calma! #35 com Rafael Marino
Rafael Marino é CMO na CRIA, uma opção inovadora de educação nas áreas de marketing e publicidade.
antes de comandar o marketing da CRIA, Rafael Marino foi:
- estagiário na British American Tobacco;
- cofundador da Trippics, uma rede social de viagens;
- head de marketing e growth manager na Hurb [antigo Hotel Urbano];
- CMO na Nuuvem, uma distribuidora brasileira de jogos digitais;
- CMO na EqSeed, uma empresa que conecta investidores e startups, onde ele criou e foi host de um podcast chamado “Na Linha de Frente”, disponível em nas principais plataformas.
no bate-papo a gente falou um pouco sobre tudo: desde surfe, empreendedorismo, lições de liderança, livros, marketing, filosofia, chegando até a ansiedades e alguns dos perigos que esse mundo hiperconectado nos trazem.
a conversa foi sensacional e eu poderia ter passado horas imerso em diversas reflexões com o Marino.
espero que vocês curtam!
obs.: a CRIA foi fundada pelo Rapha Avellar, convidado #4 aqui do podcast.
LIVROS CITADOS
- Comece pelo porquê: Como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir – Simon Sinek
- Extreme Ownership | Responsabilidade extrema: como os Navy Seals lideram e vencem – Jocko Willink, Leif Babin
- O obstáculo é o caminho: A arte de transformar provações em triunfo – Ryan Holiday
- O Lado Difícil das Situações Difíceis – Ben Horowitz
- As armas da persuasão – Robert Cialdini
- Previsivelmente irracional – Dan Ariely
- Nudge: Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade – Richard H. Thaler, Cass R. Sunstein
- Misbehaving: A Construção Da Economia Comportamental – Richard Thaler
- Por que o budismo funciona – Robert Wright
- 10% Mais Feliz: Como Aprendi a Silenciar a Mente, Reduzi o Estresse e Encontrei o Caminho Para a Felicidade – Uma História Real – Dan Harris
- Princípios – Ray Dalio
- The Daily Stoic – Ryan Holiday
- O ego é seu inimigo: Como dominar seu pior adversário – Ryan Holiday
PESSOAS CITADAS
- Raphael Avellar
- Tim Ferriss
- Fernando Vilela
- Naval Ravikant
- Michael Jordan
- Bill Gates
- Warren Buffett
- Simon Sinek
- Jocko Willink
- Ryan Holiday
- Marcus Aurelius
- Ben Horowitz
- Robert Cialdini
- Dan Ariely
- Richard Thaler
- Klebér Tani
- Matt Mullenweg
- Dan Harris
- Ray Dalio
- Chamath Palihapitiya
FRASES E CITACÕES
- “Você é a média das 5 pessoas com quem você mais anda” – Henrique
- “Se você quer ser feliz ande com pessoas menos bem sucedidas que você, se você quer ser bem sucedido ande com pessoas mais bem sucedidas que você” – frase de Naval Ravikant citada por Henrique
- “Pra mim liderar é você motivar seus liderados a fazer o que os deixam motivados” – frase de Simon Sinek citada por Rafael
- “O óbvio precisa ser dito” – Henrique
- “Eu como líder, é meu dever te explicar o porquê que eu tô te pedindo as coisas, o porquê que eu tô querendo certas coisas, dar a visão do tudo, esse é meu dever, mas você como liderado é seu dever sair sem nenhuma dúvida em relação à isso” – frase do livro “Extreme Ownership” citada por Rafael
- “Dor + reflexão = evolução” – frase de Ray Dalio citada por Rafael
- “Desejo é um contrato que você faz com você mesmo pra se sentir infeliz até você ter o que você quer” – frase de Naval Ravikant citada por Henrique
- “Dinheiro não vai solucionar seus problemas, dinheiro vai solucionar seus problemas de dinheiro” – frase de Naval Ravikant citada por Henrique
se você curtir o podcast vai lá no Apple Podcasts / Spotify e deixa uma avaliação, pleaaaase? leva menos de 60 segundos e realmente faz a diferença na hora trazer convidados mais difíceis.
Henrique de Moraes – Grande Rafael Marino. Cara obrigado pra começar, pelo seu tempo, pela generosidade aí de ter topado participar, seja muito, muito bem vindo a esse episódio aqui do calma!, tô muito feliz da gente conseguir bater esse papo.
Rafael Marino – Fala Henrique, pô obrigado a você pelo tempo, pelo convite, assisti já alguns episódios, até tem uma galera que eu conheço felizmente, então super prazer estar aqui cara, trocando aqui um pouco contigo
Henrique de Moraes – Verdade, eu falei antes da gente começar, eu tô entrevistando a casa inteira, mas vocês também estão montando um dream team aí né cara
Rafael Marino – É cara o time aqui tá forte, é uma coisa bem legal aqui dentro de fato, essas pessoas que estão liderando aqui o grupo são pessoas assim, ponto fora da curva no que fazem, é muito legal estar participando disso.
Henrique de Moraes – Pois é, acho que a gente pode falar sobre isso mais na frente, explorar um pouquinho mas eu queria começar de um ponto um pouquinho diferente, em vez de falar de trabalho falar de prazer. Eu vi que você curte surfar cara e queria entender assim de onde veio isso e assim, vou admitir que isso parte de um ponto de frustração na minha vida, que eu sempre quis aprender a surfar e nunca consegui e tenho uma pontinha de inveja da galera que consegue cara, eu queria entender de onde surgiu assim e se você ainda pratica, se você consegue, tem tempo né nessa vida, nessa correria que é e se você trouxe alguma lição do surfe pra sua vida profissional
Rafael Marino – Cara fantástico, surf eu gostaria hoje de estar surfando mais, infelizmente tô quase virando um turista do surf aí, a galera até me zuando por não estar tão presente na água mas cara acho que desde pequeno eu gostava muito de água, inclusive assim situação familiar que meu pai brinca até hoje é que eu era super atirado né, sempre fui muito atirado nas coisas e cara, quando eu via uma piscina eu saía correndo e pulava, teve uma vez que eu quase me afoguei, sem saber nadar e que meu irmão que me puxou pelos cabelos do fundo da piscina porque eu achava legal sair correndo e pular, então acho que é uma coisa de água que eu sempre gostei bastante e desde jovem achava assim um esporte bacana, sempre gostei de esportes radicais então praticava skate, patins, sempre fazendo esses esportes um pouco diferentes e vi o surfe pô super legal esse contato com a natureza, estar ali no meio da onda e a galera surfando só que cara, o surfe veio até meio tarde pra mim, eu gostaria de ter começado a surfar mais cedo e é uma coisa engraçada e cultural assim por exemplo, o meu pai ele achava que surfista era tudo vagabundo então cara, infelizmente ele só deixou eu surfar quando eu tinha uma certa idade e aí ele se preocupava com isso, em surfista usar drogas, é um pouco daquela, eu super entendo hoje em dia olhando para trás da geração antiga ter essa preocupação, a galera mais conservadora, meu pai é uma pessoa mais conservadora então comecei sei lá com 16 anos, 15 anos, inclusive acho que até tem um pouco dessa questão de cara, aos 16 anos eu quase repeti de ano porque eu comecei a surfar e só queria saber de fazer isso e foi uma paixão aí a primeira vista, comecei sozinho com os amigos e aí botando a cara né cara quando começa a surfar é um esporte difícil, é um aprendizado difícil né quanto mais novo você começa a surfar mais rápido você surfa bem então eu sou um prego até hoje e a questão de muita rotina, de você estar sempre no mar independente do mar que seja se o mar tá bom ou se o mar tá ruim, o Rio de Janeiro também não proporciona assim ondas muito boas com muita frequência diferentemente do litoral norte de São Paulo ou no Sul que tem uma frequência boa e ondas melhores mas isso não é desculpa, tem que estar no mar independentemente do dia e da condição. E aí comecei a surfar cara com 16 anos e cara naquele esquema pegando ônibus de prancha indo lá para Macumba, pra Barra pra surfar, acordando 5 e pouco da manhã, na época tinha até o surf bus que era uma iniciativa que eu achava super legal, não sei nem porque parou isso mas era muito legal
Henrique de Moraes – Você morava aonde?
Rafael Marino – Eu morava em São Conrado então cara, pegava ali o surf bus e a gente ia pela orla, ia vendo DVD de surf, a maior galera lá dentro era super legal e cara, sou apaixonado pelo surf, sou apaixonado por água, gostaria de surfar mais do que eu surfo mas infelizmente hoje em dia não tenho tanto tempo pra isso mas assim, acho que uma mudança de rotina se você consegue de fato dormir cedo, acordar cedo não vira desculpa não estar no mar a não ser que de fato não tenha onda e acho que o surfe traz uma questão muito bacana de conscientização da natureza, que é uma coisa que não é todo mundo que tem infelizmente, acho que cada vez mais estamos tendo né, estamos passando por problemas aí que são indiscutíveis, mas aquele contato com a natureza que te deixa uma pessoa muito mais preocupada com o ambiente à volta de você, essa educação e tem uma questão também legal de que pode ser ruim quando muito extremista mas a questão do respeito no surf é muito bacana, de você ir no lugar cara e se você é daquele lugar, se você não é daquele lugar e você vai surfar num lugar diferente, chegar calmo, não chegar querendo impor alguma coisa, não chegar querendo fazer estardalhaço, pegando onda na frente de todo mundo, respeitar a galera mais velha que tá ali então acho que o surf traz essas duas questões muito importantes assim que servem para o desenvolvimento humano, para o desenvolvimento de um adolescente, então acho que são as duas principais lições e pô sou apaixonado pelo esporte, pretendo continuar fazendo aí até, eu sei que quando ficar velho fica mais difícil e tal mas a gente vai mudando de prancha, vai pegando pranchão e tal aí você vai se virando.
Henrique de Moraes – Boa cara. É uma frustração, eu lembro que eu cheguei uma época até a tentar ir pra Prainha enfim eu saía de Niterói porque os meus amigos iam né, saia de madrugada, ia pra Prainha e cara mas eu era muito ruim, eu lembro até hoje de uma hora que eu fui descer na onda assim e um cara tipo super experiente e que eu tava super admirando assim, e eu entrei na frente dele sem querer cara, eu não tinha o controle né da prancha e o maluco cara quebrou a prancha dele e ele saiu assim frustrado, eu falei “Cara não pelo amor de deus, eu pago” só que ele não tava preocupado com a prancha, ele tava preocupado que não ia mais conseguir surfar aquele dia, e eu falei “Não pega aqui a minha prancha, vai lá” e o cara voltou amarradão, depois a gente foi e acertou lá o conserto da prancha, mas ele só queria voltar pro mar cara, e eu acho essa paixão que o surfista tem uma coisa única assim né, é muito especial eu vejo que a galera tem de fato um relacionamento né cara intenso com o mar, é uma coisa diferente assim.
Rafael Marino – E assim, acho que essas lições, lá em São Conrado então os meus sempre me zoam que eu já discuti com muita gente, nego já brigou muito comigo, aprendi muito essa questão dessa lição por isso que eu acho que trouxe ela mais forte e enfim tem uma série de regrinhas ali que se você sabe antes você não passa esses perrengues, mas a galera é muito fissurada mesmo, transcende o esporte né acho que é uma questão de filosofia de vida, é uma galera que tem muito em comum do tipo como percebe a vida, não é só aquele esporte que você acorda e faz, é uma questão que vai além disso, é às vezes o seu jeito de se vestir, as pessoas que você admira, o que você faz no dia a dia, a sua perspectiva do dia de às vezes ser até mais calma, ser uma pessoa um pouco menos agitada e tal porque eu sofri depois de um tempo, cara se você fica 3 horas na água você já tá destruído, então isso é super legal a fissura, eu lembro de um episódio assim dessa fissura que eu acho que eu, principalmente os cariocas e tal a gente morre de medo de tubarão né e eu morro de medo de tubarão assim acho que é normal porque a gente não é muito acostumado assim diferentemente de outros lugares que você surfa, tem o tubarão ali mas não dá em nada, e eu me lembro que eu tava surfando no mar animal assim, eu e o meu amigo Patrick a gente tava surfando, tava rolando tubo, água quente e pô sensacional, e aí cara do nada a gente viu um tubarãozinho assim tipo acho que tinha 1 metro assim, embaixo da gente e aí na hora eu já abri aquele olho assim falei “Caraca ferrou Patrick, tubarão e agora o que a gente vai fazer?”, aí ele me olhou, a gente se olhou e falou assim “Cara mas tem altas ondas”, a sorte é que tinha mais gente na água e aí os caras mais experientes assim, o cara até falou “Pô esse tubarão tá achando que eu sou a mãe dele, fica me seguindo” e eu branco “Cara se esse tubarão estivesse me seguindo eu nem sei o que estaria fazendo” mas aí olhando a galera ali tranquila, surfando, a gente falou “Cara deixa o bichinho aí, tá na natureza, vamos surfar” aí passou um tempo e a gente não viu mais ele e eu falei “Caraca a gente é muito fissurado mesmo”, isso foi um episódio interessante.
Henrique de Moraes – É engraçado né, dá pra você traçar vários paralelos né, então por exemplo você falou uma coisa que eu achei legal, que você saía correndo e pulava na água né desde moleque, assim o quanto disso você ainda faz hoje nas coisas que você acredita por exemplo, eu percebi que você é um cara muito movido por propósito né, você teve uma passagem pela British American Tobacco e aí saiu porque viu que aquilo não tinha a ver com o que você tava fazendo, que você acreditava na verdade né e depois pelo que eu ouvi assim, pelo que eu consegui encontrar de material pra fazer a pesquisa pra entrevista, você sempre foi movido de certa forma pelo que você acreditava, você caiu numa agência que, quando você voltou do seu MBA você falou que caiu numa agência que tinha ali um propósito muito bem definido e ainda assim mesmo por onde você passou aparentemente pelo menos pelo que eu sentia você ia muito por acreditar no negócio, por acreditar no que tava por trás e não só “Beleza eu consigo fazer isso aqui vender mais”, é tipo assim “Cara eu acredito na missão que esse caras tem”. Como que você acha que esse seu sentimento de propósito foi te guiando e assim na prática, vamos colocar de maneira bem tangível, como que você acha que isso te ajudou a guiar as escolhas que você fez profissionalmente e se isso é só um sentimento ou se você tipo de fato tem algum framework ou perguntas que você se faz na hora de fazer uma transição por exemplo de uma empresa pra outra, porque às vezes você tá bem mas recebe uma oferta e aquilo bate em você e você fica assim “Vou ou não vou?” e aí como é que você faz pra tomar uma decisão dessa levando em consideração essa sua motivação pessoal de propósito que você tem?
