calma! #19 com Eduardo Valladares
Eduardo Valladares é:
designer de experiência de aprendizagem | lifelong learner | apaixonado por aprendizagem
• criador da metodologia do Guia de Estudo Perfeito na plataforma @Descomplica
• TEDx Speaker & SXSWEdu Speaker
• mentor da Learn to Fly
• autor do livro “Como Aprender Melhor”, da Amazon
ele lecionou em uma grande rede privada de ensino (1999 a 2014 – Sistema pH de ensino, por 16 anos), sendo professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação, atuando, ao longo desse período, em turmas com milhares de alunos e assumindo cargos de liderança, sendo responsável por elaborar todas as provas de Língua Portuguesa e Redação, pela elaboração de uma apostila de teoria e exercícios que foi comercializada para toda a rede do sistema de ensino. assumiu a coordenação de monitores e foi gestor de pessoas – liderança do setor de 270 monitores de ensino.
de 2014 a 2018 já na plataforma Descomplica, foi gestor de pessoas – liderança do setor de 30 monitores de ensino. representou a empresa em diversos eventos de educação, órgãos governamentais e ONGS.
criou um curso e depois uma nova disciplina semanal chamada “Guia do Estudo Perfeito”, em que o jovem aprende a estudar no ambiente online e assim foi desenvolvendo uma metodologia autoral baseada nos valores da autonomia, colaboração, criatividade e confiança. alunos entendem o valor da autorresponsabilidade, a dar mais significado à autoestima, motivação e liderança pessoal. ele conectou mais de 400 mil jovens de todo o Brasil em grupos de estudos no Facebook e criou o conceito de embaixadores da marca.
também criou o SORTIE – uma imersão online em você e nas suas convicções. um exercício que faz você aprender, reaprender e desaprender tudo que diz respeito a futuro, carreira, vocação, talento e habilidades do século XXI.
e o DRIVE – uma experiência criativa por meio da escrita para vencer a vergonha, medo de desafios e dragões internos.
siga o Edu:
https://br.linkedin.com/in/eduardovalladares
LIVROS CITADOS
- O Obstáculo É o Caminho – Ryan Holiday
- Os Quatro Compromissos – Don Miguel Ruiz
- Como aprender melhor: Métodos infalíveis para alcançar resultados na hora de estudar – Eduardo Valladares
- A Tríade Do Tempo – Christian Barbosa
- A Coragem de Ser Imperfeito – Brené Brown
- Vai lá e faz: Como empreender na era digital e tirar ideias do papel – Tiago Mattos
- Eu sou as escolhas que faço – Elle Luna
PESSOAS CITADAS
- Tim Ferriss
- Murilo Gun
- Christian Barbosa
- Brené Brown
- Tiago Mattos
- Elle Luna
- Fernando Pessoa
- Theodore Roosevelt
- Marcio Libar
FRASES E CITAÇÕES
- “Eu mudo a forma como as pessoas enxergam as suas habilidades” – Eduardo Valladares
- “O erro é a maior fonte de aprendizado” – Eduardo Valladares
- “Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és. No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda. Brilha, porque alta vive.” – Fernando Pessoa
- “Todo o crédito pertence ao homem que está de fato na arena; cuja face está arruinada pela poeira e pelo suor e pelo sangue” – Theodore Roosevelt
- “Jamais serás quem tu não és” – Marcio Libar
- “Vulnerabilidade é potência” – Eduardo Valladares
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Henrique de Moraes – Fala Professor Valade, é um prazer ter você por aqui cara fiquei muito feliz com você ter aceitado meu convite, a generosidade com seu tempo e bom, eu sei que você tem um jeito especial de se apresentar, então queria que você começasse falando para os ouvintes quem é o professor Valade ou o Edu.
Eduardo Valladares – Primeiro muito obrigado pelo convite tô super feliz de estar aqui no podcast calma!, eu gosto mesmo de fazer uma apresentação diferente porque se a gente repara por aí a gente vê que em geral as pessoas costumam dizer muito o que elas fazem mas não quem elas são, e eu não posso simplesmente dizer eu faço alguma coisa, quem eu sou primeiro? Então vamos lá, Eduardo Valladares, tenho 42 anos, eu sou um cara que gosto de me auto proclamar muito bem humorado e otimista, sou um cara mega positivo no que diz respeito ao futuro e eu acho que o futuro é bem melhor do que a gente imagina por mais que a gente esteja em meio a uma crise, em meio a um cenário que parece que não tem solução, mas eu acredito muito em vários aspectos na transformação das pessoas, no poder do jovem, na coisa do autoconhecimento, eu acredito nesse viés todo e por causa disso eu penso que o futuro é muito mais ligado à uma abundância do que à uma escassez, então essa é uma primeira parte que eu gosto de dizer como eu penso. Eu sou um cara que vem do subúrbio do Rio de Janeiro, de Cascadura, é o lugar onde eu nasci, onde fui criado, onde eu estudei, onde eu adquiri os meus valores iniciais por meio da família e depois eu busquei a ascensão social, vim da classe média baixa, por meio do meu trabalho eu fui lá e comecei a fazer faculdade, comecei a entrar no mundo da educação e eu sou um cara que passei por muitas mudanças, mudanças de visão do mundo, e hoje inclusive defendo muito isso, tudo o que você pode aprender para ver o mundo com outros olhos, eu venho dessa estrutura que eu tinha os olhos meio vendados por uma espécie de antolhos, antolhos são aquilo que cavalos e éguas usam pra não olhar pros lados e não se distrair, eu penso que eu fui muito domesticado, que é uma palavra que eu gosto de usar por causa de um livro que eu li, que é meio essa coisa de fui muito ensinado por pai, mãe, escola, igreja, amigos, comunidade onde eu morava, a enxergar o mundo de uma certa forma e aí eu entrei na faculdade, comecei a trabalhar, comecei a conhecer pessoas de outras classes sociais e “Peraí, não, o mundo é diferente”, então hoje eu uso uma expressão Henrique, pra poder me caracterizar que é muito de “realizador incansável”, eu sou um realizador incansável, eu realizei muitas coisas quando eu fui professor de sala de aula, agora eu tô começando a dizer o que eu já fiz, eu fui professor de sala de aula por 16 anos depois eu pedi demissão porque eu não estava mais satisfeito com uma rotina apertada, complexa que eu tinha, dar aula pra caramba, 50 tempos semanais, eu adquiri cargo, poder, a coisa de mandar, eu era gestor de pessoas então contratar, demitir, eu não tava muito satisfeito com a vida que eu tava tendo, ganhava bem porém minha rotina era muito sacrificante e ao mesmo muito dolorosa, eu não tava muito satisfeito com a estrutura que tinha. Pedi demissão, fui trabalhar numa plataforma de educação e meu mundo deu uma mega mudada no sentido de visão de mundo mesmo, então muito do que eu falo hoje, muito do que eu defendo foi o que eu vivi na prática, e aí eu comecei Henrique a atuar muito na coisa da prática da aprendizagem, eu vim da sala de aula mas eu sempre considerei que professores, escolas, cursos não dizem que o aluno tem que estudar, ele só diz o que mas não diz como, e eu comecei a me tornar esse grande estudioso de metodologias de aprendizagem e como estudar melhor, e aí fui fascinado por esse mundo de comportamento, de habilidades socioemocionais, habilidades comportamentais, estudar a natureza humana, comecei então a entender um pouco do viés da psicologia, não sou psicólogo e respeito psicólogos, eu faço terapia inclusive hoje, então eu não sou do universo da psicologia por completo, conheço muita coisa porque estudei, porque li mas não tenho formação como tal. E aí minha cabeça foi explodindo, foi mudando e comecei a ver que eu teria uma atuação diferente, então hoje eu tenho 22 anos de estrada, comecei a trabalhar com 19,e hoje com 42 eu tenho uma visão de mundo que defende alguns valores, como a liberdade, o entusiasmo, a autenticidade, a verdade. Quando eu falo a “verdade” aqui, não é o oposto de mentira não, é verdade como o que eu acredito, o que eu defendo, o que eu enxergo, então eu penso que verdade é nesse sentido de teoria de mundo, visão de mundo alguma coisa assim, e eu acredito muito no poder da coragem e no poder da vulnerabilidade, acho que essa é a palavra que marca minha grande trajetória, eu sempre tive medo de tudo à minha volta porém eu defendo a visão de que o medo é natural de todo mundo, é instintivo, animais têm medo porque que eu não teria? Mas eu defendo muito a tecla da coragem, é o famoso “coragem não é ausência sem medo, coragem é um medo ?????”, eu acredito muito e essa frase ela acaba definindo também a minha pegada, a minha estrutura, a minha ideia de defesa de vida. E aí é interessante pra fechar essa minha apresentação completa, o meu nome é Eduardo Valladares com dois L, e aí eu comecei a trabalhar com educação nessa minha experiência professoral, então de Eduardo eu cheguei ao contexto Educação, e VLLD é o que tem de consoantes no meu sobrenome, e também tem em vulnerabilidade, que é essa coisa do apetite pelo risco, não ter medo de mudar, não ter medo de se transformar, então Edu VLLD é um pouco da minha marca, um pouco não, é a minha marca e é um pouco da minha trajetória enquanto minha narrativa e minha experiência de vida. Acho que é isso Henrique, falei bastante.
