esses dias eu estava ouvindo um investidor explicar como ele ajudou a montar o portfólio de investimento de sua empresa e fiquei pensando no quanto as marcas poderiam se beneficiar desse conceito de portfólio para “investir” em criatividade.

pensa comigo: basicamente o portfólio é uma maneira de aumentar as probabilidades de se obter retorno sobre os investimentos, certo? pois mesmo que uma empresa de capital de risco tenha uma Apple em seu portfólio, que cresce sem parar há anos, o dinheiro nunca será alocado em uma empresa só. o conceito de portfólio garante que, mesmo que uma, duas ou mais empresas dêem errado, uma ou mais deem resultados de 10x, 50x, até 100x sobre o investimento inicial, mantendo a empresa de capital de risco extremamente lucrativa.

portanto, por que não adotar esse mesmo modelo aplicado para a criatividade? dá uma olhada:

1. ENCARE AS IDEIAS CRIATIVAS COMO SEU PORTFÓLIO DE INVESTIMENTO

em vez de investir todo o seu budget em uma ou poucas ideias, tenha múltiplas ideias sendo executadas simultaneamente, aumentando as probabilidades de umas poucas darem certo. veja bem, isso não significa aprovar qualquer coisa! os escritórios de capital de risco têm critérios altíssimos para selecionar suas investidas, que passam por processos muito bem estruturados até receberem o aporte. defina seus critérios e crie um processo para que você seja exposto ao maior número de ideias possível, mas de maneira que facilite separar o que vai funcionar ou não para o seu negócio.

2. CULTIVE BONS RELACIONAMENTOS

empresas de capital de risco inteligentes mantém bons relacionamentos com empreendedores, mesmo quando elas não têm interesse em investir em suas ideias naquele momento. a premissa é que nunca se sabe quando um empreendedor pode amadurecer e voltar com outras ideias ou encontrar caminhos de fazer a anterior funcionar. manter um bom relacionamento com empreendedores garante um fluxo de novas startups chegando o tempo inteiro.

o mesmo pode acontecer entre marcas e agências. sua marca pode criar um CRM de parceiros, com anotações dos destaques de cada uma para que, quando surgir um desafio que tenha mais fit com uma agência específica, você possa acioná-la rapidamente. e como dito no ponto 1, crie um processo que garanta que toda e qualquer agência com uma ideia criativa consiga chegar até a sua marca para apresentar. e quando ela estiver apresentando, ouça de verdade! mostre que você se importa, mesmo que aquela ideia não faça sentido naquele momento.

3. SEJA SISTEMÁTICO

se você for uma marca grande – que recebe novas ideias o tempo inteiro -, por que não criar um repositório de ideias criativas, por exemplo? use o Airtable, Notion, planilha, ou qualquer outra ferramenta para registrar tudo o que ouvir, criando filtros que ajudem a encontrá-las rapidamente quando novos desafios surgirem. com isso fica fácil de, inclusive, cruzar múltiplas ideias com atributos complementares sem muito esforço.

SISTEMA DE GESTÃO DE IDEIAS USADO NA WEE!

sistema de gestão de ideias usado na wee!

4. MANTENHA UMA BOA REPUTAÇÃO

outra característica em comum entre as empresas de capital de risco inteligentes é que elas mantém uma boa reputação em diferentes áreas. uma empresa com reputação de ser antiética com seus empreendedores, por exemplo, pode perder excelentes oportunidades, especialmente de investir em empresas em que a rodada está muito disputada.

da mesma maneira, é importante que sua marca tenha uma boa reputação no trato com os fornecedores. o mercado publicitário é pequeno e as pessoas conversam. já ouvi todo tipo de coisa em relação a como foi trabalhar com a marca X ou Y, que me fizeram questionar se sequer vale a pena começar uma parceria.

e caso você queria ter uma marca extremamente criativa – essa talvez seja a recomendação mais importante -, é fundamental mostrar aos seus parceiros que você está disposto a “comprar” as ideias ousadas. como disse Fernando Machado, um dos CMOs mais criativos de todos os tempos com passagem por Dove, Burger King, atualmente na Notco:

fernando machado

“eu acho que tem uma coisa que os clientes (marcas) precisam entender, que é o seguinte: se você é um criativo de agência, deve ser extremamente frustrante saber que uma ideia é incrível e não poder fazê-la acontecer, ou saber que ela vai diluir tanto a ponto de se tornar uma ideia ruim. no meu caso, como as agências sabem que eu sou do tipo de cliente que faz todo o tipo de ideia maluca acontecer, e que somos uma marca com uma enorme ambição criativa, é claro que eles pensam desproporcionalmente sobre a minha marca. pensa só, um criativo cresce em sua carreira colocando trabalhos incríveis no mundo. se ele sabe que sua marca nunca compra as ideias legais, ou que transforma tudo em um processo doloroso, por que ele vai pensar nela em vez de pensar na marca que vai dar a oportunidade dele se destacar? no final, é um ciclo virtuoso, ou seja, porque você compra boas ideias, você também recebe as melhores ideias e com mais frequência.”

fica aqui a dica de ouvir essa aula sobre como aplicar a criatividade de maneira sistemática, em uma entrevista do Fernando Machado no IOFA. (obs.: essa não foi uma tradução literal)

bem, espero que essa forma de pensar tenha feito sentido pra você.

agora é começar a implementar essas mudanças! =)

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