Rafael Marino – Cara não é simples assim, não dá pra falar “É fácil, faz esse modelinho mental aqui que você vai conseguir e tal” eu acho que na minha vida isso era uma questão que eu nem sei, acho que até preciso ir mais em psicólogo e tudo mais para tentar entender isso dentro de mim mas é uma questão que comigo pelo menos foi uma questão de erro e acerto e eu fui descobrindo isso ao longo do tempo assim, acho que propósito é uma coisa que muita gente já nasce sabendo, o que é ótimo acho que é uma geração nova que vem por aí muito guiada por isso e eu me incluo nisso, muito por acho que um desejo profundo de querer deixar um legado, por exemplo eu não acredito em religião e tal, outro dia eu descobri uma verdade minha que eu acho que é impossível alguém acreditar em uma religião única assim pelo meu ponto de vista porque eu acho que tem muita coisa legal de várias religiões, mas uma coisa que vem dentro de mim sempre é “Cara como é que eu posso deixar um legado legal na Terra?” né tipo “Como é que eu posso deixar uma pesada maneira?” e aí foi por uma questão de acertar e errar, quando eu entrei na British American Tobacco por exemplo, e eu não julgo né as pessoas que estão lá ou que não são dessa forma, mas eu entrei lá e eu me lembro que uma das perguntas que a minha gestora fez foi “Como é que você se sente trabalhando numa empresa de tabaco?” e eu já sabia que essa pergunta ia vir e eu já tinha meio que uma resposta pronta, eu lá com meus 19 anos de idade, “Não, o que me importa é o business, eu quero aprender business, eu quero crescer, não sei o que e tal tal tal” e ela “Pô legal”, mas aí depois eu fui “Cara, sério?” ainda trabalhando com marketing na área de trade e lidando com comunicação, eu falava “Tô me sentindo um capeta aqui, eu sou o cara ou tô ajudando né fazendo parte de uma equipe que o objetivo é fazer com que a comunicação estimule mais as pessoas a comprarem mais tabaco”, tipo “Faz sentido isso pra mim de acordo com o que eu penso?” e isso começou a me dar uma certa remoída assim, eu comecei a ficar meio “Cara não está fazendo sentido tô achando isso errado” e aí você vai amadurecendo, você vai adquirindo mais consciência né dos seus atos, do impacto que seus atos geram e eu falei “Cara não isso não tá legal, isso não tá legal” e aí acho que rolam umas coisas assim de oportunidades também ou como você encara a oportunidade que aparece, nessa época o meu irmão ali quando eu tava para ser efetivado, meu irmão chegou e falou “Cara tô criando uma startup aqui, quer participar?” e aí vem essa questão que você falou cara, “E agora, o que eu faço?” mas aí foi muito forte pra mim eu sempre, minha namorada brinca comigo que eu sou um cara muito simplista às vezes em tomar algumas decisões, eu tenho uma facilidade de tomar e me adaptar aqui porque eu olho muito do tipo “Cara tomei, acabou, vambora bola pra frente” e na época foi muito simplista eu cara vamos botar aqui prós e contras, eu vou ficar aqui, não acredito nessa coisa e vou ficar cada vez mais me remoendo, isso não vai me motivar, vou ficar trabalhando pelo que, por grana? Por ego? Por querer crescer e ser alguém ali? Ou então eu vou me jogar numa aventura que tinha um prazo, a gente pode até entrar um pouco mais em detalhes sobre a questão desse prazo, mas que meu irmão por exemplo falou “Ah dois anos se não der certo cada um pode fazer o que quiser”, uma coisa que hoje eu falo “Putz caraca, não tem como criar um negócio assim” mas na época foi assim veio essa oportunidade e muitas pessoas obviamente poderiam “Não, quero seguir aqui e quero me manter nessa esteira aqui e crescer, estabilidade, multinacional e tudo mais” e eu vi aquilo, talvez já até por esse sentimento de atirado que eu sempre tive em esporte e tal e isso talvez também tem refletido, e eu vi “Cara porque não né?” e sempre tento levar isso na cabeça, de tentar pensar no sim e depois no porque não, na hora eu falei “Cara é uma oportunidade de empreender, de criar alguma coisa, tirar alguma coisa que de fato fazia sentido para mim, que ia ter um impacto positivo na vida das pessoas” então esse episódio para mim foi um episódio de aprendizado no qual eu achava que, rolaram outros mais à frente, mas que achava que eu tinha aprendido sobre o que que é trabalhar num lugar com propósito e trabalhar num lugar que não tem propósito. E assim, eu passei por outras experiências diferentes nesse sentido, por exemplo quando eu saí do Hotel Urbano que tinha um propósito super legal, uma cultura fantástica, trabalhava com pessoas que eu achava incríveis, que admiro até hoje e fui trabalhar na Nuuvem, eu falei “Pô games, legal, jogos, tá crescendo o mercado, legal vou ter uma posição bacana, pela primeira vez vou liderar uma equipe inteira e ser o principal nome ali do marketing e responsável pelas metas, pelo crescimento e tudo mais” então o desafio era legal, achava que games, me amarro em jogar né então tipo assim é uma coisa que até aprendi, não confundir hobbies com o que você vai trabalhar, me amarro em jogar e tal então pô vai ser legal. E aí cara em 8 meses de empresa eu falei “Cara o que eu tô fazendo aqui?”, eu olhava para as pessoas ao meu redor, todo mundo muito movido a propósito, todo mundo geek, amava games, acordava já e “Cara você viu que vai lançar tal coisa, tal coisa” e eu tipo “Cara não acredito nisso”, tipo sou uma pessoa mais do surf, do social, de umas coisas assim um pouco mais de querer viver experiências e tudo mais e não que game não seja cara, game outro dia eu tava lendo, game é hoje à frente da música no quesito cultural pros jovens, game hoje em dia é mais importante do que era na geração passada que foi a música, uma mudança cultural, os jovens eram muito influenciados pelas músicas e tudo mais e hoje a galera é completamente influenciada pelo game, game é uma indústria maior do que música, filmes, maior do que esportes, então tipo é uma indústria gigantesca e eu acho que eu fui muito guiado por isso e cheguei na hora e falei “Putz não acredito que o que eu tô fazendo aqui no final das contas está impactando as pessoas de uma forma positiva” cara respeito muito as pessoas que estão lá, são líderes incríveis, uma empresa que cresceu basicamente sem investimento, que tá mais 10 anos de mercado, a maior da América Latina, são líderes muito bacanas, o propósito existe e é muito vívido para eles, eu vi essa desconexão cara, não existe certo ou errado simplesmente eles vêem isso e eu não consigo ver e o meu propósito é diferente e tá bom, tá ok, que foi aí quando eu fui pra EqSeed, na hora que eu conhecia plataforma eu falei “Caraca que legal”, tipo vou trabalhar numa empresa que eu já sofri aquela dor, que eu fui empreendedor e sei como é difícil você fazer reunião com mais de 20 fundos de venture capital e tomar não e os caras ficarem te namorando e os caras ficaram esperando o seu fluxo de caixa baixar para poder baixar teu valuation, e os caras ficarem te apertando, “Então volta daqui a pouco quando você mostrar essa meta aqui ou quando você me mostrar esse negócio aqui” eu falei “Caraca existe uma plataforma que dá maior facilidade sobre isso, que possa me conectar não 1, 2, 3 e que eu fique 6, 8 meses tendo reuniões mas que pô, consiga fechar uma coisa em 3 meses, que me conecte com uma porrada de investidores” e do outro lado eu como investidor também, na época eu tava começando a empreender mesmo e investir e tal, cara é um modelo que não tem, se você quer investir hoje em startup, se você não for para uma plataforma desse tipo ou você é um cara com muita grana, com no mínimo 100, 150 mil reais pra investir só nesse modelo e porra, é um modelo que é indicado pra cacete ou você também tem que ser um puta empreendedor conhecido de fundo, pra você poder entrar, então falei “Caraca que legal, vou estar num lugar onde eu tô ajudando empresas como eu fui a ganhar grana, crescerem, gerarem renda, gerarem emprego, quebrar ineficiência, quebrar burocracia”, aí eu falei “Porra taí, puta propósito” então cara pra mim foi uma questão de errar e acertar, assim como tudo na vida eu acho mas assim a cada erro, principalmente a cada erro né que você aprende você fala “Putz então tava avaliando da forma errada e numa próxima você vai talvez avaliar de uma forma diferente”, acho que é um pouco por aí Henrique, acho que tem gente que tem mais facilidade de ter muito claro “Putz a empresa trabalha com isso? A cultura é assim? As pessoas são assim? Então eu me identifico perfeitamente com isso e já sei pra onde ir” eu acho que tive que sentir ali um pouco na pele para poder de fato aprender e assim, pra mim o grande aprendizado disso é que faz muito mais sentido, você vai ser muito mais feliz, vai se sentir muito mais realizado se você trabalhar numa coisa que você se conecta de alguma forma, eu inclusive já até conversando com algumas pessoas eu fico “Cara, será que eu sou imaturo, será que eu não sou profissional porque eu não consigo trabalhar numa coisa que eu não gosto?” e aí eu sempre falo “Cara como eu tenho sorte, como eu tive oportunidades, como eu tenho a felicidade dessas oportunidades chegarem até mim” porque cara se as coisas não acontecessem para mim, se eu não pudesse trabalhar com que eu quero cara, nem que fosse vender cocô eu venderia cocô e vambora, tenho que fazer, tenho que crescer e me desenvolver. Mas assim eu tive sorte, tive oportunidade de trabalhar com coisas que eu gosto e assim, acho que o recado que eu deixo é cara se você tiver a oportunidade de trabalhar com uma coisa que você se conecta de alguma forma vai porque vai ser muito mais legal, vai te trazer uma satisfação muito maior do que trabalhar numa coisa que você tá trabalhando por dinheiro ou tá trabalhando por alguma coisa do tipo porque pô cara, dinheiro chega em determinado momento, por estudos, óbvio que tem um determinado momento que você tem que atingir aquela segurança, corrida dos ratos e tal mas depois daquele ponto cara não tem mais correlação com felicidade e com realização então assim, cara acho que tem que correr atrás do dinheiro quando você tá começando, tem que correr atrás dessa segurança se você precisa principalmente mas depois de um certo momento isso não faz tanto sentido, então trabalhar com propósito é muito melhor, muito melhor que trabalhar num lugar que você não se identifica, não se conecta.