Henrique de Moraes – Excelente cara, passou por cada pontinho, é bom que já me deu aqui centenas de ganchos pra puxar. Eu costumo começar os podcasts com uma pergunta mais leve, mas descontraída que é pra quebrar o gelo, mas eu acho que eu vou quebrar o gelo com você de uma maneira um pouquinho diferente tá? Vamos lá, primeiro só para contextualizar o pessoal aqui acho que é importante eu falar como é que a gente se conectou de fato, porque é até engraçado, há um tempo atrás acho que tem um mês, por aí se eu não tô enganado, você postou no LinkedIn um texto falando do livro “O Obstáculo é o Caminho”, e eu respondi, e eu nem sei de onde porque a gente tá conectado no LinkedIn pra falar a verdade, mas eu respondi porque eu tava terminando de ler o livro e eu falei que tava gostando, falei os pontos ali que eu não tinha curtido muito e beleza, passou esse episódio, e esses dias eu fui fazer uma espécie de review de um livro que eu tinha acabado de ler e uma pessoa aleatória me marcou, marcou você na verdade né, nessa publicação e aí você começou a falar alguma coisa, eu entrei no seu perfil e vi que você tinha postado horas antes sobre o mesmo livro, eu falei “Não, calma aí tá rolando uma conexão aqui, tá rolando um alinhamento”, e aí eu fui e te mandei a mensagem, perguntei se você tava não disposto a marcar, eu já conhecia um pouquinho assim da sua história, mas para ser bem sincero eu conhecia pouco, conheci muito mais depois que eu resolvi marcar, eu quis marcar muito por esse alinhamento e uma coisa que eu fiquei curioso depois vendo né a sua história conhecendo um pouquinho da sua trajetória de carreira, pessoal, enfim todas as etapas de autoconhecimento que você passou inclusive que você vem passando né porque esses livros são livros de autoconhecimento então imagino que você ainda esteja nessa trajetória, eu fiquei com uma coisa que assim me marcou na verdade, um ponto que foi o seguinte, você falou falou que logo que você começou, na verdade quando você tava estudando para fazer medicina e parece que vendo uma aula de um professor você se inspirou e resolveu mudar, mas você diz que você tava fazendo medicina muito para vestir o chapéu de pessoa importante para os seus pais, pra mostrar pra eles que você queria fazer alguma coisa na vida, que você queria ser “alguém importante” teoricamente, com muitas aspas aí, e você acabou decidindo seguir como professor, e esse livro que a gente leu que eu vou falar agora o nome que é “Os Quatro Compromissos”, que nós dois pelo visto ficamos muito presos, muito apegados às lições do livro, ele fala exatamente sobre isso né ele fala sobre a gente se libertar do sonho do mundo né, do sonho do planeta que ele fala ali que é o sonho da sociedade que é o que as pessoas esperam da gente, nossos pais esperam da gente a gente para de agradar os outros e assumir a nossa verdade, e eu queria entender assim se quando você tava lendo o livro né, quando você tava tendo esses insights que você provavelmente teve junto comigo ali, se esse momento voltou quando você tava lendo, porque eu imagino que cara tenha sido um momento muito especial, especialmente para você se libertar e assumir ali a sua verdade né, assumir o que você queria de fato para você.
Henrique de Moraes – Bom, muito boa essa sua colocação e essa sua pergunta, eu adoro falar sobre isso, sobre a minha história, sobre a minha vida porque eu tenho certeza que ela encoraja e empodera muitas outras pessoas e sobre isso inclusive que eu hoje estou interessado em desenvolver na minha carreira Henrique, então vamos lá, vou responder em partes, só quero dar uma visão um pouco mais completa lá atrás da minha história. O que que aconteceu, minha criação, eu fui evangélico, religioso por muito tempo por influência da minha mãe, na verdade por uma certa até imposição inicial, preciso ser justo com a minha mãe, minha mãe já é falecida há 15 anos, eu preciso honrar o nome dela e como ela me educou, deixar bem claro que todas as colocações aqui não são no nível da reclamação não, são no nível do reconhecimento do que ocorreu tamanha a maturidade que eu tenho hoje pra enxergar isso, eu não tinha e hoje eu tenho. Então vamos lá, a minha mãe veio de uma estrutura familiar e social muito rígida, conservadora e até mesmo violenta e agressiva, então minha mãe nunca teve muito diálogo comigo, fui criado de uma forma em que era “é isso ou é isso”, não tem questionamento, então eu acredito nisso e você vai ter que acreditar nisso então com 6 aninhos de idade eu lembro bem disso, eu queria jogar todo domingo de manhã futebol e minha mãe dizia não, domingo é dia de ir pra igreja, então desde pequeno eu cresci com essas irritações e frustrações, “Poxa mas eu queria jogar bola domingo no clube, tem um clube lá perto de casa que o pessoal joga bola”, “Não, domingo é dia de ir pra igreja”, eu comecei então a ser criado na igreja, na religião, me identifiquei depois como adolescente, jovem, com o ambiente da igreja mas ao mesmo tempo também quando eu era mais novo Henrique, minha mãe, e aí eu tenho certeza que isso era uma questão também de frustração por não ter sido e concluído, minha mãe colocou minha irmã, eu tenho uma irmã 5 anos mais velha que eu, pra estudar instrumento musical e aí minha irmã estudou piano e deu certo, quando eu nasci 5 anos depois minha mãe pensou “Vou colocar meu filho também pra estudar instrumento musical pra ele tocar na igreja depois”, quando eu usei a palavra frustração porque talvez minha mãe quisesse um dia ter estudado instrumento musical mas não teve condição, então agora ela tinha condições e queria dar aos filhos isso mas nunca ninguém me perguntou “Você quer estudar música?”, então eu fui obrigado a estudar flauta, piano e violino e eu não gostei de nenhum dos 3, apesar de que sou um cara extremamente musical, amo música de tudo que é tipo, quer dizer, alguns gêneros musicais não curto tanto, mas tenho um ouvido muito musical, gosto muito de qualidade de música, sou o cara que fecha o ouvido e fala “pô isso aí é uma linha de contrabaixo que tá tocando, pô isso aí é uma bateria”, e aí voltando, eu estudei instrumento musical, larguei tudo e minha mãe começou então a me classificar como um filho rebelde que não quer nada, esse foi o vocabulário que eu ouvia muito em casa “você é aquele que não quer nada”, então minha mãe vendo que eu não segui o caminho da minha irmã, e minha irmã era aquela pessoa disciplinada, de acordar todo dia de manhã pra estudar piano, ela estudava todo santo dia, e algumas coisas foram marcando minha vida né porque eu dormia no mesmo quarto que a minha irmã, o piano ficava no quarto em que a gente dormia, eu tinha que acordar 7 horas da manhã porque minha irmã tinha que estudar piano, e aí eu fui crescendo com algumas travas, chateações, e quando adolescente eu fui para o ensino médio e comecei a ser um cara questionador no ensino médio, eu era meio malandrão, andava com os molecotes lá do colégio querendo fazer farra, e aí eu comecei a querer descobrir as coisas que pra mim eram proibidas, queria fumar um cigarro, ouvir uma música rock’n’roll dentro de casa mas eu não podia nada disso, então esperava minha mãe ir ao mercado, ir na rua, pra tentar fazer alguma coisa diferente, e aí cara isso tudo agora que eu tô contando com os mínimos detalhes, inclusive nunca contei isso com tantos detalhes como eu tô contando agora, me gerou um adolescente de 15, 16 anos muito triste e muito frustrado porque eu sempre ouvi o vocabulário em casa “sua irmã é sinistra, sua irmã é um exemplo, sua irmã é pianista, você o que que vai ser? Você não quer nada com nada”, pô mas eu estudava, eu fazia o ensino médio mas eu não sabia ainda o que eu queria fazer, um dia por causa disso então Henrique eu tive um sonho, então essa história toda que eu contei nesses minutos todos ela é muito importante pra revelar que o sonho não foi à toa, e o que que foi o sonho Henrique? Eu sonhei que eu queria ser médico, aí eu sonhava com eu entrando num consultório atendendo uma senhorinha, e essa senhorinha dizia “Doutor Eduardo, o senhor me curou, muito obrigada tava cheia de dor no coração”, e aí tava lá “Eduardo Valladares, cardiologista”, eu acordei e falei “Mãe, pai, vou ser médico” e minha mãe “Quê?”, aí eu “Vou fazer medicina”, “É isso que eu quero, medicina que bom meu filho”, minha mãe vibrou claro, eu nunca tive médico na família como inspiração, tio, tia, avô, nada, minha família de novo, era classe média baixa, meus avós paternos meu avô era feirante e minha avó paterna não trabalhava, minha avó materna foi lavadeira, meu avô materno era pedreiro, auxiliar de construção, eu não tinha referências de faculdade na minha família, e aí legal isso, eu comecei no segundo ano do ensino médio com 16 anos a verbalizar “Um dia vou ser médico, um dia vou ser médico”, minha avó coitada viva ainda na época, começou a bordar um jaleco branco, interessante né, e aí cara eu terminei o ensino médio, não passei, fui pro cursinho no primeiro ano, não passei, fui pro cursinho uma segunda vez fazer vestibular pra medicina e nesta minha terceira tentativa fiz inscrição, o vestibular era muito diferente do que é hoje, pra UFRJ, UFF, UNIRIO, tudo medicina, só um lugar não botei porque as inscrições desse lugar eram mais pra frente e aí foi o momento que eu assisti a tal aula de um professor de português muito bom, muito criativo, inclusive somos amigos até hoje, Naun o nome dele, eu assistindo a aula Henrique e uma voz conversa comigo e a voz diz “Eduardo, você sabe o que que o médico faz?”, aí eu “Claro, ajuda as pessoas”, aí a voz “Não, ajudar todo mundo ajuda, na verdade médico é difícil Eduardo, porque você precisa de um certo patrocínio de quem te sustente, você vai ficar 8,10 anos ainda sem ter renda mensal”, e aí uma pausa. Tudo isso que eu tô comentando é importante porque eu cresci com uma cabeça, Henrique, de querer ser independente e eu não queria ser aquele cara com 20, 24 anos dependendo do dinheiro dos meus pais até porque eu tive essa criação muito castradora então o quanto antes eu quisesse ser livre, pudesse ser livre, era o que eu tava buscando, no que essa voz conversa comigo e me mostra “Olha, você vai levar uns 6, 7 anos pra fazer medicina regular, depois você vai se especializar, e não é assim especializou e pronto você já tem lá o cara que quer se consultar com você, não, demora, até você criar seu nome na clientela demora”, aí eu parei e falei “É, não é medicina a parada, eu não nasci pra isso, isso na verdade é uma tentativa de mostrar pros meus pais que eu tenho valor”, caraca aí foi uma luz na hora da aula, essa voz que conversava comigo que no fundo é uma intuição, é você se ouvindo melhor, aí eu apontei pra frente da sala e vi aquele professor dando aula, e essa voz conversou “Você tem que ser isso, você tem que ser professor, você se comunica bem você lá na igreja aprendeu muito a falar em público, você não tem vergonha, você é desinibido, você tem que investir nisso, é educação, professor a sua área”, e a coragem de voltar pra casa? E avisar pros meus pais que tavam investindo uma grana há anos, que eu não ia mais fazer medicina? Mas talvez tenha sido aí meu primeiro grande momento na vida, minha jornada, que eu tive que desenvolver coragem pra virar pros meus pais e assumir que eu queria um novo desafio. E foi isso Henrique, realmente hoje lendo o livro, e isso tudo aconteceu quando eu tinha 18 pra 19 anos, hoje eu tô com 42, esse realmente tal livro que nos comunicou, “Os Quatro Compromissos” logo no capítulo inicial o autor fala muito sobre domesticação, quando eu li eu tive uma catarse, catarse é essa identificação, eu li e falei assim “Peraí isso aqui é a minha vida, eu fui domesticado”, é que eu nunca quis ser domesticado eu era aquele cachorro que não queria que colocassem uma coleira, eu queria ser livre, e hoje eu sou muito feliz foi muito legal eu ter lido esse livro porque quando eu li, eu já tinha lido não foi esse ano não já tinha lido em outro momento, eu vi assim que é isso cara, eu passei por esse processo de querer ter sido domesticado, querer não, quiseram me domesticar e eu consegui de uma certa maneira virar e falar “Não peraí, eu não quero essa vida, eu quero esse caminho aqui”, foi interessante porque quando eu voltei pra casa e contei isso pros meus mais que eu não seria mais médico, que eu i fazer letras, minha mãe soltou de bate pronto “Peraí letras? Professor? Professor morre de fome”, e não Henrique, eu não morri, hoje eu moro num apartamento próprio, hoje eu já viajei dando 5 palestras internacionais, eu sou um cara super feliz com a jornada e carreira que eu construí já escrevi um livro já ajudei e continuo ajudando milhares de pessoas a ingressarem em universidades, então aquilo que eu dizia antigamente que eu queria ser médico pra ajudar pessoas eu ajudo hoje, só que fazendo várias outras coisas que não só aquilo que eu imaginava que eu ia fazer, então que legal essa coisa do conhecimento do livro, porque é isso que eu tento hoje inclusive também ajudar as pessoas a perceberem “Será que as escolhas que você fez hoje na vida foram as escolhas que você realmente queria ter feito ou você foi influenciado pela sua mãe, pelo seu pai, pela escola, pela igreja?”, acaba que eu não vivo mais no ambiente religioso desde os 20 anos, eu rompi com meu desenvolvimento religioso quando eu tinha 19 pra 20, e sou um cara super feliz hoje, consciente do meu papel, das minhas responsabilidades e daquilo que me agrega ou não me agrega, acho que é isso.
