a regra é clara: você precisa estar online o tempo todo! certo? algumas marcas estão dizendo um sonoro não para esse pergunta. especialmente esse ano, vejo surgir uma contracorrente interessante: a de marcas que estão, intencionalmente, criando celulares menos conectados à internet. essa tendência pode parecer contraditória em uma época marcada por avanços tecnológicos e a busca incessante por conexão, mas na verdade, ela reflete uma preocupação crescente com os efeitos do excesso de conectividade em nossas vidas.

as pessoas estão cada vez mais saturadas de notificações, redes sociais e da pressão constante para estarem sempre disponíveis [eu usando esse espaço para fazer uma autocrítica]. é nesse contexto que surgem propostas baseadas em: desacelerar, reduzir as distrações digitais e reconectar-se com o mundo real. vamos trazer aqui 3 desses símbolos de um movimento mais amplo que valoriza a simplicidade, a presença no momento e as interações humanas autênticas

Brahma Phone no Carnaval

em pleno Carnaval, conhecido por sua intensa alegria e também por certos desafios, como a segurança nas ruas, a Ambev inovou ao lançar o Brahma Phone, um celular descartável. diferente dos smartphones convencionais, o Brahma Phone era simples, sem acesso à internet, e projetado para ser usado apenas durante a festa. o foco estava em permitir que os foliões aproveitassem ao máximo a experiência do Carnaval, sem as preocupações com furtos ou com a distração constante das redes sociais. com esse lançamento, a Brahma proporcionou uma maneira prática e segura de se desconectar do mundo digital e mergulhar na energia única do Carnaval, valorizando a diversão e a interação social no mundo físico.

Boring Phone da Heineken

a Heineken lançou esse ano o Boring Phone, um dispositivo que reduz as funcionalidades ao mínimo necessário. esse case é especialmente interessante porque a marca o promoveu como parte de uma campanha que enfatizava a importância de experiências offline. ao retirar os estímulos constantes da internet, o Boring Phone se tornou um facilitador para que as pessoas pudessem curtir momentos autênticos, como um bom papo em um bar com amigos, sem as interrupções que os smartphones tradicionais costumam causar.

Mattel & Nokia: o celular da Barbie

por fim, mas não menos importante, a parceria entre a Mattel e a Nokia que resultou em um celular da Barbie que aposta na simplicidade. enquanto o filme da Barbie foi um fenômeno cultural, a Mattel e a Nokia enxergaram uma oportunidade de oferecer algo além do óbvio. o celular da Barbie, um dispositivo que remete aos primeiros modelos de celular, praticamente desconectado do mundo digital, surge como um símbolo de nostalgia e simplicidade. o objetivo? propor uma pausa no universo hiperconectado, permitindo que os consumidores, principalmente os mais jovens, redescubram o prazer de estar presente no momento, como a própria Barbie faria.

O DESAFIO DO LIXO ELETRÔNICO E ESG

apesar do apelo dessas iniciativas em prol da desconexão e da simplicidade, há um desafio sério que não pode ser ignorado: o impacto ambiental. o descarte rápido desses dispositivos, contribui diretamente para o aumento do lixo eletrônico, que já é um problema crescente no mundo. esses celulares, que são utilizados por curtos períodos e não possuem um ciclo de vida prolongado, acabam se somando a toneladas de resíduos eletrônicos que representam uma ameaça ao meio ambiente, devido ao difícil descarte e à baixa reciclagem de componentes eletrônicos.

além disso, essas ações colocam as marcas sob pressão quando se trata de suas práticas de ESG (ambiental, social e governança). com o crescimento da conscientização ambiental, consumidores estão cada vez mais atentos ao impacto que produtos e campanhas geram no planeta. as marcas precisam encontrar um equilíbrio entre inovar no conceito e garantir que a execução esteja alinhada a princípios sustentáveis e ambientalmente responsáveis.

no final das contas, essas iniciativas só tangibilizam de alguma forma algo que falamos cada dia mais: uma verdadeira conexão não se dá por meio de um dispositivo, mas sim nas experiências vividas fora dele. e você, está pronto para se desconectar e viver mais o agora?