Henrique de Moraes – Perfeito. Você deu overview aí da trajetória, acho que agora a gente consegue de repente ir pontuando algumas lições que tiveram em cada uma dessas experiências, mas eu acho que vale colocar, você trouxe esse questionamento né que você se fez ou você se faz ou faz pros outros enfim, de que se você é imaturo ou não, eu acho que primeiro, você tá vivendo numa premissa que você conhece bem, que é de teste né então assim cara, testa rápido e muda e vai ajustando a trajetória até melhorar os indicadores então acho que isso faz sentido para tudo né no final das contas né, quando você começa a entender o método científico de certa forma né que é isso, você ter uma hipótese e testar até ajustar ou provar aquela hipótese ou não, você aplica isso em tudo né então a gente aplica isso muito em marketing, é muito aplicado para startups você sabe disso também e isso acaba se refletindo na nossa vida cara, acho que não tem como não porque faz total sentido né e eu acho que nessa questão de você da sorte, acho que a sorte também eu sempre vejo muito isso né, as pessoas que tem sorte elas estão sempre trabalhando, sempre fazendo alguma coisa, sempre se conectando, sempre conversando com as pessoas então assim a sorte tem um papel ali é lógico assim, de você de repente ter se conectado com uma pessoa certa ou qualquer coisa ou é um pouco da sua sagacidade também sabe, eu vejo muito isso de conexões que a gente faz que por mais que no início a gente talvez não tenha uma noção por trás assim ou um objetivo claro sabe tipo assim, não é uma coisa de “Estou aqui por interesse” é tipo “Cara admiro essa pessoa, vou tentar me conectar com ela de alguma forma” e aí acaba que isso gera um relacionamento, você começa a desenvolver a partir dali e aquilo dá em alguma coisa, mas se você não tivesse a iniciativa de começar esse relacionamento, e que é algo que muita gente faz e é o que eu mais reclamo das pessoas “Caralho tipo, você quer fazer isso? Quem são as pessoas que você tem que falar? Quem você tem que conhecer? Com quem você tem que estar trocando? Ou pelo menos aprendendo alguma coisa, extraindo, pegando todos os conteúdos dessa pessoa, depois manda uma mensagem e vai tentando, vai entrando ali” acho que é você se colocar nesse lugar e eu tenho a sensação de que você sempre se colocou nessas posições, com certeza dá uma ajudinha pra sorte né
Rafael Marino – Sorte é complicado porque tem a galera que fala que sorte é uma mistura de trabalho duro com oportunidade, acredito muito nisso mas acho que se a gente dá um passo atrás assim tem uma questão também de sorte que cara, é uma coisa que tá fora do seu controle por exemplo eu me considero sei lá por mais que eu acredite no que você tá falando e acho que você está completamente certo sobre a questão do relacionamento, tem um amigo meu que fala que pessoas é o skill do milênio, tanto pra você fazer gestão de pessoas como pra você se conectar com pessoas assim, eu acredito muito em tentar deixar as portas abertas sem que isso obviamente passe por cima dos seus princípios mas cara você manter bons relacionamentos, hoje a quantidade de vezes que eu falei com pessoas que eu conheci há 3, 4, 5 anos atrás assim no trabalho e que eu refiz alguma conexão ou enfim surgiu uma oportunidade por causa disso, é simplesmente fantástico então acho que você tem que sempre procurar manter bons relacionamentos, escolher também talvez os relacionamentos que você, tem relacionamentos que pô, seus amigos, coisas às vezes de infância que fogem um pouco dessa questão um pouco maquiavélica de você escolher mas quando você tá no âmbito um pouco profissional acho que você tem que também ter essa questão um pouco mais de quem são as pessoas que como você falou, eu admiro, ou que eu quero me aproximar e tudo mais então acho que isso faz muito sentido mas voltando pro papo sorte cara eu acho que tem a questão também de assim, tem a sorte eu diria antes de nascer e depois de nascer porque cara, eu tento fazer esse exercício de gratidão, de que sou um cara que nasci numa família super bem estruturada, tive amor incondicional dos meus pais, nasci numa família que tinha grana, não passei o perrengue, não me faltou comida, não me faltou estudo então tipo assim cara olha a sorte só de por algum motivo eu ter nascido naquele pontinho, naquela ocasião com aquela família então assim, isso pra mim já é cara 80% do que eu consegui na minha vida eu devo muito isso à minha família, meu pai, as pessoas que me apoiaram e fizeram de mim o que eu sou, os meus valores e tudo mais, então assim sorte também, o recado é tipo não ficar preso à sorte como somente essa questão profissional e de trabalho duro e tudo mais, mas dar um passinho atrás e refletir de pô você já parou para pensar como você tem sorte de ter nascido e ser quem você e da família que você tem, tanta gente que principalmente no Brasil com uma puta desigualdade que a gente tem cara e principalmente por exemplo, eu moro em São Conrado que é do lado da Rocinha e isso é muito estranho quando a gente reflete sobre isso porque você vê pessoas com alto nível financeiro e as pessoas com menor nível financeiro um do lado do outro e o contraste é vívido ali o tempo todo, e eu tenho amizades, isso independentemente do valor financeiro entre um e outro, tenho amizade de pessoas da Rocinha, principalmente por conta do surf, de surfar e conhecer várias pessoas de lá acho que isso traz um pouco desse exercício de “Cara, dá um pouco o pé atrás assim e reflete sobre a gratidão, da sorte que você tem” nesse sentido e aí claro, depois que você enfim como ser humano já formado e tudo mais e correndo atrás não tem como ter sorte se você ficar olhando para o teto e tendo ideias e não executando nada, não tirando nada do chão cara assim, é muita ralação, é muita ralação, não adianta achar que as coisas vão vir do nada, nunca, eu já li um monte de biografia e cara se você conhece as pessoas mais fodas, as pessoas que você mais admira nada caiu do céu então assim, a sorte de fato acho que nesse sentido é a comunhão de você dar muito duro no que você faz, trabalhar bastante seus relacionamentos e aí cara as oportunidades acabam vindo.
Henrique de Moraes – Sim concordo completamente, acho que tem uma palavrinha que tá na moda né mas que é bem relevante, que é o privilégio, nós somos privilegiados de várias formas assim eu acho, a gente vive num país que não tem uma representatividade por exemplo de pessoas negras nos lugares, ocupando os lugares assim, é surreal. Ontem conversei com a Thaís Rosa, que tem uma empresa chamada Conectando Territórios que é uma empresa de turismo que ela leva as pessoas para conhecerem basicamente a história de quilombos por exemplo, coisas relevantes culturalmente e que pouquíssima gente conhece, a história dos escravos, dos negros enfim, de várias outras coisas, não fica só fechado nisso e ela contando a história dela assim você chega a ficar desconfortável sabe tipo assim porque quando você pensa em tudo que você não precisou passar pra chegar, a quantidade de filas que você furou de certa forma só por ter nascido branco ou ter nascido com uma família que teve um privilégio financeiro enfim, a gente de fato fura muita fila mas a partir daí o que você faz também pode te levar para qualquer caminho né, a gente sabe e tem exemplos de pessoas que aproveitaram isso, souberam lidar bem e transformaram ainda assim, conseguiram fazer uma trajetória incrível, de superação e pessoas o contrário, que nasceram super privilegiadas e acabaram com tudo né, as vidas perdidas de certa forma, sem tentar fazer julgamento de valor porque tem muita coisa envolvida mas enfim, que não aproveitaram esse privilégio então tem um pouco disso e tem um pouco também de que você consegue enxergar esse drive, essa vontade em qualquer pessoa, de qualquer lugar a diferença é que as pessoas que tiveram menos privilégios né ou que não tiveram de certa forma, a gente pode colocar assim porque isso acontece, com certeza sim vai ser muito mais difícil né, é muito mais difícil porque por exemplo nessa conversa com a Thaís ela falava que não se sentia pertencente nos lugares porque onde chegava as pessoas falavam assim “Engraçado você não parece com uma negra porque normalmente negros são empregados, estão servindo” olha como isso impacta, como pode impactar sua auto estima, a forma como você se comporta no mundo, então você tem que superar muito mais obstáculos com certeza mas eu acho que esse drive de superação e a transformação e como você usa a sorte é muito pessoal assim, a própria Thaís, a história dela é sensacional, a quantidade de programas internacionais que ela faz parte, do YLAI e vários outros que ela entrou assim em que ela é referência, às vezes a única mulher, às vezes a única negra empreendedora sabe, então ela também foi lá e meteu a cara, não tem tempo ruim, “Beleza tenho que superar isso aqui, vou ter que de repente dar um passinho a mais que as pessoas, ter que correr um pouco mais” mas ela vai lá e bota também e a sorte ajudando no final das contas porque ela está nos lugares certos, está falando com as pessoas que tem que falar enfim, acho que é isso
Rafael Marino – Essa questão de privilégio é muito engraçada, eu tava até aqui refletindo enquanto você falava por exemplo, se eu não tivesse nascido no lugar onde eu nasci e com a família onde eu fui criado, no lugar que eu fui criado, por exemplo eu não teria conhecido o Rapha Avellar, talvez eu nem estaria hoje na CRIA e tendo a oportunidade de estar numa empresa tão foda de propósito que é a CRIA, que a gente com certeza vai revolucionar aí o método de ensino, desconstruir grande parte das faculdades que não geram valor para o aluno então assim se não fosse isso, óbvio acabou culminando de eu trabalhar num lugar que seja muito em sintonia com o que ele queria e eu ralar muito e ter conseguido algumas coisas legais e ele achar isso bacana e a gente trocar e a gente se aproximar, mas talvez isso não teria acontecido. Essa questão de drive também ela é muito interessante né, outro dia eu tava conversando exatamente sobre esse mesmo ponto com um amigo e assim cara, pessoas que são mais humildes talvez tenham esse estímulo maior né e esse senso de não pertencimento gera aquela garra, o que é muito legal e a gente vê isso até no povo brasileiro em diversos sentidos né, o povo brasileiro tem muita essa questão, principalmente as pessoas que saíram de baixo e conquistaram alguma coisa isso é muito legal, os Estados Unidos também é muito isso de self-made man mas o que eu acho é que essa coisa também tem muito do seu contexto né, principalmente familiar também porque eu concordo com o que você falou, que muita gente que nasce com muitos privilégios e tudo mais e não tem essa garra, essa vontade, esse drive ou seja, não corre atrás e aí as oportunidades não vem e tudo mais mas cara isso também acho que tem muito a ver com como essa pessoa foi criada, a maioria das pessoas que eu conheço que são assim, eu tenho amigos que tem muita grana e tudo mais que às vezes a gente chama de herdeiros né, dá para ver que o cara é assim porque a família não teve na cobrança sabe, sempre teve o que queria de mão beijada, nunca teve que se preocupar em conseguir alguma coisa, em conquistar alguma coisa, sempre tudo vinha até a pessoa, aí acho que o ser humano perde um pouco da motivação e acho que são poucos os casos de uma pessoa que teve tudo de mão beijada e tudo mais e mesmo assim tem aquele fogo interno e aí acho que isso é muito do gen também, mas outro dia eu tava lendo sobre isso, como o desenvolvimento de uma pessoa tem muita parte impactada pela família e muita parte impactada pelo contexto também né que ela vive, as pessoas que estão em volta, isso com certeza molda muito quem a pessoa vai ser, isso muito mais importante inclusive do que o próprio DNA da pessoa, então eu acho que é um pouco disso assim, privilégio, saber aproveitar, mas isso mesclado um pouco com a estrutura que você teve no seu desenvolvimento.
Henrique de Moraes – Sim e acho que isso volta no que a gente tava conversando, dos relacionamento né porque tem aquela famosa frase né do tipo “Você é a média das 5 pessoas com quem você mais anda” e todo mundo que ouve o podcast sabe que eu sou viciado no Tim Ferriss e ele fala muito sobre isso, que alguém falou essa frase pra ele e ele falou assim “Caralho eu preciso mudar as pessoas com quem eu ando” e ele começou a se envolver com gente muito foda, e tem uma frase que é muito maneira também de um cara que eu acho foda, o Naval Ravikant que ele fala assim “Se você quer ser feliz ande com pessoas menos bem sucedidas que você, se você quer ser bem sucedido ande com pessoas mais bem sucedidas que você” porque você vai ficar ali na merda o tempo inteiro querendo provar alguma coisa praquelas pessoas, então você vai se movimentar sabe, não tem jeito e eu acho que isso é super verdade assim, eu estava vendo o documentário, tô assistindo o documentário agora, aquela série do Michael Jordan, não sei se você já assistiu é muito foda, e ele fala isso, cara toda vez que alguém fazia uma gracinha com ele cara fudeu, acabou, você tá acabado, o maluco vai entrar com sangue nos olhos mas é para te destruir assim sabe, e ele fala isso, ele fala que o pai dele, e aí vem aquela coisa da construção familiar e tudo mais, que o pai dele sempre falava pra ele assim “Transforma o negativo em positivo”, e ele falou que isso ficou muito enraizado na cabeça dele então sempre que ele tinha um problema ou quando alguém criticava ele, ele pegava e “Beleza, vou usar isso como combustível pra massacrar essa pessoa” é até meio estranho assim porque ele era muito assim, competição nível hard mas assim, acho que tem muito disso mesmo, de como você se motiva e como você usa a frustração, e aí voltando pro início do seu discurso, que essas pessoas talvez tenham uma garra maior por isso, porque você tem mais o que provar né, se você não tem, tá ali numa situação confortável talvez você não queira correr atrás porque você não tem muito o que provar pra ninguém, ninguém tá te cobrando isso e você não tem referências ali. Eu conheço uma galera por exemplo que tem dinheiro, nasceu com dinheiro e ainda assim os caras são muito travados por isso, porque a família desafia não falando assim “Beleza aproveita aqui meu dinheiro”, é tipo assim “Você viu o que eu construí? Você tem que fazer melhor porque você hoje tem condição, eu fiz do zero, você vai fazer com condição” e a galera meu irmão com sangue nos olhos porque assim, falam “Eu preciso ser melhor do que esse cara aqui que saiu de R$ 0 e construiu um império, como é que eu faço agora, qual é a desculpa que eu tenho?” então acho que faz sentido sim
Rafael Marino – E é de novo, como você acabou de falar, o Michael Jordan acho que deve ser o ser humano mais competitivo que existe no mundo porque é impressionante a raiva interna que ele tinha dessas situações e como ele transformava isso em ação mas isso de novo cara, acho que reflete um pouco do desenvolvimento e como é que você, cara quando eu vejo assim mães dando tudo que o filho quer, passando a mão na cabeça eu falo “Vai criar um monstro, vai criar um monstro” porque se as pessoas tem tudo de mão beijada, como você falou dos seus amigos aí, os caras tem dinheiro mas assim, você tem que construir algo maior do que eu, não que isso seja legal, que ter mas dinheiro signifique ter sucesso, o que eu não acho que seja, mas é a questão da pressão “Olha só não vai vir de mão beijada, não vai vir do nada” por isso que eu acho que a pessoa que eu mais admiro no mundo sem dúvida tirando o meu pai, óbvio, pessoa profissional assim do mundo acho que é Bill Gates nesse sentido. O que é passado é que não vai vir do nada, não vai vir de mão beijada, você tem que conquistar as coisas, conquistar gera esse gostinho especial né cara e isso assim traz realização você conquistar coisas, não você comprar coisas mas você conquistar, ter feito atos, feito ações, isso eu acho que é fundamental para o ser humano se desenvolver e ser feliz inclusive.
Henrique de Moraes – Sim totalmente, acho que o Buffett também é um bom exemplo né, que doou tipo 99% da fortuna dele, e quando alguém perguntou “Mas você não vai deixar nada pros seus filhos?” ele falou “Pô se eu tivesse o meu 1% quando eu comecei, hoje eu estaria dominando o mundo, basicamente” então com certeza. Cara como é que, você puxou a CRIA aí, falou do propósito, me fala um pouquinho mais assim do que te atraiu na CRIA, qual desafio que você tem aí hoje e quais são os planos né, você tá há quanto tempo já?