Henrique de Moraes – Perfeito. De tudo que você falou tem tanta coisa que remete ao livro, por exemplo essa coisa da comparação com a irmã e que no livro ele cita alguma coisa bem parecida da mãe falando pra filha que ela cantava mal, algo assim, a coisa da palavra, de você ser impecável com a palavra enfim esse livro é muito rico acho que é um dos livros que eu mais recomendo hoje em dia pra pessoas porque te faz enxergar esse lado que você não tinha percebido e não só da família né porque assim, a nossa família ela faz isso de um de um lugar de amor né porque eles querem te proteger a forma, e é a forma como eles também aprenderam né, também eles foram domesticados e a gente vai passando isso adiante né, cabe a gente agora tentar romper isso de alguma forma, o que é difícil para caramba né?
Eduardo Valladares – Só fazendo um comentário em cima do que você tá falando agora, em nenhum momento a minha fala, eu já disse isso só vou complementar por causa disso que você acabou de dizer, eu penso que não entra nessa hora, até pra quem té nos ouvindo nesse episódio, não é condenar quem nos criou, é por isso que eu acredito e aperto tanto a tecla do autoconhecimento, vai conhecer tua história, vai conhecer a história da tua família, porque minha mãe e meu pai me criaram de tal forma, eles não eram totalmente, vocabulário da psicologia, “culpados”, ninguém tem uma escola de ser pai de ser mãe, eu não sou pai ainda Henrique, quero ser já descobri que uma das minhas vertentes ainda a realizar nesse mundo é ter um filho ou uma filha, eu vou errar muito e meus filhos no futuro podem querer dizer “Pô pai, você não deveria ter…”, eu sei que eu vou errar, minha mãe errou, meu pai errou muito comigo mas é natural, é do processo não existe uma escola de pais, então quero deixar bem claro no meu discurso aqui que não entra nenhuma raiva, eu já trabalhei muito isso na terapia, eu pelo contrário, sou um grande felizardo porque tive uma autoconsciência pra perceber que eu podia seguir um caminho diferente do que minha mãe queria e do que minha irmã teve, eu tenho uma irmã, nos amamos mas temos uma vida completamente diferente sobre visão de mundo, ela acredita em A e eu acredito em B, ela segue um caminho J e eu sigo um caminho W, e a gente se dá bem vive bem, mas acho que é isso que você comentou
Henrique de Moraes – E acho que o mais importante é a gente não focar também tanto nesse âmbito familiar né porque ele é um só um lugarzinho ali onde a gente passa por isso, porque na verdade depois, e acho que esse é um ponto mais difícil, é a gente enxergar exatamente o quanto das nossas escolhas são feitas baseadas no que a gente de fato quer, então essa para mim tem sido a maior jornada atualmente, eu tentar entender o que eu de fato quero e o que eu só quero porque eu estou me comparando com alguém, porque a sociedade exige, porque eu acho que é o normal, é o caminho que eu deveria seguir, então essa parte da jornada do autoconhecimento é a que eu tô passando agora pelo menos sabe, e o que a gente não percebe é que isso tá tão enraizado na gente que é até difícil você enxergar mesmo, você perceber que suas escolhas parecem naturais e na verdade não são, então você conseguir identificar exatamente em cada decisão que você tomar onde você tá, o que você tá fazendo conta própria, por sua vontade mesmo, levando em consideração a sua verdade, e o que você tá fazendo pra, se você conseguir identificar né, o que está fazendo pra agradar só a sociedade porque você acha que é o que as pessoas esperam de você, acho que esse ponto já faz você seguir um caminho bem mais verdadeiro, que eu acho que é o que você fez, e você teve a sorte como você falou, de identificar isso muito cedo, isso é muito importante e raro também, acho que muita gente se frustra depois né com a sua idade, minha idade 30 e poucos, 40 anos, é a hora que as pessoas costumam se frustrar e perceber que fizeram as escolhas erradas.
Eduardo Valladares – É, eu gostei muito do que você falou agora, não sei se existe necessariamente esse gabarito comum assim à todo mundo né, qual é a idade, se você de repente me perguntasse comigo como foi esse processo de descoberta Henrique, eu acho que a vida também ela é um somatório de “n” episódios né, eu comecei a namorar fiquei noivo, hoje eu sou casado, mas eu conheci meu sogro que é um cara formidável é um segundo paizão assim na minha trajetória, ele me mostrou muito esse mundo de autoconhecimento, de pesquisar suas raízes, suas origens e acho que lá pelos meus 32 pra 33 anos, eu entrei numa grande assim, não vou chamar de crise, mas num processo de autoquestionamento, e com 34 que foi a idade que eu casei foi ótimo foi um momento de virada de chave para entrar uma maturidade em vários outros aspectos mas muito nisso que você acabou de levantar, tem gente que amadurece com 20 e poucos anos, tem gente que amadurece com 50, mas acho que essa coisa do amadurecimento, pelo menos é o sentido da palavra que eu quero trazer, é um sentido assim, “Pra que que eu tô aqui?”, “O que eu quero fazer?”, “Como é que eu enxergo o mundo?”, “Faz sentido essa maneira como eu trato esse conceito até hoje?”, pelo menos comigo isso aconteceu muito entre os 35 e 40, 42 anos que é a idade que eu tô agora, que pra muitos homens né, pra de repente um contexto aí masculino acontece em geral, de repente para algumas mulheres acontece um pouco até mais cedo, pelo menos em termos mais gerais é assim que a psicologia costuma registrar.
Henrique de Moraes – Bom, eu tô nessa faixa aí 35 anos, então espero que eu consiga até os 42 estar tão bem resolvido quanto você hahaha
Eduardo Valladares – Muito legal, apesar de de novo cara, fazer uma observação dentro da observação, não acho que a gente tenha que ter essa pressão, a gente pode buscar por isso que eu acho que você usou bem o verbo “espero”, tô correndo atrás tô lutando por isso, mas acho que tem uma observação que eu faço muito hoje em dia sobre a tal ditadura do propósito, tem que ter um propósito, “eu nasci pra ter um propósito”, “não descobri ainda um propósito”, não tem que entrar no desespero, acho que essas coisas, e legal a gente estar aqui nessa oportunidade do podcast calma!, eu defendo que as coisas a gente tem que estar sempre buscando buscando buscando e elas aparecem, elas surgem, e não pode só ficar nessa sofreguidão, palavra boa aí, desespero de ter que descobrir quem eu sou, você vai descobrir, vai conversar vai ouvir podcasts leia livros faça cursos assista palestras, conversa com pessoas, acho que esse é um combo já que eu poderia aqui indicar de como as pessoas podem buscar essa realização aí, plenitude um pouco maior.
Henrique de Moraes – Perfeito, eu acho que também tem muito do se apaixonar pela jornada né assim, essa jornada de autodescoberta aí eu acho que ela vai durar para sempre né a gente está sempre se reinventando se entendendo conhecendo coisas novas, então se apaixonar pela jornada e não ficar esperando o resultado, e aí é um clichê né da coisa da jornada enfim, mas ainda assim eu acho que faz sentido porque é a única verdade que a gente tem, a única constante é a mudança hoje em dia, é outro clichê mas que também faz muito sentido, especialmente nesse quesito, eu acho.
Eduardo Valladares – Exatamente, exatamente. Eu concordo com você, e viver sempre em busca de melhorias, viver sempre em busca de melhores resultados.
Henrique de Moraes – Cara, então falando aí em melhorias eu queria te fazer uma pergunta, talvez ela soe um pouquinho superficial tá, se ficar esquisito depois eu corto ela do podcast mas é uma observação engraçada, eu fiquei vendo seus vídeos né, e no YouTube tem vídeos antigos vídeos novos enfim, e eu percebi que você passou por uma transformação assim visualmente falando muito grande, eu vi que você mudou o cabelo mudou a forma de se vestir, começou a botar acessórios enfim, e eu queria entender assim se essa mudança tá ligada à essa sua jornada ou algum conhecimento específico porque assim a sensação que eu tive olhando seus vídeos antigos e os novos é que você passou por um extreme makeover, porque foi uma mudança radical.
