pra mim, uma das coisas mais mágicas de se criar um filho é poder ver de perto uma série de habilidades desabrocharem. acompanhar o dia-a-dia de um ser humano em desenvolvimento e, mais que isso, poder participar dessa trajetória é mesmo incrível.

senta que lá vem história…

há alguns dias meu filho de 4 anos ficou sabendo que passaríamos o final de semana na fazenda do seu avô. essa é sempre uma viagem muito empolgante, recheada de doces, permissividade e momentos felizes com a família. porém, ele estava prestes a descobrir algo extraordinário: as coisas não acontecem na hora que queremos. rapidamente, a alegria da notícia virou um grande escândalo. gritos, nariz escorrendo e veia da testa saltada.

“eu quero ir agora.”

“mas agora não tem como, filho. nós precisamos dormir, seu pai vai trabalhar de manhã e iremos depois do almoço.”

“mas por que?”

“porque é um processo. temos coisas a fazer, é uma viagem longa, temos que nos preparar.”

“eu quero ir agora.”

(repita esse diálogo 37x)

eu já estava à beira da loucura – um dos pés já havia cruzado a linha – quando percebi que estava diante de um momento sublime: o nascimento da paciência. que ótima oportunidade que meu filho estava tendo ali de entender que absolutamente tudo na vida exige uma caminhada. e isso leva tempo, um conceito realmente muito difícil de compreender.

agora pula pra alguns dias depois, em que eu, essa mãe sábia e serena – quase Buda – que vos escreve, estava histérica na terapeuta porque algo que ela queria muito não aconteceu na velocidade que ela gostaria.

“Julia, você está parecendo uma criança de 5 anos dizendo: “mas eu quero, mas eu quero e pronto.”

angry

engoli seco.

quantas vezes nos irritamos quando perdemos o controle de uma situação? quantas vezes nos desesperamos porque algo não saiu como o planejado? quantos “mas eu quero” você já falou enquanto gritava no travesseiro? quantos adultos birrentos você conhece? eu, vários. eu sou um deles! posso não me arrastar inconsolável pelo chão do shopping, mas choro e tomo um pote de sorvete inteirinho porque um projeto foi adiado (Bridget Jones, é você?).

e no meio de todo esse caos emocional que é criar duas crianças pequenas, tenho refletido sobre como relacionamentos e situações podem ser espelhos poderosos para o que precisamos melhorar. por isso talvez educar seja de fato um processo doloroso, porque muitas vezes você vai se deparar com recursos que nem você desenvolveu. é esfregar com bucha vegetal as feridas das nossas limitações e incoerências.

quem na sua casa, na sua família ou no seu trabalho, tem sido uma oportunidade de rever as suas inabilidades? pense nisso!