Rafael Marino – Cara hoje eu faço um mês de CRIA, aniversário de um mês. Cara a CRIA, surgiu essa oportunidade né com uma troca com Rapha, que a gente há um tempo vem se aproximando, vem trocando e eu tive a honra de ser o primeiro participante do CMO Playbook, do podcast que cresceu bastante, depois eu chamei ele também pra um podcast que eu fiz na EqSeed, sempre uma troca muito rica e surgiu de acho que uma visão em comum cara, essa vinda pra CRIA no qual quando o Rapha tava me falando sobre o porque ele queria criar a CRIA, ele tava lá tipo assim, acho que todo negócio, a grande maioria deles nascem por duas motivações assim, duas grandes motivações ou por um problema pessoal que você passa e acaba que esse problema é o problema de um milhão de pessoas ou por uma oportunidade na qual você identifica um gap no mercado e vai pra cima, então acho que a CRIA nasce dos dois de uma certa forma que nós dois, tanto o Rapha quanto eu fomos alunos e somos profissionais e principalmente nessa parte de marketing de cara, para e pensa como o ensino em faculdade, não tô dizendo todas as faculdades, não tô dizendo todos os cursos, mas grande maioria das faculdades aí dessas que a gente costuma chamar de “Uniesquina”, faculdades que a gente acha que não geram valor suficiente, como essas falsidades geram valor para os alunos? As pessoas que ao longo dos nossos mais de 10 anos de mercado, quando a gente contrata essa galera que tá entrando, estagiários, galera nível júnior, como essa galera chega preparada? Principalmente falando agora de áreas que surgiram digamos assim há um pouco mais de 10 ano como marketing digital e tudo mais, outro dia eu tava lendo que é uma coisa muito legal que é, as 10 profissões que mais crescem não existiam há 10 anos atrás então assim como que o modelo educacional de basicamente sei lá, no Brasil faculdades tem o que? Mais de 100 anos, um pouco por aí, como que esse modelo continua igual? Você tira uma foto hoje da sala de faculdade hoje e você tira uma foto da sala de uma faculdade 100 anos atrás, o que muda? Um projetor, computador sim, então a insatisfação de ver que esse tipo de ensino precisa sofrer uma chacoalhada, precisa dar uma inovada e essa questão de achar que você faz uma faculdade, você tem um diploma e só por isso tá tudo bem, cara a gente vê pessoas humildes aí se endividando, gastando 50 mil reais pra ter um diploma pra falar que tem um diploma, e a faculdade não te ajuda a conectar com oportunidades de mercado direito, você faz um curso de 4 anos, chega completamente defasado no mercado porque há 4 anos atrás o marketing digital era outra coisa e a gente tá falando de marketing digital agora mas cara tem outras áreas que estão vindo com tudo, B.I., data science, tecnologia, criação de conteúdo, YouTubers, influenciadores, caras são tudo coisas que se a galera não tá abrindo o olho mas está vindo para ficar, tá vindo pra crescer e a faculdade não dá conta disso, é um mercado gigantesco então assim, essa insatisfação da gente contratar e sempre ter que treinar e a bola sempre vir quadrada e as pessoas nunca chegaram muito bem preparadas e a gente falava “Onde é que tá o erro? Porque? O cara fez faculdade” às vezes o cara fez uma faculdade até boa de marketing, publicidade e o cara chega e parece
Henrique de Moraes – Desculpa te interromper mas assim, qual é a principal dor assim quando vocês contratavam alguém, só um parênteses aqui, eu assisti agora o último lançamento né que vocês fizeram, assisti as aulas, superprodução inclusive muito sensacional, eu ouvi a história né, o Rapha conta a história de onde surgiu, que eu achei sensacional assim by the way que cara, da dor de sempre contratar e a pessoa não vir preparada, aí monta um tempo ali de preparação pra galera antes de começar a botar a mão na massa, aí não é suficiente e vai aumentando enfim até que vira, acho que ele perguntou pro líder de educação, “Cara quanto tempo você precisa?” e tipo “6 meses”, “Pô 6 meses e eu vou ficar pagando salário desse cara?” e aí resolve criar o curso, eu achei sensacional porque é uma dor que eu sinto, eu sou dono de agência também e assim da minha parte, só pra contextualizar, pra mim sempre o problema são soft skills, não necessariamente hard skills apesar de sim, de vez em quando é lógico que tem gente que chega despreparado também de hard skills mas principalmente no soft skill, a pessoa chegar lá e cara não sabe lidar com time, não sabe lidar com pressão, não sabe lidar com prazos, fica nervosa porque tem muita coisa para fazer, não sabe se organizar, acho que isso é um ponto importante especialmente quando você tá, eu imagino que para vocês que estão crescendo que nem uma coisa, todo dia entrando gente pra caralho, se a pessoa não sabe se autogerir cara ferrou, como é que você faz? Num ambiente de crescimento tão rápido, então eu sinto muito esse problema, minha dor principal quando eu contrato tá mais voltadas pra soft skills, eu queria entender pra vocês assim qual era a dor maior apesar de você ter entrado agora mas você deve conversando com o Rapha entender profundamente essa dor né, inclusive por isso ele deve ter te chamado.
Rafael Marino – Não necessariamente essa dor existe na CRIA também mas nos lugares que eu passei, nas contratações de pessoas junior sempre rolava, inclusive tem um módulo na CRIA justamente falando sobre isso, como isso é negligenciar, você tá completamente certo, tem um professor que fala que 70% do seu crescimento é por conta dos seus soft skills, é por conta do seu desenvolvimento como ser humano até porque pra você adquirir novas responsabilidades, pra você mandar bem em equipe, pra você liderar pessoas você tem que se desenvolver em soft skills e não em hard skill, hard skill é questão de técnica e a questão do hard skill que eu acho que também é presente e por isso que eu falei que a bola chega quadrada e acho que você tocou num ponto sensacional que é o soft skills, cara na faculdade você não pratica de forma acelerada essa função, você chega no marketing digital e tem uma porrada de coisa que você faz que é praticar ali, fazer teste e erro, teste e erro e a faculdade não te ensina isso de certa forma e também cara assim, eu fiz uma boa faculdade e a minha faculdade não me preparou como ser humano assim digamos de soft skill, eu só fui ser preparado nesse sentido quando fui fazer um MBA fora e assim, pra mim o MBA de um ano que eu fiz fora foi muito superior em termos de aprendizado do que meus quatro anos fazendo faculdade aqui, tanto do ponto de vista teórico porque era um MBA com a metodologia de você aprender fazendo, fazendo estudo de caso, em um ano foram mais de 330 cases então você põe naquela pele de gestor, é um laboratório de experiências
Henrique de Moraes – Posso te pedir pra detalhar um pouquinho cara essa experiência?
Rafael Marino – Cara essa experiência foi uma experiência incrível, essa experiência veio depois de eu falir minha startup, que eu tava “Cara o que eu faço da vida” mas eu sempre tive essa vontade de estudar fora, eu via que os MBAs e pós-graduação, e conversava com as pessoas, eu via muito isso aqui no Brasil como tipo um step, tipo “Cara tem que fazer porque tá todo mundo fazendo, o mercado exige, vou fazer um MBA aqui” e vai fazer um MBA que é 1, 2 vezes na semana, leva nas coxas e faz ou então o cara que se dedica e manda bem, tudo bem o MBA faz sentido mas eu não achava que era uma experiência completa fazer MBA aqui porque aí você tá trabalhando 8 horas e você tá fazendo MBA e tem a sua vida, então falei “Cara eu queria fazer um MBA que de fato fosse uma experiência integral” e eu só conseguiria fazer isso em uma escola que eu achasse muito boa e eu queria fazer fora para ter outras experiências que complementassem isso né, até porque o MBA que eu fiz em Barcelona não tinha como trabalhar porque era uma coisa meio que integral, você estudava de 9h até 14h, depois você tinha que estudar mais não sei quantas horas pra se preparar para o dia seguinte então assim, e aí até conversando esses dias com o Rapha eu falei como a CRIA se aproxima desse MBA no quesito de metodologia, no quesito de você aprender na prática porque lá no MBA por exemplo se você não estuda, se você não estuda todo dia no dia seguinte você se ferra porque 20% da sua participação de notas é de você contribuindo com os cases, então essa metodologia de você fazer cases, de você se botar na pele de um gestor, de um gerente isso é como se fosse um laboratório de experiências, tanto é que eles falam para os alunos “Cara fazer esse MBA aqui não significa que você vai chegar no Brasil ou vai sair daqui dessa MBA com uma puta posição”, o que significa e isso é comprovado é que as pessoas quando elas entram num lugar elas crescem de uma forma mais rápida porque você passa por aquela experiência teórica entendeu?
Henrique de Moraes – Como é que era na prática assim por exemplo um case desse? Eu fiquei muito curioso cara porque achei sensacional a forma como ele foi montado, eu queria entender como era na prática, vocês recebiam o que, quanto tempo durava?
Rafael Marino – A gente recebia por exemplo todo dia 2 ou 3 cases, e a gente tinha que preparar esse case pra aula do dia seguinte, e aí obviamente a gente tinha várias matérias, como era um MBA executivo, marketing mas de forma executiva, a gente aprendia vários temas diferentes, marketing, contabilidade, branding, comunicação, digital e tudo mais então todo dia você recebia um case que era uma situação que uma determinada empresa tava passando e que você tinha que resolver aquela situação de algum problema, então você aprendia de fato, e isso eu também acho que ajuda um pouco no soft skills, quando vem um problema pro seu peito, você aprendia a pegar aquele problema e existe inclusive uma técnica de como se fazer case, de você ir separando, por exemplo os 5 Cs, contexto, companhia, consumidor, competição, então você pegava aquele texto e você ia lendo e você ia “Tá bom, isso aqui faz parte do contexto, isso aqui faz parte da competição” você conseguia isolar as coisas e ter uma leitura um pouquinho melhor, de “Tá, o que eu tenho que fazer? O objetivo é melhorar a precificação? Então como a gente pode fazer isso?” e aí o legal é que você fazia isso todo dia, 1 a 2 por dia e cada case na aula é diferente de um case de outra aula porque os alunos abordam os problemas de forma completamente diferente então se eu pego um case sei lá, dá CRIA, e aí cara a CRIA quer crescer 20 vezes nesse ano, essa aqui é a situação, uma sala de aula vai montar esse case completamente diferente da outra e aí você com isso vai aprendendo modelos de gestão, você vai aprendendo a como fazer isso, aí as pessoas vão contribuindo porque 20% da nota é participação então as pessoas tem que contribuir com sugestões, óbvio que não é falar por falar senão a galera te zoa, o nível é muito elevado e é muito legal porque você tá numa sala, na minha sala tinham 20 nacionalidades diferente, eram trinta e poucas pessoas e 20 nacionalidades então cara, o indiano vinha com a perspectiva dele, o americano vinha com outra, o sul-americano vinha com a outra, o alemão vinha com a outra então essa construção de case e essa metodologia de case que se aproxima da CRIA é sensacional porque você aprende na prática fazendo aquilo, não na prática na situação de uma empresa de fato mas você tá aprendendo antes então quando você chega numa empresa você fala “Putz calma aí, já passei por uma coisa parecida e tal e foi mais ou menos assim que a gente fez” então você consegue incorporar ao aprendizado de forma melhor do que por exemplo numa faculdade que você senta a bunda na cadeira e fica lá ouvindo aquele PhD que não está há 15 anos no mercado falando sobre teoria por 2 horas, e a galera no celular, então é um outro esquema e até por isso eu tava brincando como a CRIA se aproxima com isso só que de uma forma hiper mais acessível mas que gera esse valor, e outro ponto que eu achava sensacional desse MBA que eu fiz que corrobora com o que você falou é a questão do soft skills né, então nesse MBA por exemplo você tinha 4 módulos que você fazia onde você saía da sala de aula, você para um hotel da faculdade e lá você ficava dois dias de forma integral fazendo cases e atividades outdoor para desenvolver os seus soft skills, eram basicamente quatro módulos em que você trabalhava liderança, você trabalhava comunicação, você trabalhava negociação e você trabalhava lidar com diferentes culturas então isso assim é sensacional como desenvolvimento do ser humano porque liderança, aí você fazia um case em que todo mundo cego tinha que fazer um quadrado com uma corda e pô como é que faz isso? Tem que ter um líder, tem que ter as vozes de apoio e tal, e você começa a assimilar isso pro seu mundo real, “Putz estourou um pepino aqui, quem é o líder? Você faz isso, você faz aquilo” são situações de muito interessantes que te botam que você aprende na pele e você consegue traduzir isso para outras experiências na sua vida, então foi uma experiência muito agradável em termos de aprendizado teórico, conhecer novas pessoas, poder viajar, conhecer novas culturas, cara depois que você faz isso lá fora assim pra mim a tua cabeça abre e nunca mais volta pro tamanho original. Quem tiver oportunidade vai e faça porque vai ser muito legal e pra mim foi uma experiência única na vida.
Henrique de Moraes – Sensacional cara. Eu queria fazer antes da gente entrar nas perguntas que são mais clássicas aqui do podcast, eu queria só te perguntar sobre liderança cara porque eu acho que é um tema importante né, é um soft skill que é difícil de desenvolver sem prática especialmente né, sem ter uma galera pra você conseguir liderar de fato senão não consegue treinar muito bem, só na prática e porque eu sei que você teve vários aprendizados né conforme foi passando pelas experiências que você teve profissionais, e aí eu queria que você trouxesse assim como você enxerga o papel de um líder hoje, acho que esse é um ponto legal assim pra gente conversar e depois quais foram os maiores erros que você cometeu como líder?