Eduardo Valladares – Foi, foi. Sensacional a pergunta, eu me amarro, isso que é a coisa da vulnerabilidade, eu não tenho vergonha alguma, quer dizer devo ter de algumas coisas sim, mas nessa situação nem um pouco que é o seguinte, sim, vou explicar desde a raiz. Eu passei sim por um processo de que eu antigamente precisava de provas sociais, isso é muito foda assim, muito significativo assumir isso porque quantas e quantas pessoas não vivem disso né, vamos lá vou dar um exemplo bem prático disso, eu virei professor de sala de aula muito novo, então eu dava aula com 20, 21 pra uma galera de colégio que tinha 17, 16, 18 e também num cursinho pré-vestibular onde tinham alunos de 18, 20, 24, 25 e eu tinha 21, então como uma estratégia de posicionamento eu andava muito de camisa social de manga longa dobradinha até o cotovelo pra mostrar um ar ali de “eu sou o professor, você que usa uniforme ou camiseta é aluno, tá?”, sim esse era o meu raciocínio quando eu tinha os meu 22, 24, 26, 28, 30 anos e aí eu também tenho um cabelo hoje que é um cabelo mais black, crespão, e aí tem várias explicações na coisa do cabelo, nunca tive vergonha necessariamente do cabelo, cabelo era só uma coisa mais de praticidade, cabelo curtinho então sempre passei máquina no cabelo, zerava o corte de cabelo então meu cabelo sempre foi muito baixinho e aí fiquei com esse tipo de cabelo e vestimenta por dizer aí uns 15 à 18 anos, foi quando eu pedi demissão de um colégio que era uma estrutura que me ensinou que o poder tava muito ligado à forma como você fala, tava muito ligado à forma como você se veste, então eu andava com pessoas que pensavam assim, eu fui estimulado pelo sistema a ser assim, eu perdi meu pai, ele faleceu quando eu tinha 24 e minha mãe quando eu tinha 27, e eu acabei Henrique abraçando muito a causa do trabalho pra me ancorar, usando um vocábulo aí bem forte da psicologia, pra eu perceber “Tá, agora eu tô sozinho no mundo, e quem eu sou? Porra, eu sou o trabalho”, e eu mergulhei de cabeça no trabalho pra poder então ter o meu significado, dentro dessa viagem toda que eu contei anteriormente sobre um processo meu de autoconhecimento, eu vi “Peraí, eu não preciso necessariamente deste conceito de trabalho pra ser feliz, eu posso ser feliz sendo eu”, e aí começou toda uma trajetória de mudança. A começar um aqui de novo muito bobo mas você reparou algo bem sintomático que é significativo, quando eu pedi demissão do colégio e fui pra um novo trabalho, o novo trabalho disse “Olha, primeiro, aqui não tem hora pra você trabalhar”, “Como assim?”, “Não tem que marcar ponto, se você vai trabalhar mais ou menos tal dia, se você vai trabalhar de madrugada é você quem decide, aqui é liberdade. E a vestimenta aqui da galera é bermuda, chinelo, camiseta, boné”, era tudo que eu buscava, eu tava buscando essa mudança então esse novo trabalho, minha primeira demissão pro meu segundo emprego, meu segundo trabalho foi fundamental pra eu rever novos conceitos, “Peraí, eu tenho que respeitar quem fala errado, porque que eu que sou professor de gramática, eu fui professor de gramática por muito tempo, só posso considerar quem fala bonitinho bonitão, peraí”, e eu comecei a conviver com outro público, outras pessoas e me comunicar com outro público alvo e me dirigir na rotina com outros tipo de companheiros, e aí Henrique isso tudo foi contribuindo pra chegar à hoje, então à dois anos, eu tô em 2020, de 2018 pra cá, do nada vendo televisão, vendo programas, vendo artistas, “Pô, tá na hora de deixar meu cabelo crescer para fazer um teste”, e aí o primeiro impacto visual hoje é um blackzão que eu deixei crescer e aí realmente de dois anos pra cá eu me desconfigurei daquilo que eu era, então não tem mais uma camisa social no meu armário, acho que pra não falar que eu tô mentindo tem duas, pra vai que, eu já passei por essas situações, eu só posso entrar num lugar se estiver de camisa social, eu tenho duas e nem sei se estão cabendo por causa da quarentena, nem calça eu tô usando, muito menos camisa social, eu não uso mais sapato só uso tênis, eu antigamente andava de boné virado pra trás passando máquina zero no cabelo deixei de ter boné porque hoje eu tenho muito orgulho de ter um lindo black e faço questão de mostrar porque eu tive raízes pretas na minha família, minha mãe era preta, minha tia que tá viva hoje é de raiz preta então tenho muito orgulho e acho que essa forma do meu visual hoje também tá muito associada a um empoderamento, o empoderamento de quem eu me tornei, de quem eu vi, de onde eu vim e aonde eu acabei chegando e muito orgulho dessa minha trajetória, mas muito legal você ter percebido isso porque de fato isso também se manifesta Henrique na forma hoje do meu linguajar, eu sou um cara hoje por exemplo, que como eu dei muita aula de gramática, ensinando o que é uma oração subordinada, o que é crase onde bota a vírgula certa, vou fazer uma observação, continuo achando isso mega importante, é mega importante saber escrever mas eu naõ posso desconsiderar e tratar mal e excluir quem escreve uma letra ou uma palavra errado quem escreve uma vírgula uma crase errada, é o tal do preconceito que a gente tem aí sexual, de gênero, preconceito social, preconceito religioso e existe o preconceito linguístico, então eu sou um cara hoje que defendo muito o conceito da liberdade em todos os sentidos, um deles é o jeito de se falar, jeito de se vestir, jeito de se comunicar e aí eu deixei muito de ter um pensamento old school e passei a ter um pensamento muito new school e de mais defesa desses conceitos aí sem tanta norma, sendo um pouco mais natural. Tem um cara que eu admiro bastante e me inspira em muita coisa que ele lê e fala que é o Murilo Gun, foi ele inclusive que me indicou o livro “Os Quatro Compromissos”, eu vi em rede social ele falando, e ele defende muito essa máxima da diferença entre o normal e o natural, então hoje eu busco muito mais uma vida de naturalidade do que de normalidade porque o que é normal pra você e o que é normal pra mim o que é normal pro outro, quando na verdade normal tá muito associado à norma e norma é regra e eu vivi muitos anos por regras, então hoje eu tô me permitindo, e aí é que tá, não é que eu não queira regras ou não defendo as regras, mas viver uma vida um pouco mais livre e mais natural, acho que é isso.
Henrique de Moraes – Cara, sensacional seu depoimento, que bom que eu perguntei sobre isso e que bom que você resolveu colocar essa cabeleira pro alto cara porque ficou muito maneiro
Eduardo Valladares – Obrigado, obrigado, não é o primeiro que fala, muita gente diz isso, é legal gostei muito dessa pergunta ela foi super espontânea porque Henrique eu tenho recebido muito feedback de várias pessoas comentando isso “Cara, não dá nem pra acreditar que você era aquele cara, você não tinha nada a ver com aquele perfil, você é isso aí”, então eu fiz essa jogada da palavra natural e normal porque de fato eu consigo me expressar muito melhor hoje por meio dessa minha naturalidade do que aquela minha normalidade, é isso.
Henrique de Moraes – Perfeito. Você sentiu que depois que você assumiu essa naturalidade, você sentiu alguma diferença na sua autoestima assim, como você se comporta de alguma forma?
Eduardo Valladares – Demais demais, inclusive autoestima é uma palavra muito importante hoje na minha vida porque ela começou comigo mas é o que o bato muito na tecla né, eu tenho uma frase, tá até na minha descrição lá no Instagram que eu digo que “eu mudo a forma como as pessoas enxergam as suas habilidades”, isso começou comigo, eu mudei a forma como eu me enxergo, então hoje eu tento fazer um pouco de um exercício com quem se interessa, claro, o que aconteceu comigo se não pode acontecer com algumas pessoas, quem tá disposto, disposta a passar por isso, então te respondendo objetivamente sim, eu sinto hoje minha auto estima super elevada em amplos aspectos porque eu consigo ser muito mais eu, desprovido de instituições, família, religião, trabalho dizendo como que eu devo me portar e atuar. Eu só quero deixar uma coisa muito clara Henrique, que eu não sou nenhum também avesso à sistemas não, não é nada disso, é só um conceito muito pessoal de que hoje sim eu posso ter o cabelo que eu quiser, hoje sim eu posso usar a calça jeans que eu bem entender, hoje sim eu posso ouvir um tipo de música que eu bem entender e isso tudo tá linkado à trajetória que eu acabei de descrever nesse nosso papo até aqui, então realmente eu não era esse cara que tinha uma auto estima super elevada como eu tenho agora, e com certeza isso tem a ver com esse processo aí de, vamos colocar 7, 8 anos pra cá, é isso.
Henrique de Moraes – Perfeito. Cara, muito legal, espero que inspire mais gente assim, porque eu tenho a sensação especialmente para os homens por mais que isso soe tão antigo né de falar assim parece uma coisa tão sei lá, enfim, machista e tão boba porque acho que a gente mudou muito o mundo mudou tanto mas eu ainda vejo pessoas com vergonha de assumirem que elas tem vaidade sabe, e é tão importante. Outro dia eu tava ouvindo um podcast com o CEO da Disney e ele falou no podcast a importância que tem a vaidade na vida dele porque ele falou que se ele não se cuida, se ele não se sente bem com ele mesmo isso vai afetar também a forma como ele lida com os outros, como ele negocia, como ele se sente confiante para fazer, realizar as coisas que tem que realizar, então influencia na vida dela inteira, e é lógico que vai ter gente que isso não vai fazer tanta diferença mas o problema são as pessoas que se importam e fingem não se importar ela exatamente porque tem aí todo esse dogma, a domesticação, ou os amigos vão falar alguma coisa, tem toda a sociedade em volta aí e as coisas que a gente já conhece, mas cara vamos mudar um pouquinho de assunto aqui, entrar um pouquinho no que você já fez assim na sua carreira, na sua trajetória, especialmente no seu projeto de vida assim que pelo menos eu enxerguei como sendo o seu propósito. Você quando saiu lá da escola né e foi pra essa escola digital aí, você criou uma disciplina chamada guia do estudo perfeito, e o seu livro se chama “Como Aprender Melhor”, que eu li inclusive, e ele é repleto de estratégias super práticas né pros alunos aplicarem nas vidas e eu queria entender assim, vou fazer uma pergunta bem prática também nesse sentido já que a gente falou de praticidade agora, para você quais são as habilidades mais importante que um aluno precisa desenvolver hoje em dia?
Eduardo Valladares – Legal. Bom, saber ser sozinho, num sentido de autonomia, saber ser independente, claro que a pergunta é genérica à alunos, então dependendo de uma certa idade mas eu penso que um dos papéis da escola e do professor não é criar uma muleta, o que é essa metáfora essa imagem que eu to criando? Eu vejo que a escola, os professores não ensinam o aluno que ele saiba lidar sozinho com as situações, ele tem sempre que perguntar “Como é que eu faço isso? Como eu respondo? E isso aqui, onde é que eu acho? Como é que eu respondo essa parada aqui?”, isso vai do ensino fundamental, que vai pro ensino médio e que entra na universidade e o cara tá lá com seus 20, 25 anos e ele não sabe lidar sozinho. Um exemplo, ele não sabe fazer uma boa gestão do tempo dele (é difícil pra cacete fazer uma boa gestão do tempo) mas ninguém discute isso e você se ferra porque lá pros seus 24, 25 anos você tem que fazer estágio, tem que estudar, tem que dar atenção pros amigos, tem que dar atenção pra família e quando é que você faz isso? Porque ninguém te ensinou a ter uma agenda, ninguém te ensinou a montar um cronograma, quais são as prioridades o que deveria vir antes e o que pode vir depois, o que que é top heavy, que é uma das estratégias aí que a gente ensina, o que é uma Matriz de Eisenhower, que é matriz famosona aí de gestão de atividades e tarefas, e escola não ensina isso, a gente aprende isso se entrar no mundo do empreendedorismo, se começar a ler uns livros diferentes, mas porque isso não se ensina quando o jovem tem 10, 12, 14, 18 anos, a gente tem que esperar fazer 25 entrar numa livraria e estar escrito lá “Como melhorar o domínio do seu tempo” e aí você compra o livro e aprende isso, então assim essas habilidades que eu defendo são autonomia, criatividade, e criatividade aqui Henrique não é ser original, inovador, criativo no sentido de invenção, é criativo no sentido de resolver problema, parar de tudo perguntar pro outro, pô entra no Google e descobre, pesquisa, vai lá ver nas redes sociais como é que as pessoas estão fazendo, aí caso você ainda tenha dúvidas venha me perguntar mas com 3 modelos já “Professor, dei uma pesquisada aqui no conceito tal, aí eu vi que fulano defende assim, ciclano defende desse jeito e tem uma terceira visão, como é que você acha aqui que eu posso”, aí sim é diferente então criatividade, autonomia, colaboração, saber lidar com opiniões diferentes, como ouvir, sentar e falar “É, não era bem isso que eu pensava não, é diferente, o cara tem aqui uma opinião diferente da minha”, então de novo, a colaboração, a autonomia, a criatividade, e tem uma habilidade aí que eu acho que é mais do campo emocional, menos prático assim, que é a coisa da confiança ou então da autoconfiança, no sentido de você aprender a ser você mais, você saber quem você é, saber ter um pouco mais de confiança em si mesmo, o que eu acho que tá de novo associado aquela palavrinha ainda pouco que a gente citou da autoestima então quando eu ensino um aluno a errar, eu penso que ele desenvolve melhor a autoestima e penso que assim ele desenvolve melhor a autoconfiança, ele passa a saber mais como é que ele é, quem ele é e por aí vai, então são essas as principais habilidades que hoje eu destacaria.
