é pra vocês verem. Quase que, assim, era instantaneamente Aparecia a notificação falando que eu tinha passado meia hora, eu já fazia assim, eu nem pensava duas vezes. Então, assim, acho que eu consegui me manter dentro daquele negócio ali durante, sei lá, umas duas semanas, em um ano e meio até que eu desisti.

Eu falei, cara vou tirar esse negócio do meu telefone. A única maneira que funcionou pra mim, de fato, pra diminuir drasticamente, mas que é uma coisa que é difícil de se fazer, mas que eu me propus foi excluir os aplicativos do telefone Então, eu só acessava pelo computador, tanto o Instagram quanto o Linkedin, que as únicas que eu olho.

Eu não entrei no TikTok exatamente porque eu sabia que ia ser difícil sair depois. Então, e funcionou super, eu consegui ficar, foram meses ótimos. As pessoas me olhavam como psicopata quando eu estava no trem e estava olhando, e não olhando o telefone, mas é isso. Eu lembro que tempos atrás eu conversei com um cara que ele falava assim, Ele é daquela, da galera do 5am club, né?

Então, assim, que eu tenho lá meu pé atrás, mas o que ele defendia, né? O argumento dele era, tipo você acordar uma hora mais cedo todos os dias, você ganha um mês ao longo de um ano, né? Então, você tem um mês a mais, vamos colocar assim. E, assim, para mim isso não fez muita diferença, mas quando você para para pensar que uma hora por dia, né?

Ao longo de um ano equivale a um mês, e você para e pensa a quantidade de tempo que a gente está passando nas redes sociais e fala que não tem tempo para se alimentar melhor, para fazer comida, para fazer exercício para ler, seja o que for. Ter uma coisa errada então assim, na verdade a gente só não está sabendo gerenciar bem nosso tempo e assim, a gente, eu me incluo eu não estou fora disso porque assim agora eu estou com os aplicativos aqui eu vejo a quantidade de tempo que eu passo e eu fico assim meu Deus do céu, eu já estou num nível crônico como você falou preciso fazer alguma coisa aqui para diminuir esse uso enfim, é difícil mas olha o papo foi maravilhoso como eu imaginava que seria queria agradecer pelo seu tempo mais uma vez, pela generosidade e por Acho que, principalmente, agradecer pelo seu trabalho no sentido de estar sempre trazendo esse olhar crítico para o mercado, sabe?

Como eu falei, eu acompanho as matérias que saem enfim, e eu acho que é super importante a gente ter pessoas como você, como a pessoa que eu amo aqui, que é Lucas Schuch, por exemplo, também, que está sempre trazendo o olhar crítico para a parte do mercado publicitário. Então, esse tipo de coisa é importante para manter, pelo menos fazer com que as pessoas comecem a pensar, porque às vezes as pessoas não estão nem refletindo sobre isso.

Então a partir do momento que você joga pelo menos essa sementinha, você começa a fazer com que as pessoas, pelo menos, pesquisem mais, leiam mais, enfim, e se informem. Então, obrigado pelo trabalho, obrigado pela participação.

Real time, vamos lá

Ana Paula Passarelli: na semana que eu falei nossa gente, não é possível que esteja assim e tava, eu passei três horas por dia no Instagram aí na semana passada caiu pra duas e nessa última, na semana retrasada, e na semana passada agora é a semana, é e na semana passada que foi essa semana do feriado porque aqui no Brasil teve o feriado do dia 15 e o feriado de ontem né e eu fui pra BH viajar um pouquinho caiu pra uma hora por dia olha você viu só aí você começa a ver assim o quanto A gente passa muito tempo no celular, gente, isso aqui é uma ferramenta poderosíssima importante, transformadora.

Eu não teria a minha agência hoje se não fosse também isso aqui. Isso aqui é ferramenta de trabalho. Não é à toa que a gente entrega um celular para os nossos funcionários também, mas aí você começa a ver que ela não pode te dominar. Não pode. Isso aqui tem que ser uma ferramenta de trabalho, uma ferramenta de transformação e de prazer.

Se começa a virar uma algema, aquela bola pendurada no seu braço, aí vira problema. Então, estou orgulhosa, tá, gente? Melhorou muito. E eu passei nove horas no Google Maps porque eu estava em BH e eu precisava me localizar, né?

Henrique de Moraes: Tudo bem, o Google Maps não está ali

Ana Paula Passarelli: tentando te

Henrique de Moraes: manter. O

Ana Paula Passarelli: Google Maps foi utilitário, estava ótimo.

Henrique de Moraes: Exato. É isso. Parabéns e mais uma vez, obrigado passa. Obrigada a

Ana Paula Passarelli: você, que bom a nossa conversa aqui. Um beijo, gente.

calminha #3
calminha #2
calminha #1