Rafael Marino – Cara sobre liderança acho que a primeira coisa, não é todo mundo que quer ser líder, não é todo mundo que nasceu para ser líder, isso é uma coisa que eu acho que tem que vir de dentro e você tem que ter esse ímpeto de você querer e gostar e ter um objetivo do porque ser, “Porque eu quero ser um líder?” então isso para mim sempre foi muito claro, eu tinha essa facilidade, tipo “Cara eu quero ser um líder porque eu quero conseguir alcançar isso, porque eu quero fazer esse tipo de coisa e só esse tipo de coisa um líder vai fazer” então tipo assim para mim era muito claro então acho que a primeira coisa que o ser humano precisa ter é se ele quer ser líder, não existe certo ou errado gente tipo, não é todo mundo que tem que ser líder, você não precisa ser para ser feliz, você não precisa, liderança é uma coisa que tá super em voga e acho que a pessoa tem que refletir antes disso porque quando você tem um porque, sabe responder seu próprio porque é mais fácil chegar lá, porque você vai comer muito vidro até chegar lá, então isso é um ponto fundamental. Acho que tem uma frase cara que é meu mantra de liderança porque eu escutava muito as pessoas falando “Cara, liderar é você saber apertar as pessoas e tirar o melhor delas, extrair o melhor das pessoas embaixo de você para que elas façam o que é melhor para a companhia”, eu acho isso muito pejorativo, esse negócio de extrair, tirar parece que tipo assim “Cara e a pessoa? Como é que ela tá nisso?” então tem um mantra do Simon Sinek que eu vi uma vez ele falando, é um cara que ficou conhecido com TED Talks, tem alguns livros, tem o livro lá do porque e a comunicação, Círculo Dourado, e ele falou uma vez isso numa entrevista, eu adoro ele aí ele falou isso “Pra mim liderar é você motivar seus liderados a fazer o que os deixam motivados”, isso pra mim foi um choque, sensacional e eu Rafael incluiria ainda uma vírgula nisso tipo tendo em mente os objetivos estratégicos da empresa porque acho que faz, não dá pra também você simplesmente falar “o que te deixa motivado?”, “Pô soltar pipa” mas assim acho que tem uma comunhão, uma equação aí que você tem que fazer isso ao mesmo tempo que você tem que olhar para os seus objetivos principais da companhia e você conseguir misturar eles então para mim liderar é isso. Cara aprendizados um monte, comi muito vidro antes de começar de fato a gostar bastante sobre isso, sobre esse tema e querer ter mais experiências nesse sentido, tem um específico que pra mim foi muito claro, que eu entrei numa equipe e dentro dessa equipe tinham pessoas que eu vi que tinham mais necessidade de um acompanhamento e outras que não, e aí eu falei “Putz bacana, vou focar nessas pessoas aqui e essa pessoa vai se virar”, cara isso deu uma merda, porque esse era uma meu mindset, e depois assim acho que uma coisa muito bacana de liderar é você estar sempre tendo feedbacks, não só dar óbivo pra você desenvolver as pessoas mas de escutar bastante, acho que esse é o principal ponto do feedback também, você escutar seus feedbacks, dos seus liderados o que você tá errando e tal e aí foi uma foi uma troca que eu tive com uma menina no Hotel Urbano por exemplo, essa foi uma experiência muito clássica minha que assim, ela jogou pra mim uma realidade que na hora me chocou muito, tipo “Caraca não fazia ideia que o que eu tava fazendo era tão errado” porque essa pessoa não tava se sentindo empoderada de eu estar fazendo isso, ela tava se sentindo completamente isolada, falta de parceria e na minha cabeça era “Cara ela tá se virando, ela tá mandando bem, ela não precisa de mim” e eu “Pô essas pessoas aqui eu vou dar um foco maior, vou dar uma atenção maior” e no final das contas eu vi como eu tava errando com ela não são presente, não participando e aí um feedback que foi super legal, que começou a dar várias merdas e aí eu percebi que estava errado nisso e a gente teve uma troca muito sincera, muito legal e daí em diante eu falei “Cara não posso mais” você sempre tem que obviamente por mais que tenham pessoas com maior facilidade e outras com menos facilidade, você tem que dar o suporte pra equipe e manter toda essa equidade entre eles independentemente de quem manda melhor ou quem manda pior. Teve um outro episódio também que eu achei interessante quee foi na Nuuvem, eu queria promover uma coisa uma mudança que a galera não ia agradar mas que me incomodava muito do ponto de vista do business em si, que atrapalhava o crescimento e eu queria fazer essa mudança, e aí eu tive uma reunião com diretores e surgiu a ideia do “good cop, bad cop”, dos diretores falarem “Não cara, vamos fazer o seguinte? Eu vou vir como bad cop e vou falar pra essa mudança e você vai ficar de good cop e não sei o que vai falar e vai meio que ‘Beleza vamos seguir, foram os diretores que decidiram’ você sai um pouco desse mea culpa aí e a gente consegue botar e implementar essa mudança de um ponto de vista mais forte”. Cara que cagada isso deu, no fim das contas quem saiu como fraco fui eu porque a equipe me viu como o cara que não defende a equipe porque vinha uma pessoa de cima e simplesmente fazia o que quisesse com a equipe e o diretor dela, o líder delas não era o escudo da equipe, não filtrava as coisas, não batia de frente então deu uma cagada geral porque ninguém queria de fato fazer aquela mudança e eu falei “Puta que pariu, eu que queria mudar, os caras não queriam mudar e eles fizeram porque eu tinha pedido” e aí foi interessante essa questão de como é importante você filtrar e tomar pancada às vezes em prol do seu time, no final do dia cara o seu time, o que vai importar para essa galera é como elas se sentem e elas precisam ver os seus gestores como parceiros, como as pessoas que vão tirar obstáculos da frente dela como as pessoas que vão defender ela quando alguma coisa, alguém quiser impor alguma coisa que não faça sentido e tudo mais então esses foram dois episódios aí agora de bate pronto que eu consigo me lembrar e que tive um certo aprendizado.
Henrique de Moraes – Sensacional. Eu conversei com o Fernando Vilela, do Rappi e ele fala que o maior aprendizado pra ele foi que o mérito é da equipe e o erro é dele
Rafael Marino – Time de futebol, isso é clássico
Henrique de Moraes – Exatamente, mas você falou um negócio interessante na primeira história que você falou, que eu lembrei de uma frase que eu não sei onde eu ouvi que é “O óbvio precisa ser dito”, e isso serve pra qualquer coisa, qualquer tipo de relacionamento e é uma coisa que por exemplo eu sei que eu erro muito, às vezes eu acho “Ah não aquela pessoa já sabe, isso aí já tá implícito” você se sente até chato, “Não vou falar isso de novo” e não, você precisa falar, precisa reforçar e tudo mais, eu sei que isso é um erro que eu cometo, “Não quero ser chato” mas não, na verdade precisa e isso acontece inclusive com amizades, eu tive uma situação há pouco tempo nesse sentido, de eu não ter falado uma coisa óbvia para uma amiga e depois de quase um mês eu ter falado com ela “Obrigado por aquele dia, aquela coisa que você fez” e ela falou assim “Caraca ainda bem que você falou isso porque eu tava me sentindo muito mal sobre aquele fim de semana, pra mim você tinha encarado mal” eu falei “Não, que isso” então assim é isso, o óbvio precisa ser falado né, não pode deixar as coisa implícitas assim no ar porque não acontece. Tem um fator que você falou, essa coisa do squeeze, tirar o máximo das pessoas também, o nome da área que cuida das pessoas já é ruim né, “Recursos Humanos” tipo assim você já tá colocando a pessoa ali como se fosse um computador, “Tenho um recurso tecnológicos aqui e tenho um recurso humano, da onde a gente tira o máximo” então talvez seja uma boa reflexão pra gente fazer né, como a gente muda esse nome aí.
Rafael Marino – É, a questão da liderança também eu acho que também é muito importante a leitura Henrique, acho que você vai aprender na pele, vai tomar pancada mas como o MBA foi lá pra mim um catalisador de experiências como eu acho que a CRIA é também pra substituir a faculdade, eu acho que o livro, principalmente quem tem esse desejo, ele é um baita de um catalisador porque você aprende com a experiência dos outros então tem vários livros de gestão legal e nesse sentido que você falou aí do óbvio ter que ser dito eu lembrei de uma parte do livro do Jocko Willink, que é o cara que escreveu o “Extreme Ownership”, que é um cara que era SEAL, um cara super, aquele líder americano
Henrique de Moraes – Eu ouvi o podcast dele, cara tipo gigante, super disciplinado
Rafael Marino – O livro dele é muito legal porque ele foi Comandante dos SEALs no Iraque e aí a cada lição ele passa a lição que ele aprendeu na guerra e o como ele aplica hoje como consultoria de negócios, isso é muito legal do livro dele que é simples então você vai aprendendo lição por lição, o como que ele aprendeu e como se aplica nos negócios, e tem uma parte que ele fala sobre que você falou do óbvio ter que ser dito, e eu tento sempre alinhar com as pessoas do meu time, acho que é sempre muito válido principalmente quando você entra num time novo e por ter tido algumas experiências nesse sentido, de alinhar qual é o seu modelo de gestão, o que você espera da pessoa, o que ela pode esperar de você, ter uma conversa clara de alinhamento de expectativas pra já dar o tom do óbvio do que você acha que aquela relação vai ser. Mas tem essa frase que é muito legal que é tipo “Eu como líder, é meu dever te explicar o porquê que eu tô te pedindo as coisas, o porquê que eu tô querendo certas coisas, dar a visão do tudo, esse é meu dever, mas você como liderado é seu dever sair sem nenhuma dúvida em relação à isso” porque quando isso acontece cara dá um monte de cagada porque você pede uma coisa, a galera tá fazendo e não sabe por quê que tá fazendo, não sabe qual o impacto disso no todo e às vezes fica desmotivada, aí vem uma fruta podre lá e fica falando que fazer isso é errado e fica desestimulando a galera então assim acho que isso é um aprendizado que eu tirei por exemplo do livro ligado à isso que você falou e por isso que eu acho também que a leitura é fundamental pra você dar uma acelerada em certos aprendizados.
Henrique de Moraes – Cara sensacional, eu nunca tinha parado pra analisar dessa forma e faz total sentido, qual é a responsabilidade de cada um né, muito bom cara. Aproveitando que você falou de livros vamos continuar no tópico então, cara pelas conversas que eu vi você parece ler bastante então eu além da pergunta que eu faço pra todo mundo, de 1 a 3 livros né que mais impactaram sua vida, e aí não precisa ser profissional, pode ser vida pessoal também enfim, eu queria entender como é que você seleciona o que lê em seguida porque acho que isso é muito importante.
Rafael Marino – Cara leitura pra mim sempre foi um obstáculo, o meu pai sempre foi um devorador de livros, um cara extremamente culto que me dava raiva porque ele era as do saber então acho que isso criou em mim, e até hoje eu falo isso e brinco com ele que tipo assim, minha grande brincadeira com meu pai era provar que ele tá errado porque assim, e isso de uma certa forma refletiu na minha vida de tipo assim ser muito contra verdades absolutas, quando alguém bota uma parada na parede eu falo “Calma aí, vamos ver se isso é verdade mesmo” então isso me deixava assim sempre, eu sempre fui muito de praticar esportes e não ligar muito pra ler e não sei o que e estar sempre muito ativo, o meu irmão era igual meu pai, toda vez que eu entrava no quarto do meu irmão ele tava lendo, os caras são uma enciclopédia e aí esse gosto foi adicionado pra mim muito na frente, eu acho que assim como toda mudança de hábito ou qualquer coisa que você faz frente na vida, valores que você desenvolve são sempre reflexos de ou experiências que você passa, traumas e tudo mais ou desejos que vem internamente. Eu tava até outro brincando aqui com a menina falando sobre isso tipo “Cara não tem como você chegar e falar ‘Você tem que ser mais proativo, você tem que ser responsável’, e a pessoa vai ser porque ela te escutou” isso não existe, então sempre é uma mudança interna e aí cara leitura pra mim foi disso, foi de tipo assim esse desejo de criar algo, de fazer parte de uma empresa maior, de um propósito maior, de ter mais responsabilidades, de fazer umas coisas interessantes, “Quem são as pessoas que eu admiro?”, são essas e aí eu comecei a ver “Cara esses caras lêem pra caralho e eu tô aqui e não tô lendo nada, como assim? Eu tenho que, então vamos lá se esses caras fazem eu tenho que fazer também” aí partiu esse desejo interno e eu comecei a botar meta cara, botava meta de leitura diária, tipo “Tenho que ler 10 páginas por dia, se eu não ler, no dia seguinte vou ler 20” e aí eu comecei a ler e comecei a gostar né porque a leitura acho que é um hábito e hoje em dia eu tô lendo direto, não tô lendo agora como eu gostaria de estar lendo, nos últimos anos então essa maneira de como escolher a minha leitura acho que é muito de acordo com as situações que eu tô passando e o que eu tô precisando então por exemplo quando eu fiz a transição de uma pessoa que executava pra uma pessoa que geria pessoas, falei “Cara ferrou, tô passando aqui uns pepinos, tô comendo vidro e preciso ler sobre isso, preciso abrir a cabeça pra isso” então aí comecei a ler, então acho que é muito do dia a dia das coisas que eu vou passando e eu vou buscando esses determinados aprendizados, hoje eu até venho lendo de uma forma um pouco diferente, eu venho meio que lendo Netflix assim tipo, você olha pra minha mesinha e tem 15 livros, tô na metade ou um terço de todos, eu vou lendo assim, às vezes eu pego um livro “Ah esse livro é interessante porque fala sobre isso” aí eu vou e escolho um capítulo e vou ler sobre aquilo então é muito do tipo experiência/preciso saber e algumas coisa vêm assim por recomendação, de troca quando você conversa com sobre livros e sobre seus gostos, seus amigos e as pessoas que você gosta e admira sempre te indicam coisas interessante nesse sentido, acho que pra mim resumindo é sempre o que eu tô vivenciando eu acabo lendo, um pouco diferente de outros por exemplo meu pai que ama História, então lê tudo sobre História, ele ama Império Romano então ele sabe todas a história do Império Romano então pra mim é um pouco mais esse dia a dia, inclusive eu acho que tenho que começar a abrir um pouco o leque né porque acho que as soluções de problemas e tudo mais vem sempre de pontos desconexos né, então por exemplo eu ouvia isso muito no Hotel Urbano, o cara puxava o ponto de um livro que ele leu sobre a Macedônia com uma parada de negócio, eu falava “What the fuck? De onde veio isso”, acho que isso é super importante então basicamente é assim que hoje eu venho lendo cara, muito por coisas que vêm acontecendo na minha vida e eu preciso ler, uma necessidade de leitura ou uma indicação de alguma pessoa que eu gosto.
Henrique de Moraes – Show, e quais são os livros, de 1 a 3 que mais impactaram a sua vida mesmo como um todo?