Henrique de Moraes – Perfeito, eu acho que na verdade eu fiquei bem encantado cara com essa sua missão acho que eu não conheci até hoje pelo menos eu né, um professor que tivesse essa visão assim sabe de olhar pra todos os pontos e não ficar só enfiando matéria ali pra dentro do aluno mas fazer com que ele tenha pensamento crítico que ele aprenda a se autogerir porque na verdade é isso que ele vai pesquisar quando ele for para o mercado de trabalho inclusive né, especialmente hoje em dia e eu acho que isso inclusive deveria ser ensinado dentro das empresas acho que todos os gestores tinham que colocar isso cara, sei lá, mensalmente pelo menos ali alguém ensinando todo mundo a gerir seu próprio tempo a ser autossuficiente, enfim, guiar essas dinâmicas. Eu sou empreendedor, eu tenho a minha própria agência e eu vejo que esse é o maior desafio sabe, que as pessoas elas ainda entram muito dependentes de uma ordem, de uma organização que venha top down né, de um gestor que vai falar assim “Faz isso, faz aquilo, faz aquilo outro”, e elas dizem que elas não querem isso mas elas também não se colocam numa posição de sozinhas buscarem soluções, talvez por medo, talvez por tradição, pela cultura que a gente tem, lógico que tem muita coisa enraizada aí eu não vou botar a culpa nas pessoas que estão começando no mercado de trabalho porque é muito injusto até porque tem vários outros fatores aí que influenciam, mas ainda assim eu acho que você buscar ser uma pessoa que resolve problemas como você falou né, criativa nesse sentido de olhar e falar beleza o meu gestor, meu gerente, meu chefe seja quem for ele tá aqui em outras coisas na cabeça e essa aqui é minha função essa aqui é minha responsabilidade eu vou resolver nem que eu chegue como você falou com algumas soluções possíveis e decidir qual que é melhor né, e assumir riscos também né, que é uma coisa que as pessoas não estão acostumadas, elas acham que a responsabilidade, quem tem que assumir o risco é o chefe e não é, você tem que assumir risco também e eu acho muito nobre essa sua missão de colocar isso nos seus alunos né e passar isso pro mundo na verdade porque hoje em dia você já tá passando para muito mais gente tá indo muito além dos seus alunos. Bom mas dito isso, eu queria puxar uma coisa aqui importante. Você é um cara que gera conteúdo, dá aula, é autor, participa de podcasts como o meu, dá várias entrevistas enfim, imagino que tenha várias outras atividades, fora a vida social né, e cara isso requer uma disciplina e uma autogestão que é exatamente tudo que você prega, muito grande, o que é bom que assim mostra que você tá fazendo o que você prega, não tá só jogando falando, cuspindo falando “Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”, essa velha expressão, mas eu queria entender assim como que você faz pra gerir isso tudo, então assim a primeira pergunta, como você organiza seu dia?
Eduardo Valladares – Tá, vamos lá. Muito boa de novo, as perguntas eu tô adorando, tô gostando muito de participar desse podcast com você Henrique, muito obrigado
Henrique de Moraes – Pô que bom cara, vindo de você é um elogio e tanto
Eduardo Valladares – Não é, tô me sentindo super confortável, tô num espírito muito agradável. Primeiro que não, eu não tenho um gabarito, eu não tenho uma resposta pronta, eu não gosto de ser colocado num patamar de referência sem que na prática eu não erre, mas eu tenho sugestões sim, não tô fugindo do elogio inclusive que você me deu ainda a pouco, de fato eu ensino alunos, jovens, adultos a gerenciar melhor, a ter uma boa gestão da sua agenda, rotina e tal, mas nem toda semana eu termino 100% ok com tudo que eu tinha pra entregar, nem todo dia eu fecho meu computador, meu celular, minha agenda e falo “Nossa, cumpri tudo o que eu queria”, não, hoje inclusive segunda-feira tá sendo um dia cheio de atividades mas eu tô terminando o dia hoje relativamente incomodado, frustrado porque uma das coisas que eu tinha planejado executar eu não terminei de executar vou ter terminar amanhã cedinho, vou até acordar um pouco mais cedo por causa disso, mas aproveitando a deixa, assim que eu faço, eu tento fazer uma organização semanal, então eu já tenho mais ou menos uma rotina pré-estabelecida eu já sei mais ou menos o que eu faço todas as segundas, todas as terças, todas as sextas, todos os sábados, e aí eu deixo coisas pré-agendadas, e aí eu bloqueio minha agenda, eu uso muito o aplicativo do Gmail o Google Calendar, já usei outros mas hoje é mais cômodo porque eu associo meus compromissos de e mail à essa agenda, então eu bloqueio determinados horário que eu não posso assumir compromissos, “esse horário eu tenho que fazer tal coisa”, então eu tento ser bastante respeitoso com as “obrigações”, com os compromissos, e aí eu separo muito na minha agenda obrigações e compromissos pessoais, obrigações e compromissos profissionais, atualmente na minha rotina toda terça é o dia da semana que eu dou aulas na plataforma digital onde eu atuo, que por conta do contexto da quarentena eu tô fazendo tudo no meu escritório da minha casa onde eu tô agora gravando com você, mas em outras situações terça feira era o dia que eu tinha que sair mais cedo de casa, tomar café mais cedo pra poder fugir do trânsito, pra poder chegar no local onde eu gravo, é um estúdio de aulas online que é numa outra cidade distante da minha, eu moro numa cidade no Rio de Janeiro chamada Niterói
Henrique de Moraes – Você é meu vizinho cara
Eduardo Valladares – Exatamente, nós somos vizinhos, isso mesmo
Henrique de Moraes – Pô não sabia, legal
Eduardo Valladares – Somos vizinhos cara, e eu trabalho na Barra da Tijuca toda terça feira, então eu dirijo 40 km pra ir e 40 km pra voltar então requer outro tipo de rotina, é o dia que eu não tomo café muito demorado, acordo mais cedo tomo meu café e saio logo de casa pra fugir do trânsito. Mas dito isso, o que eu tô querendo levar em consideração aqui são as peculiaridades né, não adianta eu estar falando isso aqui se eu tô conversando com uma mãe que tem 3 filhos, eu não tenho filhos hoje ainda, não adianta se eu tô conversando aqui com um jovem que tá ouvindo de 17 anos que tem uma outra estrutura, mas acho que tem que, até quando eu dou aula eu falo muito isso, quando você olha pra sua agenda você tem que separar, o que é difícil, compromissos de trabalho, compromissos de estudo, compromissos sociais, tem que ter compromisso social, eu sou casado por exemplo, pô não vou tomar cfé da manhã ou almoçar ou jantar nenhum dia com a minha esposa? Claro que vou, vou separar pra estar com ela eu vivo dentro da mesma casa que ela ora bolas, mas tem dia que não dá, talvez o dia até inclusive que eu preciso sair mais cedo de casa pra me deslocar ela dorme até um pouquinho mais tarde ou então tem dia que ela dorme mais cedo e eu tô dormindo mais tarde, enfim, eu acho que separar as obrigações, com quem você quer estar, o seu tempo livre, é um tempo que é só meu Henrique, ninguém se mete nele nem minha esposa nem meu trabalho, nem família nem amigos, é meu, eu boto muito lá por exemplo quando eu acordo, eu costumo acordar 6:30, 7 da manhã, faço meditação, às vezes ouço podcast pra começar a engrenar o dia, tomo um café e aí começo a trabalhar, leio notícias, gosto muito de assinar newsletter de várias pessoas, então tal dia eu leio newsletter de fulano, outro dia eu leio um jornal tal, eu preciso me manter informado então assim, a minha rotina ela é de fato sim muito bem distribuída, agora tem uma coisa que eu queria deixar como um conselho, sugestão, eu refaço muito a minha agenda de um dia pro outro, então tipo hoje segunda feira é o dia que eu tô gravando esse podcast, tem coisa que eu vou ajustar pra minha agenda amanhã porque eu não dei conta de tudo hoje e vou jogar pra amanhã. Será que amanhã eu vou conseguir concluir tudo? Tomara, se não der vou jogar pra quarta, ok, se não der quarta porque já tá lotado, vou jogar pra quinta mas eu vou sempre ajustando, sempre aprendendo e aí o conselho que eu quero dar além desse, de você montar sua agenda uma vez na semana, geralmente eu monto no domingo, já sei o que vai acontecer, e vou ajustando a cada dia, essa é a primeira lição/conselho, a segunda é, não assuma tantas coisas no mesmo dia, isso é ruim, a gente não é super-herói, robô, então dá uma olhada ali, seja sincero com você, você vai dar conta mesmo de 12 coisas nesse dia? Por isso que quando a gente bate na cama pra dormir não consegue, porque às vezes tá tão hiperativo ainda que não conseguiu desligar então eu penso, coloca ali 6 atividades, 8 atividades ou pões só 5, no outro dia tá bom, tiveram que ser 10 então no outro dia põe só 4, vai gerenciando suas tarefas pra você também assumir que você tem que ter um tempo livre, olhar pro pôr-do-sol, ver o sol nascer, pegar um fonezinho de ouvido, pegar o celular e fica 10 minutinhos ouvindo uma música, porque você fica ali sempre 4, 5 horas sentado ali no computador, não rola, não funciona, tem uma hora que o seu cérebro dá uma sabe, então sim Henrique eu tenho uma rotina eu monto minha agenda desse estilo, vou ajustando sempre, boto lá quais são as prioridades e por último comentário eu sempre tenho em mente também qual é a minha principal obrigação de cada dia, qual é a tarefa número 1, tudo que vem depois é secundário é não prioridade, se der pra terminar aquela ação número 1 que é mais importante ok, o resto vem depois, e eu vou funcionando nesse esquema
Henrique de Moraes – Perfeito. Essa é o mesmo esquema meu cara, olhar qual é a tarefa mais importante do dia, se eu terminar aquela tarefa ali eu vou me sentir bem ao longo do dia e geralmente é que causa mais ansiedade e é a que a gente mais procrastina, tá tudo conectado então assim, sempre tento começar também com mais importante que aí depois ou as outras vão ser mais fáceis ou então vou estar mais leve assim e posso dar uma pausa e depois volto para elas mas é importante realmente você selecionar qual é a prioridade e eu tento uma coisa que eu tenho tentado fazer, isso comecei a pouco tempo mas é já no domingo ou na segunda de manhã, não consigo fazer no domingo pra falar a verdade, a regra manda que no domingo mas eu faço segunda de manhã que é já elencar todas as prioridade da semana, porque por mais que mude né, porque vai mudar isso acontece é normal isso que você falou de nem sempre conseguir terminar tudo cara é super normal e a gente tem que aprender a lidar com isso não e ficar frustrado o tempo inteiro que aí é pior né, mas é já elencar todas as prioridades deixa a minha agenda muito mais clara, então eu já sei assim “Beleza, então eu tenho que reservar 2 horas pra isso aqui tal dia, 1 hora e meia pra isso aqui tal dia, 3 horas pra isso aqui tal dia” e o resto eu vou botando ali entre antes ou depois, qualquer coisa assim.
