durante muito tempo, cuidar da saúde significava apenas manter o corpo em movimento e a alimentação equilibrada. depois, a saúde mental entrou em foco, revelando a importância do equilíbrio emocional e do autoconhecimento. agora, os holofotes estão sobre outra peça-chave para o bem-estar: a saúde social.

se antes as relações humanas eram vistas como um complemento da vida saudável, hoje sabemos que são um pilar fundamental. estudos apontam que pessoas com redes sociais sólidas (as físicas, que podemos tocar e sentir) se recuperam mais rapidamente de doenças, lidam melhor com desafios emocionais e até vivem mais. em contrapartida, a solidão e o isolamento social têm sido associados a problemas de saúde comparáveis ao sedentarismo e ao tabagismo.

CRISE DE DESCONEXÃO

a cientista social e especialista em saúde social pela Harvad, Kasley Killam, teve esse assunto como foco na sua palestra na SXSW 2025. segundo ela, a maneira como interagimos com os outros impacta diretamente nosso corpo e mente, influenciando desde o sistema imunológico até a longevidade. a falta de conexões reais, além de nos tornar mais vulneráveis emocionalmente, pode literalmente adoecer o corpo.

esse problema não é individual, mas coletivo. tanto que países como Reino Unido e Japão já criaram ministérios da solidão para combater esse mal moderno. o fato de que uma em cada quatro pessoas se sente regularmente solitária e que 20% da população passa semanas sem contato significativo com ninguém mostra que estamos diante de uma crise de desconexão.

PERTO NO DIGITAL, LONGE NO REAL

o paradoxo é que nunca estivemos tão interligados digitalmente, mas essa conectividade não tem necessariamente fortalecido os laços humanos. Killam destaca que o grande desafio do nosso tempo não é apenas estar em contato com os outros, mas garantir que essas interações tenham qualidade. curtidas e comentários nas redes sociais não substituem conversas profundas ou o apoio de uma amizade verdadeira.

diante desse cenário, o que podemos fazer para cultivar uma saúde social mais forte? a resposta pode estar em ações simples, mas intencionais. listar as pessoas mais importantes da nossa vida e criar o hábito de manter contato ativo com elas, estabelecer um número mínimo de interações significativas por semana e reservar momentos do dia para conversas reais, ao invés de apenas consumir conteúdos na internet, são formas de reverter esse quadro.

se há alguns anos nos perguntávamos como cuidar melhor do nosso corpo e da nossa mente, agora precisamos nos questionar: estamos realmente nos conectando ou apenas ocupando nosso tempo com interações vazias? afinal, um mundo de possibilidades se abre quando trocamos o isolamento pelo encontro.