Rafael Marino – Livros de 1 a 3 que mais me impactaram, cara um livro que eu li por indicação, por exemplo que eu acho que se tornou um livro que mais impactou a minha vida foi “O obstáculo é o caminho”, do Ryan Holiday que fala sobre estoicismo e aí eu comecei a entender um pouco dessa filosofia né, de Marcus Aurelius, cara que veio sei lá 300 anos depois de Cristo, uma parada que foi escrita há mil anos atrás e que quando você lê você fala “Cara parece que ele escreveu isso semana passada”, então essa questão de filosofia, estoicismo e a maneira como você encara a vida de fato é um livro meu de cabeceira que tá sempre do meu lado e quando eu tô passando um aperto eu sempre tento dar uma folhada e ver “Putz deixa eu ver aqui se tem alguma coisa legal”, tem um livro que é um clássico mas aí é mais empreendedor assim, mais negócios que é um que, eu fiz um podcast também, o “Na Linha de Frente” com vários fundadores e empreendedores, quase 40 episódios e cara 80% de todos os empreendedores leram esse livro porque é um clássico, de fato ele é muito bom que é o “O Lado Difícil das Situações Difíceis”, que é do Horowitz, Andreessen Horowitz, Ben Horowitz desculpa, Andreessen Horowitz é a firma que ele fez, que é um livro que cara, pra quem quer ser gestor, pra quem quer liderar ou já tá nessa fase e tá tendo dificuldade, compra esse livro ontem porque
Henrique de Moraes – Compra o livro, lê, abraça as perninhas, dá uma choradinha sozinho num canto e volta
Rafael Marino – É porque ele, diferentemente desses outros livros de gestão que a gente por exemplo recebe na faculdade, ele não é tipo assim “Teoria e faça isso” ele é tipo “Cara é o seguinte eu fiz isso, deu essa merda e é assim que aconteceu” ou então “Cara eu fiz isso e deu certo, e deu certo por causa disso, disso e disso. Então se acontecer essa situação pensa que isso vai…” aí você começa a entender todas as derivadas né de uma decisão por exemplo uma situação corriqueira, vem um liderado seu e pede aumento, situação que todo gestor passa, o que fazer? Às vezes quando você é gestor de primeira viagem você fala “Fudeu o que eu faço aqui? Dou, não dou, como é que eu vou ver se dou ou não dou?” aí você lê o livro e ele fala sobre isso e fala “Cara olha todas as situações que podem acontecer se isso acontece, olha a politicagem que isso pode causar, o impacto que isso causa no time, o médio e longo prazo”, aí você fala “Uou, calma aí”, aí acho que é um livro sensacional pra quem quer ser gestor, acho que outro livro que assim, eu deveria ter lido com 14 anos de idade, em inglês é “Influence: Science and Practice”, acho que em português é “As armas da persuasão”, do Robert Cialdini que é um livro pra você entender os serres humanos, como nós seres humanos funcionamos, quais são os nossos gatilhos mentais, se puder dizer assim, como é que a gente, os conceitos da similaridade, da reciprocidade, da autoridade, pra quem trabalha com marketing é um livro muito importante porque marketing acima de tudo é uma leitura de seres humanos, é alinhar expectativas e como você vai chegar até essas pessoas, então foi um livro que me impactou bastante assim. E aí de bônus acho que um outro livro que veio aqui na cabeça que eu não falei, esse é o “Previsivelmente irracional” do Dan Ariely que é um papa aí da econimia comportamental, que inclusive o Thaler lá ganhou o prêmio Nobel com o “Nudge”, não sei se foi “Misbehaving” mas com a tese da economia comportamental de como nós seres humanos tomamos decisão de forma completamente racional, de forma que não é por A+B que a gente toma uma decisão, não é pelo custo-benefício e sim por uma série de outros motivos que vem com base na sua emoção e não com base no seu cérebro, então cara é outro livro que achei super interessante.
Henrique de Moraes – Sensacional, ótimos livros não li todos, eu li “O Lado Difícil das Situações Difíceis”, cara tem um trecho que eu lembro que mandei pra galera, meu sócio na época que acho que logo depois ele saiu da sociedade, acho que ele olhou o trecho e falou assim “Acho que essa parada não é pra mim não”, é pesado cara mas é muito bom mesmo
Rafael Marino – Tem que ter estômago de aço pra ser empreendedor, tinham umas páginas que eu lia assim que o cara tava na beira da falência, com ação da empresa valendo menos de 1 centavo eu falava “Como é que esse cara dormia?”, “Como é que esse cara ia pra casa e tinha dois filhos” tipo assim sensacional, e inclusive no final das contas é história de puta superação também.
Henrique de Moraes – Pois é. Você tem algum hábito estranho assim pros outros né, incomum vamos colocar assim, mas que você não abre mão e você ama?
Rafael Marino – Cara que pergunta bicho, calma aí deixa eu pensar aqui. Tem uma coisa que eu faço que todo mundo quando olha fala que eu sou nojento que é, eu me amarro em molhar pão com requeijão no café com leite, uma parada que eu aprendi com a minha avó cara é uma memória muito emocional minha assim de infância, de comer um saco de pão com a minha avó e a gente ficava lá molhando no café com leite, acho uma delícia e todo mundo fica “Cara o que você tá fazendo?” isso é a primeira coisa que me veio na cabeça assim, acho que molhar pão de queijo não açaí também mas acho que isso é menos incomum mas eu adoro, molhar o pão de queijo no açaí, alguma coisa de molhar de novo, e tem uma coisa que eu faço nos últimos anos que eu nem sei nem porque que eu faço cara, na real eu tava tava refletindo agora porque talvez eu faça que é, cara meus horários de despertador são sempre números ímpares ou primos, eu nunca ponho horários fechados e no final das contas eu fico refletindo sobre isso e eu falo que é um pouco na real, quando eu boto assim um horário pra acordar, não boto 6h, 6h10, semre tipo assim 6h02, 6h01 ou 6h03 porque eu gosto de ter a sensação de que sei lá, cada minuto é produtivo, cada minuto eu posso fazer alguma coisa então pra mim eu tento sempre ter essa, pelo menos no botar do despertador essa reflexão de tempo assim mas é uma coisa curiosa que eu inclusive acho que ninguém sabe sobre mim, é a primeira vez que eu tô falando isso e vai estar aí pra todo mundo cara
Henrique de Moraes – Talvez uma pessoa que tenha a mesma mania não se sinta tão estranha mais
Rafael Marino – Será? Pô me manda por favor alguma mensagem se alguém faz isso também? Sério mesmo, depois passa pra galera Henrique meus contatos, LinkedIn e tal mas cara acho que minha namorada inclusive vai me achar maluco aqui nesse momento
Henrique de Moraes – Ela nunca reparou né?
Rafael Marino – Nunca reparou.
Henrique de Moraes – Essa é diferente mesmo cara, eu já vi gente com mania de volume sabe, ter que ser número par ou número ímpar, mas o alarme realmente é diferente cara.
Rafael Marino – Vou até ver meu alarme de hoje como é que tava. Olha isso 6h24 e 9h29, uma loucura
Henrique de Moraes – Caraca é uma doideira mesmo, que pessoa específica né, acho que seu iPhone deve estar assim “Esse maluco é muito pontual”
Rafael Marino – Os caras dos dados lá estão malucos comigo porque cada dia é um horário diferente, devem falar “Esse cara tá surtando”
Henrique de Moraes – Muito bom. Cara você tem algum fracasso ou fracasso aparente que tenha te levado à um sucesso futuro?
Rafael Marino – Sem dúvidas, sem nem pestanejar você já perguntou e já tenho aqui, é o fracasso da minha startup, acho que foi uma experiência que sempre fico refletindo né, sempre reflito nos erros, sempre troco essa ideia com meu irmão e falo “Cara imagina se a gente tivesse aberto aquela startup com a experiência que a gente tem hoje naquela época?” como seria diferente as coisas, os erros e tal mas assim, aqui no Brasil é muito visto ainda de forma pejorativa as pessoas que abrem uma empresa e que falham né, é visto como “Putz esse cara é ruim, esse cara não conseguiu”, uma coisa que eu vejo lá fora completamente diferente né, uma coisa do tipo “Porra esse cara tentou, essa mulher tentou”, “Essa mulher foi lá e tentou por um tempo, não conseguiu mas beleza”, então vêem os valores ao invés do resultado, uma coisa que é engraçada aqui né e sem dúvida o fracasso da minha startup me fez muito refletir sobre o abrir uma próxima porque eu acho que tem que ser levado muito a sério quando você abre uma empresa porque não dá pra abrir empresa achando que você vai ter resultado nos primeiros anos, você tem que abrir uma coisa que você você esteja pensando em 20 anos pra frente, só assim você vai conseguir de fato criar uma coisa que mude o mundo de alguma forma eu acho, e sem dúvida foi um período da minha vida que me desenvolveu muito, como eu te falei lá no começo eu acho que os valores de uma pessoa se desenvolvem com base em experiências que elas passam ou desejos que elas têm internamente, cara quando você é empreendedor ou você faz ou você morre ou você se desenvolve naquele aspecto ou você tem que ser mais proativo ou o negócio não vai sair do chão ou você joga nas 11 senão uma área ele vai quebrar, então são coisas que contribuíram muito com certeza para o meu crescimento tanto pessoal como profissional e graças a Deus as pessoas com quem depois que eu tive esse fracasso também tinham esse mindset que eu tinha e viam com bons olhos, uma pessoa que se dedicou, foi a frente, cresceu o negócio e tal mas por uma série de fatores o negócio não foi pra frente, paciência, levanta tira a poeira e vambora então inclusive essa capacidade de adaptar a decisões de cara, tomar uma decisão e vai para frente acho que vai muito disso e sem dúvida é meu fracasso não tão favorito, mas um fracasso que eu aprendi muito.
Henrique de Moraes – Com certeza, já passei também por isso então sei como é que é a dor e sei como é que são os aprendizados. Nos últimos anos assim, você tem alguma nova crença, comportamento ou hábito que tenha melhorado sua vida?
Rafael Marino – Cara acho que é coisa que, hoje inclusive eu tô de fato muito obcecado em tornar um hábito, mas uma coisa que eu aprendi que me ajudou muito, que eu vejo um reflexo forte na minha vida é a meditação transcendental cara, é uma coisa que inclusive assim por exemplo em momentos muito estressantes e tal eu desenvolvia tipo umas manchinhas vermelhas, manchas de pele, e depois eu comecei a meditar cara por mais que eu passasse pelas mesmas situações o negócio curou e quando eu fiz a meditação transcendental com o Klebér que é o cara pô sensacional aqui no Rio de Janeiro, uma das referências no Brasil, ele inclusive no curso explica como de fato a meditação cura e isso porque essas coisas que demonstram seu corpo são meramente demonstrações pelo estresse que você sofre, cada um sofre um estresse por determinado momento, às vezes uma pressão para mim é mais tranquila do que a pressão para você então que nem uma barra de ferro é distorcida pelo estresse a gente também é distorcido pelos estresses que são estimulados na gente e a meditação transcendental cara é uma coisa assim que hoje eu tô fazendo todo dia, deveria fazer duas vezes por dia mas só consigo fazer uma mas que cara reduz a minha ansiedade de uma forma, me dá uma certa clareza de pensamento assim eu já começo meu dia com mais energia, muito melhor e é uma coisa que eu antes nos últimos dois anos eu fazia assim 3 meses, parava, 2 meses, aí voltava fazer dia sim, dia não e tal mas que agora eu tô tentando manter o ritmo porque dá muito resultado, é muito legal.
Henrique de Moraes – A meditação ela é o tipo de coisa que ela não serve como uma ferramenta pontual né, ela é uma coisa que você precisa fazer todo dia assim. Até ajuda de vez em quando, eu não consigo manter frequência na meditação infelizmente, apesar de achar que me ajuda. Eu tenho outros hábitos que eu acabo substituindo a meditação né, que também me fazem bem mas de vez em quando eu acabo praticando mas ela é uma coisa que tem que ter uma constância, uma evolução que você vai ver depois de 2, 3 semanas assim, quanto mais frequência você tem melhor né eu acho nesse sentido, e acho que uma coisa que as pessoas têm uma aversão, vamos colocar assim e que vale a pena às vezes procurar um pouco mais a respeito é de ler sobre o Budismou, eu sempre achava que era de uma coisa muito hippie e acabei lendo algumas coisas assim por indicações e tudo mais e cara, na verdade é uma forma de enxergar o mundo né assim diferente sabe, e que tá super alinhado às vezes se você pega coisas do estoicismo que você citou e do budismo, às vezes elas estão conectadas, eles só externalizaram de formas diferentes sabe, as ferramentas que eles usam são diferentes mas a filosofia às vezes por trás é muito parecida. Eu tô lendo um livro agora que se chama “Porque o budismo funciona” e eu peguei a referência do fundador do WordPress, o Matt Mullenweg e ele fala “Cara não sou budista” ele é judeu e falou “Não pretendo me tornar budista mas achei os argumentos do livro sensacionais e me ajudaram” e é isso porque é um cara muito pragmático falando sobre como o budismo funciona, porque ele acha que o Budismo funciona e ele vai tipo tanto defendendo teses, como discordando inclusive, trazendo os pontos ruins e vai construindo em cima daquilo ali, é bem legal e tem vários livros assim, tem o “10% mais feliz” do Dan Harris que também é muito bom, tem algus livros bem legais. Quando você tá se sentindo sobrecarregado cara, além da meditação tem alguma outra coisa que você faça pra tentar botar a vida nos eixos de novo?