Eduardo Valladares – Eu também acho, só pra complementar aí com o que você falou depois, tudo Henrique é estratégia, então eu tenho as minhas, você tem as suas e você vai testando, então quem tá ouvindo esse podcast agora deve estar ouvindo uns conselhos, testa, vê se funciona com você e cria você a sua estratégia que vai ficar melhor dentro da sua rotina, acho que é isso.
Henrique de Moraes – Perfeito, e pesquisar né, tem tanto livro que fala sobre isso, tanto podcast que fala sobre isso, sobre produtividade e acho que é isso que você falou, é ver todas as opções e testa até ajustar e eu faço isso, eu pego emprestado um pouquinho de um, um pouquinho de outro e fiz a minha própria.
Eduardo Valladares – Vou até deixar aqui uma recomendação, uma sugestão de um livro que é bem legal sobre esse assunto, tem vários, mas um interessante que eu acho que li há uns 2 anos se chama “A Tríade Do Tempo”
Henrique de Moraes – Cara eu baixei hoje
Eduardo Valladares – Que coincidência cara, Christian Barbosa, é um cara aí muito visto com um grande mestre de produtividade, bem legal esse livro “A Tríade Do Tempo”, ele é muito bom, vale a pena.
Henrique de Moraes – Boa, vou começar a ler, eu baixei hoje e daqui a pouco vou dar uma oportunidade pra ele então. Deixa eu te fazer uma pergunta cara, você teve a coragem talvez num período onde o ensino à distância talvez não fosse uma coisa tão comum como é hoje em dia, você se arriscou, fez essa mudança na sua vida só que rolou essa mudança nos últimos 4 meses aí e que todo mundo se viu com a única opção sendo ensino à distância e como você já está nisso há bastante tempo, enfim, eu queria entender assim, não vou nem te perguntar vantagem desvantagem porque acho que todo mundo já tá cansado de saber já tem muito material sobre isso, o eu queria entender é se você enxerga as mudanças que a gente está passando hoje, com todo esse “novo normal” aí que já virou um termo super batido mas que é de fato uma verdade, se você acha que os impactos que a gente tá sentindo e as mudanças que estão acontecendo vão ser perenes, ou você acha que quando as coisas voltarem ao normal as pessoas vão voltar ao normal, os cursos vão esquecer tudo que aconteceu né, as instituições de ensino vão esquecer e começar a voltar a querer habitar os espaços que eles já pagam e tentar otimizar ali lucro ao invés de otimizar tempo dos alunos ou otimizar o ensino, como é que você acha que vai ficar isso depois que isso tudo passar?
Eduardo Valladares – Perfeito. Bom, primeiro que a pergunta é uma pergunta difícil né, eu não tenho essa capacidade também de prever tão bem, é óbvio que é um chute, uma ideia, do que eu vejo, eu também não convivo assim com todos os ambientes diferentes né a gente precisa levar sempre em consideração essa coisa de contexto né, tudo que me perguntam ou quando eu dou orientação pras pessoas é contexto, visão de mundo, vai ser igual ou diferente pra quem? Que tipo de público é esse? Mas assim, de uma forma bem grosseira e geralzona, a crise ela é tão forte, não está sendo uma crise de 20 dias, 1 mês, não tá sendo uma crise financeira, tá sendo uma crise que pessoas estão morrendo, eu mesmo tive COVID, tô agora na terceira semana após minha recuperação, então claro que todo mundo vai sair diferente em todos os aspectos, novos conceitos de trabalho, de relação empregatícia, novas relações entre as pessoas como um todo sobre o poder do abraço, o valor de um beijo, a presença nos eventos, mas não acho necessariamente que vai haver uma mudança tão forte em amplos aspectos, porque? Eu desconfio que o ser humano ainda é muito resistente ao novo, ele tem uma grande dificuldade em lidar com o novo, então já que a pergunta foi específica sobre educação à distância, então vamos falar um pouco disso. Professores tem uma grande dificuldade com o novo, eu posso falar porque sou professor, eu lido com professores, então Henrique assim eu vejo que vai ter uma parcela que é uma junção de uma galera mais jovem, mais ousada, mais curiosa que tá querendo mudanças, o que vai provocar de repente um grupo mais adulto, que seria essa segunda parcela, “É, tenho que mudar, essa crise realmente foi a gota d’água, eu achei que ficaria anos sem ter que dar aula on-line mas agora eu vou ter que aprender mesmo, eu achei que eu não precisaria fazer uma live no Instagram mas agora eu fui obrigado a botar minha cara ali pra aparecer pra todo mundo ver” e aí você teve que mudar,então acho isso, no que diz respeito à educação à distância eu penso que sim, nós vamo ter uma mudança, mudança comportamental, uma mudança no sentido de professores vão ter que se adaptar, alunos vão ter que se adaptar porque a gente também ainda tem muito aluno ligado numa estrutura formal e conservadora de aprendizagem e muitos deles vão ter que se adaptar, eu acredito que a palavra né, que não é a palavra do Corona, do COVID não, a palavra é a palavra que o LinkedIn inclusive traz num documento sobre uma habilidade que devemos ter para entrar no mercado de trabalho que é a adaptabilidade, então ou você se adapta ou o sistema te engole, é isso, então claro que com as suas ressalvas aqui, mas eu penso desse jeito acho que a gente vai ter que sair diferente sim dessa crise, só que em diferentes níveis e em diferentes até momentos, eu não acho que a gente vai voltar ao normal em setembro, outubro, e a gente já é uma nova pessoa, a sociedade é diferente, não, é um processo, eu chutaria que lá pra 2025 a gente tá respirando consequências deste momento, por exemplo, acho até que botei isso nas minhas redes sociais, o Twitter que é uma grande rede social, o Facebook que é uma grande rede social, revendo conceitos de modelo de trabalho, já tem donos de negócios revendo pra que escritórios se todo mundo pode trabalhar de casa? Vou manter um escritório que eu vou alugar quando precisar, faço ali uma reunião, faço um encontrão da galera uma vez ao mês, uma vez a cada dois meses, eu vou botar a galera mesmo trabalhando de casa, estruturo a galera na sua casa pra trabalhar melhor. Enfim, eu acho que daqui a uns 5 anos Henrique a gente respira algumas mudanças dessa época de agora.
Henrique de Moraes – Concordo com você, acho que aos poucos a gente vai começar a sentir na verdade né, não vai ser tão evidente quando acabar, a gente vai começar a perceber isso daqui a um tempo mesmo, os efeitos do que aconteceu né. Deixa eu te fazer uma pergunta, se você pudesse voltar pro seu eu de 10, 15 anos atrás, e aí pode ser uma outra época também, não precisa ser 10, 15 anos, pode ser uma época de transição, acho que é importante isso, o que você diria para ele ter mais calma?
Eduardo Valladares – Peraí, se eu pudesse falar com o meu eu de 15 anos atrás
Henrique de Moraes – Isso, no que você diria pra ele ter mais calma, um pouco mais de calma, não se cobrar tanto talvez ou não esperar resultados tão imediatos, não se estressar tanto
Eduardo Valladares – Tá, eu diria pra eu ter mais calma no que diz respeito à cobrança, eu acho que hoje eu com 42, há 15 anos quando eu estava com os meus 27, foi justamente a idade com que minha mãe faleceu, eu acho que eu cobrei muito assim ser adulto e ter um resultado já eficiente pra responder aquela minha colocação lá do início do episódio falando sobre a minha vida adulta, então eu diria que não esperar resultados tão imediatos, tudo tem seu tempo, tudo tem sua hora, espera cada dia, cada momento, faz sua parte que os resultados vem eu penso que eu sempre fui muito ansioso, sempre fui muito acelerado no resultado, acho que isso.
Henrique de Moraes – Perfeito, somos dois. E me fala assim até 3 livros que mais impactaram a sua vida
Eduardo Valladares – Ah legal, adoro esse tipo de pergunta. Vamos lá Henrique, 3 livros que impactaram a minha vida, o primeiro deles, Brené Brown é a autora, “A Coragem de Ser Imperfeito”, indico esse livro pra todo mundo o tempo todo, segundo livro que me impactou muito eu diria que é o “Vai lá e faz” do Tiago Mattos, que é um baita empreendedor,e um terceiro livro aí eu vou mudar o enfoque pra ser vem assim diferente, é um livro sobre escolha de vida, sobre carreira, sobre a coisa de segurança e paixão, que é de uma designer, o livro é bem interessante, tem uns desenhos umas ilustrações então pra quem não gosta daquele livro muito chatão só texto, é um livro legal que se chama “Eu sou as escolhas que faço”, esse livro é da Elle Luna, é um livro bem interessante, bem rápido de se ler, agora a gente acabou dando a dica lá no início do episódio de um livro que eu consideraria aí, um livro que eu tenho na minha cabeceira, leio ele uma vez ao ano que é “Os Quatro Compromissos”, todo mundo precisa conhecer e ler esse material também.