Rafael Marino – Cara a meditação ajuda, eu acho que tem uma coisa também, cara alguém me disse isso ou escutei em algum lugar que é uma coisa que eu também levo pra mim e que me dá uma certa acalmada quando eu tô na situação assim que é uma frase basicamente, que é “Dor + reflexão = evolução”
Henrique de Moraes – É do, como é que o nome dele? Do livro
Rafael Marino – É pode ter sido de algum livro, alguma coisa, não lembro agora
Henrique de Moraes – É cara, é o Ray Dalio
Rafael Marino – Pode ser, do “Princípios” que é um puta livro por sinal
Henrique de Moraes – É um puta livro, exatamente
Rafael Marino – E isso me dá uma certa calma, porque eu falo “Cara tô fudido aqui, tô sofrendo mas eu sei que pô se eu manter a calma ou se eu persistir eu vou me desenvolver de alguma forma” outro ponto que eu acho que me traz uma certa calma, uma certa serenidade nesse sentido é a questão do estoicismo que cara, o que eu posso fazer que tá no meu controle? Por isso que eu acho o estoicismo muito legal, o que tá no meu controle? O que não tá no meu controle? Tá, vamos separar as caixinhas aqui, beleza o que tá no meu controle dane-se, isso já dá uma aliviada, o que tá no meu controle beleza e como é que eu posso fazer algum planinho de ação né, é um mental modal que eu faço comigo aí, um jogo mental e como é que eu posso dar esse primeiro passo, e dar? Porque quando você dá o primeiro passo os negócios começam a andar e você começa, uma coisa que é muito boa e que eu acho que é um exercício simples porém eu não sei se todo mundo faz mas assim, tirar as coisas da cabeça e botar no papel, isso dá um alívio momentâneo ali do tipo, eu sou um cara que tô sempre ali, mil coisas e não sei o que, inclusive tenho geralmente insônia por conta de pensamentos, de ficar pensando mil coisas, quando eu paro e boto numa lista parece que esvaziou a cabeça, tá na lista ali então dá uma melhorada e eu acho que tem uma coisa também de vida cara, que sempre pode ajudar bastante que é você ter algum tipo de experiência que dá uma certa guinada, nem que seja no seu dia a dia, nem que seja por um médio, longo prazo então sei lá você testar um novo esporte, testa uma coisa nova, trazer um outro estímulo na tua vida ou viajar pra um lugar que você não foi nem que seja por um final de semana ou sei lá talvez até uma mudança mínima no seu corpo, você fazer a tatuagem ou então cortar o cabelo, você já sai de uma forma diferente no seu dia e dá uma mexida né e eu acho que quando a gente está nesses momentos e tal é sempre bom mudar um pouco o ângulo né, trazendo o estoicismo de novo, quando você sempre muda um pouco o ângulo acho que dá uma melhorada nesse sentido cara, pelo menos essa é minha opinião e o que eu tento fazer.
Henrique de Moraes – Maravilha cara. O estoicismo é sensacional mesmo cara, acho que todo mundo tinha que ler um pouquinho assim, tem um livro do Ryan Holiday também que se chama “The Daily Stoic” que é tipo, são trechos de uma página, uma página e meia assim no máximo e que ele traz uma pílulazinha e tem a data, você tem que ler na data certa, então hoje é dia 4? Você tem que ler o do dia 4 de fevereiro, não é pra ler na ordem, é pra ler o do dia certo ali e é muito legal porque vira um livro da sorte né tipo assim, todo dia vou lá e pego, todo dia de manhã a primeira coisa que eu faço quando eu acordo, eu abro o livro, leio o do dia praquilo já assentar na minha cabeça e aí eu vou fazer o resto das coisas sabe, é muito engraçado e se tornou um hábito sem querer e é gostoso porque é isso, acho que dá o tom pro dia assim e sempre traz um reflexão interessante
Rafael Marino – Conforto né cara, é uma coisa do tipo “Cara você tem que procurar outros ângulos”, “Você vai sofrer”, “É normal”, te dá um certo conforto eu acho esse tipo de filosofia
Henrique de Moraes – E o conforto que ele dá, e eu acho que isso é o mais legal, não é o conforto do tipo “Vai dar tudo certo”, é do tipo “Cara a vida é uma doideira mesmo”, vai dar merda, para de ficar procurando não dar merda, porque quando parar de dar merda aí você vai ficar entediado também e aí vai ser outro problema que vai aparecer então assim, para de buscar a perfeição e aprende a lidar com a merda, aprende a lidar com uma confusão, com ansiedade, com tudo né, isso que eu acho muito foda. Aproveitando que eu acabei falando de ansiedade aqui eu queria te perguntar hoje o que te causa mais ansiedade assim, tem alguma coisa específica?
Rafael Marino – Cara o meu pai sempre me falava desde pequenininho “Tu quando quer alguma coisa é chato pra cacete hein” porque eu ficava enchendo o saco dele, e parando pra refletir eu acho que é um pouco disso, quando eu quero alguma coisa de verdade, às vezes a gente quer uma coisa aqui, uma coisa ali, quer comprar um negócio e tal ou quer atingir alguma coisa ali, “Ah seria bacana” mas quando você quer uma coisa de verdade por exemplo, pra mim me causa muita ansiedade, do tipo assim sou um cara que sou competitivo e tudo mais e tenho desejo por exemplo tenho as metas aqui, quero bater essas metas, fico a mil e isso me causa ansiedade, às vezes atropelar ou “Putz não fui muito humano com a pessoa num momento que eu deveria ter sido ou muito simpático” porque eu tava naquele ímpeto, aquela ansiedade ou então comprar alguma coisa que eu quero muito, comprar online até chegar aquele negócio eu fico uma pilha sabe, tirar um projeto do chão, uma coisa que eu quero, quero ver aquele negócio já daquele tamanho mas ele ainda nem nasceu, puta eu tô muito ansioso, acho que é um pouco disso, quando eu quero uma parada de verdade assim isso acaba me trazendo, engraçado né um efeito rebote aí, acaba trazendo uma ansiedade.
Henrique de Moraes – Cara eu te aconselho, você vai gostar muito assim, de procurar o Naval Ravikant, eu vou te mandar depois que a gente terminar dois links de podcast pra você ouvir com ele porque ele é sensacional, ele tem uma frase que cara me marcou muito que fala o seguinte “Desejo é um contrato que você faz com você mesmo pra se sentir infeliz até você ter o que você quer” e é de fato isso cara, aí ele fala assim “Isso não é pra você parar de desejar as coisas, é só pra você tomar cuidado” tipo assim não sai desejando tudo porque senão você vai ficar infeliz com a porra toda, então escolhe bem, vê se o que você tá desejando de fato tá alinhado com o que você quer para o futuro, com seus planos e aí corre atrás porque se é para ficar infeliz, se é pra ficar ansioso pelo menos que seja pra realizar um sonho de verdade e não pra você pegar um negócio ali que vai te deixar feliz durante duas horas e depois vai passar né.
Rafael Marino – Não, isso é importante o problema é quando você deseja uma coisa de longo prazo né e aí você tem que lidar com essa ansiedade no dia a dia, por exemplo como eu falei aqui meta, pô se tem a meta aqui eu quero bater essa parada de qualquer jeito, fudeu meta de um ano, vou ficar ansioso um ano? Então acho que sua outra pergunta, as outras formas de como você diminui a ansiedade e tudo mais, a meditação no meu caso diminui muito, eu sinto o copo esvaziando porque pelo menos a meditação transcendental ela é feita justamente pra isso, pra esvaziar a tua mente então acho que aquele ponto é muito importante, se é uma coisa de longo prazo e se causa ansiedade você tem que buscar outros mecanismos.
Henrique de Moraes – Boa. Deixa eu te fazer uma pergunta bem pontual assim que tem a ver com ansiedade, você tem algum problema com a velocidade de comunicação de hoje em dia tipo WhatsApp, e-mail e redes sociais, essas coisas te trazem alguma ansiedade ou não?
Rafael Marino – Total e eu tento me proteger disso né e eu acho que na real, eu não sei se, obviamente né muita gente já deve ter visto aí “O Dilema das Redes”, inclusive eu trabalho um pouco do outro lado então essas empresas, o formato como é feito, livros até que eu falei de economia comportamental, de influência, de persuasão, as pessoas acabam utilizando isso de uma forma que o efeito colateral é muito forte né, o cara de growth do Facebook, o Chamath Palihapitiya o cara que cresceu o Facebook até bater 1 bilhão de pessoas, ele fala que ele se arrepende do que ele fez lá dentro né numa palestra que ele deu acho que em Stanford porque assim, você tem cientistas sociais que estão ali dentro trabalhando pra descobrir formas de liberar dopamina no teu cérebro pra te fazer ficarem viciados em determinadas coisas então assim cara, WhatsApp, e-mail e rede social, outro dia eu tava olhando aqui a quantidade de vezes que eu devo abrir o meu celular assim devem ser 500 vezes por dia e às vezes eu não tenho nem porquê abrir o celular e me pego “Cara porque eu abri?” tipo eu não tava querendo nada, não tava buscando nada mas eu abri, virou hábito e isso é muito preocupante, eu fico muito preocupado comigo mesmo nesse sentido da ansiedade e eu tento tipo assim cara todos os meus aplicativos eu não deixo nenhuma notificação, só deixou um ou outro que são importantes e às vezes eu preciso olhar, então tenta usar aquele bloqueio de tempo de utilizar aplicativos e tudo mais que são formas que cara, não é o ideal porque você não vai na raiz do problema mas que são de alguma forma paliativas que te ajudam a reduzir acho que um pouco esse grau de ansiedade.
Henrique de Moraes – Sim totalmente, esse é um assunto que tá me fascinando assim nos últimos tempos, eu tenho lido bastante, tenho visto bastante coisa também mas enfim, é papo pra um podcast inteiro porque é muita coisa, eu cheguei até a começar a escrever um artigo sobre isso, comecei a fazer uns testes comigo mesmo sabe pra entender como seria minha reação, qual a reação das pessoas, por exemplo como eu uso minhas redes sociais pra divulgar o podcast também e tudo mais, comecei a fazer teste nas redes sociais sabe, tipo como que as pessoas vão se sentir se eu começar a postar coisas mais positivas, como elas vão se sentir se eu postar coisas mais negativas e fui vendo assim como isso tem um efeito cara muito louco assim, eu tenho uma porrada de anotação e acabei não conseguindo escrever o artigo por milhares de coisas da vida né que tem que fazer enfim, as metas mas eu ainda tenho essa vontade
Rafael Marino – Olha a ansiedade
Henrique de Moraes – Exatamente, exatamente mas eu ainda tenho essa vontade cara, eu tava até pensando em fazer um podcast sobre isso, trazer de repente algumas pessoas que também tenham essa curiosidade e falar um pouco sobre, demonstrar esses testes e trazer os estudos também que eu tenho lido porque é muito doido cara acho que a maioria das pessoas, a grande, grande, grande maioria, mesmo quem viu o documentário inclusive que foi muito visto, ainda não entende assim como que isso impacta e mesmo quem entende não ajuda sabe porque eu sei de vários artifícios que eles usam pra me conquistar, pra me fazer abrir o celular o tempo inteiro e ainda assim eu caio, é igual ao budismo, eles falam muito isso que tipo assim não adianta você saber porque não vai te deixar mais feliz saber, não vai te deixar mais tranquilo você saber o que te faz mal, como é que você cria hábitos que te ajudem a desviar disso que é o mais importante né, como é que você cria rotinas e é disciplinado a ponto de não deixar isso interromper sua vida mas acho que esse é o ponto mais difícil. Enfim, acabei pegando a tangente aqui, vou voltar aqui
Rafael Marino – Não mas é super importante assim, só fazer um último comentário sobre isso porque acho que é uma coisa que o efeito colateral é meio que quase invisível, por isso que a gente não se liga né então a gente tá lá cara e é WhatsApp, é e-mail, notificação e aparece o clima que vai chover amanhã e aparece uma notícia da Globo que tá falando que não sei quantas pessoas morreram e quando você vê cara, você tá se estressando com sua família, você briga com sua namorada, você descontou em alguém no trabalho e você não percebe que isso talvez seja reflexo disso né então isso é um ponto muito importante e é um inimigo quase que invisível aí.
Henrique de Moraes – Sim, totalmente. Eu acho que os dois pontos que eu diria pras pessoas terem mais atenção são a ansiedade da comparação que eu acho que pouca gente percebe o quanto a gente tá se comparando porque a gente tem acesso à um milhão de vidas o tempo inteiro na palma da nossa mão e o quanto que isso afeta a nossa autoestima sabe, de maneiras às vezes imperceptíveis, invisíveis como você falou porque por exemplo, vamos supor que você goste de falar de decoração e aí você bota um monte de perfil de decoração pra se inspirar, só que de repente você olha pra sua casa e fala assim “Caralho isso aqui tá uma merda”, “Isso aqui tá uma bosta, eu não tô satisfeito com porra nenhuma que tá aqui” e cara você nunca vai estar porque se você vê 400 perfis de decoração postando todo dia uma decoração diferente com coisas que você nunca vai ter, você nunca vai estar satisfeito com o que você tem em casa sabe então esse é um cuidado e aí tem de toda coisa, viagem, fit enfim tudo isso influencia muito e outro ponto é de como a comodidade, tem um nome pra isso, a gente hoje vive com tudo tão na palma da mão né, você tem tudo de maneira tão instantânea que isso mudou a forma como a gente age com tudo, lida com tudo então tudo que a gente precisa de gratificação instantânea e a gente tá perdendo a capacidade de lidar com o longo prazo, de estabelecer metas e seguir, de ficar firme de passar por tudo que a gente falou aqui, de passar pelas dificuldades, comer vidro e tudo mais e não só isso, essa velocidade das coisas e a gente ter essa gratificação instantânea também, faz com que a gente tenha uma satisfação com coisas que às vezes não são relevantes, não são importantes pro que você quer fazer, então tipo você responde e-mail urgentemente porque tipo libera uma dose de dopamina, mas e sua meta? Você precisava ter respondido aquele e-mail, aquele e-mail era importante pro que você tá querendo construir, para o que você quer da sua vida? Ou então tipo assim se você tá num momento de família, responder aquele e-mail é tão importante assim, mais importante do que você estar com sua filha, sua esposa? Então assim, esses pontos são eu acho que dois pontos que são muito relevantes, a comparação e como essa gratificação instantânea tem mudado a forma como a gente lida com as coisas que são importantes pra gente, como que a gente tem perdido a capacidade de lidar com frustração, com coisas que são relevantes pra gente construir coisas importantes e as coisas que a gente quer né porque importante é muito arbitrário mas o que você quer construir né e você sentir depois, você chegar no final da sua vida e falar “Beleza tenho orgulho do que eu construí até aqui” e não “Caralho, perdi muito tempo no Instagram”
Rafael Marino – Você é tão bombardeado de coisas, isso te afeta tanto de um ponto de vista que você nem sabe que você acaba perdendo o seu senso de porquê, do seu próprio porque né, do que você quer conquistar, do que você quer realizar e aí isso acho que afeta muito sua prioridade, você perde o senso de prioridade e isso é comum né principalmente no trabalho você perder, um jogo mental cara, se você fosse morrer amanhã do que você teria se arrependido? Sei lá, passar mais tempo com a família, então porque você não está passando agora? Porque uma hora isso vai acontecer, é fácil falar e é difícil fazer pra cacete né e não à toa também sobre esses outros pontos, a nossa geração vai ser a geração da ansiedade e da depressão né cara, tem tudo a ver com isso que você falou.
Henrique de Moraes – Enfim, isso que me tem feito pensar muito assim e aí trazendo um pouco pro que a gente faz, como que gente influencia isso, começou a pesar muito pra mim como o que eu faço influencia essas coisas que estão acontecendo sabe e eu comecei a me perguntar como que a gente consegue mudar isso sabe, acho que a minha pergunta hoje máxima assim em relação ao trabalho que a gente faz na agência e que não tenho resposta infelizmente, é como é que a gente dá um shift, o que a gente faz se torna motivo pras pessoas se conectarem de verdade, pra viverem vidas que sejam significativas em vez de eu ficar ajudando ela a interromper tipo assim, sendo mais uma pessoa que interrompe gerando mais conteúdo que vai deixar ela mais ansiosa, como que a gente consegue mudar um pouco o jogo, essa é a pergunta que eu me tenho feito como agência sabe, como pessoa que colabora sem querer porque faz parte do nosso jogo, a gente colabora com a sociedade de certa forma mas como é que a gente consegue mudar isso, a gente vem se perguntando assim tipo, testa coisas mas não dá muito certo e a gente vê que a gente acertou uma coisinha aqui mas errou aqui e vai tentando azeitar mas é um jogo bem difícil cara e é difícil pessoalmente, como você falou, é fácil falar e muito difícil fazer porque eu me pego caindo nessas armadilhas o tempo inteiro cara, é insuportável, insuportável cara enfim. Você falou dessa coisa de como as pessoas estão perdendo o porquê e isso tem muito a ver com sucesso, com você se enxergar bem-sucedido, como que você faz isso e eu queria entender se você tem alguma definição do que é ser bem sucedido? Você já se perguntou isso?
Rafael Marino – Essa mais uma pergunta simples de resposta complexa pra caramba mas pensando rápido aqui eu acho que a maioria das pessoas correlacionam muito ser bem sucedido com ter posses, com ter estabilidade financeira e acho que tem talvez um quê disso mas acho que é mais profundo né, vou falar o que eu acho que é pra mim pelo menos e aí não sei se isso se aplica a mais alguém, acho que pra mim ser bem sucedido é realizar feitos, ações que se eu me projeto pra frente acho que vão me deixar orgulhoso de certa forma e nesse caminho ter o respeito das pessoas que estão na minha volta nessa jornada aí e acho que acima de tudo cara é conseguir fazer isso tudo e me manter humilde pra cacete assim, eu vejo o pai da minha namorada que é uma grande pessoa pra mim, uma admiração e porra segundo pai aí pra mim, o cara é foda, o cara é um puta executivo, alcançou níveis sensacionais de carreira, tem uma família super hiper bem estruturada e cara, chega lá amigo do filho de 20 anos de idade e o cara senta e troca ideia e quase ao 60 anos de idade agora foi lá fez uma tatuagem, o cara que não tá nem aí pra roupa, anda de crocs, um cara super humilde, super simples então você conseguir realizar essas coisas, ter o respeito das pessoas e se manter humilde acho que é para mim o significado de ser bem-sucedido, acho que não faz mal ter uma pitada de segurança financeira nessa equação, você ser bem sucedido também tem a questão de você ter essa estabilidade, você ter essa estrutura e no final das contas é conseguir deixar um puta legado aí, tanto pra sua família quanto pro mundo, acho que essa são todas as partes que para mim se juntam e são iguais a ser bem-sucedido.
Henrique de Moraes – Sensacional. Engraçado que eu tenho a mesma relação com meu sogro também, meu sogro é um maluco que realizou coisas incríveis assim, veio do nada e ele é muito, é uma figura, sabe uma pessoa boa de estar do lado? É só isso, você quer estar do lado dele, todo mundo quer estar em volta dele porque ele é um cara que tem uma energia tão boa que as pessoas querem ficar ali, é muito bom, muito legal você ver uma pessoa que conquistou tanta coisa realmente sabendo lidar com isso, sendo feliz de fato, isso é muito bom. Você falou essa questão de que é bom né ter uma estabilidade financeira e sem querer chutar cachorro morto aqui porque já falei 32 vezes, eu vou te mandar o podcast já falei do Naval, mas ele fala isso, o podcast dele chama “Como ficar rico”, que é completamente filosófico, ele fala na verdade como que você consegue criar um negócio que te dê liberdade, e ele fala que riqueza é isso, você ter liberdade de tempo, e aí ele fala uma frase dele que eu acho sensacional, “Dinheiro não vai solucionar seus problemas, dinheiro vai solucionar seus problemas de dinheiro” o que é muito importante então assim, solucione seus problemas de dinheiro que depois você consegue resolver o resto, agora se você ficar o tempo inteiro lutando com dinheiro você vai ficar fudido para o resto da vida, você não vai conseguir cuidar da sua saúde, você não vai conseguir cuidar da sua mente, ele fala que são os três pontos principais: saúde financeira, saúde mental e saúde física.
Rafael Marino – Quando você me perguntou isso eu até fiquei pensando aqui porque volta e meia quando alguém fala “Pô qual seu sonho?” eu falo “Meu sonho é eu poder fazer o que eu quiser a hora que eu quiser”, que acho que tem a ver com liberdade mas eu fico pensando também, aí quando, eu não sei se eu consigo correlacionar tanto isso com bem sucedido porque sei lá fico imaginando aquela situação do cara filho do ricão, o cara pode fazer o que ele quiser, na hora que ele quiser ele é herdeiro e tudo mais, será que ele se sente bem sucedido? Então assim, eu acho que é um componente mas não é tudo essa liberdade eu acho que é um bom ponto assim a liberdade de você fazer o que você quiser a hora que você quiser, o dinheiro tá lá, seus investimentos estão lá e tudo mais, sua família bem estruturada, mas eu acho que é um ponto importante a ser colocado na equação, de fato a liberdade
Henrique de Moraes – Você tira um peso né? Um dos pesos que a gente tem de estresse, uma das fontes de estresse que a gente tem é essa então assim se você tira um, beleza, não significa que sua vida tá perfeita, significa que você tem menos uma coisa para se preocupar e agora vai lá
Rafael Marino – Sair daquela corrida dos ratos onde você fica naquela dureza até conseguir passar determinado, e aí como você falou até do Warren Buffett, o cara que fala “Eu amo os juros compostos” porque depois cara, bateu determinada massa crítica ali e dinheiro faz dinheiro e aí a coisa anda. Tô querendo chegar lá.
Henrique de Moraes – Somos dois vamos lá, a gente vai trocando mensagens aí, vai pegando referências, troca os livros, as táticas que deram certo. Cara, quanto do seu sucesso até aqui você atribui à sorte e quanto você atribui à trabalho duro, percentualmente?
Rafael Marino – Eu ainda nem considero que eu tenha sucesso, tô nessa jornada aí então até ter sucesso acho que ainda faltam algumas coisas acontecerem
Henrique de Moraes – É tudo questão de perspectiva né cara, você trabalha com o que você ama, com pessoas que você admira e tá sobrevivendo, você não tá com dificuldade financeira então assim para e pensa, é muito bem sucedido pra maioria das pessoas cara
Rafael Marino – É uma questão que de fato tem que refletir que porra quando você para e pensa, dá um zoom out né, isso talvez até seja bom naquele exercício de quando você tá super sobrecarregados de “Calma, você tá ok, você tá vivo, tá com saúde” mas assim, acho que do ponto de vista, se eu parar do ponto de vista né, o Marino ali a partir da vida profissional, eu diria que pô 90% é trabalho duro e 10% é sorte, acho que essa é a proporção, a não ser que eu entre naquela questão filosófica sobre o seu nascimento e tudo mais que eu diria que 90% é sorte em vez de trabalho duro mas a partir do momento em que pô você tá nessa pegada profissional e tá querendo correr atrás do seu, não vai vir nenhuma sorte se você não estiver ralando muito cara.
Henrique de Moraes – Sim, boa. E última pergunta pra te liberar pra ir almoçar cara e eu também, tô com fome, se você pudesse falar com seu eu, e você pode se posicionar em qualquer lugar, geralmente eu boto nessa pergunta 10, 15 anos atrás porque costuma ser quase que se enxerga como outra vida né 10 anos atrás, 15 anos atrás, mas você pode se posicionar num ponto de inflexão que você acha mais interessante, o que você diria para o seu eu ter mais calma em algum momento do passado?
Rafael Marino – O que eu diria para o meu eu de 10, 15 anos atrás pra ter mais calma? Cara eu vou ter que fazer mais uma correlação com o Ryan Holiday, com o livro dele que me fez pensar bastante, que acho que é calma com o meu ego, calma com o ego, acho que o ego ele é presente na vida da grande maioria das pessoas e ele é um artifício que pode te guiar pro bem como pode te guiar pro mal e acho que eu falaria pra mim “Cara, calma com o seu ego”, acho que seria a frase que eu diga pra mim se eu fosse o “back to the future” ali falando comigo mesmo e até porque tem uma parte desse livro que fala uma frase muito legal, o livro do Ryan Holiday que é o “O ego é seu inimigo” que tem uma frase interessante sobre a diferença entre você querer ser e você querer fazer e como isso vai afetar todas as suas decisões, a maneira como você vai guiar sua vida então cara por exemplo, um exemplo bobo, eu sou um cara atirado, isso nos esportes então cansei de fazer besteira e por exemplo quando eu fiz um work experience que eu fui trabalhar nos Estados Unidos de housekeeping, limpando quarto com meus amigos peruanos, limpando banheiro, eu fui lá fazer uma gracinha mas acho que muito num quesito de querer me mostrar e tudo mais e não sei o que e aí me arrebentei, quebrei meu pulso, botei cinco pinos, dois parafusos e hoje por exemplo eu tenho que que conviver com esse erro meu que com certeza está relacionado a ego, uma questão de querer se mostrar, de querer fazer uma gracinha e tal e que porra hoje em dia impacta minha vida, eu tive que deixar de fazer esporte que eu gosto por causa disso e tudo mais, é um puta aprendizado mas que eu correlaciono com isso cara e acho que as pessoas tem que tomar muito cuidado com o ego, principalmente as pessoas que tem ambição, de crescer muito, de ter muito, de ser muito, dá uma lida nesse livro e tenta usar o ego à seu favor.
Henrique de Moraes – Boa. Esses três livros dele que a gente falou aqui hoje são recomendados pra caralho, “O ego é seu inimigo”, “O obstáculo é o caminho” cara é assim, é bíblia
Rafael Marino – Ele tatuou cara, ele tatuou em um braço “O ego é seu inimigo” e no outro “O obstáculo é o caminho”, o cara deve gostar muito mesmo de refletir sobre isso todo dia
Henrique de Moraes – Tem um episódio dele com o Tim Ferriss que é muito bom cara, um dos últimos aí já no período de pandemia que eles falam só sobre estoicismo basicamente, é bem interessante. Agora essa questão do “obstáculo é o caminho” cara é sempre meu mantra, sempre que eu bato com merda eu falo assim “Cara lembra, isso aqui é o que vai te levar para o sucesso” sabe assim, só vai, se joga nessa porra, mas é difícil. Cara, Marino, Rafa, Rafael, várias facetas, prazerzaço cara foi sensacional o bate papo de verdade, aprendi pra caramba, vou ter que ouvir depois com calma, sem fazer trocadilho com o nome do podcast, pra fazer mais anotações inclusive porque tiveram algumas coisas, algumas falas que vou precisar voltar pra refletir sobre elas, então queria agradecer demais pelo seu tempo, pela sua disponibilidade cara e por ter ficado aqui quase 2 horas de papo comigo que eu espero que seja muito útil pra galera que estiver ouvindo porque teve muita coisa legal aqui, muitas referências que eu acho que valem a pena buscar então cara de verdade, obrigado com a generosidade de tempo cara, de verdade.
Rafael Marino – Pô que isso cara, obrigado você Henrique, super trocar contigo, esse podcast é muito bacana, várias referências que você me deu também que depois eu vou ter que reouvir pra poder ir buscar esses ensinamentos, uma troca muito legal, acho que podcast esse modelo é muito legal porque todo mundo aprende né, todo mundo se dá bem então cara, obrigadão, qualquer contato é só falar comigo, se o pessoal também quiser saber aí alguma coisa, vamos lembrar lá se alguém bota mais horário no despertador estranhos, por favor me manda mensagem
Henrique de Moraes – E como as pessoas podem te achar cara? Qual é o melhor lugar para elas te acharem, qual você recomendaria?
Rafael Marino – Cara hoje eu tô muito presente no LinkedIn cara, LinkedIn é um lugar onde eu tô muito trocando muita ideia, lendo bastante lá, absorvendo conteúdo então é só buscar Rafael Marino lá no Linkedin que certamente vai me achar, beleza?
Henrique de Moraes – Show, fechado. Obrigado então Rafa
Rafael Marino – Valeu