Henrique de Moraes – Boa, perfeito. Quem é a pessoa que você mais admira e porque, e aí nesse caso você pode falar cara de qualquer pessoa, não precisa ser uma pessoa famosa, na mídia, pode ser mas também não precisa ser.
Eduardo Valladares – É difícil escolher uma, porque realmente a gente tem várias áreas, como eu quero dar uma resposta aqui que seja mais ampla eu vou ser bem político e romântico, eu indicaria por exemplo em algum momento da minha vida a Brené Brown, que foi essa autora que eu acabei de indicar o livro, ela foi muito minha admiração, eu tava fazendo uma transição de carreira, já li todos os livros dela, continuo hoje acompanhando semanalmente o que ela posta, o que ela escreve, é uma grande inspiração, agora como a pergunta é admiração é a minha esposa, é uma pessoa, como você antes não fez nenhuma observação se não podia, vou falar minha esposa porque, muitos obviamente aqui não conhecem, mas é uma pessoa que consegue lidar com as situações levando sempre o aspecto da emoção em primeiro lugar, e eu aprendi tardiamente sobre a importância de se ouvir as batidas do seu coração, e eu admiro muito a minha esposa porque a minha esposa ela fala com os olhos, com a expressividade que é muito genuína, então quem é a pessoa que eu mais admiro? É a pessoa com quem eu durmo, com quem eu me relaciono todos os dias e porque, porque ela me ensina bastante sobre o poder das emoções, o poder das relações, o poder do sentimento, da transparência, e é uma pessoa de visão muito clara sobre as coisas últimas, e por último acho que a palavra que mais me destaca nessa minha admiração minha por ela, pra sustentar o porque é a sensibilidade, então admiro muito minha esposa por esse aspecto de ela ser sensível, captar o que às vezes eu não consigo perceber, então é uma admiração por conta desse aspecto que eu acho que falta em muita gente e no mundo, a coisa da sensibilidade, acho que é isso
Henrique de Moraes – Legal cara, e você falou sobre ouvir seu coração, você tem alguma prática assim que você faça de fato disso ou você fala num sentido mais emocional da coisa?
Eduardo Valladares – Toda vez que eu tenho que tomar uma decisão, e pode ser a decisão de comprar um carro, mudar de emprego, casar ou qualquer decisão, eu aprendi a ouvir a voz do coração, e essa prática é muito pela pela intuição, e essa coisa da intuição vem muito pela meditação, então eu penso que você tá mais centrado em você mesmo e não ouvir tantos ruídos à sua volta, ouvir mais o que você tá querendo dizer é a grande chave, então a minha grande parada é a capacidade de me concentrar em mim mesmo pra eu conseguir então ouvir as batidas do meu coração, é isso.
Henrique de Moraes – Você tem algum conselho assim que você recebeu ao longo da sua vida aí que você guarde para sempre tipo o melhor conselho que você já recebeu e aí não precisa ser de uma pessoa tá, pode ser de repente uma frase que você leu, sei lá, que você tenha ouvido em algum podcast, alguma coisa assim. entendeu salão você tem ouvido podcast alguma coisa assim, que também vale como conselho né? Você pode encarar da seguinte forma também, você pode botar como alguma frase que mudou a sua vida
Eduardo Valladares – Não, eu tenho as duas respostas, eu posso dar as duas respostas?
Henrique de Moraes – Claro pô, à vontade, quanto mais melhor
Eduardo Valladares – Tá bom, eu penso que a coisa do conselho não vou dizer necessariamente de onde veio assim especificamente, mas é a coisa do erro. Eu como educador trabalho muito com esse conceito hoje do erro, da aprendizagem em cima do erro, então a frase é o erro é a maior fonte de aprendizado, que não é nem uma frase dita pelo fulano de tal, é uma frase boba, clichê, mas que eu acredito muito nisso no meu dia a dia, nas minhas experiências, eu não tenho medo de errar, porque eu sei que errando eu vou de uma certa maneira aprender algo substancial, então esse é um conselho que eu gostaria que as pessoas treinassem mais e saíssem daquela mentalidade que a gente carrega, que eu disse lá no início do episódio, sobre a coisa de você viver uma ditadura da perfeição, uma ditadura do sucesso, o elogio à qualquer custo, a coisa de você ter sempre que tirar notas boas, ter sempre que mandar bem no trabalho, não , tem dia que não dá, tem momento que não dá, então esse é conselho que eu acho que eu aprendi com a vida e quero passar à frente, no sentido de “Cara, tá tudo bem que não deu certo, tá tudo bem que você errou, amanhã é outro dia, vai surgir uma outra oportunidade de você fazer isso melhor”, acho que é isso. Posso emendar logo na sua outra pergunta sobre o texto?
Henrique de Moraes – Pode à vontade, cara
Eduardo Valladares – Cara, existe uma frase e um texto, queria te pedir a liberdade pra falar dos dois.
Henrique de Moraes – À vontade
Eduardo Valladares – A frase não é bem uma frase, é um poema, é um poema do Fernando Pessoa que foi um autor português e este é o poema da minha vida, inclusive eu tenho no meu podcast esse poema lido por mim, que é pequeno, ele diz assim “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Põe tudo que és no mínimo que fazes, pois assim a lua brilha porque no alto vive”, é mais ou menos isso, é um poema muito bonito e acho que tem um verso que eu pulei que é “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa, Põe tudo que és no mínimo que fazes”, e aí esse poema traduz muito a noção da intensidade né, então qual é a frase ou texto que me significa muito é esse da intensidade, que justamente leva ao que eu disse anteriormente. “Para ser grande, sê inteiro”, eu não tenho medo de errar, eu vou em tudo que eu sou naquilo que eu quero fazer, e aí o texto, eu transformei uma frase num poema, e o texto é o que abre o livro “A Coragem de Ser Imperfeito” que eu indiquei ainda há pouco, que é o discurso que o Theodore Roosevelt fez em 1912 se não me engano, ou 1910 na faculdade de Sorbonne, eu não vou ler agora, vou deixar pra todo mundo aí pesquisar na internet, que é um texto cujo título é “O que significa viver com ousadia?”, e é um texto que mudou a minha vida, 2014 eu li esse texto e falei “É isso”, a ousadia é não ter medo de fracassar, se eu fracassar pelo menos eu ousei na minha tentativa, e é isso, é um pouco da imagem, esse texto traz a imagem que carrega hoje Henrique o meu grande ensinamento pra minha trajetória que é “entrar na arena da vida”, então eu só aceito conselhos de pessoas que estão na arena da vida, isso é legal pra caramba de se falar porque muita tia, muito avô, muita mãe, muito pai, muito professor, muito chefe, muita gente, vizinho, o famoso meter o bedelho onde não é chamado. “Posso te dar um conselho fulano?”, “Diga”, “Não faz esse projeto não, que não tem nada a ver com você”, “Mas primeiro, você trabalha com esse projeto? Você já fez alguma coisa assim? Você já chegou longe com algum projeto assim?”, então pra terminar essa pergunta que é muito boa, acho que esse discurso que eu tô sugerindo que todo mundo procure, só jogar no Google “o que significa viver com ousadia”, vai aparecer esse discurso do Theodore Roosevelt, você vai ver lá no textinho que ela fala muito sobre essa imagem da arena da vida, ele fala muito sobre a coisa de perder o medo pela ousadia, é isso.
Henrique de Moraes – Perfeito, eu não li o livro dela ainda, eu tenho aqui mas enfim tá na lista né, a gente que gosta de ler geralmente tem lista muito grande de leitura, mas eu já um, acho que um discurso da Brené Brown que ela fala sobre esse discurso do Theodore Roosevelt e que tem uma frase que ela fala né tipo acho que todo mérito alguma coisa assim se dá ao homem que está na arena né, com a cara suja, enfim, cara é sensacional, o discurso dela é muito bom também porque ela é sensacional
Eduardo Valladares – Ela fala de um jeito, ela tem o famoso storytelling muito bem treinado e apurado
Henrique de Moraes – Exatamente, eu vi que no seu livro você cita o Tim Ferris inclusive né, e eu recomendo pra quem não tiver dificuldade de ouvir e falar em inglês, tem uma entrevista dela no podcst dele que é sensacional também, ela fala sobre algumas coisas ali assim que mudaram a minha vida e que eu tento implementar com a minha esposa por exemplo que é um, eu até já falei sobre isso aqui no podcast, que ela fala que quando ela chega em casa ela e o marido tem um código, e aí quando um dos dois chega em casa e estava tiver estressada ela fala assim “Ah, eu tô tipo 1, 2”, e ele fala “Não beleza eu consigo suprir aqui os seus oito”, e eles tem que completar 10 sempre, e aí eles têm esse código que é para saber tipo “Cara tô ferrado hoje, você vai ter que segurar as pontas aqui com os filhos, vai ter que dar um jeito aqui, vai ter que ficar mais paciente hoje”, e eles vão tentando sempre se complementar, e aí quando os dois falam assim, “Pô eu to 3”, e o outro fala “eu tô 2”, eles falam “Então vamos sentar aqui e vamos traçar um plano”, eu achei isso sensacional cara porque eu acho que isso vale não só para relacionamentos amorosos né, muito importante para relacionamentos amorosos, que fique claro, mas isso serve inclusive em relacionamentos de trabalho, a gente tem muito pra a gente que a gente precisa estar o tempo inteiro 100%, que a gente não pode mostrar pros outros que a gente tá mal, no trabalho especialmente, e se você, se as pessoas forem mais abertas e mais sinceras de repente você consegue moldar um pouco isso né, e falar assim “Olha gente, hoje eu tô meio estressado, talvez não vá render tanto”, “Pô, me deixa aqui na minha”, “Acho que vou trabalhar de casa hoje”, acho que se as pessoas forem sinceras com elas mesmas e com os outros talvez elas se surpreendam com o resultado da empatia que as pessoas possam vir a ter.
Eduardo Valladares – Com certeza, com certeza
Henrique de Moraes – Deixa eu te fazer então mais uma pergunta, você tem um, tem algum conceito que você tinha no passado que você mudou de opinião nos últimos tempos?
Eduardo Valladares – Um conceito?
Henrique de Moraes – Isso, algum conceito que você tinha assim muito forte pra vocês e que você mudou completamente nos últimos tempos
Eduardo Valladares – Ah tem, tem, Muito bom. O senso de tempo, o conceito de que pessoa ocupada é pessoa produtiva, e também pessoa ocupada é pessoa poderosa né, “Pô, não consigo nunca marcar nada com o Henrique, duas semanas pra falar com o cara mas também o cara trabalha muito né, o cara é fera, o cara faz coisa pra cacete”, tá, mas não dá pra tomar um café, não dá pra falar nunca? Então acho que mudou bastante o conceito do poder do tempo livre, até voltando a referência do Tim Ferris, então eu tento hoje gerenciar bem a minha prática do tempo justamente pra poder ter mais tempo livre até porque a ociosidade faz parte sabe, é legal você estar com tempo livre, é importante você ter tempo livre, é importante você ficar à toa, é importante às vezes você não aceitar falar com todo mundo o tempo todo, porque você tem também que se resguardar e ficar um pouco na sua, então esse é um conceito que tu tinha no passado que eu mudei muito nos últimos 4 anos pra cá
Henrique de Moraes – Perfeito, muito bom, realmente é um negócio que é importante né, o Tim Ferris ele fala sobre isso, que é você falar que tá ocupado na verdade só mostra uma falta de prioridade né, ou você não tá priorizando aquilo ali e você tem que ser honesto e falar que você não tá priorizando ou então você tem assim, sua vida tá completamente errada, mas tem algum hackzinho, algum macete que você aprendeu nos últimos tempos assim que mudou muito a sua vida?
Eduardo Valladares – Olha tem, é bem simples, bem bobo mas acho que ele ajuda muita gente que pelo menos ainda não ouviu falar disso antes, muito ligado à rotina, eu não deixo meu celular com nenhuma notificação aparente, nada pinga na tela, nem no computador, nada nada, no computador para não dizer que não tem e no celular pra dizer que não tem, pingam na tela os meus compromissos, da agenda, só. Nada de notificação de redes sociais, de e-mail, se a gente parar pra analisar eu recebo, tenho hoje 4 emails, dois pessoais e dois profissionais, aí eu tenho rede social, todas, Twitter, Facebook, LinkedIn, Telegram, Instagram, porra vai ficar tudo pingando na tela? Não, não é a rede social ou o email, WhatsApp que vem até mim, eu que vou até eles, então esse é um hackzinho que de repente pode ajudar muita gente no sentido de produtividade até, até pra buscar mais foco, mais concentração, eu utilizo muito isso, eu não deixo perder a atenção, eu foco bastante nessa coisa da gestão da atenção, então nada pode me atrapalhar no que eu tô fazendo agora, por exemplo eu tô aqui na gravaçãoe nada mais extra tá passando perto de mim, eu reservei meu tempo pra fazer tal coisa, e é isso que a gente chama muito de atenção plena, então eu vou parar para almoçar? Eu vou parar para almoçar, pós-almoço eu paro pra mexer no celular 20 minutinhos, aí eu paro, depois pra descansar um tiquinho do almoço, aí eu vou na janela, ouço uma música, ou então fico em silêncio porque eu já tô fazendo muita coisa, é isso sabe, cuidar bastante, até porque estamos num podcast cujo nome é calma!, cuidar bastante dessa coisa da atenção plena.
Henrique de Moraes – Perfeito. Tem mais três perguntinhas aqui, pode ser?
Eduardo Valladares – Perfeito, claro.
Henrique de Moraes – Qual foi o lugar que você mais gostou de conhecer e porque?
Eduardo Valladares – Ah, legal, eu já a não tantos países assim, cidades estrangeiras, claro que podia ser uma cidade brasileira, eu gostei muito de conhecer Paris, uma cidade de fato paradisíaca pelo conjunto assim, não necessariamente um lugar, não foi a Torre Eiffel necessariamente, não foi a igreja de Notre-Dame, não foi um lugar específico e sim o conjunto da obra, o ambiente todo em que eu estava, o momento todo em que eu estava, eu penso muito nisso Henrique, falar sobre o melhor filme que você viu, o melhor livro que você leu, depende muito do teu momento então assim, eu tava num momento muito importante da minha vida, 2018 quando eu conheci Paris, então vou destacar a cidade de paris Pelo contexto em que eu estava, o ambiente em que eu estava, com quem eu estava, isso acabou marcando muito.
Henrique de Moraes – Sim, com certeza acho que o contexto é essencial né pra fazer qualquer coisa marcar, não tem jeito, e você tem algum filme, já que você falou de filme, algum filme ou documentário pra indicar?
Eduardo Valladares – Olha eu não sou muito o cara de indicar filme, até outro dia eu tava parando pra analisar isso, eu gosto de filme, assisto filme, me programo pra ver filme, mas eu tenho algum tipo de memória que registra muito mais livro, música, espetáculos, eventos, shows do que filme, mas ainda assim eu tenho um sim que não é tão antigo, é um filme relativamente recente que é “O Menino que Descobriu o Vento”
Henrique de Moraes – Esse filme tá na minha lista a sei lá, meses
Eduardo Valladares – Cara, você tem que ver amanhã
Henrique de Moraes – Cara, última pergunta aqui e essa pergunta você que conhece o Tim Ferris vai reconhecer porque foi emprestado do programa dele, aliás bastante coisa aqui foi emprestado do programa, mas essa é descaradamente assim, que é se você pudesse ter um outdoor gigante com alguma coisa escrita, algum texto, alguma frase, alguma coisa assim para que milhões de pessoas vissem, o que você diria e por quê?
Eduardo Valladares – Cara eu tenho algumas frases que eu já construí na minha carreira muito ligadas à aprendizado, muito ligado à estudo, educação e tal. Porém, eu vou dar aqui agora a autoria da frase que não é minha, é uma frase de um grande mestre que eu conheci em 2017, fiz um curso com ele em 2018, ele foi o primeiro convidado do meu podcast, um cara que se chama Marcio Libar, convido todo mundo a entrar na internet e entrar no Instagram, ver o trabalho dele. Ele se intitula palhaço, ele é um artista, e ele tem uma frase, então vou replicar a frase do Marcio Libar, se pudesse escrever num outdoor gigantesco eu escreveria essa frase dita pelo Marcio, que ele me ensinou isso que é “Jamais serás quem tu não és”, bom essa frase trabalha muito com o conceito da aceitação, aceita a merda que tu é e viva a vida sabendo o que você é, essa merda que você é, mas reconheça que dentro dessa merda que você é você tem muita potência, você tem muito erro, você tem muito defeito, mas você tem muita potência, por isso que a minha frase de trabalho ela é proveniente desse conceito que o Marcio Libar me ensinou, por isso que a minha frase de trabalho é “Vulnerabilidade é potência”, só que eu acho a do Marcio muito mais bonita então colocaria num outdoor a do Marcio e não essa.
Henrique de Moraes – Muito boa cara, sensacional, e acho que é um lugar maravilhoso para a gente encerrar o bate-papo delicioso que a gente teve cara, aprendi bastante, acho que ela fala muito sobre, porque assim, você nunca vai ser quem você não é, mas também não fique preocupado em ser essa pessoa porque acho esse é o mal do mundo, a gente vive num mundo tão politicamente correto, não é não o mal, ser politicamente correto não é o mal, o mal é as pessoas exigirem e se exigirem estarem por dentro de tudo e conseguirem defender todas as minorias e tudo que elas precisam, que elas acham, ou que enfim, estarem em todos os lugares, serem todas as coisas ao mesmo tempo e eu acho que a ansiedade que a nossa geração tem né vem muito disso, de você ter tanta referência online, que você quer replicar todo mundo e você nunca vai conseguir, então você vai estar sempre ansiosos, você vai estar bem devendo e eu acho que essa frase tem muito a ver com isso, então assim cara, tenta descobrir quem você é, para de ser quem você não é, deixa de lado mesmo, esquece pra sempre e vive a sua verdade, que é o que a gente falou lá no início, voltando agora e fechando o ciclo total
Eduardo Valladares – Exato, exato
Henrique de Moraes – Muito bom cara. Pô Edu, queria mais uma vez te agradecer aqui, antes da gente encerrar na verdade fala para o pessoal onde é que a gente pode te encontrar, quais são as melhores redes
Eduardo Valladares – Primeiro agradecer mais uma vez o convite, fiquei super lisonjeado de passar esse tempo conversando com você, deixar aí a abertura pra todo mundo que acompanhou até aqui e indicar né esse podcast pra outras pessoas se você curtiu, se você gostou, se você aprendeu alguma coisa, indica aí para uma prima, um tio, sua irmã, um amigo, se esposo, sua esposa, pra alguém perto de você que você ache também que vai aprender alguma coisa. Eu tô nas redes sociais bem ativamente, eu trabalho muito com as redes sociais então é fácil me encontrar no Instagram @eduvlld, eu tenho um site eduvlld.com.br, e você pode me encontrar também no LinkedIn não sei qual é a rede social que você mais usa mas eu sou Eduardo Valladares, mas eu também queria indicar que vocês conhecessem o meu trabalho do meu podcast chamado “Open Bar de Pistache” é o nome dele, depois você descobre lá porque o nome dele
Henrique de Moraes – De onde vem esse nome, posso perguntar?
Eduardo Valladares – Open bar é uma expressão que muitos jovens, muita gente usa no sentido de “Hoje eu vou aproveitar aquela festa open bar, tudo liberado”, ou também é um meme né, “Pô gosto muito do Henrique, o Henrique é um cara sincero, é um open bar de verdades”, e o pistache é uma referência metafórica, pistache pra quem não conhece, nunca comeu é uma frutinha seca que vem dentro de uma casca dura, quando você tira a casca a frutinha é bem gostosa do ponto de vista assim, um sorvete, uma torta de pistache é caro né, é algo sofisticado, pistache não é fácil encontrar, não é fácil comprar, então eu criei esse nome porque pistache remete muito à minha história, tudo isso que nós conversamos aqui, a minha trajetória de resiliência de superação, de vitória, eu traduzi nessa referência do pistache porque pra você chegar lá no meio da frutinha seca que é o que tem de bom, tem que ralar muito, e Cascadura é a minha origem, foi o bairro onde eu nasci, então é isso, é um open bar de pistache, porque nesse ambiente eu convido pessoas pra falarem que nem você me convidou aqui da sua história, e lá a gente aprende bastante com “n” histórias, com “n” narrativas e cresce muito com elas, é isso.
Henrique de Moraes – Sensacional cara, muito bom, adorei a explicação. Pô Edu, mais uma vez obrigado, que bom que nosso universo cruzou nossos caminhos literários, nossas leituras estavam alinhadas aí porque cara foi um prazerzaço pesquisar a sua história, conhecer um pouquinho mais a sua trajetória e especialmente bater esse papo aqui contigo que eu espero que seja o primeiro de muitos, espero que a gente consiga marcar outras coisas, a gente está aqui em Niterói né mas eu tô me mudando pra Portugal cara dia 19 agora
Eduardo Valladares – Caramba, rapaz
Henrique de Moraes – Mas eu volto de vez em quando pra visitar e a gente marca aí um bate papo ou qualquer coisa
Eduardo Valladares – Com certeza, foi um prazer enorme participar aqui desse bate papo e desejo aí sucesso pra sua jornada, ainda mais agora que você tá em transição, tá mudando, sucesso enorme pra você, tudo de melhor e vida longa aí pro nosso podcast calma!
Henrique de Moraes – Maravilha cara, Obrigado até a próxima Eduardo Valladares – Até a próxima, um grande abraço pra todo mundo, nóis.